T6 - Avaliação do Politraumatizado (2) Flashcards

1
Q

Circulação e controlo da hemorragia - Volume sanguíneo e débito cardíaco?

A
  • A hemorragia é a principal das causas de morte pós trauma que podem ser evitadas
  • A hipotensão que se sucede ao trauma deve ser considerada hipovolémica, até prova em contrário
  • É essencial uma avaliação rápida e eficiente do status hemodinâmico
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2
Q

Volume sanguíneo e débito cardíaco - Nível de consciência?

A
  • Quando o volume circulante é diminuído, a perfusão cerebral pode ser comprometida
  • Uma perda significativa do volume circulante não implica inconsciência
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3
Q

Volume sanguíneo e débito cardíaco - Cor da pele?

A
  • Cor rosada na face e extremidades ➡ boa perfusão
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4
Q

Volume sanguíneo e débito cardíaco - Pulsação?

A
  • Deve ser avaliado um pulso central (femoral ou carotídeo)
    . Qualidade, ritmo e regularidade
  • Um pulso normal não assegura euvolemia
  • Pulso muito diminuído ➡ ressuscitação agressiva
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5
Q

Hemorragia?

A

A hemorragia externa deve ser identificada e controlada na avaliação inicial

  • Pressão manual
  • Pressão pneumática (transparente)
  • Os torniquetes não devem ser usados (excepto em amputações de extremidades)

Hemorragia oculta

  • Tórax
  • Abdómen
  • Ossos longos
  • Bacia

Paciente hemodinamicamente estável #

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6
Q

Noções a ter sempre em mente - Hemorragia?

A

– A hemorragia é a causa evitável de MORTALIDADE mais frequente em pacientes com trauma.

– Devemos estar alerta para sinais subtis de CHOQUE hemorrágico, especialmente em idosos, que podem estar sob terapêuticas cardiovasculares que atenuam esses sinais, e em adultos jovens e saudáveis que podem não apresentar manifestações óbvias.

– A hipotensão, geralmente, não se manifesta até que, pelo menos, 30% do volume de sangue da vítima tenha sido perdido. Essas vítimas apresentam alto risco de morte. Traumatizados idosos podem estar hipotensos em relação à pressão arterial basal, mas ainda terem medições de pressão arterial dentro da faixa “normal”.

– Um único episódio de hipotensão aumenta substancialmente a probabilidade de ocorrência de uma lesão grave

– As lesões cerebrais são comuns em pacientes que sofreram traumatismo craneano grave e basta um único episódio de hipotensão para aumentar o risco de morte

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7
Q

Hemorragia (1)?

A

Devem ser obtidos de imediato pelo menos 2 acessos venosos calibre largo (>16 Gauge)
- obtenção de amostra sanguínea

Poderá ser obtido um acesso venoso central, preferencialmente na jugular interna, e sob controlo ecográfico

Infusão de solução salina

  • 2 a 3 litros (20mL/kg)
  • Aquecida

Transfusão sanguínea

  • Grupo adequado
  • O Neg
  • Controlo da hemorragia (cirúrgico?)
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8
Q

Hemorragia (2)?

A

Hemorragia severa ocorre em uma de cinco localizações:

  • Externa
  • Intratorácica
  • Intraperitoneal
  • Pélvica
  • Ossos longos

Tradicionalmente, usa-se o valor de TA sist: <90 mmHg como marcador de choque
- No idoso, deve ser usado o valor de 110 mmHg

Deve ser tida em conta a possibilidade de a vítima estar previamente sob terapêutica anti-coagulante - REVERSÃO

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9
Q

Choque no trauma?

A

PERFUSÃO E OXIGENAÇÃO TECIDULAR DEFICIENTE

  • O primeiro passo para tratar o CHOQUE no traumatizado é reconhecê-lo
  • Nenhum exame diagnóstico reconhece o choque
  • O segundo passo é identificar a causa
  • Mecanismo do trauma

A hemorragia é a causa mais frequente de choque no doente traumatizado #

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10
Q

Tipos de Choque?

