Cirúrgica VI - Fissura, Ascesso e Fístula anorretais Flashcards

1
Q

Fissura anal

A

A fissura anal é a presença de uma lesão ulcerada no canal anal, entre a linha pectínea e a junção mucocutânea (borda anal), é uma lesão em área de inervação sensitiva. É uma lesão que normalmente não ultrapassa a linha pectínea.

Por ser uma região de bastante inervação sensitiva, tem um quadro clínico principal de importante dor durante a evacuação.

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2
Q

Fisiopatologia da fissura anal

A
  • Trauma fecal – pacientes que apresentam constipação intestinal têm maior risco de apresentar a doença; fezes mais endurecidas, típicas do paciente com constipação, podem lesar o canal anal;
  • Hipertonia do esfíncter interno;
  • Déficit vascular posterior – menor perfusão às 6:00 horas, o que dificulta a cicatrização;
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3
Q

Localização da fissura anal

A

A fissura anal é mais frequente na região mediana posterior, às 6:00 horas, justamente por causa da menor perfusão nessa região, o que lentifica a cicatrização. Nessa região ela é chamada de fissura inespecífica, não existe uma causa/doença que gera essa fissura. Portanto, se for uma lesão às 06:00, sem outras manifestações associadas, conclui-se que é uma fissura anal inespecífica, que não necessita de demais investigações.

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4
Q

Fissura anal específica

A

Vai ser decorrente de alguma doença: pode ocorrer em qualquer local, sendo que nos demais locais ela deve ser investigada (biopsia), pois existe doenças que se apresentam na forma de fissura, como a doença de Crohn, neoplasias de borda anal, DST.

Se for em uma fissura específica o quadro clínico pode ter associação das manifestações da doença de base que causaram a fissura.

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5
Q

Classificação das fissuras anais

A

Não tem relação temporal. Realizada no exame clínico.

  • Aguda: observa o fundo avermelhado, sangrante, não há fibrose/ endurecimento;
  • Crônica: fundo mais branco, com fibrose instalada;
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6
Q

Quadro clínico de uma fissura inespecífica

A
  • Dor importante às evacuações; sendo ela mais intensa no paciente com constipação;
  • Hematoquezia, sendo o sangue sobre as fezes e não misturada a elas;
  • Mucorreia;
  • Prurido;
  • Constipação intestinal

OBS.: A constipação é mais frequente em mulheres, logo as fissuras são mais frequentes em mulheres. OBS.2: pode haver fissura em pacientes sem constipação;

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7
Q

Tratamento das fissuras anais

A

Para tratar precisamos saber se é aguda ou crônica (determinado pelo exame clínico)

  • Para fissura anal aguda: medidas dietéticas e higiênicas + esfincterectomia química → É um tratamento clínico.
  • Para fissura anal crônica: medidas dietéticas e higiênicas + esfincterectomia cirúrgica + fissurectomia anal
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8
Q

Tratamento clínico das fissuras anais

A
  • Medidas dietéticas: tentativa de regularizar o hábito intestinal, comer mais fibras, beber mais água. Para o intestino funcionar bem ele precisa de no mínimo 3 coisas: fibra, no mínimo 30g diárias, uma adequada ingestão hídrica com 30-50ml/Kg/dia e atividade física. Diminuir carne vermelha e gordura, ingerir mais líquidos.
  • Medidas higiênicas: evitar usar papel higiênico para limpar, usar apenas para secar caso não tenha toalha macia.
  • Esfincterectomia química - usada apenas na aguda na tentativa de relaxar o esfíncter interno
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9
Q

Esfincterectomia química

A
  • Isossorbida – creme → é um vasodilatador;
  • Bloqueadores de canal de cálcio - creme;
  • Toxina botulínica – injetável.

Os cremes são utilizados por 2/3 meses para gerar um bom relaxamento para propiciar uma boa cicatrização. A toxina botulínica pode ter efeito de até 6 meses de relaxamento.

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10
Q

Tratamento cirúrgico da fissura anal

A

Usado na fissura crônica e na aguda que não melhorou após 3 meses de tratamento clínico:

  • Esfincterectomia cirúrgica parcial – objetivo de relaxar o esfíncter interno nas regiões laterais – dar um pique no esfíncter interno, envolvendo, aproximadamente, 40% das fibras. Pode fazer rafia ou deixar cicatrizar por segunda intenção. Nunca fazer às 6:00horas (região posterior), pois, devido ao déficit sanguíneo local, pode gerar outras doenças na região, como o ânus em ferradura. Vai ser uma esfincterectomia cirúrgica parcial interna lateral.
  • Fissurectomia anal – ressecção da fissura → retirar o tecido fibrosado.
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11
Q

Abscessos anorretais

A

São coleções purulentas localizadas na região anorretal

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12
Q

Fisiopatogênia dos abscessos anorretais

A

Nas criptas anais, que são formadas por um par de colunas de Morgagni, localizadas na linha pectínea, desembocam as glândulas anais, as quais secretam o muco que facilita a passagem das fezes. A doença surge devido a obstrução das glândulas anais, que leva à uma inflamação das criptas, criptite.

