Cirúrgica IV - Uro (Uropediatria) Flashcards
Uropediatria

Parte da urologia que se dedica às patologias pediátricas. Vão ser faladas apenas as patologias mais comuns.
Obstrução da Junção Uroteropélvica – JUP

Geralmente, no recém-nascido ou no feto intra-útero, essa obstrução é causada por um estreitamento intrínseco da junção – há origem embrionária diferente do rim e do ureter (broto mesonéfrico precisa se juntar com o broto metanéfrico), então nessa junção do ureter com a pelve renal pode ter uma obstrução intrínseca. Quando há uma JUP em crianças e adolescentes que não foi diagnosticado no morfológico, há uma outra causa que seria a JUP provocada por vaso anômalo (no seu crescimento faz um pinçamento da pelve renal, comprimindo ureter) → obstrução extrínseca.
Hidronefrose na criança

A hidronefrose em criança é definida pelo diâmetro anteroposterior da pelve renal maior que 12mm. É possível de ser feita no ultrassom morfológico intra-útero → geralmente é diagnosticada no US de 20 semanas na avaliação morfológica dos sistemas
Diagnóstico da JUP na criança intraútero

US morfológico 20ª sem: durante a gestação não tem o que fazer, faz um acompanhamento. Ainda que na maior parte das vezes ela seja unilateral, causa uma preocupação extra caso seja bilateral → pode causar comprometimento da viabilidade gestacional (o líquido amniótico é formado pela urina do feto, então se há junção bilateral, pode ter comprometimento de filtração e de formação da urina – pode ter oligodrâmnio). Vai ser um diagnóstico presumido. Quando a criança nasce, repete o US na primeira semana de vida. Pode ter um US normal, muitas vezes ela se resolve. Outra opção é que o novo US mostre a dilatação e precisa terminar de fechar o diagnóstico.
Como fechar o diagnóstico da JUP na criança

Urografia excretora: vai ver dilatação da pelve renal e baqueteamento de cálices renais. O ureter não fica dilatado. O ideal é fazer depois de 30 dias do nascimento, mas em algumas situações isso não é possível: JUP bilateral, criança com oligúria, algum grau de insuficiência renal ao nascimento
Cintilografia renal – enograma diurético: pode ser realizado antes dos 30 dias. Não é uma boa qualidade de imagem. Vai ser analisado pela curva de excreção do diurético radiomarcado que é administrado. Com a meia vida, consegue dizer se o rim está ou não obstruído. É um exame não radioionizante, ou seja, não tem preocupação de expor criança a radiação. Existe uma substância alternativa ao tecnécio 99 que pode ser usada com segurança na criança menor de 30 dias de vida (mag 3?).
Obstrução da Junção Uroteropélvica: Epidemiologia

- Mais comum nos meninos
- Mais comum no lado esquerdo
- 10-40% dos casos ela é bilateral
- Grande incidência em membros da mesma família - fator genético hereditário importante
- Aproximadamente 1/3 das crianças afetadas necessitará de invertenção cirúrgica
Indicações Cirúrgicas na Obstrução da Junção Uroteropélvica

- Aumento progressivo do diâmetro anteroposterior da pelve ao US, geralmente acompanhada do adelgaçamento do parênquima renal
- Função renal reduzida (vista pela cintilografia)
- Infecções de repetição → lembrando que mesmo que uma infecção baixa não seja tão importante, ela tem um risco de tornar-se grave, o que na criança pode causar cicatriz renal de pielonefrite, então é preciso ter cuidado (se mesmo fazendo antibioticoprofilaxia a criança continua tendo infecções de repetição, é indicação cirúrgica com o intuito de preservar a função renal)
- Dor persistente (pode até causar anorexia e afetar crescimento)
Cirurgia indicada na Obstrução da Junção Uroteropélvica