A

– Hipovolémico
– Cardiogénico
– Neurogénico
. Lesão extensa do SNS e medula espinal (vasodilatação e hipovolémia relativa)
– Séptico
. Quando o trauma já decorreu há várias horas
– Pneumotórax hipertensivo ou traumatismo cardíaco
. Traumatismos acima do diafragma

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11
Q

Reconhecimento do Choque?

A
# É fácil reconhecer um choque profundo
-- colapso hemodinâmico
-- perfusão inadequada da pele, rim e SNS
# Manifestações precoces do choque
-- Taquicardia e vasoconstrição cutânea
-- Frequência respiratória
-- TA sistólica é um indicador pobre
-- O valor da hemoglobina e do hematócrito é pouco fiável
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12
Q

Choque Hemorrágico?

A
  • Todos os politraumatizados têm algum grau de hipovolemia
  • Todos os choques não hemorrágicos respondem, ainda que inicialmente, à administração de volume
  • O volume sanguíneo corresponde a 7% do peso “ideal”
  • Numa criança corresponde a 8-9% (80 a 90 mL/kg)
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13
Q

Hemorragia - Classes?

A

CLASSE I
- Corresponde à perda sanguínea de quem doou uma unidade de sangue (até 15% do volume sanguíneo)

CLASSE II
- Hemorragia não complicada, mas que necessita de ressuscitação com cristalóides (15-30% do volume sanguíneo)

CLASSE III
- Hemorragia complicada em que são necessários cristalóides e, possivelmente, sangue (30-40% do volume sanguíneo)

CLASSE IV
- A hemorragia é um evento terminal e, ou se procede a uma ressuscitação agressiva, ou o doente morre (>40% do volume sanguíneo)

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14
Q

Prognóstico do choque?

A
  • Depende de:
    • Duração do choque
    • Causa
    • Função pré-existente dos orgãos vitais
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15
Q

Avaliação neurológica?

A
  • Nível de consciência
  • Tamanho e reacção pupilar
  • Escala de coma de Glasgow (ECG)
  • Álcool ou drogas

Diminuição da consciência

  • Diminuição da oxigenação cerebral
  • lesão parenquimatosa
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16
Q

Exposição/ Controlo do ambiente?

A

Deve ser completamente despido
- Corte das roupas

Evitar hipotermia

  • Cobertores quentes
  • Soros aquecidos
  • Temperatura ambiente
  • Evitar hemorragia e consequente necessidade de transfusões
17
Q

Adjuvantes da avaliação primária - Monotorização electrocardiográfica?

A

– Traumatismo cardíaco
. Disritmias (taquicardia inexplicada, fibrilação auricular, contracções ventriculares prematuras; alterações do segmento ST)

– Dissociação electromecânica
. Tamponeamento cardíaco
. Pneumotórax hipertensivo
. Hipovolemia profunda

– Hipotermia extrema pode causar disritmias

18
Q

Adjuvantes da avaliação primária - Algaliação?

A

– O débito urinário reflete a perfusão renal e, consequentemente, o volume intravascular

– Contra-indicada quando há suspeita de lesão uretral
. sangue no meato, equimose perineal, sangue no escroto, fractura pélvica

– Só deve ser efectuada após exame genital e rectal

19
Q

Adjuvantes da avaliação primária - Intubação nasogástrica?

A
  • Diminuição do volume gástrico e do risco de aspiração
  • Não aspira sólidos
  • A sua colocação pode provocar o vómito
  • Se há suspeita de fractura da base do crâneo, deve ser introduzida pela boca
20
Q

Monitorização?

A
  • Ritmo ventilatório e gases arteriais
  • Oximetria de pulso
  • Pressão arterial
21
Q

Exames radiológicos - Avaliação inicial?

A
  • Tórax
  • Coluna cervical
  • Bacia
22
Q

Deteção de Líquido Livre?

A

Abdominal
• Peri-hepático
• Peri-esplénico
• Fundo de saco pélvico

Tórax
• Hemotórax
• Pneumotórax
• Hemopericárdio

23
Q

FAST - Vantagens?

