T 29 - Brucelose Flashcards
Prevalências
- Decrescente na Europa entre 2013-2017
- Decrescente em PT entre 2013- 2017
Graus de virulência
- B. abortus - gado bovino e camelos - ++/+++
- B. melitensis - gado ovino - ++++
- B.suis- Porcos, veados - +
- B. canis - cães - +
- Em PT há mais abortos e melitensis
Transmissão
- Doença ocupacional - veterinários, pastores, matadouros, indústria laticínios
- Transmissão direta: contacto com secreções/placenta do animal através de abrasões na pele, mucosas ou inoculação no saco lacrimal
- Inalação de aerossóis de produtos animais
- Ingestão de produtos animais lácteos não pasteurizados.
- Muito raramente entre Humanos, suspeitando-se de transmissão sexual.
Microbiologia
- Brucella spp.
- Cocobacilos gram neg
- Aeróbios (mas necessitam de CO2 para incubação em meio de cultura)
- agentes fastidiosos: crescimento de mais de 30 dias em cultura
- Uma causa infecciosa de doença granulomatosa crónica
Patogénese
- Fisiopatologia distinta: não possuem endotoxinas virulentas.
- Capturada nos tecidos por macrófagos/linfócitos locais, que migram até aos gânglios regionais –ex. mesentéricos –depois disseminação para outros gânglios e restante sistema retículo-endotelial (baço, fígado, medula óssea).
- Após fagocitose, conseguem sobreviver no meio intracelular de células da linhagem monocitária, inibindo a fusão de lisossomas e a apoptose celular (evasão adaptativa do sistema imunitário).
- Após replicação, as bactérias são libertadas e ocorre a morte da célula hospedeira.
IMUNO:
• IgM surge na 1ª semana de infeção, pico na 4ª semana, mas pode persistir até 1 ano. O seu título diminui lentamente.
• IgG surge após 2ª semana, pico na 4ª semana e pode também persistir até 1 ano:
• Se IgG permanecer elevada -> atividade da doença -> recidiva ou evolução para a cronicidade.
Fase aguda da clínica
- Período de incubação: 2 4 semanas
- Causa infecciosa de Síndrome febril indeterminado
- Febre recorrente -> perfil ondulante
- Sudorese profusa -> cheiro a palha
- Astenia/ anorexia/ rótulo de “depressão”
- linfadenopatias - 10 a 20% dos casos
- hepatoesplenomegalia - 20 a 30% casos
Fase subaguda da clínica
- Febrícula intermitente, perfil ondulante.
- Focalização osteoarticular (artrite de grandes articulações, sacroileíte, espondilodiscite lombar).
- Alterações hematológicas: CITOPENIAS.
- Alterações hepáticas -> hepatite granulomatosa.
- Pode ocorrer em doentes com tratamento incompleto, ou nas recidivas.
Fase crónica da clínica
• Mesmo com tratamento adequado a evolução pode ocorrer. • Geralmente nos 3 a 6 meses após tratamento. • Brucelose crónica -> sintomas persistem por mais de 12M ou se existe focalização. • Persistência de igG em título elevado - TGI - 70% - Ósseo - 20 a 60% - SNC - várias apresentações - CV- <2%- endocardite da valv aórtica - Respiratório - GU- orquiepididimite - Hemato - Citopenias, alt coag - Cutâneo- Eritema nodoso - Ocular- uveíte
Focalizações/complicações
- GI • Ileíte aguda • Granulomas hepáticos (abortus) • Hepatite granulomatosa (mellitensis) • Abcessos hepáticos (suis) • Colecistite • Pancreatite • Peritonite
- Ósseas
• Artrite de grandes articulações.
• Sacroileíte.
• Espondilite lombar, com abcesso.
- SNC • Depressão. • Défice de atenção. • Meningite / Encefalite. • Mielorradiculite. • Abcessos cerebrais ou epidurais. • Síndromes dismielinizantes
- CV
• Endocardite (» válvula aórtica).
• Aneurismas micóticos.
• Principal causa de morte por brucelose.
- GU • Orquite (20% dos homens). • Salpingite (raro). • Nefrite intersticial. • Pielonefrite. • Glomerulonefrite.
DX
- HC
- EO
- Hemoculturas (na fase aguda)
- Mielocultura (na fase subaguda apresenta > sensibilidade - 90% são positivas; na fase crónica 50-75% das mieloculturas são positivas)
- Cultura de tecidos - dx definitivo - 4 semanas de incubação
- Serologias
o Teste de Wright (aglutinação em tubo) e Huddleson (aglutinação em placa) - 1º e 2º sem - titulo positivo se >1/160 ou 1/320 em área endémica - medem IgM (+ eficaz a provocar aglutinação que IgG) e IgG - A cura da doença diminui a positividade por vezes já sendo neg na fase subaguda (Nota: falso neg em fenomeno de pro-zona, evitando-se com diluição, e falsos pos na y, enterocolitica, Campylobacter, Vibrio cholerae, F. tularensis)
o Teste rosa bengala - 2º sem - rastreio rpd qualitativo utilizado sobretudo em estudo epidemio. só põe evidência IgG. Sens e especif de > 99%
o Teste de 3-mercapto-etanol - 2ª sem- reagente elimina IgM, Mede IgG e é bom seguidor de doença em tratamento
o Fixação do complemento - 3-4ª sem - Mede IgG - + em fases mais avançadas da doença (até 60% das crónicas)
o Imunofluorescência indireta -2-3ª sem (IgM e IgG - dx mais freq pos na brucelose crónica)
o ELISA - 1-2ª semana - mede IgA, IgM e IgG - maior sens e especif do que os outros testes de aglutinação e demonstra queda + rpd de anticorpos com o tx bem sucedido
TX
- Regimes de combinação.
- ABT com penetração intracelular.
- Ciclos muito prolongados
- DÇ AGUDA/ NÃO FOCALIZADA: o Doxiciclina + Rifampicina 6 sem -CRIANÇAS o Cotrimoxazol + Rifampicina 6 sem
FOCALIZAÇÕES
o Espondilodiscite / Sacroileíte:
Gentamicina 7 dias +Doxiciclina + Rifampicina 3 meses no mínimo.
o Endocardite:
Cirurgia + Gentamicina 2 semanas +Rifampicina + Doxiciclina + Cotrimoxazol 6 semanas a 6 meses.
o Neurobrucelose:
Doxiciclina + Rifampicina + Cefriaxone Várias semanas, até LCR normal.
Prevenção
- Pasteurização dos produtos lácteos.
- Higiene e mascara na execução de partos e manuseamento de prod abortivos de animais + limpeza da área antes de libertar outros animais
- Vacinação gado bovino, caprino, ovino
- Rastreio de animais antes de os juntar e abate dos positivos