T12 - Hemorragia Digestiva Baixa (2) Flashcards
Fissura Anal?
- Corresponde a uma fenda ao nível da derme anal, localizada distalmente à linha denteada
- É relativamente comum
- Afecta primariamente adultos jovens
- Atinge de igual modo ambos os sexos
Fissura Anal - Apresentação e Patofisiologia?
Na maioria dos casos apresenta uma curta evolução clínica com cura espontânea; no entanto, nas situações em que persiste e requer uma abordagem terapêutica cirúrgica causa uma considerável morbilidade numa população jovem de outro modo saudável.
Localização: linha média posterior ( cerca de 90%); linha média anterior (10%); fora da linha média (<1%).
Patofisiologia:
- evento traumático
- espasmo do esfíncter anal interno, com consequente isquemia da mucosa anal pela diminuição da irrigação sanguínea da derme anal
Fissura Anal - Manifestações Clínicas?
Dor intensa associada à defecação
- doente contraria a urgência para defecar
- fezes mais endurecidas que laceram ainda mais a derme anal
- este ciclo auto-perpetuado de dor, relaxamento deficiente e nova lesão contribui para o desenvolvimento de fissuras crónicas, por deficiente cicatrização da lesão.
Hemorragia com a defecção (sangue no papel higiénico, na superfície das fezes ou no interior da sanita; não se encontra misturado com as fezes)
Com menor frequência, podem apresentar-se como feridas indolores que não cicatrizam e que sangram de forma intermitente
Fissura Anal - Fatores de Risco e Complicações?
- Cirurgia anorrectal prévia (hemorroidectomia, fistulotomia, destruição de condilomas)
- Passagem de fezes endurecidas pelo canal anal (alteração da dieta, obstipação)
- Diarreia crónica
- Trauma anal (relações sexuais anais, exame rectal com espéculo ou toque rectal)
As complicações da fissura anal estão relacionadas com a persistência da doença, a dor associada, a hemorragia subjacente e alteração dos hábitos intestinais
Fístula Anal?
- A fistula anal tem quase sempre origem a partir de um abcesso anorrectal prévio.
- A drenagem de um abcesso anorrectal resulta em cura em cerca de 50% dos casos; os restantes 50% desenvolvem uma comunicação persistente com a cripta (fístula anal peristente), desde o ânus até à pele perianal.
- Inicia-se usualmente na cripta infectada (abertura interna), criando um trajecto até uma abertura externa (normalmente no local da drenagem prévia).
- A maioria das fístulas é criptoglandular na sua origem; no entanto, um determinado número de fístulas desenvolvem-se secundariamente
- Uma fístula complexa, recorrente e refractária deve suscitar suspeita para um destes últimos diagnósticos
Fístula Anal - Classificação?
# Interesfincteriana (trajecto atravessa o esfíncter distal interno e o espaço interesfincteriano, terminando numa abertura externa próxima à borda anal). # Transesfincteriana (resulta frequentemente de um abcesso isquiorrectal com extensão através de ambos os esfíncteres externo e interno). # Supraesfincteriana (tem origem num plano interesfincteriano com um trajecto superior e envolvnete da totalidade do esfíncter externo). # Extraesfincteriana (origina-se na parede rectal com uma trajectória que rodeia ambos os esfíncteres para sair lateralmente, usualmente ao nível da fossa isquiorectal).
Fístula Anal - Manifestações clínicas?
- Drenagem persistente a partir de aberturas internas e/ou externas
- Dor intensa
- Secreção sanguinolenta e purulenta associada à resolução da dor, e subsequente secreção mucopurulenta crónica
Fístula Anal - Etiologia - HDB em crianças e adolescente?
– Intussuscepção
– Pólipos e Síndromes de Polipose
• Polipose juvenil
• Síndrome de Peutz-Jeghers
• Polipose adenomatosa familiar (PAF)
– Doença Inflamatória Intestinal
– Divertículo da Meckel
HDB no idoso?
– Constitui uma potencial ameaça à vida destes doentes.
– O carácter emergente destas situações, nesta faixa etária em particular, advém da má tolerância apresentada para variações do foro hemodinâmico.
– Factores que influenciam adversamente a evolução da HDB nos idosos:
. Doenças cerebrovasculares e cardiovasculares
. Polimedicação
. Uso frequente de AINE’s
HDB no idoso - Principais causas?
- Doença diverticular
- Angiodisplasia
- Hemorróidas
- Pólipos intestinais
# A maioria cessa espontaneamente após estabilização hemodinâmica e introdução de terapêutica de suporte. # Nos casos de hemorragias refractárias, os benefícios da abordagem endoscópica, angiográfica ou cirúrgica não devem ser preteridos unicamente considerando a idade avançada destes doentes.
Contudo, a escolha da intervenção e o timing associado deve ser cuidadosa e especificamente dirigida na abordagem de doentes idosos de risco.
Abordagem Diagnóstica?
– Depende da gravidade do sangramento e da taxa de recorrência
– A abordagem inicial tem 4 principais objectivos :
. abordagem cuidada do doente, tendo em atenção o seu estado hemodinâmico e identificando co-morbilidades significativas
. estabilização hemodinâmica e monitorização
. identificação da principal causa da hemorragia
. instituição das intervenções terapêuticas específicas para parar ou controlar a hemorragia
Características da hemorragia?
- Melenas/hematoquézias
- Anemia e fadiga
- Início da hemorragia
- Frequência dos episódios de melenas ou hematoquézias
- Alterações dos hábitos intestinais
Sintomas associados?
- Tonturas ou síncope ortostática => rápida e severa perda sanguínea
- Dor abdominal
- Dor perianal
Medicação?
- AINE’s
- Anticoagulantes
- Aspirina
- Corticóides
- Rever toda a medicação do doente, especialmente aquela relacionada com distúrbios CV, incluindo bloqueadores βe bloqueadores dos canais de cálcio
História médica anterior?
- Episódios prévios de hemorragia digestiva
- Hx de DII, pólipos intestinais, doença diverticular, neoplasia ou doença anorrectal
- Condições de co-morbilidade (insuficiência renal, doença CV aterosclerótica, ICC, doença respiratória crónica, doença hepática prévia ou distúrbios do SNC)
- Cirurgias abdominais ou vasculares
- Irradiação da pelve ou órgãos abdominais
- Polipectomia endocópica