Hipertensão Arterial sistêmica Flashcards
Aspectos-chave da HAS:
Aspectos-chave da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) na Atenção Primária à Saúde (APS)
- Prioridade na APS: A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma das prioridades da atenção primária à saúde, recebendo significativos recursos para sua prevenção, detecção e tratamento.
- Avaliação e Acompanhamento do Paciente: É crucial que pacientes com suspeita de HAS sejam avaliados e acompanhados longitudinalmente, com atenção especial para identificar possíveis causas de elevações transitórias da pressão arterial.
- HAS como Fator de Risco Cardiovascular: Na APS, a HAS geralmente é considerada um fator de risco integrante do risco cardiovascular global. Doenças associadas à HAS, como doença coronariana e cerebrovascular, podem justificar o referenciamento para especialistas.
- Avaliação do Risco Cardiovascular: Esta avaliação é importante para o planejamento de metas e decisões sobre tratamentos, mas não deve ser o único critério para decisões clínicas.
- Cuidados com a Medicalização do Risco: É importante evitar transformar um fator de risco em um “problema de saúde” que pode levar à medicalização de pessoas clinicamente saudáveis, impactando negativamente sua qualidade de vida.
Como a hipertensão arterial sistêmica (HAS) é definida e diagnosticada em indivíduos assintomáticos, e quais são os desafios enfrentados na medição precisa da pressão arterial?
- Definição de HAS: Hipertensão arterial sistêmica (HAS) é a condição de pressão arterial (PA) persistentemente elevada, medida recorrentemente acima de um limiar preestabelecido, que tende a persistir ao longo do tempo.
- Importância da Medição da PA: A aferição da PA é fundamental para a detecção e o diagnóstico da HAS. É uma técnica comum que, apesar de sua simplicidade, frequentemente enfrenta desafios técnicos que podem afetar a precisão dos resultados.
- Fatores que Influenciam a Medição da PA: Diversos fatores podem alterar a medida da PA, incluindo o tamanho do manguito, a circunferência braquial do paciente, as condições pré-aferição, o ambiente de medição, o tipo de aparelho usado, e a ansiedade ou expectativa do paciente durante o procedimento.
Como a sociedade Brasileira de hipertensão classifica a HAS?
- Ótima: PAS menor que 120 mmHg e PAD menor que 80 mmHg.
- Normal: PAS entre 120-129 mmHg e PAD entre 80-84 mmHg.
- Normal Alta: PAS entre 130-139 mmHg e PAD entre 85-89 mmHg.
- Hipertensão Estágio 1: PAS entre 140-159 mmHg e PAD entre 90-99 mmHg.
- Hipertensão Estágio 2: PAS entre 160-179 mmHg e PAD entre 100-109 mmHg.
- Hipertensão Estágio 3: PAS 180 mmHg ou maior e PAD 110 mmHg ou maior.
- Hipertensão Sistólica Isolada: PAS 140 mmHg ou maior e PAD menor que 90 mmHg.
Quais são os critérios atuais para o diagnóstico de hipertensão arterial sistêmica, e quais métodos são considerados padrão-ouro para evitar sobrediagnósticos?
- Critérios Diagnósticos Atuais: A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é definida pela presença de pressão arterial (PA) elevada registrada em pelo menos duas medições em encontros clínicos distintos.
- Uso da MAPA e MRPA: Algumas diretrizes são mais rigorosas e recomendam a monitorização ambulatorial da PA (MAPA) ou a monitorização residencial da PA (MRPA) como padrões-ouro para diagnóstico, ajudando a evitar o sobrediagnóstico e sendo consideradas custo-efetivas.
- Limitações das Medidas de PA em Consultório: As medições de PA em consultório podem ser influenciadas por diversos fatores, como ansiedade do paciente, técnica inadequada de medição, dor ou desconforto.
- Limiar para Diagnóstico de Hipertensão: Indivíduos são diagnosticados como hipertensos quando a média de suas medidas de PA é acima de 140/90 mmHg.
Quais são as principais mudanças introduzidas pelas novas Diretrizes da American Heart Association em relação à classificação da hipertensão arterial sistêmica, e quais são as controvérsias e críticas associadas a essas mudanças?
- Mudança nas Diretrizes da AHA: As novas Diretrizes da American Heart Association redefiniram hipertensão arterial sistêmica (HAS) para indivíduos com pressão arterial (PA) superior a 130/80 mmHg, aumentando a proporção de adultos norte-americanos classificados como hipertensos para cerca de 46%.
