DRGE Flashcards
O que é o refluxo gastroesofágico?
É o retorno do conteúdo gástrico pelo EEI.
O que é a DRGE?
É o refluxo interprandial recorrente, de longa duração, comumente com sintomas (pirose e regurgitação) que resultam da agressão à mucosa esofágica.
Qual a epidemiologia da DRGE? E os FR?
Qualquer idade, mas aumenta quanto maior a idade. Forte associação com obesidade (incidência e gravidade da DRGE) e gestação (relaxamento do EEI e aumento da pressão intra-abdominal). Na criança predomina em lactentes, sendo que 60% normaliza até os 2 anos e quase todo o resto até os 4 anos.
A DRGE é FR para qual doença?
A esofagite erosiva promovida pela DRGE é um importante FR para o adenocarcinoma esofágico.
Como o adenocarcinoma esofágico se desenvolve a partir da esofagite erosiva da DRGE?
A constante agressão do epitélio esofágico pelo suco gástrico promove cicatrização das lesões por meio de METAPLASIA INTESTINAL, em que o epitélio estratificado do esôfago se modifica para um epitélio mais resistente ao pH ácido, que é o colunar geralmente encontrado no intestino delgado. Esse epitélio metaplásico é mais propenso a evoluir com displasia progressiva, podendo culminar em transformação maligna.
Como é o nome do esôfago acometido, em seu terço distal, por metaplasia intestinal?
É o ESÔFAGO DE BARRETT (EB).
Qual a relação do H. pylori com o adenocarcinoma esofágico?
Apesar de a incidência de infecção pelo H. pylori estar diminuindo, o adenocarcinoma esofágico apresenta aumento na incidência, o que pode ser explicado que a H. pylori promove redução na secreção ácida, sendo um fator protetor para o adenocarcinoma gástrico.
O que promove o refluxo gastroesofágico patológico?
Relaxamentos transitórios do EEI não relacionados à deglutição (p), hipotonia verdadeira do EEI e desestruturação anatômica da junção gastroesofágica (JGE), que é a hérnia de hiato.
Por que ocorrem os relaxamentos transitórios do EEI não relacionados à deglutição e como é a esofagite do paciente nesses casos?
Acredita-se que por um estímulo vasovagal anômalo estimulado pela distensão gástrica. Diferentemente do relaxamento por deglutição, os patológicos são mais longos e não são seguidos de contração esofagiana eficaz, que ajudaria a limpar o esôfago do ácido. Nesses casos, a esofagite tende a ser mais leve.
Por que ocorre a hipotonia do EEI e como é a esofagite desses pacientes?
Geralmente não há etiologia, mas pode ser causado por gestação, lesão cirúrgica do EEI, esclerose sistêmica, tabagismo, uso de drogas miorrelaxantes ou anticolinérgicas (BCC, agonistas beta, nitrataos). É a principal causa de esofagite GRAVE.
Como a hérnia de hiato favorece a DRGE?
Pois o EEI não conta mais com a ajuda do diafragma para seu tônus.
Quais os mecanismos de defesa contra o refluxo?
Bicarbonato salivar (neutraliza a acidez do material), peristalse esofagiana. Ou seja, acometimentos das gl salivares (eg, Sjogren) e distúrbios motores do esôfago favorecem a DRGE.
Comente sobre o “acid pocket”.
Sabe-se que os sintomas da DRGE ocorrem mais proeminentemente 1-3h após a alimentação. Isso pois, quando o estômago está cheio, parte do suco gástrico produzido no fundo não se mistura com o bolo alimentar e fica “boiando” criando uma coleção ácida, o acid pocket. Como esse acid pocket se localiza mais próximo à cárdia, é justamente ele que reflui durante o relaxamento do EEI no período periprandial.
Qual o QC da DRGE?
TÍPICOS (esofagianos): pirose (geralmente nas 3 primeiras horas após se alimentar e ao deitar) acompanhada ou não de regurgitação (percepção de fluido salgado ou ácido na boca). Pode haver disfagia, sugerindo complicações (estenose péptica ou adenocarcinoma) ou apenas edema inflamatório.
ATÍPICOS (extraesofagianos): erosão do esmalte dentário, irritação da garganta, sensação de globus, rouquidão, sinusite crônica, otite média, tosse crônica, broncoespasmo, pneumonite aspiratida - tudo pela regurgitação.
Qual a diferença entre pirose e azia?
Pirose é a queimação retroesternal e azia é a queimação epigástrica.
Quais achados reforçam a associação de câncer junto com a DRGE? E estenose péptica?
O caráter rapidamente progressivo da disfagia e a coexistência de sinais de alarme para câncer, como perda ponderal, sangue oculto nas fezes e anemia. Já para estenose péptica é uma disfagia insidiosa, apenas para sólidos e não associada a perda ponderal.
Qual a relação da DRGE com o IAM?
A dor da DRGE pode se confundir com a angina do peito, podendo ser até indistinguível. Geralmente possui um componente neuropsiquiátrico do paciente e o tratamento APENAS da DRGE pode não ser suficiente.
Quais os principais ddx da DRGE?
Esofagite infecciosa (CMV, HSV e Candida), esofagite eosinofílica, dispepsia não ulcerosa, DUP, doença coronariana e distúrbios motores do esôfago.
Como dx a DRGE?
CLÍNICO: pirose pelo menos 1x/semana por pelo menos 4-8s. A resposta à prova terapêutica (redução sintomática > 50% após 1-2s de IBP) é o PRINCIPAL TESTE CONFIRMATÓRIO!!! Caso prova terapêutica não deu certo: pHmetria.
Quais métodos complementares podem ser usados para dx da DRGE?
EDA, pHmetria de 24h (padrão-ouro), esofagomanometria e esofagografia baritada.
Qual o objetivo da EDA na DRGE?
Identificar COMPLICAÇÕES e ddx.
Quais as possíveis complicações da DRGE?
Esofagite, estenose péptica, asma por DRGE, EB e adenocarcinoma.
Quando indicar EDA na suspeita/dx da DRGE?
Sinais de alarme para câncer, refratariedade ao tto, hx prolongada de pirose (> 5-10 anos - maior risco de EB), idade > 45-55 anos, náuseas/vômitos ou sintomas intensos (pode-se considerar a EDA).
Quando dizemos que o paciente tem esofagite de refluxo?
Quando ele desenvolve alterações inflamatórias na mucosa esofagiana visíveis pela EDA. Sua presença não deve ser usada pada dx da DRGE nem a ausência para excluir.
Como estadiar a esofagite de refluxo?
Através da classificação de Los Angeles:
- Grau A: uma ou mais erosões < 5 mm restritas ao fundo das dobras.
- Grau B: ao menos 1 erosão > 5 mm, sendo todas restritas ao fundo das dobras.
- Grau C: erosões contínuas que cruzam o topo das dobras, acometendo < 75% da circunferência luminal.
- Grau D: > 75%.
Qual exame deve ser realizado quando encontrar esofagite na EDA e qual sua importância?
A bx, sendo ESSENCIAL para dx do EB.
Quais as indicações da pHmetria na DRGE?
Sintomas refratários ao tto clínico, sintomas atípicos, documentar DRGE antes de uma cirurgia (!!!) e reavaliar pacientes ainda sintomáticos após cirurgia antirrefluxo.