Cirúrgica III - Anestesia Inalatória Flashcards

1
Q

Tipos de anestesia geral

A
  • Inalatória;
  • Venosa;
  • Balanceada (mista): inalatória + venosa.
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Q

O que é anestesia geral ?

A

Anestesia geral é um fenômeno que impede a percepção e conscientização de estímulos dolorosos. É feita em procedimentos em que não pode ser feita a raqui ou peridural.

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3
Q

Os anestésicos gerais seguem 4 etapas:

A

Independente se o anestésico é inalatório ou venoso, o objetivo é cumprir essas 4 etapas

  1. Bloqueio da resposta neuro-humoral ao estresse (sedação do paciente – geralmente uma sedação leve);
  2. Analgesia potente;
  3. Hipnose (tira a consciência do paciente);
  4. Relaxamento/bloqueio neuromuscular (paciente deve ficar paralisado durante toda a cirurgia – musculatura voluntária é bloqueada).
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4
Q

Principais anestésicos inalatórios

A
  1. Gases anestésicos: N2O – óxido nitroso (gasoso à temperatura ambiente). Disponível na parede do hospital;
  2. Anestésicos líquidos: são voláteis, líquidos à temperatura ambiente, que para serem inalados devem passar para o estado gasoso. Não podem entrar em contato com luz porque muda as propriedades do anestésico (por isso o frasco e o vaporizador são recipientes escuros). São eles halotano, enflurano, isoflurano, sevoflurano e desflurano (anestésicos halogenados). A maioria dos anestésicos líquidos são éteres, exceto o halotano que é um hidrocarboneto.
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5
Q

Propriedades Físicas de um anestésico inalatório ideal

A
  • Não inflamável e não explosivo (todos são inflamáveis e explosivos), aroma agradável (maioria não tem aroma desagradável) e não irritante das vias aéreas (os únicos não irritantes são o halotano e o sevoflurano – se for fazer um paciente dormir, obrigatoriamente tem que ser um desses);
  • Estável na presença de luz e da cal sodada (nenhum é estável).
  • Não reativo com metais ou borracha do aparelho de anestesia, sem necessidade de estabilizadores para armazenamento (maioria tem reação mínima, pouco expressiva, mas mesmo assim é necessário usar estabilizadores);
  • Indução (ato do paciente perder a consciência) e recuperação rápida (recobrar a consciência);
  • Alterações rápidas de profundidade de planos anestésicos (quando aumenta o inalatório passa para um plano mais profundo ou o contrário. Depende de cada anestésico);
  • Analgesia e relaxamento muscular adequados (essa é a grande falha dos anestésicos inalatórios, que não promovem analgesia e bloqueio suficiente. Por isso, não se faz anestesia inalatória pura, faz a inalatória para induzir a perda de consciência e o venoso faz o resto). Em altas doses ele até atinge os níveis adequados, mas isso vai causar muitos efeitos colaterais)
  • Apresentar larga margem de segurança (os anestésicos mais novos têm melhor margem de segurança e menos efeitos colaterais);
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6
Q

Mecanismos de ação dos anestésicos inalatórios

A

Atua na percepção e conscientização dos estímulos.

  • Percepção dos estímulos: atua nas vias aferentes do feixe espinotalâmico;
  • Conscientização: atuam no bloqueio sistema reticular ativador ascendente (SRAA). O SRAA provocava a percepção de estímulos, que são projetados ao córtex cerebral para conscientização → no caso dos anestésicos isso não vai ocorrer.

Dois tipos de receptores principais: GABA (geralmente inibitórios) e NMDA (geralmente excitatórios). A maioria dos anestésicos são agonistas de GABA (todos os inalatórios são), e alguns são antagonistas de NMDA.

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7
Q

Aparelho de anestesia inalatória

A

O aparelho de anestesia é subdividido em 3 partes:

Fluxômetro

Vaporizador

Respirador ou ventilador

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8
Q

Aparelho de anestesia inalatória - Fluxômetro

A

Primeira parte do aparelho para controle dos gases que vem da parede do hospital (normalmente é o oxigênio, o ar comprimido e o óxido nitroso). Como o anestésico é pouco volume inspirado, a fração de O2 fica muito alta (tóxica para os alvéolos). Para não dar uma fração muito alta de O2, dilui-se com ar comprimido ou óxido nitroso. Todos esses gases vêm da parede hospitalar (menos o anestésico), com controle de fluxo pelo fluxômetro.