- Impacto do Novo Critério: Com o novo limite, estima-se que mais 30 milhões de pessoas nos Estados Unidos serão categorizadas como hipertensas.
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Controvérsias: A recomendação é controversa por vários motivos:
- O benefício de tratar pessoas com valores mais baixos de PA é considerado pequeno.
- Há subestimação dos riscos de efeitos adversos do tratamento e do impacto negativo de ser rotulado como hipertenso.
- Preocupações sobre o risco de sobrediagnóstico.
- Influência da Indústria Farmacêutica: O desenvolvimento das diretrizes teve significativo apoio da indústria farmacêutica, o que pode ter influenciado as recomendações.
- Posicionamento da American Academy of Family Physicians: A American Academy of Family Physicians optou por não apoiar as novas diretrizes da AHA, mantendo suporte às diretrizes da Joint National Committee (JNC), que recomendam um tratamento mais conservador, especialmente para pacientes de baixo risco com mais de 60 anos, sugerindo medicação apenas se a PA for superior a 150/90 mmHg.
Comente sobre a hipertensão secundária:
- Prevalência: Responsável por até 5% dos casos de hipertensão arterial sistêmica (HAS) na população geral, considerada rara.
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Indicações de Suspeita:
- Hipertensão em pessoas jovens sem histórico familiar.
- Hipertensão grave de difícil controle.
- Presença de sintomas de condições subjacentes como síndrome de Cushing, hipertireoidismo, ou síndrome da apneia obstrutiva do sono.
- Encaminhamento para Especialista: Recomendado em casos atípicos para investigação detalhada.
- Alteração de Função Renal: Mudanças na função renal podem indicar hipertensão secundária causada por doenças renais como glomerulonefrite ou doença renal policística.
- Piora da Função Renal após Introdução de IECAs: A piora da função renal após o início de tratamento com Inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina sugere hipertensão renovascular, especialmente em pacientes com estenose da artéria renal.
- Hipocalemia: Baixos níveis de potássio no sangue podem ser um sinal de hiperaldosteronismo primário (síndrome de Conn), que é uma causa endócrina de hipertensão secundária.
- Importância de Diagnóstico e Tratamento Corretos: Identificar a causa subjacente é crucial para direcionar o tratamento adequado, evitando progressão da doença e complicações associadas.
Como as pessoas frequentemente confundem os termos relacionados à hipertensão, e quais são as implicações dessa confusão para a percepção e o tratamento da condição?
- Confusão de Termos: As pessoas frequentemente confundem os termos “hipertensão”, “tensão”, “pressão” e “pressão alta”, utilizando-os de forma indistinta para descrever variados tipos de sofrimentos ou desconfortos.
- Nomeação de Sofrimentos: A “pressão alta” é frequentemente usada para nomear experiências de desconforto ou anomias vivenciais que são difíceis de especificar ou verbalizar de outra forma.
- Percepção da Hipertensão na Literatura: A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é amplamente reconhecida na literatura médica como um fator de risco significativo e uma condição assintomática que, apesar de tratável, muitas vezes só começa a ser percebida pelos pacientes após o diagnóstico, influenciando substancialmente a experiência de vida de uma pessoa como um “fator de risco sintomático”.
Quais são os principais fatores de risco associados ao desenvolvimento da hipertensão arterial sistêmica e seu impacto nas doenças cardiovasculares?
- Características da HAS: A hipertensão arterial sistêmica (HAS) pode ocorrer isoladamente ou em conjunto com outros fatores de risco ou doenças pré-existentes. Não existe uma causa única definida para seu desenvolvimento.
- Fatores Associados: Vários fatores estão ligados ao desenvolvimento da HAS e das doenças cardiovasculares em geral. Exemplos incluem sedentarismo, histórico familiar de hipertensão, obesidade, tabagismo e condições socioeconômicas desfavoráveis.
- Impacto da HAS: Tanto a HAS isolada quanto aquela associada a outros fatores de risco elevam substancialmente o risco de desenvolver doenças cardiovasculares, especialmente doenças cerebrovasculares e isquêmicas cardíacas.
Quais são as melhores práticas recomendadas para abordar um caso suspeito de hipertensão, minimizar vieses na medição da pressão arterial e evitar diagnósticos incorretos?
- Primeira Abordagem em Caso Suspeito de Hipertensão: Tranquilizar o paciente é essencial, assim como estabelecer uma comunicação eficaz para esclarecer dúvidas e desmedicalizar o problema. É importante planejar adequadamente as medidas de pressão arterial (PA) para minimizar vieses na medição.
