ITU Flashcards
Definição de ITU
A ITU, também conhecida como infecção urinária, é definida pela presença de patógenos, normalmente estéreis, no trato urinário. A ITU pode ser classificada em baixa ou alta.
Divisão anatômica do trato urinário
Baixo: compreende a bexiga e uretra. Alto: compreende os rins e ureteres.
“Síndromes clínicas da ITU”
As principais síndromes clínicas incluem ITU não complicada, ITU complicada, cistite aguda, pielonefrite aguda, ITU recorrente e bacteriúria assintomática.
ITU não complicada
Acomete indivíduos sem nenhum fator de risco, como mulheres jovens, hígidas, na pré-menopausa, não gestantes e sem anormalidade do trato urinário.
ITU complicada
Acomete indivíduos idosos, homens, mulheres na pós-menopausa, gestantes, crianças, com anormalidades anatômicas ou funcionais.
Cistite aguda
Infecção do trato urinário baixo, caracterizada pela infecção da bexiga.
Pielonefrite aguda
Infecção do trato urinário alto, caracterizada pela infecção do rim.
ITU recorrente
Presença de, no mínimo, 2 episódios de ITU em 6 meses ou 3 episódios em 12 meses.
Bacteriúria assintomática
Presença de urocultura positiva com contagem de bactérias ≥ 10^5 unidades formadoras de colônia (UFC)/mL na ausência de sintomas urinários ou sistêmicos.
Epidemiologia da ITU
Por razões anatômicas, as mulheres formam o principal grupo acometido pelas ITUs, desde a infância até a menopausa. Em idosos, as infecções urinárias tornam-se tão comuns em homens quanto em mulheres.
Fatores de risco para ITU complicada
Fatores que podem propiciar resistência bacteriana, formar reservatórios de bactérias ou prolongar a estase urinária, aumentando a proliferação bacteriana.
Condição de risco: Hiperplasia prostática
Patologia associada: Fatores obstrutivos
Condição de risco: Litíase renal
Patologia associada: Fatores obstrutivos
Condição de risco: Anormalidade anatômica (cistos, estenoses urológicas, divertículo, doença renal policística)
Patologia associada: Fatores obstrutivos
Condição de risco: Malignidade do trato urinário
Patologia associada: Fatores obstrutivos
Condição de risco: Refluxo vesicoureteral
Patologia associada: Fatores obstrutivos
Condição de risco: Bexiga neurogênica
Patologia associada: Fatores obstrutivos
Condição de risco: Cateter vesical de demora
Patologia associada: Fatores anatômicos funcionais
Condição de risco: Nefrostomia
Patologia associada: Fatores anatômicos funcionais
Condição de risco: Duplo J
Patologia associada: Fatores anatômicos funcionais
Condição de risco: Transplante renal ou de outro órgão sólido
Patologia associada: Fatores anatômicos funcionais
Condição de risco: Sexo masculino
Patologia associada: Condições clínicas
Condição de risco: Gestantes
Patologia associada: Condições clínicas
Condição de risco: Diabetes mellitus
Patologia associada: Condições clínicas
Condição de risco: Manipulação cirúrgica recente do trato urinário
Patologia associada: Condições clínicas
Condição de risco: Presença de corpo estranho
Patologia associada: Condições clínicas
Fisiopatologia da ITU
A invasão do trato urinário por microrganismos geralmente ocorre quando patógenos da flora retal migram para a bexiga através da uretra.
Motivo da maior suscetibilidade feminina à ITU
Deve-se à proximidade uretral da região perianal e ao pequeno comprimento uretral.
Risco de pielonefrite
Uropatógenos podem migrar através dos ureteres até o rim, causando pielonefrite, uma infecção do trato urinário alto, principalmente por via ascendente.
Fatores que favorecem ITU em mulheres sexualmente ativas
Maior proximidade uretra-ânus, uretra mais curta, ambiente periuretral mais úmido, uso de espermicidas, relações sexuais frequentes, parceiro sexual novo, higiene íntima precária, mutações do gene CXCR1.
Agente etiológico principal de ITU
E. coli é o principal agente etiológico de ITU em qualquer situação (comunitária e hospitalar), incluindo cistite, pielonefrite e ITU na gestante.
Agentes etiológicos de ITU alta (pielonefrite)
Enterobactérias, Proteus mirabilis, Klebsiella spp, Enterobacter spp, Pseudomonas aeruginosa.