Não surge abcesso por algum pelo inflamado, é apenas pela criptite.

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13
Q

Localizações dos abscessos anorretais

A

Perianal

Submucoso

Isqueorretal

Interesfincteriano

Supraelevador

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14
Q

Abscesso Anorretal Perianal

A
  • Começa na cripta, mas a área com acúmulo de pus, a necrose com supuração é na região perianal;
  • É o mais frequente de todos;
  • Se manifesta como área endurecida, quente;
  • Identificado na inspeção estática;
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15
Q

Abscesso Anorretal Submucoso

A
  • Normalmente, não observa esse abscesso no exame clínico de inspeção, identifica apenas no toque retal e anuscopia;
  • Se manifesta como um abaulamento extremamente doloroso e quente dentro do canal anal;
  • 2º mais frequente;
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16
Q

Abscesso Anorretal Isqueorretal

A
  • É um pouco mais profundo;
  • Localizado logo abaixo do m. levantador do ânus;
  • Se for muito volumoso pode se manifestar como um abaulamento na região anorretal, mas não tão perto da região perianal, pode ser identificado com a inspeção;
  • As vezes o paciente tem muita dor, uma clínica exacerbada, mas não conseguimos identificar o abscesso por ele ser mais profundo;
  • 4º mais frequente;
17
Q

Abscesso Anorretal Interesfincteriano

A
  • Entre os dois esfíncteres;
  • 3º mais frequente;
  • Identifica com o toque retal e anuscopia;
18
Q

Abscesso Anorretal Supraelevador

A
  • Acima do m. levantador do ânus;
  • Pode ser causado pela criptite, assim como por outras doenças, como doença de Crohn, doença inflamatória intraperitoneal;
  • É mais profundo, mais complexo e mais difícil de ser diagnosticado e tratado;
  • 5º mais frequente;
  • Necessita de exame de imagem para identificar.
19
Q

Quadro clínico dos Abscessos Anorretais

A
  • Dor em região perianal, principalmente, se for abcesso perianal ou isqueorretal; Em região glútea, principalmente, em abscesso mais profundo como o supraelevador; Endoanal nos casos de abscessos submucoso ou interesfincteriano;
  • Tumoração inflamatória Perianal (perianal ou isqueorretal) → visível na inspeção; Endoanal (submucoso ou interesfincteriano) → identificável ao toque e anuscopia.
  • Manifestações infecciosas – febre, hiporexia, adinamia;
  • Sintomas urinários diversos – quanto mais profundo o abscesso, maior a chance de ter sintomas urinários;
  • Complicações graves em pacientes debilitados, imunocomprometidos, com doença crônica descompensada;
20
Q

Diagnóstico dos Abscessos Anorretais

A

É clínico, com o exame proctológico completo (inspeção, palpação, toque retal e anuscopia);

Exames de imagem no caso dos abscessos mais profundos, como no supraelevador ou isqueorretal mais profundo, e nas dúvidas diagnósticas: US endoanal ou RNM.

21
Q

Tratamento dos abscessos anorretais

A
  • Drenagem cirúrgica – faz incisão com bisturi e deixa drenar. Para drenar a coleção tem que estar mais fluida, se estiver com necrose e endurecida temos que recomendar o paciente a fazer compressas com água quente, banho de assento com água quente para fluidificar a necrose e depois drenar.
  • Antibioticoterapia – não é necessária em todos os casos, apenas nos pacientes imunocomprometidos ou com celulite local extensa ou repercussão sistêmica extensa (hiporexia, febre). Tem que cobrir gram – e anaeróbio porque a origem é interna, e não de germe de pele. A maioria dos pacientes não precisa de antibioticoterapia
22
Q

Fístulas Anorretais

A

A fístula anorretal é um trajeto fibrótico que comunica o canal anal com a região perianal, vai comunicar a origem do abscesso, nas glândulas anais na linha pectínea, com o meio externo/pele. Normalmente, é uma cronificação de um abscesso anorretal.