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9
Q

Aparelho de anestesia inalatória - Vaporizador

A

Os gases oriundos do fluxômetro passam para a próxima parte do aparelho, no vaporizador, turbilhonando o anestésico líquido, que passa para o estado gasoso.

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10
Q

Aparelho de anestesia inalatória - Respirador ou ventilador

A

Os gases vão para a terceira parte, o respirador ou ventilador, para a ventilação mecânica artificial do paciente, que simula a inspiração e a expiração do paciente. Quando o Foley abaixa (parte azul cilíndrica) o ar entra no paciente pelo ramo inspiratório. Quando o Foley sobe o ar sai. O ventilador tem um circuito respiratório que é ligado à traquéia do paciente pelo tubo endotraqueal.

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11
Q
A
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12
Q

Por que o circuito de anestesia inalatória deve ser semi-aberto?

A

O ar que é expirado deve sair em parte para o ambiente e em parte ser reutilizado, para não hiperinsuflar o paciente → se não for semi-aberto pode até causar um barotrauma no paciente. Por isso, a anestesia inalatória é “poluente”, já que parte é liberada para o ambiente hospitalar.

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13
Q

No circuito de anestesia inalatória parte do ar expirado é reaproveitado. Como se dá esse processo?

A

Parte do ar expirado é reaproveitado (bolsa reservatória) voltando para o circuito inspiratório, e a outra parte é eliminada (circuito semi-aberto ou semi-fechado). O ar reaproveitado contém maior quantidade de CO2, por isso, antes de voltar para o paciente ele passa em um recipiente chamado Canister, que é onde fica a cal sodada (formada por hidróxido de sódio e hidróxido de cálcio), que são bases que reagem com o CO2 formando o ácido carbônico e água (com o passar do tempo o recipiente fica úmido e quente, por ser uma reação exotérmica). A cal é uma substância branca, que à medida que forma ácido carbônico vai ficando roxo (é proposital, para saber o momento de trocar, eles adicionam um indicador ácido base para controle). O ar livre do CO2 volta para o ramo inspiratório.

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14
Q

Farmacocinética dos anestésicos inalatórios

A

Vai sair do vaporizador (FRAÇÃO DO VAPORIZADOR – Fv) a mistura de ar com anestésico e essa mistura vai encontrar o ar que está sendo reaproveitado da expiração que já passou pelo Canister → essa soma vai ser a quantidade de anestésico inalatório que vai chegar no pulmão do paciente (FRAÇÃO INSPIRADA – Fi). Essa fração inspirada, quando chegar no alvéolo, vai ser chamada de FRAÇÃO ALVEOLAR – FA (à medida que vai entrando no alvéolo, essa fração vai aumentando). Assim, vai atravessar a barreira entre alvéolo e vaso e vai cair na artéria (FRAÇÃO ARTERIAL - Fa). A partir daí, vai ser distribuído para os órgãos e tecidos → vísceras, músculo e gordura. Depois de feita a sua função, o anestésico vai então retornar: cai de novo nos vasos, cai no alvéolo e é expirado (FRAÇÃO EXPIRADA – Fe).

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15
Q

Qual o momento que o anestésico inalatório começa a fazer a sua função?

A

Quando ele atingir o que é chamado de ESTADO DE EQUILÍBRIO → É quando todos esses valores se igualarem (o tanto que entra no pulmão é igual ao tanto que sai). Mas, como isso é um processo dinâmico, em teoria ele vai ser calculado pela relação entre a fração alveolar e a fração inspirada, ou seja, a relação FA/Fi. Quando essa relação é igualada, será o momento que atinge o estado de equilíbrio. Portanto: 𝑭𝑨/𝑭𝒊 = 𝟏 é o estado de equilíbrio. Só faz efeito anestésico inalatório a partir desse momento que atinge o estado de equilíbrio.

