Pancreatite Aguda Flashcards

1
Q

O que é a PA?

A

É uma inflamação aguda do pâncreas com acometimento peripancreático e órgãos à distância variáveis.

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2
Q

Qual a gênese da PA?

A

Autodigestão tecidual pelas próprias enzimas pancreáticas.

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3
Q

Qual a relação da PA com sequelas pancreáticas?

A

A PA não costuma deixar sequelas, sejam elas morfológicas ou funcionais.

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4
Q

Como uma PA grave pode se manifestar?

A

Pode chegar a se manifestar como uma doença multissistêmica e evoluir com SIRS.

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5
Q

Quais os tipos de PA e suas evoluções naturais?

A

Edematosa: 80-90%, cursa apenas com edema e pouca necrose. Sem complicações locais ou sistêmicas, autolimitada em 3-7d. Letalidade 1%.
Necrosante: extensa necrose parenquimatosa, hemorragia retroperitoneal, quadro sistêmica e evolução de 3-6s. Letalidade 30-60%.

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6
Q

Quais os achados de patologia da PA?

A

Inflamação aguda difusa do pâncreas, necrose gordurosa (marco da doença - tanto no pâncreas quanto no mesentério e omento).

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7
Q

Qual a patogenia da PA?

A

O processo inflamatório se inicia pela lesão das células acinares, que passam a liberar as enzimas pancreáticas ativas em seu interstício (ocorre uma alteração intracelular que faz a fusão de lisossomos com os zimogênios e a ativação de todos eles) pois as vesículas enzimáticas migram para a borda interstícial ao invés da luminal. Além disso, há todo o processo inflamatório com citocinas, lesão endotelial, translocação bacteriana, etc.

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8
Q

O que ocorre após a liberação das enzimas pancreáticas em seu interstício?

A

Há a autodigestão do órgão, sendo que a lipase digere a gordura, liberando AG que irão ser saponificados com o cálcio, explicando a hipocalcemia desses pacientes.

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9
Q

Quais as causas da PA?

A

Litíase biliar (p) e álcool são as principais.

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10
Q

Como a litíase biliar pode promover PA?

A

Ocorre pela obstrução da ampola de Vater por um cálculo, promovendo aumento súbito da pressão intraductal e estímulo da fusão lisossomal que irá ativar os zimogênios. São geralmente pequenos (< 5 mm).

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11
Q

Qual a relação da PA biliar com a coledocolitíase?

A

Até 50% dos pacientes com PA biliar apresentam coledocolitíase associada.

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12
Q

Qual a epidemiologia da PA biliar?

A

Mulheres, 50-70 anos (dados da colelitíase).
*A PA complica até 7% das colelitíases.

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13
Q

Qual a relação da PA biliar com a PC?

A

A PA biliar não evolui para PC.

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14
Q

Como o alcoolismo pode promover PA?

A

A patogenia exata é desconhecida, mas envolve estímulo direto do álcool à liberação das enzimas, contração do esfíncter de Oddi, lesão tóxica direta acinar do etanol e formação de cilíndros proteicos que obstruem os dúctulos.

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15
Q

Qual a relação da PA alcoólica com a PC?

A

É a principal causa de PC, sendo que esses pacientes geralmente já apresentam alguma lesão crônica no pâncreas, havendo agudização após libação alcoólica.

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16
Q

Quais outras causas de PA?

A

HiperTGC, hiperCa, pós-op, fármacos (3p após idiopática), CPRE, trauma, viroses, bacteriana, parasitas, vasculite, veneno de escorpião.

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17
Q

Comente sobre o pâncreas divisum.

A

Anomalia congênita do pâncreas, sendo a não fusão do pâncreas ventral com o dorsal, promovendo aumentos periódicos no ducto de Santorini (drena o pâncreas dorsal), podendo justificar episódios recorrentes de PA.

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18
Q

Como a hiperTGC pode promover PA?

A

Geralmente em diabéticos mal controlados. Ocorre por digestão do excesso de TGC pela lipase, sendo que os AG são diretamente nocidos ao pâncreas. Geralmente níveis > 1000 ml/dl são necessários (mas pode ocorrer a partir de 500).

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19
Q

Comente sobre a PA autoimune.