PIELOPLASTIA DESMEMBRADA DE ANDERSON-HYNES:
Tem índice de sucesso de quase 95% ou mais. Pode fazer aberta (principalmente em crianças muito pequenas) ou laparoscópica (recuperação mais precoce e cicatriz mais estética). Na cirurgia: faz um corte acima e abaixo do estreitamento e faz uma anastomose com sutura contínua com a pelve renal. Pode fazer um pedaço da pelve se estiver muito dilatada.
Refluxo Vesico-Uretral

É mais frequente que a JUP, mas não é a maior causa de hidronefrose, porque a maior parte das crianças com RVU não têm dilatação da pelve – tem o refluxo mas não tem hidronefrose. Quando tem esse refluxo, tendo em vista que a urina da bexiga volta para o rim, qualquer cistite é uma potencial pielonefrite. Então, mesmo no refluxo sem obstrução podem ter muitas complicações. O que vamos ver é que o grau 1 e grau 2 não vão ter hidronefrose e pode nem conseguir fazer o diagnóstico.
Epidemiologia do Refluxo Vesico-Uretral

- 40-70% das crianças com ITU possuem RVU – principalmente quando se fala de uma infecção febril.
- Na população geral, 17% das crianças sem ITU possuem RVU.
- 15-38% das hidronefroses antenatais são causadas por RVU (quase 50% são causadas por JUP)
- Quanto mais jovem a criança com infecção, maior a probabilidade de descobrir o refluxo
- RVU geralmente é raro nos afrodescendentes
- Pode ser uma condição herdada (genética)
- A prevalência é maior nos irmãos (se uma criança tem, precisa investigar os irmãos)
Fisiopatologia do Refluxo Vesico-Uretral

O refluxo se dá por um desbalanço da válvula antirrefluxo.Portanto, geralmente o refluxo se dá por um trajeto submucoso menor do que o adequado. Se o ureter só atravessa metade do que deveria ser, vai ter um provável refluxo. Se o ureter praticamente atravessa a muscular e já cai na mucosa e não tem túnel, certamente a criança terá um refluxo extremamente grave. O refluxo de urina estéril, sem infecção, ele é praticamente uma patologia benigna (exceto nos de alto grau). O refluxo de urina estéril, sem infecção, ele é praticamente uma patologia benigna (exceto nos de alto grau). As infecções de repetição serão causadas principalmente nas crianças que já possuem predisposição para ter infecção e também tem o RVU.
Válvula antirrefluxo vesico ureteral

É o trajeto intramural do ureter – quanto maior a pressão na bexiga durante a micção, maior a pressão de coluna d’água em cima dessa válvula (do trajeto submucoso). Quanto maior a pressão sobre esse trajeto submucoso, maior a pressão que ele faz sobre o ureter → por isso não há refluxo.
Classificação do Refluxo Vesico Ureteral

É dada pela uretrocistografia miccional
- Grau I: contraste sobe pelo ureter, mas não chega ao rim
- Grau II: contraste sobe pelo ureter, chega ao rim, desenha os cálices renais, mas não dilata.
- Grau III: contraste chega até o rim e causa dilatação
- Grau IV: causa grande dilatação de rim e dilatação de ureter
- Grau V: dolicomegaureter (ureter além de dilatado é tortuoso, faz um monte de voltas), cálices renais muito dilatados e aumentados de volume – patologia indistinguível do megaureter obstrutivo.
Como é feita a uretrocistografia miccional

Há sondagem na bexiga, injeta contraste, tira a sonda e espera a criança urinar. Pela imaturidade do controle esfincteriano desses pacientes, em alguns minutos eles irão urinar involuntariamente. Quando começar a micção, começa a tirar chapas de radiografia.
Se no grau 1 e grau 2 não tem hidronefrose, o US não consegue dizer muita coisa
V ou F
O diagnóstico laboratorial de ITU é de extrema importância no manejo do RVU, já que a criança que não tem/ nunca teve infecção e possui um refluxo de baixo grau, praticamente vai vier uma vida normal.

