Questões GEO Flashcards
Desde a geografia clássica até o presente, pensamento e prática geográfica conformam métodos e metodologias bem definidos, não havendo antagonismos dos tipos forma/conteúdo, objetividade/subjetividade, explicativa/compreensiva, matemática/descritiva.
ERRADO. A primeira parte do item já está errada. Não havia, na geografia clássica, métodos e metodologias bem definidos. Até o final do século XVIII, não é possível falar de conhecimento geográfico como algo padronizado, com um mínimo que seja de unidade temática e de continuidade nas formulações. Por sua vez, os antagonismos em relação à forma/conteúdo, objetividade/subjetividade, explicação/compreensão e matemática/descrição estiveram, sim, presentes nos debates geográficos, desde o Determinismo alemão e o Possibilismo francês.
A adoção da teoria geral dos sistemas pela geografia do século XX levou à crença de que fenômenos, como, por exemplo, dos movimentos migratórios à dinâmica da natureza, podem ser entendidos utilizando-se o cálculo de probabilidades, que permite prever ou antecipar fatos.
CERTO. Esse item trata da Geografia Pragmática, ou Quantitativa, que surge em meados do século XX fundamentando-se em críticas à Geografia Tradicional. Troca-se o empirismo da observação direta por um empirismo mais abstrato, dos dados filtrados pela estatística (ambos em função da expansão do capital). A geografia de modelos propõe o uso de modelos de representação e explicação, no trato dos temas geográficos. Há uma articulação entre dados constantes e variáveis, fornecendo, por uma elaboração no computador, os resultados em termos de padrões e tendências.
Atribuir o surgimento da geografia científica — moderna — a Carl Ritter e a Alexander Humboldt é fundamental, mas sem renegar o conhecimento geográfico produzido antes desses Autores.
CERTO. Os autores que podem ser considerados os pais da Geografia, aqueles que estabeleceram uma linha de continuidade nessa disciplina, são alemães: Humboldt e Ritter. Na verdade, todo o eixo principal da elaboração geográfica, no século XIX, estará sediada nesse país. No entanto, muitos intelectuais produziram importantes conhecimentos para a evolução do estudo da geografia.
Carl Ritter e Alexander Humboldt ofereceram, em suas obras, um discurso que criou a nova ciência geográfica, simultaneamente cosmológica e regional, o que fez do geógrafo um observador da natureza capaz de somar prazer estético e prazer intelectual para compreender as leis naturais; tais princípios estavam presentes no pensamento e na prática nacionalista europeia do final do século XIX, dependentes de análises sistemáticas e particulares sobre o território.
CERTO. Exatamente. O trabalho dos alemães Humboldt e Ritter surgiu em um contexto de sistematização de uma disciplina à serviço do Estado que surgia. O ideal de unidade vai ter sua primeira manifestação concreta com a formação – em 1815 – da “Confederação Germânica”, que congregou todos os principados alemães e os reinos da Áustria e da Prússia. Apesar de não constituir, ainda, uma unificação nacional, estabeleceu maiores laços econômicos entre seus membros, com o fim dos impostos aduaneiros entre eles. É dentro dessa situação que se pode compreender a eclosão da Geografia. Temas como domínio e organização do espaço, apropriação do território, variação regional, entre outros, estarão na ordem do dia na prática da sociedade alemã dessa época.
O fato de a Geografia Humanista considerar o espaço um lugar, extensão carregada de significações, possibilita que ela trate de questões práticas como as que envolvam a percepção ambiental e a valoração arquitetônica.
CERTO. Exatamente. A Geografia Humanista, ao valorizar a subjetividade na relação com o espaço, seja ela de rejeição ou de afeição, trata de questões variadas como a arquitetura ou o meio ambiente dos lugares.
Tanto o planejamento urbano quanto os símbolos patrimoniais ou culturais da formação territorial histórica, dimensões do espaço vivido nas metrópoles que impactam as pessoas, podem ser analisados no viés geográfico crítico.
CERTO. A Geografia Crítica é feita por autores que se posicionam por uma transformação da realidade social. São os que assumem o conteúdo político de conhecimento científico, propondo uma geografia militante, que luta por uma sociedade mais justa.
Vão além do pensamento e questionamento puramente acadêmico da Geografia Tradicional, buscando suas raízes sociais.
A Geografia Teorética ou Nova Geografia reforça a Geografia Tradicional e desprestigia o planejamento territorial adotado pelo Estado.
ERRADO. Pelo contrário, a Geografia Teorética contesta a Geografia Tradicional. Efetuando, no entanto, uma crítica apenas à insuficiência da análise tradicional. Não vai aos seus fundamentos e à sua base social. Ataca, principalmente, o caráter não-prático da Geografia Tradicional.