A

Causa rara de PA em que há lesão grave e esclerosante do pâncreas com intenso infiltrado linfoplasmocitário. Para prova: elevação de IgG circulante, tumoração inexplicada na cabeça do pâncreas e estenose do ducto pancreático principal.

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20
Q

Qual a peculiaridade da amilase sérica na PA por hiperTGC?

A

A amilase pode estar falsamente baixa, pois a hiperTGC eleva também uma substância inibidora da amilase.

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21
Q

Qual a principal causa de PA no HIV+?

A

Induzida por fármacos, principalmente a didanosina e a pentamidina.

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22
Q

Qual o QC da PA?

A

Os principais sintomas são dor abdominal, náuseas e vômitos. EF: febre, desidratação, taquicardia, chqoue e coma. Pode haver toxemia se grave. DP à esquerda é comum. O exame abdominal é variável, podendo ser leve dor à palpação até DB+. Pode haver distensão abdominal por íleo paralítico pela inflamação (pode haver distensão de delgado e/ou cólon na radiografia).

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23
Q

Como é a dor da PA?

A

Geralmente: andar superior (pode ser mesogástrica, difusa, QSD ou, raramente, à esquerda), contínua, com disposição em barra e irradiação para dorso, se mantendo por dias. O controle só é feito com opioides. Pode ser aliviada com a posição genupeitoral.

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24
Q

Como são os vômitos da PA?

A

Geralmente incoercíveis, não aliviam a dor.

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25
Q

Quais sinais são sugestivos de PA?

A

SInal de Grey-Turner (equimose em flancos), sinal de Cullen (equimose periumbilical - estes 2 primeiros são muito característicos, porém ocorrem só em 1% dos casos - associados a mau prognóstico), paniculite (necrose gordurosa subcutânea - nódulos subcutâneos dolorosos e com eritema) e sinal de Fox (equimose na base do pênis). São causados por hemorragia retroperitoneal que vão dissecando o flanco e podendo chegar à cicatriz umbilical e base do pênis.

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26
Q

Quais as complicações da PA?

A

Retinopatia de Purtscher (escotomas e perda súbita da visão com exsudato algodonoso e hemorragia na mácula e papila óptica na fundoscopia), SDRA, atelectasia, DP, choque, IRA (pré, principalmente, mas NTA também).

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27
Q

Qual uma complicação rara e oftalmológica da PA?

A

A retinopatia de Purtscher, sendo uma perda súbita da visão com infiltrado agodonoso e hemorragia na fundoscopia. Provavelmente ocorre por oclusão da a. retiniana por aglomerados de neutrófilos.

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28
Q

Como é o choque como consequência da PA?

A

Ocorre por hipovolemia (a PA grave pode exudar 6-10L para o retroperitôneo) e vasodilatação sistêmica (distributivo - choque sirético/da SIRS - há vaso e venodilatação acentuada com aumento do DC).

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29
Q

Quais os achados laboratoriais inespecíficos da PA?

A

Leucocitose (comum - marco de gravidade), PCRQ (marco de gravidade), hiperglicemia, hipocalcemia (pela saponificação - marco de gravidade). Pode haver elevação de transaminases, FA e brb.

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30
Q

Quais os marcos de gravidade na PA?

A

PCRQ, leucócitos, cálcio, aumento das escórias nitrogenadas e alterações nas provas de coagulação *(alargamento de TAP e KPTT), transaminases.
*A amilase e lipase não indicam gravidade do quadro (não são prognósticas). Isso é IMPORTANTÍSSIMO.

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31
Q

Qual a importância da elevação das transaminases na PA?

A

Além do valor prognóstico, auxilia na identificação da etiologia da PA, sendo que uma TGP > 150 tem especificidade de 96% para pancreatite biliar. Porém a TGP < 150 possui sensibilidade de apenas 46%.

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32
Q

Como confirmar o dx da PA?

A

São necessários 2 dos 3 critérios:
1) Dor abdominal fortemente sugestiva (epimesogástrica que irradia para dorso).
2) Enzimas pancreáticas: amilase e/ou lipase ≥ 3x o normal.
3) Exames de imagem característicos.
*A dosagem da amilase + lipase possui S e E de 95% quando ambas aumentadas. Ou seja, apenas 5% das PAs apresentam essas enzimas normais (que geralmente é a PC alcoólica agudizada).

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33
Q

Como é a alteração da amilase na PA?