Agentes etiológicos de ITU baixa (cistite)
Staphylococcus coagulase-negativo saprophyticus, Enterococos, Enterobactérias.
Piúria estéril
Situação em que há sintomas urinários baixos e urocultura negativa. Causas incluem uretrite por Chlamydia ou Ureaplasma e tuberculose urinária.
Definição de ITU pelo exame de urinocultura
Crescimento de 10^5 unidades formadoras de colônia por mililitro (UFC/mL) na urocultura de micção espontânea.
Critério diagnóstico de ITU na urina coletada de cateter
Crescimento de 10^4 UFC/mL.
Leucocitúria/piúria no exame de urina
Presença de leucócitos, principalmente neutrófilos, que pode significar infecção ou outras síndromes clínicas como glomerulopatias, nefrite intersticial aguda e rejeição ao transplante renal.
Cilindros leucocitários
Cilindros formados por células leucocitárias polimorfonucleares, presentes em infecção urinária, nefrite intersticial aguda e, mais raramente, em glomerulopatias.
Esterase leucocitária
Enzima produzida pelos leucócitos degradados, indicando presença de leucócitos no exame de urina e associada com ITU. Detectada por fita reagente.
Nitrito no exame de urina
Indica presença de bactérias uropatogênicas capazes de converter nitrato em nitrito, especialmente enterobactérias (bacilos Gram-negativos). Detectado por fita reagente.
Coloração de Gram no exame de urina
Ajuda a diferenciar bactérias em Gram-positivas e Gram-negativas, auxiliando a inferir a presença de bactérias e guiar o tratamento antibiótico.
Valor de referência para leucocitúria
Até 10.000/mm² ou até 5/campo.
Valor de referência para cilindros leucocitários
Negativo.
Valor de referência para esterase leucocitária
Negativo.
Valor de referência para nitrito
Negativo.
Critério para diagnóstico de ITU
Urocultura > 10^5 UFC/mL + sintomas.
Diagnóstico de cistite
Sintomas urinários baixos como disúria, polaciúria e desconforto suprapúbico.
Diagnóstico de pielonefrite
Sintomas sistêmicos.
Definição de ITU de repetição
2 episódios em 6 meses ou 3 em 12 meses.
Definição de ITU complicada
Presença de fator não habitual.
Definição de bacteriúria assintomática
Urocultura > 10^5 UFC/mL na ausência de sintomas.
Diagnóstico clínico de cistite
Presença de sintomas típicos como disúria, polaciúria e desconforto suprapúbico.
Tratamento empírico de cistite não complicada
Antibioticoterapia empírica por 3-5 dias.
Antibióticos intrinsecamente resistentes à nitrofurantoína
Proteus, Serratia e Pseudomonas.
Protocolo para persistência de sintomas na cistite
Coleta de urocultura e antibiótico direcionado.
Tratamento de cistite aguda em gestantes
Coletar cultura e tratar por 3-7 dias com urocultura de controle 1 a 2 semanas após.
Antibióticos de primeira escolha para cistite aguda não complicada
Nitrofurantoína e fosfomicina.
Opções antimicrobianas para cistite aguda - Nitrofurantoína
100 mg, 6/6h por 5 dias.
Opções antimicrobianas para cistite aguda - Fosfomicina
3g em dose única.
Opções antimicrobianas para cistite aguda - Sulfametoxazol + Trimetoprim
800 + 160 mg, 12/12h por 3 dias.
Opções antimicrobianas para cistite aguda - Amoxicilina + Clavulanato
500 + 125 mg, 12/12h por 5-7 dias.
Opções antimicrobianas para cistite aguda - Ciprofloxacino
250 mg, 12/12h por 3 dias.
Antibióticos permitidos na gestação - Cefalexina
Cefalexina é segura.
Antibióticos permitidos na gestação - Amoxicilina
Amoxicilina é segura.
Antibióticos permitidos na gestação - Fosfomicina
Fosfomicina é segura.
Antibióticos permitidos na gestação - Nitrofurantoína
Pode ser utilizada, mas evitar no primeiro trimestre e próximo ao termo.
Antibióticos permitidos na gestação - Ampicilina
Ampicilina é segura.
Antibióticos a evitar na gestação - Quinolonas
Quinolonas devem ser evitadas.