A presença de fístulas propicia recidiva dos abscessos, pois o trajeto fibrótico “alimenta” o abscesso, pois no início da fístula pode ocorrer inflamações de repetição formando o abscesso. O abscesso quando drenamos ou ele drena espontâneo, ele pode resolver, cicatrizar e não ter mais ou apresentar a fibrose/epitelização do seu trajeto levando à fístula.

23
Q

Classificação das Fístulas Anorretais

A
  • Completa: apresenta um orifício interno, ao nível das criptas, um trajeto e um orifício externo de drenagem, na borda externa da pele geralmente;
  • Incompleta: é aquela que não tem o orifício externo, tem apenas o orifício interno e o trajeto;
  • Simples: é aquela que apresenta 1 orifício interno, 1 trajeto e 1 orifício externo;
  • Complexa: é quando temos mais de 1 trajeto ou/ e mais de 1 orifício externo; A fístula complexa pode ser causada por outras doenças, como a doença de Chron. Portanto, na presença de fístula complexa é importante uma investigação mais completa.

OBS.: a maioria das fístulas são completas e simples. As complexas e incompletas são mais trabalhosas para tratar

24
Q

Classificação das Fístulas Anorretais em relaçã aos tipos:

A

Dependem do tipo de abscesso que a originou

INTERESFINCTERIANA

TRANSESFINCTERIANA

SUPRAESFINCTERIANA

EXTRAESFINCTERIANA

25
Q

Fístulas Anorretais Interesfincteriana

A
  • Começa na linha pectínea ao nível das criptas, atravessa o esfíncter interno, sai entre os dois esfíncteres e drena para a pele;
  • É a mais comum → o trajeto passa entre os esfíncteres interno e externo;
  • Normalmente, é formada pela cronificação de um abscesso submucoso ou interesfincteriano ou perianal;
26
Q

Fístulas Anorretais Transesfincterianas

A
  • Começa na linha pectínea, atravessa os músculos dos esfíncteres interno e externo e drena para a pele;
  • Pode ser cronificação de um abscesso perianal ou isqueorretal normalmente, mas pode ser de qualquer um abscesso;
27
Q

Fístulas Anorretais Supraesfincteriana

A
  • Começa na linha pectínea, sobe entre os esfíncteres, cruza o levantador do ânus lá em cima e depois drena para a pele;
  • Menos frequente: quase considerada uma fístula complexa;
28
Q

Fístulas Anorretais Extraesfincteriana

A
  • Normalmente, começa na linha pectínea, sobe e drena para o reto e para a borda anal;
  • É a mais complexa e difícil de ser tratada;
29
Q

Quadro clínico das fístulas anorretais

A

Semelhante ao quadro do abscesso

  • Dor em região perianal ou glútea – depende do tipo de fístula;
  • Tumoração inflamatória perianal ou endoanal pode ocorrer se o paciente apresentar uma agudização do abscesso → o abcesso pode drenar pela fístula e melhora a dor.
  • Orifício perianal com saída de secreção purulenta;
  • Manifestações infecciosas.
30
Q

Diagnóstico das fístulas anorretais

A
  • Clínico: Com quadro de abscesso de repetição, quadro de drenagem de secreção purulenta por um orifício; Durante a inspeção estática é possível identificar o orifício externo se for a fístula completa; Fazer o exame coprotológico completo (inspeção, palpação, toque retal e anuscopia);
  • Exame de imagem – US endoanal ou RNM – usados mais em casos de dúvida, casos de fístulas complexas e nas que não podem ser bem avaliadas clinicamente
31
Q

Tratamento da fístulas anorretais

A
  • Fistulotomia – abrir o teto da fístula e curetar o tecido necrótico que acompanha. É o melhor tratamento para a fístula muito profunda, para evitar o envolvimento de muito músculo. Se apenas abrir e não curetar ela vai recidivar.
  • Fistulectomia – ressecar a fístula. Quando não é uma fístula muito profunda é o melhor tratamento. Deixa aberto e cicatriza por segunda intenção.

É realizada uma cateterização do trajeto do orifício externo até o interno. P

32
Q

Lei de Goodsal–Salmon

A

É a lei que nos mostra a estrutura/ formato do trajeto, se é um trajeto reto ou curvo. Essa regra apenas vale quando a distância entre os orifícios interno e externo tem até 3cm.

  • Se o orifício externo for anterior o trajeto vai ser retilíneo e o orifício interno vai ser a cripta mais próxima do orifício externo → Nesse caso, pega o estilete e introduz de forma reta para fazer o cateterismo.
  • Se o orifício externo for posterior o trajeto é curvilíneo em direção à cripta mediana, pois orifício interno vai estar na cripta mediana posterior.