A

Na PC agudizada por libação alcoólica, pode estar normal. Na PA, geralmente sobe após algumas horas se mantendo positiva por 3-5 dias. Possui alta sensibilidade e baixa especificidade, especialmente se > 500 e > 1000.

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34
Q

O que compromete a especificidade da amilase para PA?

A

A presença da amilase salivar (60% da amilase sérica é a salivar), absorção de amilase na luz intestinal, macroamilasemia e IRA (amilase é eliminada pelos rins). No entanto, essas causas raramente elevam ele acima de 3-5x o LSN. Por isso elevações > 500 possuem maior especificidade para PA.

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35
Q

Comente sobre a PA com amilase normal.

A

Ocorre na PA por hiperTGC (inibidor da amilase pela hiperTGC) e PA com necrose grave, rápida e intensa do pâncreas (ele “derrete” e não dá tempo da amilase se elevar).

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36
Q

Como é a alteração da lipase na PA?

A

Se eleva junto com a amilase porém se manter por 7-10 dias. Possui a mesma S porém maior E que a amilase.

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37
Q

Qual método de imagem deve ser soliticado para todo paciente com PA e por quê?

A

A USG de abdome, pois é o padrão-ouro para colelitíase e a principal causa de PA é a litíase. Ou seja, serve para definir causa, não dx de PA.

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38
Q

Como avaliar a presença de complicações locorregionais da PA?

A

Através da TC com contraste venoso (melhor indicada após 72h - isso para haver estabilização da necrose e melhor visualização dele = se eu fizer antes, posso subestimar a gravidade). É o método padrão-ouro para dx e avaliação de gravidade da PA.

*Se eu fizer em um primeiro momento, devo repetir em 72h.

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39
Q

Quais os achados da TC da PA?

A

Aumento focal ou difuso do pâncreas, borramento da gordura peripancreática e perirrenal, coleções líquidas peripancreáticas, pseudocistos e áreas não captantes de contraste (indicam necrose).

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40
Q

Quais as indicações de TC na PA?

A

Dx duvidoso, critérios de gravidade (distensão e dor abdominal, hipertermia - > 39° - e leucocitose), Ranson ≥ 3 ou APACHE II ≥ 8, deterioração clínica apesar do tratamento conservador por 72h, deterioração aguda após melhora clínica.

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41
Q

Qual o melhor momento para se realizar a TC na PA?

A

Após o 3° dia da instalação do quadro, que é quando as complicações costumam estar bem estabelecidas.

42
Q

Qual o uso da USG na PA?

A

Apesar de poder identificar achados ecográticos típicos da PA, muitas vezes a interposição de alças intestinais prejudica a realização do exame. No entanto, a USG está sempre indicada pois é o exame de escolha para avaliar a principal causa da PA, a colelitíase.

43
Q

Qual a importância da radiografia simples na PA?

A

É um exame importante no quadro de abdome agudo. Pode revelar DP a esquerda, atelectasias ou SDRA. No rx de abdome: alça sentinela (íleo localizado), sinal do cólon amputado (paucidade de ar no cólon distal à flexura esplênica por espasmo de cólon descendente), dilatação de alças (íleo paralítico inflamatório), aumento da cabeça do pâncreas e irregularidades nas haustrações do transverso (por espasmo difuso).

44
Q

Como diferenciar pelo exame de imagem a PA edematosa e a necrosante?

A

O contraste que vai me fazer essa diferenciação.
Edematosa: houve uma captação homogênea do contraste, fazendo com que não haja diferença de “cor” no pâncreas. É a mais comum.
Necrosante: captação heterogênea, pois existem regiões no pâncreas que necrosaram e não captaram contraste.

45
Q

Qual a complicação mais temida da PA necrosante e como identificá-la?

A

A infecção dessa região de necrose, podendo ser identificada pela TC com contraste, aparecendo como gás na necrose pancreática.

46
Q

Quais as classificações prognósticas da PA? Como fazer essa estratificação?

A

Leve, moderada e grave. Através de critérios clínicos e laboratoriais.

47
Q

Quando deve-se realizar uma TC de abdome na PA? Como deve ser feita?

A

Quando esta for classificada como grave, devendo ser feita com contraste e em até 72h do início do quadro (para detectar necrose e outras complicações locorregionais).

48
Q

Quais os escores prognósticos de PA?