- Avaliação e Vínculo com o Paciente: Uma avaliação completa é crucial, pois o diagnóstico de hipertensão geralmente é considerado permanente. É importante estabelecer um vínculo com o paciente e permitir uma abordagem longitudinal e cautelosa (watchful waiting).
- Falsos Positivos e Prevenção Quaternária: Muitos casos podem ser falsos positivos, oferecendo uma oportunidade para prevenção quaternária, que visa evitar intervenções médicas desnecessárias.
- Diagnósticos em Momentos Peculiares: Pesquisas qualitativas mostram que muitos diagnósticos são feitos em momentos atípicos da vida, frequentemente em pronto-atendimentos durante crises ou pelo uso indiscriminado de esfigmomanômetros automáticos em situações estressantes do cotidiano.
- Erros Técnicos na Medição da PA: É comum que a PA seja medida de forma tecnicamente incorreta, o que pode levar a diagnósticos equivocados de hipertensão.
Quais exames são recomendados durante o acompanhamento longitudinal de um paciente com suspeita de hipertensão arterial sistêmica e quando é apropriado realizar exames adicionais?
Durante o acompanhamento longitudinal de um paciente suspeito de hipertensão arterial sistêmica (HAS), é adequado realizar exames laboratoriais básicos como glicemia e creatinina, além de um eletrocardiograma (ECG), especialmente se houver sintomas como palpitações. No entanto, é importante evitar a realização de exames adicionais, como (Holter) e radiografia torácica, sem uma justificativa clara e consistente. Esses exames devem ser considerados apenas se houver uma indicação específica e após o diagnóstico de HAS ter sido firmemente estabelecido, pois são mais relevantes para a avaliação de possíveis complicações relacionadas a lesões de órgãos-alvo, e não servem como critérios diagnósticos para a hipertensão.
Como a anamnese detalhada sobre o estilo de vida, condições socioeconômicas, histórico familiar de doenças cardiovasculares e histórico pessoal de doenças pode ajudar na avaliação e diagnóstico de hipertensão arterial?
- Valorização da Avaliação Subjetiva: É crucial valorizar informações sobre o momento de vida do paciente, suas condições socioeconômicas e relacionamentos pessoais para identificar possíveis estressores que podem ser confundidos com “pressão alta”.
- Coleta de Dados Sobre Estilo de Vida: Informações detalhadas sobre estilo de vida são essenciais, incluindo hábitos de atividade física, alimentação, consumo de cafeína, álcool, tabaco e outras substâncias.
- História Familiar: É importante investigar a presença de doenças cardiovasculares em familiares de primeiro grau (pais e irmãos) antes dos 55 anos para homens e 65 anos para mulheres, uma vez que isso pode indicar um risco hereditário aumentado.
- Histórico Pessoal de Doenças Cardiovasculares: Deve-se avaliar se o paciente já teve manifestações de doenças cardiovasculares, como infarto, angina ou acidente vascular cerebral (AVC), bem como outros problemas de saúde previamente diagnosticados, para um entendimento completo dos riscos à saúde do indivíduo.
Quais são as recomendações para a medição correta da pressão arterial em contexto clínico e domiciliar, e como os diferentes tipos de esfigmomanômetros influenciam a precisão das medições?
- Importância do Exame Físico: A medida de pressão arterial (PA) durante a consulta médica é um momento crucial de interação entre paciente e médico, mas pode ser enganosa devido ao possível “efeito do avental branco”, que é a elevação da PA devido à presença do médico.
- Medidas Domiciliares de PA: Para contornar o efeito do avental branco, é recomendável que a verificação da PA seja feita através de registros domiciliares. A equipe de enfermagem pode oferecer suporte para essa prática.
- Diários de Pressão Domiciliares: Usar diários de pressão arterial em casa é uma estratégia válida, especialmente quando há dificuldade de acesso à monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA). Medidas domiciliares feitas duas vezes ao dia, no mesmo horário, por sete dias consecutivos são comparáveis à MAPA segundo o protocolo do National Institute for Health and Care Excellence (NICE).
- Medidas em Unidades de Saúde: As medições devem ser realizadas com duas medidas consecutivas, com um intervalo de pelo menos um minuto entre elas, enquanto o paciente está sentado.