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16
Q

CAM: Concentração alveolar mínima

A
  • É o número expresso em porcentagem que, após atingido o estado de equilíbrio do anestésico inalatório, vai ter imobilidade à incisão cirúrgica de 50% dos pacientes.
  • 100% do valor da CAM vai representar resposta positiva para imobilidade em 50% dos pacientes.
  • 50% do valor da CAM vai representar resposta positiva para inconsciência em 50% dos pacientes.
  • 25-50% do valor da CAM vai representar resposta positiva para amnésia em 50% dos pacientes.
  • 130-150% da CAM vai representar resposta positiva para bloqueio total de resposta autonômica em 50% dos pacientes, ou seja, não vai ter resposta de dor, não vai ter mobilidade → bloqueio total. Assim, 150% da CAM é o valor máximo que vai ser usado, e vai gerar analgesia, bloqueio muscular, inconsciência
17
Q

V ou F

É possível fazer anestesia total apenas com o anestésico inalatório, mas precisa de doses muito altas (150% do valor da CAM), o que vai gerar muitos efeitos colaterais

18
Q

Mas, se o valor da CAM só indica anestesia de 50% dos pacientes, como vou saber se o meu paciente está imóvel?

A

A partir de parâmetros clínicos:

  • Se ele não estiver imóvel, vai tentar se mexer.
  • Se ele estiver sentindo dor, vai ter parâmetros disso, como taquicardia e hipertensão: olhar no monitor como estão os parâmetros.
19
Q

Absorção do anestésico inalatório

A

é dividida em 5 fases. É a passagem do tecido para a corrente sanguínea:

  1. Do aparelho de anestesia para os alvéolos (não tem barreira);
  2. Distribuição no ar alveolar (não tem barreira);
  3. Alvéolo para o sangue (barreira celular: o tanto que passa já não é o mesmo que é fornecido pelo aparelho);
  4. Do sangue até os capilares (não tem barreira);
  5. Dos capilares até os tecidos (tem outra barreira de membrana).

As fases 3 e 5 são de captação do anestésico inalatório. São as fases que influenciam a chegada do anestésico aos tecidos.

20
Q

Captação: o tanto que o anestésico passa do alvéolo para o sangue e o tanto que passa dos capilares para o tecido. Vai depender de 3 características (diretamente proporcional):

𝐶𝑎𝑝𝑡𝑎çã𝑜 = λ . Q . (Pa − Pv)

A
  • λ: Coeficiente de solubilidade: é diretamente proporcional à captação. Corresponde à lipossolubilidade, que é proporcional à travessia pelas membranas lipídicas das células. Quanto maior a lipossolubilidade ou o coeficiente de solubilidade, maior a captação.
  • Q: Débito Cardíaco: quanto maior o fluxo, maior a chegada do anestésico aos tecidos. Área pulmonar e tecidos mais vascularizados (vísceras, coração e cérebro) recebem mais anestésico inalatório. No coração provoca apenas efeitos colaterais e no cérebro provoca os efeitos desejáveis.
  • (Pa-Pv): é a diferença de pressão entre o alvéolo-sangue e sangue-tecido. Quanto maior a diferença de pressão, maior a captação, pela lei da difusão. Quanto mais anestésico no alvéolo e menos no sangue, mais anestésico entra para o sangue. Quanto mais anestésico no sangue e menos no tecido, mais anestésico entra para o tecido.
21
Q

V ou F

Anestésicos inalatórios potentes causam muito efeito colateral

A

A captação é diretamente proporcional à potência do anestésico inalatório! Existe um detalhe importante: Captação alta implica em retardo do estado de equilíbrio, ou seja, quanto mais capta o anestésico inalatório, mais demora o início de ação! Se muito captados, demoram a atingir o início de ação por demorar a atingir o estado de equilíbrio e demora a fazer o paciente voltar, porque são muito lipossolúveis e ficam impregnados no tecido.

22
Q

Por qual motivo a captação alta faz demorar a atingir o estado de equilíbrio?

A

Quando o anestésico inalatório alcança o alvéolo, o anestésico vai ser rapidamente difundido para as artérias, e a fração alveolar vai diminuindo conforme o anestésico sai do alvéolo por essa rápida difusão. Então, demora para que a fração alveolar se iguale à fração inalada.