A

Ranson, APACHE II, Balthazar (TC) e a PCR.

49
Q

Qual a divisão dos critérios de Ranson para PA? Quantos são e o que refletem?

A

São 11 critérios, sendo que 5 são avaliados na admissão do paciente (refletem extensão e gravidade do processo inflamatório) e 6 são avaliados no decorrer das próximas 48h de internação (refletem o desenvolvimento das complicações sistêmicas e grau de perda volêmica para o 3° espaço).

50
Q

Qual a importância dos critérios de Ranson para PA?

A

A PA leve geralmente apresenta média de 1,6, a grave 2,4 e a fatal 5,6. Os 11 critérios devem ser buscados para garantir maior eficácia dele: omitem 15-30% das PAs.
≥ 3 = pior prognóstico.

51
Q

Quais os critérios de Ranson para PA?

A

Na admissão: idade > 55a, leucocitose > 16k, glicose > 200, LDH > 350, TGO/AST > 250.
Ao longo das 48h de internação: queda no HT > 10% (com reposição volêmica, sem hemotx), aumento na Ur > 10, Ca < 8, PaO2 < 60, BE -4, estimativa de perda líquida > 6L.
O macete é: Importante Lembrar TOtalmenta da Grande Lista Para Evitar Sequestro de Homens na UrCa. Respectivamente: idade, leucometria, TGO, glicemia, LDH, PO2, excesso de bases, sequestro de líquidos, hematócrito, ureia e cálcio.

52
Q

Quais fatores não fazem parte do escore de Ranson?

A

TGP, amilase e lipase e brbs.

53
Q

Qual a vantagem do APACHE II sobre o Ranson e quando eu digo que a PA é grave por ele? Quais as desvantagens? Quando usar o APACHE II na PA?

A

A vantagem é que ele pode ser calculado já nas primeiras 24h de doença e a PA é dita grave quando ≥ 8. As desvantagens dele é que são de difícil aplicação, necessitando de calculadores em computador. Usado nos pacientes gravemente enfermos (internação em UTI).

54
Q

Qual a importância do escore BISAP?

A

É um escore de fácil aplicação, podendo ser feito a beira leito.

55
Q

Como calcular o escore BISAP?

A

São 5 parâmetros para identificar a PA grave. B: blood ureia > 44, impaired mental status, SIRS, age > 60, pleural effusion.

*SIRS: 2 ou mais dos seguintes: T° < 36 ou > 38, FC > 90, FR > 20, leuco < 4k ou > 12k ou > 10% bastões.

56
Q

Comente sobre o escore de Atlanta.

A

É o mais usado na prática, que tem como base que para definir a PA como grave depende da presença ou não de SIRS causada pela resposta inflamatória pancreática. A leve é a sem falência orgânica ou complicações locais/distantes. Moderada é aquela com falência orgânica transitória (< 48h de duração) ou complicações locais/distantes. Grave é aquela com falência orgânica persistente (> 48h de duração).

57
Q

Qual o padrão ouro para dx de PA necrosante?

A

A TC abdome com contraste (S próxima a 100% quando 4-10 da doença).

58
Q

Qual a importância da TC com contraste no contexto da PA?

A

É importante para diferenciarmos entre PA necrosante e intersticial/edematosa, pois altera o prognóstico e a conduta. Além disso, permite a visualização de coleções líquidas agudas e a extensão do processo inflamatório (peripancreático, retroperitônio, perirrenal, órgãos adjacentes).

59
Q

Como a necrose pode ser detectada na TC contrastada?

A

Ausência focal de captação de contraste após reforço.

60
Q

Qual valor dos critérios de Balthazar traduzem pior prognóstico na PA? Qual a limitação dele?

A

≥ 6. A limitação é que eu faço a TC, normalmente, apenas após 48-72h.

61
Q

Qual a importância da PCRQ na PA?

A

Níveis superiores a 150 indicam mau prognóstico (bem como níveis elevados de IL-6).

62
Q

Qual o escore de bom prognóstico da PA?

A

O HAPS, com acurácia de 98% para PA leve: ausência de defesa ou DB, HT normal e ausência de azotemia.

63
Q

Qual a definição de PA leve e grave?

A
  • Leve: restrita ao pâncreas, não havendo acometimento de órgãos vizinhos ou envolvimento à distância.
  • Grave: acomete tecidos peripancreáticos por disseminação das enzimas. Pode evoluir com complicações locais e sistêmicas.
64
Q

Relembre as definições de PA leve e grave.