- Escolha do Esfigmomanômetro: Não há consenso sobre o melhor tipo de esfigmomanômetro; o modelo de mercúrio é considerado padrão-ouro, mas sua comercialização está cada vez mais restrita. Esfigmomanômetros aneroides devem ser calibrados pelo menos uma vez ao ano. Modelos digitais de braço, que também precisam de calibrações periódicas, são uma alternativa viável e alguns são validados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO).
A pressão arterial (PA) é um parâmetro fundamental na avaliação de indivíduos atendidos em situações de emergência. No entanto, esse não é o caso nas consultas de seguimento de pacientes hipertensos, que envolvem as seguintes ações:
- Estabelecer o Índice de Massa Corporal (IMC) e a Circunferência Abdominal: Essenciais para calcular o risco cardiovascular do paciente.
- Realizar Exame Físico Geral: Importante para identificar possíveis estigmas que possam indicar causas secundárias de hipertensão arterial sistêmica (HAS), como hipertireoidismo e síndrome de Cushing.
- Realizar Exame Cardiovascular: Auxilia na detecção de lesões de órgãos-alvo, como doenças ateroscleróticas, aneurisma de aorta abdominal e insuficiência cardíaca. Contudo, é preciso cautela, pois o valor diagnóstico de alguns achados em pacientes assintomáticos pode ser muito baixo e inespecífico.
- Exame de Fundo de Olho: Também é importante nesta etapa para avaliação detalhada das condições oculares relacionadas à hipertensão.
Após a definição do diagnóstico de hipertensão, os seguintes exames devem ser incluídos na avaliação inicial:
Baseando-se na última diretriz brasileira de hipertensão, os exames recomendados incluem:
- Glicemia de Jejum: Avalia o nível de glicose no sangue e é essencial para o diagnóstico de diabetes ou pré-diabetes, condições comuns em pacientes hipertensos e que aumentam o risco cardiovascular.
- Colesterol Total e Frações (HDL, LDL, VLDL): Fornece informações sobre o perfil lipídico do paciente. Níveis elevados de LDL (lipoproteína de baixa densidade) e baixos níveis de HDL (lipoproteína de alta densidade) estão associados a um maior risco de doença cardiovascular.
- Triglicérides: Altos níveis de triglicérides também são um fator de risco para doenças cardiovasculares. Podem estar elevados em condições como obesidade, diabetes não controlada e consumo excessivo de álcool.
- Creatinina e Taxa de Filtração Glomerular (TFG): Estes exames avaliam a função renal, que pode ser afetada pela hipertensão a longo prazo. Alterações podem indicar danos renais iniciais.
- Sedimento Urinário: Permite identificar a presença de células, cilindros ou substâncias químicas na urina, que podem indicar doenças renais ou do trato urinário.
- Microalbuminúria: A excreção urinária de albumina em pequenas quantidades pode ser um marcador precoce de doença renal diabética ou hipertensiva. É um importante preditor de risco cardiovascular.
- Potássio: Avalia o equilíbrio eletrolítico. Alterações nos níveis de potássio podem indicar problemas renais ou serem decorrentes do uso de algumas medicações anti-hipertensivas.
- Eletrocardiograma (ECG) em Repouso: Essencial para avaliar a atividade elétrica do coração, detectar arritmias, isquemia miocárdica, hipertrofia ventricular esquerda (um sinal de doença cardíaca) entre outras condições.
Esta avaliação inicial, conforme recomendado pela última diretriz brasileira de hipertensão, permite uma abordagem abrangente do paciente hipertenso, enfatizando a importância de um diagnóstico preciso e o estabelecimento de um plano de tratamento efetivo, individualizado e multidisciplinar.
Qual é a conduta proposta para a abordagem da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) visando a redução da morbimortalidade por doenças cardiovasculares, considerando tanto as estratégias populacionais quanto as individuais?
A conduta proposta para a abordagem da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) visa reduzir a morbimortalidade por doenças cardiovasculares e pode ser resumida tecnicamente nos seguintes tópicos:
- Abordagem Populacional: Prioriza ações que beneficiem a população como um todo, sendo mais efetiva em termos de custo e menos danosa do que estratégias focadas exclusivamente em indivíduos de alto risco.
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Promoção da Saúde: Evidencia melhores resultados através da implementação de políticas públicas e medidas que incentivem:
- Redução de sódio em alimentos industrializados.
- Desmotivação do tabagismo e do uso abusivo de álcool.
- Promoção de atividades físicas, incluindo melhorias na mobilidade urbana e disponibilização de locais apropriados para a prática.
- Políticas Públicas de Qualidade e de Longa Duração: Essencial para que as medidas de promoção à saúde atinjam a maior parte da população, garantindo sustentabilidade e eficácia das ações implementadas.
