Abd Agudo, Visão Clínica Flashcards
Quais os tipos de dores do abdome agudo (AA)? Quem promove cada dor e quem conduz? Quais as características de cada dor?
Dor somática (parietal): originada da pele e peritônio parietal - fibras mielinizadas que conduzem a “dor rápida”, bem localizada e percebidas nos dermátomos correspondentes à área do estímulo.
Dor visceral: originada nas vísceras e conduzem a “dor lenta”, mal localizada, insidiosa, persistente. É muito comum vir com RESPOSTA VAGAL (bradicardia, hipotensão, sudorese, náusea). A dor geralmente é na linha média pois a inervação vem dos dois lados da medula espinhal.
Dor referida: dor longe da origem - ocorre pelo estímulo medular que inerva determinados dermátomos.
Quais locais do abdome a dor visceral é percebida pelas vísceras abdominais?
Duodeno e estômago (plexo celíaco): epigástrio.
ID, cólon direito e transverso (plexo m. superior): mesogástrio.
Resto (plexo m. inferior): hipogástrio.
Quais os principais estímulos dos nociceptores viscerais?
A tensão, distensão, inflamação e isquemia, sendo POUCO sensíveis para cortes, queimaduras e lacerações.
Qual a definição de AA?
Dores abdominais súbitas e não traumáticas, sendo, geralmente, de grande intensidade.
Qual a principal causa do AA?
A apendicite aguda.
Quais dados da anamnese nunca podem faltar no AA?
Localização, irradiação, evolução (quando começou e por quanto tempo está doendo), qualidade da dor, intensidade, fatores de melhora/piora e outras manifestações.
Qual a importância do AA associado a vômitos?
Podem ser consequentes da dor ou da causa da dor:
- Dor que precede os vômitos: maior chance de ser cirúrgico.
- Vômitos precedendo a dor: geralmente condições clínicas (GECA).
Quais outras perguntas podem auxiliar no ddx do AA?
A idade, cirurgias abd prévias, problemas cardíacos/de coagulação, se já ocorreu antes, se é constante ou melhora-piora, se possui HIV, se ingere álcool.
Quais os dados de exame físico mais importantes para peritonite?
Irritação peritoneal e defesa muscular.
1) Irritação peritoneal: DB+. Alternativas (causar menos dor ao paciente): defesa involuntária e localizada, dor à percussão suave do local, pesquisa da dor em choque (fica na ponta dos pés e solte o corpo sobre os calcanhares, podendo levar à localização da dor) e dor à manobra de Valsalva.
2) Defesa muscular: aumento do tônus à palpação, podendo ser involuntário ou voluntário. O mais importante é o involuntário.
Quais são indicadores importantes de gravidade no AA?
O caráter e a frequência do pulso.
Como a percussão abdominal pode me auxiliar no ddx do AA?
1) Hipertimpanismo: distensão intestinal.
2) Timpanismo sobre o fígado: gás livre no abdome (Jobert) ou interposição de alça de cólon entre o fígado e a parede.
Qual o uso do toque retal no AA?
É muito importante, pois pode haver dor na apendicite pélvica ou no abcesso pélvico. Além disso, deve-se procurar massas e sangue.
Qual o valor do leucograma no AA?
Há uma correlação fraca entre a leucometria e a inflamação abdominal (mesmo de forma seriada).
Qual a importância da cetonemia no AA?
Pode simular qualquer condição abdominal, sendo importante dosar cetonemia, glicemia e ânion-gap em todo paciente com AA.
Qual o sinal radiográfico de obstrução de delgado e de cólon?
1) Delgado: múltiplos níveis líquidos nas alças dilatadas, de localização central, com válvulas coniventes visíveis (empilhamento de moedas) e pouco/nenhum ar no cólon.
2) Cólon: alças dilatadas na periferia, haustrações visíveis. Caso valva ileocecal incompetente, pode haver dilatação de ID distal.
Em quais condições de AA o raio X de abdome agudo tem mais valor? Quais as incidências?
Obstrução intestinal, corpo estranho e perfuração. As incidências são tórax PA, abdome em pé e abdome deitado.
O que é a aerobilia e como visualizar no Rx? Quais as causas?
É a presença de ar nas vias biliares. É a presença de ar na região do hipocôndrio direito, NÃO chegando até a periferia do fígado. Fístulas entre a VB e vísceras ocas e após CPRE.
Quais os achados de um apêndice normal na USG?
Estrutura tubular (longitudinal) e pode-se até visualizar cada camada dele (mucosa, muscular da mucosa, submucosa, muscular própria e serosa), sendo os músculos hipotensos.
Quais os achados de USG na apendicite aguda? E ao doppler?
Diâmetro > 0,6 cm, paredes espessadas, gordura periapendicular hiperecogênica, não compressível e líquido periapendicular. No eixo axial aparece como o sinal do alvo. Pode-se visualizar o apendicolito.
Doppler: aumento do fluxo
Qual o método de imagem de escolha para condições de AA não obstétricas?
A TC.
Como um abcesso aparece na TC?
Coleção com centro hipoatenuante e cápsula hiperatenuante.
Como o hematoma intramural de ID aparece na TC?
Como um espessamento circunferencial parietal, hiperatenuação intramural, estreitamento intramural e QC de sub/oclusão intestinal.
Qual o 1° passo frente a um AA?
Avaliar se há instabilidade hemodinâmica (hipotensão, taquicardia ou rebaixamento do NC).
Qual a conduta caso AA + instabilidade hemodinâmica?
AVP, monitorização cardíaca, O2 caso necessário, reposição volêmica adequada, avaliar necessidade de hemotransfusão e manter VA pérvia.
Quais as condições que causam AA com maior potencial de gravidade e que mais frequentemente estão associados a instabilidade hemodinâmica?
PIOR - pancreatite aguda, isquemia mesentérica, obstrução intestinal e rupturas (aneurisma, gravidez ectópica).
Qual o 2° passo na abordagem do AA?
Alívio sintomático (analgésicos e antieméticos).
Qual o 3° passo na abordagem do AA?
Excluir gravidez e doenças pélvicas em mulheres (dosagem do beta-hCG, interrogar sobre DUM).