23
Q

A captação do anestésico no alvéolo pelo sangue depende:

A

Perfusão sanguínea no do alvéolo

Solubilidade dos agentes anestésicos no sangue

24
Q

A captação dos anestésicos pelos tecidos depende:

A

Perfusão sanguínea

Diferença de pressão parcial

Solubilidade dos agentes anestésicos nos tecidos

Massa de um mesmo tecido (quando compara tecidos diferentes o que influencia é a perfusão sanguínea)

Duração da anestesia.

25
V ou F Impossível isoladamente fazer o paciente perder a imobilidade com óxido nitroso isolado
**N2O:** CAM infinita (CAM\>100%). Impossível isoladamente fazer o paciente perder a imobilidade com óxido nitroso isolado, mas em algumas concentrações de 60-70% pode ser que consiga perder a consciência. Vai ser usado como adjuvante para diluir o oxigênio e fazer um complemento com os demais anestésicos inalatórios.
26
**Distribuição dos Anestésicos inalatórios**
1. **Vísceras**: 10% da massa corporal, mas recebe primeiro por ter 75% do fluxo sanguíneo; 2. **Músculo**: 50% da massa corporal, recebe 10% do fluxo. É o segundo a receber o anestésico. 3. **Gordura**: 20% da massa corporal, 2,5% do fluxo sanguíneo. É o último a receber o anestésico. O anestésico fica preso na gordura, por ser o último local a ser eliminado e pela lipossolubilidade. Pacientes obesos podem demorar mais a acordar
27
**Eliminação dos anestésicos inalatórios**
É inversamente proporcional à solubilidade sangue/gás. Quanto mais facilmente é eliminado, mais rápido o despertar do paciente. Por isso que os anestésicos mais potentes demoram mais a ser eliminados.
28
**Farmacodinâmica do anestésico inalatório no SNC**
Primeiramente existe a sua função (atuar como agonista nos receptores GABA). Outro efeito é reduzir o metabolismo cerebral, produz vasodilatação cerebral, aumento do FSC, aumento do volume de sangue no cérebro e **aumento da pressão intracraniana** (por isso, em neurocirurgias usa apenas anestésico venoso!). Todos os anestésicos inalatórios causam isso, mas os mais potentes causam mais.
29
**Farmacodinâmica do anestésico inalatório no Sistema Cardiovascular**
Depressão do miocárdio, aumento da FC (mecanismo compensatório para a depressão do miocárdio) e redução da PAS (redução do DC e do VS) → pode até causar parada cardiorrespiratória;
30
**Farmacodinâmica do anestésico inalatório no Sistema respiratório**
Depressão respiratória, depressão da resposta ventilatória ao CO2 (igual aos anestésicos locais), efeito broncodilatado
31
**Farmacodinâmica do anestésico inalatório na função hepática**
O halotano reduz o fluxo sanguíneo hepático e, associado ao alto grau de metabolização hepática da droga, na presença de hipóxia pode ocasionar lesão hepática. Isso contraindica seu uso em **pacientes hepatopatas**. Pode causar hepatite medicamentosa. Os outros anestésicos mais novos não causam isso, só o halotano.
32
**Farmacodinâmica do anestésico inalatório na Função renal:**
Redução do fluxo plasmático renal, redução da filtração glomerular, aumento da produção de hormônio antidiurético e nefrotoxicidade.
33
**Farmacodinâmica do anestésico inalatório em outros sistemas:**
**Hipertermia maligna** (aumento da temperatura do paciente que pode levar à óbito). Ocorre com anestésicos inalatórios líquidos e/ou com succinilcolina (bloqueador neuromuscular despolarizante). O paciente é **predisposto geneticamente** e quando exposto a um destes anestésicos desenvolve o quadro. Isso ocorre porque há uma alteração do cálcio ribossomal, provocando **aumento da atividade da mitocôndria**, gerando aumento do metabolismo, aumento da temperatura de forma incompatível com a vida e morte. O tratamento é feito com reversão com **dantrolene sódico**. Sinais de hipertermia: aumento brusco da temperatura, aumento brusco de CO2 na capnografia (aumento do metabolismo).