A
  • Diminui o tempo para o diagnóstico de lesões abdominais pós-traumáticas
  • Ajuda a detectar de forma apurada a existência de hemoperitoneu e o seu volume
  • É uma técnica não invasiva
  • Pode ser executada rapidamente sem mover a vítima da sala de trauma
  • Poder ser repetida de forma seriada
  • É segura em mulheres grávidas e crianças e evita a radiação do TAC
24
Q

FAST - Limitações?

A

• Tem baixa acuidade na identificação de fracturas pélvicas e não consegue distinguir entre sangue e urina
• Tem um papel limitado na avaliação de hemorragias com ponto de partida no retroperitoneu
• Tem menor sensibilidade nos traumatismos perfurantes do que nos traumatismos fechados
. FAST negativo em traumatismos penetrantes deve ser interpretado com muita cautela

25
Q

TAC?

A
  • É o método de imagem adicional preferencial na avaliação das vítimas de trauma, pela sua rapidez e acuidade
  • O TAC “corporal” pode melhorar o prognóstico em vítimas de trauma de alto risco, como explosões, colisões de alta cinética ou quedas de grande altura
  • Em outras circunstâncias deve ser efectuada avaliação mais focada nas áreas com suspeitas de lesão
  • Devem ser tidos em conta o preço e o risco de lesão renal aguda pelo contraste e os riscos da radiação a longo prazo
  • Fornece informações de menor acuidade nos traumatismos perfurantes por projéctil, porque não permite, por vezes, identificar o trajecto, dada a baixa disrupção de tecidos produzida
  • A vítima só deve ser transportada ao TAC após adequada estabilização
26
Q

Traumatismos Perfurantes?

A
  • Até prova em contrário, deve ser sempre assumido que um traumatismo penetrante do tórax ou do abdómen, atingiu ambas as cavidades
  • Nas feridas perfurantes por baixa velocidade (ex: arma branca), quer a ecografia FAST (pouco sangue), quer a TAC (baixa disrupção dos tecidos) podem dar resultados falsos negativos
  • Nas feridas por projéctil de arma de fogo, as lesões são potencialmente mais graves, acarretando maior morbilidade e mortalidade
  • Uma eventual abordagem conservadora só pode ser equacionada em centros com capacidade de monitorização contínua e acesso a exames radiológicos seriados
27
Q

Avaliação analítica?

A
  • Em todas as vítimas do sexo feminino em idade fértil deve ser excluída gravidez através da avaliação da β-HCG
  • Amostra para avaliação de grupo sanguíneo
  • Avaliação da coagulação em doentes hipocoagulados
  • Despiste de rabdomiólise em traumatismos de alta cinética
  • Despiste de alcoól e drogas em doente evidentemente intoxicado ou vítima de acidente de viação ou de trabalho
  • Enzimas cardíacas quando há suspeita de traumatismo cardíaco ou isquemia
  • A elevação dos lactatos em gasometria está directamente relacionada com o risco de mortalidade
28
Q

Analgesia e sedação?

A
  • Nunca esquecer que a vítima de trauma tem DOR
  • Devem ser administrados analgésicos, preferencialmente fentanil
  • Se necessário, a vítima pode ser sedada com midazolam
  • Devem ser monitorizadas as repercussões hemodinâmicas dos fármacos administrados
29
Q

Conclusões?

A
  • A vítima de trauma deve ser avaliada e tratada com a máxima rapidez, exigindo uma organização orientada dos cuidados de saúde
  • A sistematização da abordagem, aliada à capacidade de avaliar em simultâneo múltiplos orgãos e sistemas, diminui a morbilidade e a mortalidade
  • Todas as lesões detectadas que possam induzir risco de vida devem ser abordadas precocemente, com eventual prejuízo da identificação inicial de outras lesões menos gravosas
  • Os melhores resultados são obtidos em vítimas assistidas em centros com equipas vocacionadas, com todas as valências médicas disponíveis