A

Leve: APACHE II < 8 e ausência de complicações orgânicas sistêmicas.
Grave: APACHE II ≥ 8, Ranson ≥ 3, complicações orgânicas sistêmicas ou locais (como necrose, abcesso e pseudocisto).

65
Q

Como um quadro de PA deve ser abordado inicialmente?

A
  1. Reposição volêmica, analgesia e dieta zero.
  2. Definir se é leve ou grave (possível apenas após 48h).
  3. Se grave, orientar conduta após TC com contraste (observar se há necrose > 30% do pâncreas).
  4. Observar surgimento de complicações tardias.
  5. Recomeçar dieta enteral no momento adequado.
66
Q

Por quanto tempo o paciente com PA leve deve ser mantido em dieta zero?

A

Até melhora do QC (principalmente da dor) e até que haja peristalse audível. Geralmente é possível em 3-5 dias no quadro leve. Outros fatores importantes para considerar retorno da dieta são ausência de vômitos e desejo de se alimentar.

67
Q

Qual o tratamento de suporte na PA leve e como fazê-lo?

A

Analgesia: meperidina ou outros opiáceos. Hidratação (por perda para o 3° espaço e vômitos). Controle de DHE e AB.

68
Q

A TC é necessária na PA leve?

A

Não, por ocorrer geralmente pela PA edematosa.

69
Q

Cite possíveis complicações da PA grave.

A

Choque misto, IRA, queda do NC, ICC e SDRA.

70
Q

Qual a medida mais importante na PA grave? Como fazê-la?

A

A ressucitação volêmica: deve ser vigorosa com objetivo de normalizar diurese, PA, FC e PVC, pois perdem MUITO líquido para o retroperitônio. Devo repor pelo menos 6L nas primeiras 24h.

71
Q

Como estimar a perda volêmica na PA grave?

A

Pelo exame clínico, HT admissional (quanto maior, maior a hemoconcentração), queda no HT após 48h de reposição volêmica (quando > 10% a queda, indica importante hemoconcentração) e balanço hídrico muito positivo.

72
Q

Como deve ser o suporte nutricional na PA grave?

A

Vão ficar em dieta zero por longos períodos, portanto deve ser feito outro tipo de suporte nutricional, devendo ser iniciado em até 48h do quadro pelo estado hipercatabólico da PA. A mais indicada é a enteral (SNG ou SNE), sendo rica em ptn e pobre em lipídeos. A NPT apresenta indicações específicas.

73
Q

Quais as indicações de NPT na PA grave?

A

Quando o paciente não tolerou a via enteral (VO ou por cateter - vômitos, diarreia, …) ou quando eu não consigo acompanhar a demanda metabólica do paciente através da via enteral.

74
Q

Devo fazer ATB profilático na PA grave?

A

NÃO!!! Não há qualquer benefício e parece aumentar o risco para superinfecções fúngicas (candidíase sistêmica). Só devo fazer ATB na PA caso haja comprovação de INFECÇÃO NA NECROSE.

75
Q

Qual o risco de infecção de uma PA?

A

Uma PA com necrose de > 30% do pâncreas apresenta cerca de 40% de chance de infectar.

76
Q

Quando ocorre, geralmente, a infecção da PA e quando suspeitar?

A

Geralmente ocorre após 10d da doença, sendo suspeitada quando: piora clínica após melhora inicial, quadro novo de febre, leucocitose ou qualquer sinal de sepse.

77
Q

Como identificar infecção na PA?

A

Aparecimento de gás no pâncreas ou no tecido peripancreático (sinal da bolha de sabão). Outra forma é pela punção do tecido necrótico guiado por TC + cultura (quando forte suspeita mas sem imagem compatível).

78
Q

Como ocorre a infecção da PA? Qual a microbiologia?

A

Geralmente por translocação por queda da integridada da barreira intestinal. A microbiologia é, em 80% dos casos, monobacteriana, sendo os principais microrganismos envolvidos: GN entéricos (E. coli, Klebsiella), S. aureus, anaeróbios e Cândida.

79
Q

Qual a conduta na PA com necrose infectada?