Verdadeiro
Em quem pedir a uretrocistografia micional na suspeita de RVU?
Expõe a radiação, expõe a trauma por ter que ficar presa pelos pais, e a criança fica chorando – então não é um exame simples para ser feito, não pede para toda criança. Baseado nisso, existem duas diretrizes que dão um norte sobre a indicação do exame.
- Pela classificação TOP-DOWN APPROUCH: Solicita a partir da primeira ITU febril ou após a segunda ITU afebril. Investigação começa depois do US com uma cintilografia, e quando a cintilografia (DMSA) aparece alterada, com sinal de cicatriz e infecção recorrente indica a UCM. Hoje tem uma atualização dessa classificação que diz que em crianças de menos de 2 anos de idade pode esperar a segunda ITU febril.
- Pela diretriz da associação americana de pediatria: UCM após primeiro caso de ITU febril.
Diagnóstico do Refluxo Vesico Ureteral

- No US se tiver dilatação importante, diferente da JUP que o ureter é muito fininho e a pelve renal fica muito grande, no RVU grau 1 e 2 não vê nada, e no 3 para cima vai ver a hidronefrose com dilatação do ureter (ureterohidronefrose). Dilatação de ureter praticamente exclui JUP.
- Exame de escolha é a uretrocistografia miccional.
- Pode fazer a cistocintilografia que, embora não tenha a qualidade de imagem, não expõe a criança a radiação. Pode ser usado como exame de controle.
- Cintilografia renal DMSA com TC99 é muito boa para avaliar o parênquima renal, se existe cicatriz, se teve infecção, se função glomerular é preservada ou não.
Resolução espontânea do RVU

A maioria dos RVU grau I e grau II vão se resolver espontaneamente, sem contar que na maioria das vezes eles nem vão ser diagnosticados. Grau III cerca de 50% dos pacientes vão ter resolução espontânea.
Pouquíssimos casos de refluxo de alto grau que terão resolução espontânea. O RVU que não se resolver nos 5 primeiros anos de vida, raramente vão se resolver.
Tratamento Clínico do RVU

É efetivamente realizado na maior parte das crianças, principalmente em refluxo de baixo grau e consiste basicamente em dois pilares: antibiótico profilaxia (antibiótico em dose baixa por um período prolongado – pode ser até os 5 anos de idade) + orientar a criança a ter bons hábitos urinários e intestinais (resolver constipação se tiver, urinar de 3 em 3 horas, fazer esvaziamento completo quando for urinar, beber mais água para urinar mais).
Tratamento Cirúrgico no RVU

O tratamento pode ser endoscópico com injeção para RVU de baixo grau. Por uma cistoscopia injeta uma substância inerte embaixo do ureter submucoso fazendo uma bolha → aumenta o trajeto e impede o refluxo. Para pacientes com refluxo de alto grau a injeção não é efetiva, então faz o reimplante ureteral → em cirurgia aberta, refaz o túnel.
Indicações Cirúrgicas no RVU

- Refluxo de alto grau (porque a maior parte não se resolve de forma espontânea).
- ITU de repetição mesmo com profilaxia
- Piora da função glomerular diagnosticada no DMSA
- Dilatação progressiva (pode avaliar no US)
Criptoquirdia

Definida pela ausência do testículo na bolsa → identificado ao exame físico (80% das vezes consegue palpar o testículo que não está na bolsa, ao exame, principalmente no anel inguinal).
Epidemiologia da Criptoquirdia

É uma das anomalias mais comuns – 1-4% dos nascidos a termo vão ter ausência do testículo na bolsa e até 45% dos prematuros podem ter. A descida do testículo acontece ainda intra-útero. Provavelmente o paciente prematuro não teria criptorquidia se tivesse nascido a termo. Nesse caso, o problema não está no testículo, e sim no fato de ter nascido antes da hora. Essas crianças geralmente entre os primeiros 2-3 meses de vida o testículo consegue descer. Crianças menores de 3 meses tem chance maior de descida espontânea, principalmente como dito anteriormente, no caso dos prematuros.
V ou F
É desejável que o testículo atópico seja palpável (quer dizer que ele existe). O testículo não palpável pode ser intra-abdominal, atrofiado ou mal-formado.

Verdadeiro


