A Geografia Crítica, ao debater a questão da produção econômica do espaço, reconhece a importância dos agentes hegemônicos do capital na minimização das disparidades urbanas.
ERRADO. Loucura essa afirmação. Os agentes hegemônicos, na visão da Geografia Crítica, ampliam as disparidades urbanas e as desigualdades, sejam elas sociais, culturais ou econômicas.
O neocolonialismo teve forte influência no desenvolvimento do pensamento geográfico europeu durante o século XIX e o início do século XX. A geografia, enquanto ciência a serviço dos Estados nacionais, foi instrumento de poder europeu sob vastas extensões territoriais na África, na América, na Ásia e na Oceania. A respeito desse assunto, julgue (C ou E) os itens que se seguem, tendo como referência o texto apresentado.
Os estudos da geografia na França, com uma formação filosófica e social mais humanista, voltavam-se, no período citado, para os estudos das diferenças entre as várias regiões do país e do mundo, com apontamentos das causas do subdesenvolvimento das colônias e da riqueza das metrópoles.
ERRADO. A Geografia Humanista somente surgiu como corrente geográfica na década de 1970, cerca de cem anos depois da geografia tradicional francesa. A geografia francesa do século XIX era pautada no possibilismo geográfico de Vidal de la Blache, e não no humanismo. Também está errada a afirmação de que a geografia tradicional francesa estudava as causas do subdesenvolvimento das colônias.
O levantamento e a descrição de informações nos trabalhos geográficos do século XIX e do início do século XX foram influenciados pela ideia de multidisciplinaridade das ciências. Assim, as informações sobre paisagens e regiões eram apresentadas, de forma detalhada, com sessões conjuntas para fatos humanos (população, economia, povoamento etc.) e fatos naturais (clima, relevo, vegetação, geologia, hidrografia, recursos naturais).
ERRADO. Apesar da geografia ser considerada uma “ciência-síntese”, este conhecimento não era multidisciplinar. Era estritamente descritivo, com metodologias próprias da geografia da época.
O neocolonialismo teve forte influência no desenvolvimento do pensamento geográfico europeu durante o século XIX e o início do século XX. A geografia, enquanto ciência a serviço dos Estados nacionais, foi instrumento de poder europeu sob vastas extensões territoriais na África, na América, na Ásia e na Oceania. A respeito desse assunto, julgue (C ou E) os itens que se seguem, tendo como referência o texto apresentado.
Os estudos geográficos constituíram, no período citado, uma justificativa ideológica de legitimação da exploração de outros povos pelos países imperialistas, em substituição à religião, cujas explicações para tal exploração estavam sendo questionadas, com a difusão do conhecimento científico.
CERTO. Em um contexto de imperialismo europeu nos continentes Africano e Asiático, a geografia surgiu como embasamento científico para justificar essa empresa europeia. Tanto o determinismo alemão como o possibilismo francês estiveram à serviço das pretensões imperialistas de seus países.
O determinismo geográfico serviu para a legitimação das políticas expansionistas dos países imperialistas europeus, notadamente o alemão. O geógrafo alemão Ratzel, por exemplo, teorizou a relação entre os Estados nacionais e seu território, apontando que o potencial de desenvolvimento de um Estado-nação se daria basicamente pela relação entre dois fatores: a população e os recursos naturais do território.
CERTO. Para Ratzel, o território apresenta as condições de trabalho e existência de uma sociedade. A perda de território seria a maior prova de decadência de uma sociedade. Por outro lado, o progresso implicaria a necessidade de aumentar o território. Justificando essas colocações, Ratzel elabora o conceito de “Espaço Vital”: este representaria uma proporção de equilíbrio entre a população de uma dada sociedade e os recursos disponíveis para suprir suas necessidades, definindo, portanto, suas potencialidades de progredir e suas premências territoriais.
As leis do crescimento espacial dos Estados enunciadas por Ratzel retificam os princípios básicos do realismo político.
ERRADO. As leis do crescimento espacial dos Estados enunciadas por Ratzel ratificam os princípios básicos do realismo político. Dessa forma, não se pode afirmar que elas os retificam.
Por reconhecer a exclusividade dos Estados como atores internacionais, o realismo político coaduna-se com os parâmetros da geopolítica clássica.
CERTO. Questão conceitual. A Geografia Clássica e o Realismo Político compartilham de diversos parâmetros comuns, por exemplo, a preponderância do Estado no sistema internacional e as dinâmicas mundiais pautadas pela noção de poder.
Por considerar o Estado como organismo vivo, a geografia política ratzeliana contradiz o paradigma do realismo político.
ERRADO. Não há contradição. A noção de organismo vivo da geografia política ratzeliana e o paradigma do realismo político caminham juntos na ideia de expansão ou ganhos de poder, além do fato de a teoria realista evocar, constantemente, a questão da sobrevivência do Estado no sistema internacional anárquico.