A

Em TODOS os casos deve ser feita uma NECROSECTOMIA (tratamento CIRÚRGICO!!!), que pode ser postergada, se a clínica permitir, para após 12d do início do quadro, quando o pâncreas já está mais estruturado. Além disso, devo fazer ATB.

80
Q

Qual o ATB usado, geralmente, na PA infectada?

A

Um carbapenêmico.

81
Q

Como pode ser feita a necrosectomia na PA necrosada complicada?

A

1) Quando encapsulada: drenagem endoscópica (melhor para encapsulada).
2) Se não estiver encapsulada: percutânea via TC (pode servir de ponte para cirurgia ou resolver de forma definitiva o paciente). Servir como ponte pois o paciente pode estar tão grave que pode não tolerar a cirurgia, portanto eu posso retirar essa necrose por via percutânea para melhorar o paciente e que ele melhore clinicamente para ir para a cirurgia.
3) Cirurgia: é mais indicada, hoje, quando a drenagem percutânea ou endoscópica não resolveram ou estas não estão disponíveis.

82
Q

Qual o padrão-ouro para tratamento de PA necrosante infectada ou sintomática?

A

A CIRURGIA É O PADRÃO-OURO.

83
Q

Paciente com dx de PA realizou TC às 72h de evolução evidenciando PA necrosante. Foi internado em CTI em que estava evoluindo mal e acabou piorando o quadro clínico. Foi realizada nova TC que evidenciou gás no pâncreas ou foi feito o dx invasivo com punção e cultura pois não havia gás na TC, fechando o dx de PA necrosante INFECTADA. A drenagem endoscópica e a drenagem percutânea não estão disponíveis. Qual a minha conduta e quando realizá-la?

A

Antes de tudo, devo iniciar ATB (carbapenêmico) para toda PA necrosante infectada. Após isso, como essas terapias não estão disponíveis, eu devo realizar a cirurgia para retirada dessa região necrosada (que é o padrão-ouro para necrosectomia). Porém, essa cirurgia será realizada apenas em um outro momento, pois é uma cirurgia difícil e extensa, fazendo com que eu possa retirar mais do que deveria ou menos do que deveria. Portanto, eu espero cerca de 3-4s do início do quadro, pelo alto risco de necrosectomia pouco anatômica (tiro muito ou pouco). Essa espera permite uma organização melhor dessa região necrosada e o que sobrou de pâncreas, permitindo uma ressecção mais anatômica. A CIRURGIA NÃO É IMEDIATA!!!

84
Q

Quais as possíveis complicações pela diretriz de Atlanta de 2012? Quando suspeitar?

A

São divididas em agudas (< 4s) e crônicas (> 4s), infectadas ou estéreis e fluidas ou sólidas/mistas:

  • Agudas: coleção fluida aguda (estéril - estrutura HOMOGÊNEA e PERIPANCREÁTICA), coleção fluida infectada (infectada - idem), necrose estéril (mista/sólida - coleção que INVADE o pâncreas e é HETEROGÊNEA) e necrose infectada (idem + gás na necrose).
  • Crônicas: pseudocisto (estéril, fluido, de conteúdo homogêneo, retornando com dor abd, MP e elevação de amilase), pseudocisto infectado (idem), WON/necrose organizada (estéril, heterogêneo, invade) e WON infectada (idem).
85
Q

Qual a conduta em cada complicação da PA pelo Atlanta 2012?

A
  • CF: acompanhamento.
  • CFI: punção guiada + ATB (imipenem).
  • Nec: acompanhamento.
  • Nec inf: punção + ATB (imipenem) + necrosectomia (endoscópica, por punção ou cirúrgica).
  • Pseudocisto e WON: acompanhamento ou drenagem endoscópica (caso sintomático ou falha na progressão da dieta).
    • Pseudocisto e WON infectados: punção + ATB + necrosectomia (idem nec inf).
86
Q

Como tratar a PA biliar?

A

Depende da gravidade do quadro: leve, moderado ou grave.

87
Q

Como tratar a PA biliar leve? Explique.

A

Na ENORME maioria das vezes, a pedra NÃO ESTÁ LÁ, portanto a prioridade é a pedra que está na VESÍCULA, que pode causar uma nova PA. Portanto o tratamento depende do risco cirúrgico: se bom, colecistectomia ainda nessa internação (internação índice); se ruim (não tolera videocolecistectomia), CPRE (colangiopancreatografia retrógrada endoscópica) + papilotomia antes da alta.