Antibióticos a evitar na gestação - Sulfametoxazol + Trimetoprim
Sulfametoxazol + Trimetoprim devem ser evitados.
Antibióticos a evitar na gestação - Aminoglicosídeos
Aminoglicosídeos devem ser evitados.
Definição de ITU de repetição
3 episódios em 1 ano ou 2 ou mais em 6 meses.
Medidas não antimicrobianas para cistite de repetição
Modificações comportamentais e de higiene adequada; evitar espermicidas/diafragmas; uso de cranberry; terapia estrogênica vaginal em mulheres pós-menopausa.
Profilaxia antibiótica na cistite de repetição
Dose reduzida diária por 3-6 meses, podendo prolongar-se até um ano. Relacionada à atividade sexual: administrar antes ou após o coito. Na gestação: estender até a segunda semana do puerpério.
Indicações de avaliação por imagem ou de especialista em cistite de repetição
Relapso de infecção (novo quadro dentro de duas semanas); Isolamento de Proteus; Histórico de litíase urinária; Hematúria persistente; Queixas miccionais persistentes.
Diagnóstico de pielonefrite
Sintomas urinários baixos associados à febre ou sinais sistêmicos (calafrios, alteração do estado mental); desconforto lombar (sinal de Giordano positivo); piúria e/ou bacteriúria.
Sinal de Giordano
Punho-percussão lombar dolorosa.
Indicações de internação hospitalar na pielonefrite
Pacientes com sepse/choque séptico; Febre persistente; Intolerância de ingestão por via oral; Gestantes.
Indicações de exame de imagem na pielonefrite
Gravidade clínica à admissão (sepse ou choque séptico); Ausência de melhora clínica após 48-72 horas de antibioticoterapia direcionada; Suspeita de obstrução urinária (redução de função renal e/ou oligúria).
Manejo ambulatorial da pielonefrite com risco de germe multirresistente
Dose inicial de ertapenem, seguida de prescrição via oral de quinolona.
Manejo ambulatorial da pielonefrite sem risco de germe multirresistente
Prescrição via oral de quinolona ou antibiótico parenteral em dose única (ceftriaxone ou ertapenem), seguida de quinolona via oral.
Riscos para germe multirresistente na pielonefrite
Urocultura com germe MDR; Institucionalização; Uso recente de quinolona, SMT+TMP, cefalosporina de 3ª ou 4ª geração.
Manejo hospitalar da pielonefrite com sepse ou choque séptico
Antibioticoterapia de amplo espectro com cobertura empírica para enterobactéria produtora de ESBL e MRSA; Indicação de exame de imagem.
Manejo hospitalar da pielonefrite sem sepse ou choque séptico
Ceftriaxone ou quinolona; Adicionar vancomicina se Gram+; Exame de imagem se há suspeita de obstrução urinária.
Antibioticoterapia para pielonefrite hospitalar com risco de resistência
Carbapenêmico + vancomicina; Direcionar conforme urocultura; Trocar para via oral, se possível.
Manejo hospitalar da pielonefrite com sepse ou choque séptico
Exame de imagem; Esquema ATB com cobertura ESBL e MRSA; Carbapenêmico + vancomicina; Direcionar conforme urocultura; Trocar para via oral, se possível.
Manejo hospitalar da pielonefrite sem sepse ou choque séptico
Exame de imagem se há suspeita de obstrução urinária; Avaliar risco para germe multirresistente.
Riscos para germe multirresistente na pielonefrite hospitalar
Urocultura com MDR; Institucionalização; Uso recente de quinolona, SMT+TMP, cefalosporina de 3ª ou 4ª geração.
Antibioticoterapia para pielonefrite hospitalar sem risco de resistência
Ceftriaxone ou quinolona; Adicionar vancomicina se Gram+.
Antibioticoterapia para pielonefrite hospitalar com risco de resistência
Tazocin ou carbapenêmico; Adicionar vancomicina se Gram+.
Duração do tratamento com Ciprofloxacino na pielonefrite
500 mg, 12/12h, por 5-7 dias.
Duração do tratamento com Levofloxacino na pielonefrite
750 mg, 24/24h, por 5-7 dias.
Duração do tratamento com Amoxicilina + Clavulanato na pielonefrite
875 + 125 mg, 12/12h, por 10-14 dias.
Duração do tratamento com Ceftriaxone na pielonefrite
1 a 2 g/dia, endovenoso, por 10-14 dias.