88
Q

Quando indicar CPRE com papilotomia na PA?

A

Quando a PA for biliar e na presença de colangite e/ou icterícia progressiva moderada a grave (brb > 5). Deve ser empregada nas primeiras 72h do quadro, pois pode evoluir para um quadro muito grave.

89
Q

Quando deve ser feita a colecistectomia na PA biliar?

A

Deve ser feita de caráter semieletivo, pois a de urgência apresenta maior morbimortalidade. Ou seja, deve ser feita nesta mesma internação (semieletiva) e somente após resolução do QC agudo.

90
Q

Como tratar a PA biliar grave? Quais outras situações requerem esse tratamento também? Explique.

A

A colangite e a obstrução distal do colédoco, pois podem complicar com colangite e promover um quadro mais grave. Nesses, casos, a pedra provavelmente está obstruindo o pâncreas ainda, portanto a prioridade é a pedra e não a vesícula = CRPE + papilotomia para retirada da pedra IMEDIATAMENTE + videocolecistectomia ELETIVA (após 4-6s).

91
Q

O que é o pseudocisto de pâncreas?

A

É uma coleção líquida intra ou peripancreática não infectada, envolvida por uma cápsula de fibrose e tecido de granulação, que se manteve ou se instalou APÓS 4 SEMANAS do início da PA. É chamado pseudocisto pois sua cápsula não contém epitélio, mas sim tecido de granulação, fibrose e debris. Há suco pancreático em seu interior.

92
Q

Como são chamadas as coleções de líquido se aparecem em menos de 4s do início da PA?

A

São as coleções líquidas agudas, sendo comuns (até 50%) e transitórias (são reabsorvidas espontaneamente).

93
Q

Como passa a ser chamado o pseudocisto que infectou?

A

Abcesso pancreático.

94
Q

Como surgem os pseudocistos na PA?

A

Surgem por uma comunicação da coleção líquida aguda ou da região de necrose com a árvore ductal pancreática, sendo alimentado, geralmente, pelo ducto pancreático principal. O contraste da CPRE geralmente preenche o pseudocisto.

95
Q

Quando suspeitar e como diagnosticar o pseudocisto?

A

Deve ser suspeitado quando há recorrência de dor epigástrica e/ou massa palpável no epigástrio, podendo haver novo aumento da amilase e lipase (ou quando elas não normalizam). O melhor exame para dx é a TC contrastada. Se TC indisponível, USG.
*Essa MP pode não ser pseudocisto, mas sim o fleimão pancreático (massa inflamatória do pâncreas).

96
Q

Quais as possíveis complicações do pseudocisto?

A

Obstrução gastroduodenal (compressão extrínseca), obstrução biliar, hemorragia e pseudoaneurisma (complicação mais temível: artéria adjacente ao pseudocisto pode ser invadida e parede corroída, formando pseudoaneurisma. Pode sangrar para o pseudocisto e transformá-lo em hemorrágico, podendo fazer HDA, ascite hemorrágica e choque hemorrágico), rotura para cavidade peritoneal (peritonite generalizada súbita), fístula pancreática (vazamento lento do pseudocisto - ascite e DP) e infecção.

97
Q

Qual a conduta no pseudocisto?

A

Não complicado: expectante (aguardar 6s de evolução), pois a maioria regride espontaneamente.
Indicação de intervenção: expansão do pseudocisto, sintomas (dor, vômito), complicações (hemorragia, infecção, obstrução).

98
Q

Quais as opções intervencionistas para o pseudocisto?

A

Cirurgia, punção por TC/USG e descompressão endoscópica ou por CPRE.

99
Q

Qual a cirurgia para o pseudocisto?

A

Drenagem cirúrgica interna, podendo ser drenado para o estômago (cistogastrostomia), duodeno (cistoduodenostomia) ou jejuno (cistojejunostomia ou Y de Roux) ou pancreatectomia distal (quando em cauda do pâncreas). A drenagem cirúrgica externa está indicada quando o pseudocisto complicou, pois ainda não houve tempo hábil (6s) para maturação de sua cápsula.

100
Q

Qual a conduta no abcesso pancreático?

A

É o pseudocisto infectado, devendo ser feito ATB e intervenção SEMPRE (letalidade de 100% se não intervir).