Duração do tratamento com Meropenem na pielonefrite
1g, 8/8h, endovenoso, por 10-14 dias.
Duração do tratamento com Sulfametoxazol + Trimetoprim na pielonefrite
800/160 mg, 12/12h, por 7-10 dias.
Abscesso renal e perinefrético
Pode ocorrer como complicação de pielonefrite ou por disseminação hematogênica (S. Aureus é a principal causa).
Diagnóstico de abscesso renal/perinefrético
Tomografia computadorizada com contraste iodado; Achado confirmatório: cavidade fechada com realce após injeção do contraste (sinal do anel).
Terapia empírica para abscesso renal/perinefrético
Deve cobrir enterobactérias ou ser direcionada conforme cultura de secreção na drenagem cirúrgica; Se estafilococcemia, direcionar para Staphylococcus aureus.
Indicações de drenagem cirúrgica em abscesso renal/perinefrético
Drenagem imediata se abscesso renal ≥ 5 cm; Drenagem imediata se abscesso perinefrético ≥ 3 cm.
Pielonefrite enfisematosa
Grave infecção causada por germes que produzem gás, principalmente E. coli (70%) e K. pneumoniae (30%); 90% dos casos ocorrem em pacientes com diabetes.
Diagnóstico de pielonefrite enfisematosa
Confirmado por tomografia computadorizada; Radiografia de abdome pode encontrar sinais de gás em topografia renal.
Tratamento da pielonefrite enfisematosa
Tratamento cirúrgico (drenagem percutânea ou nefrectomia em casos graves) associado à antibioticoterapia endovenosa.
Bacteriúria Assintomática
Paciente sem sintomas de ITU com urocultura positiva (≥ 105 UFC/mL).
Indicações de Tratamento para Bacteriúria Assintomática
Gestantes (principal indicação); Pré-operatório de cirurgia urológica (com risco de sangramento de mucosa do trato urinário); Transplante renal recente (menos de um mês, não é consenso absoluto).
Gestantes e Bacteriúria Assintomática
Solicitar urocultura a partir de 12 a 16 semanas de gestação; Tratar com opções terapêuticas guiadas pelo antibiograma e seguras na gestação; Realizar urocultura de controle após o tratamento.
Pacientes que NÃO Devem Tratar Bacteriúria Assintomática
Diabéticos, idosos, com cateter vesical, pré-operatório não urológico.
Candidúria Assintomática
Geralmente não requer tratamento; Tratar em pacientes neutropênicos ou submetidos à manipulação do trato urinário.
Candidúria Sintomática
Tratar com fluconazol por 14 dias; Para Candida spp resistente a fluconazol, usar anfotericina deoxicolato por 7 dias.
Infecção Fúngica
Comum em pacientes hospitalizados com fatores de risco (antibioticoterapia prévia, dispositivos urológicos, diabetes, neoplasias); Candida spp são os patógenos mais comuns.
Infecção Relacionada a Cateter Vesical
Principal fator de risco para ITU hospitalar; Definida pela presença de bacteriúria e sintomas sugestivos (disúria, febre, desconforto suprapúbico).
Coleta de Urocultura em Pacientes com Cateter Vesical
Idealmente trocar o CVD e coletar a amostra no novo dispositivo; Confirmada a infecção, trocar o cateter se ainda não tiver sido trocado.
Alternativas ao Cateter de Longa Permanência
Cateterismo intermitente é uma opção com menor risco de causar infecção.
Cistite Intersticial
Síndrome dolorosa crônica relacionada a sintomas vesicais (pressão, dor, desconforto) e outros sintomas urinários baixos, com duração acima de 6 semanas.
Diagnóstico de Cistite Intersticial
Diagnóstico é clínico, baseado nas características dos sintomas e na exclusão de outras causas infecciosas ou uroginecológicas.
Principais Sintomas de Cistite Intersticial
Pressão, dor, desconforto vesical e sintomas urinários baixos.
Critério Temporal para Cistite Intersticial
Duração dos sintomas acima de 6 semanas.
Tratamento de Cistite Intersticial
Inclui analgesia comum, antidepressivos tricíclicos, fisioterapia; Casos graves podem requerer anestésicos intravesicais.
Exclusão de Outras Causas
Fundamental para o diagnóstico; Descartar agentes infecciosos e outras causas uroginecológicas.