- Orientações Dietéticas: Apesar de ocuparem tempo considerável nas consultas médicas, mostram-se pouco eficazes se não houver interesse genuíno por parte do paciente. É fundamental uma abordagem que considere a motivação e o envolvimento do indivíduo.
- Foco na Redução de Sódio: A atenção não deve se restringir apenas ao uso do saleiro, mas deve se expandir para a conscientização sobre as principais fontes de sódio na dieta, especialmente os produtos industrializados, que são contribuintes significativos para o consumo excessivo de sódio.
Como deve ser realizada a abordagem individual da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) considerando a avaliação do risco cardiovascular e a importância de fatores modificáveis no tratamento?
A abordagem individual da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) envolve uma avaliação detalhada do risco cardiovascular do paciente, seguindo estes pontos técnicos:
- Avaliação Global do Risco Cardiovascular: Importante para identificar pacientes com maior risco, mas o resultado desta avaliação não deve ser o único determinante na decisão do tratamento.
- Identificação do Perfil de Risco: Permite uma abordagem terapêutica personalizada, focando no componente do risco mais significativo para cada indivíduo. Por exemplo, em um paciente hipertenso que também é tabagista, a intervenção inicial deve focar na cessação do tabagismo, enquanto em um hipertenso sedentário, deve-se priorizar a promoção da atividade física.
- Influência de Fatores Modificáveis: Reconhece que a HAS pode ser, em parte, o resultado de comportamentos modificáveis como tabagismo e sedentarismo, e que a abordagem desses fatores pode ser crucial no manejo da hipertensão.
- Percepção da Condição pelo Paciente: É fundamental evitar que o paciente veja sua condição como permanente e incurável para não desestimular a adesão ao plano terapêutico. A perspectiva de que mudanças no estilo de vida podem melhorar a condição deve ser enfatizada.
- Adesão ao Tratamento: Desafios na adesão devem ser vistos como oportunidades para entender melhor as necessidades e as dificuldades do paciente, em vez de simplesmente rotulá-lo como rebelde ou não cooperativo. A abordagem deve ser empática, buscando entender e superar os obstáculos à adesão.
Quais são os principais desafios na implementação de medidas não farmacológicas para o tratamento da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e como podem ser superados?
O tratamento não farmacológico da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) enfatiza a importância das mudanças no estilo de vida, incluindo:
- Aumento da Atividade Física: Encorajar a prática regular de exercícios físicos adaptados às condições e preferências do indivíduo.
- Perda de Peso: Orientar para a obtenção de um peso corporal saudável através de dieta e exercícios, especialmente em casos de sobrepeso ou obesidade.
- Dieta Saudável: Recomendar uma alimentação balanceada com restrição de sódio, priorizando a redução do consumo de alimentos industrializados que são ricos em sódio.
- Cessação do Tabagismo: Apoiar ações e tratamentos que auxiliem na interrupção do uso do tabaco.
- Moderação no Consumo de Álcool: Aconselhar a diminuição do uso excessivo de álcool, estabelecendo limites seguros para o consumo.
Implementar estas medidas pode ser desafiador, uma vez que não dependem somente da vontade do paciente, mas também são influenciadas por fatores socioeconômicos e culturais. Portanto, é um erro adotar uma postura autoritária ou culpabilizar os pacientes por dificuldades em adotar um estilo de vida mais saudável. É essencial oferecer suporte, compreensão e alternativas realistas, ajustadas à realidade de cada pessoa, para facilitar a adoção e a manutenção dessas mudanças comportamentais.
Resumos das recomendações não farmacológicas na HAS:
Potencial efeito das medidas não farmacológicas na pressão arterial
- Diminuição do peso: A recomendação é manter o peso normal (IMC entre 18,5 e 24,9 kg/m^2), o que pode levar a uma queda aproximada na pressão arterial sistólica (PAS) de 5-20 mmHg por cada 10 kg de peso perdido.
- Adoção de dieta DASH: Consumir uma dieta pobre em gordura, especialmente saturada, e rica em frutas, vegetais e laticínios com baixo teor de gordura, pode resultar em uma redução de 8-14 mmHg na PAS.
- Redução do sódio: A recomendação é limitar a ingestão a um máximo de 2,4 g de sódio ou 6 g de cloreto de sódio (sal), que pode diminuir a PAS em 2-8 mmHg.
- Atividade física: A prática regular de atividade física, como caminhada por ao menos 30 minutos na maioria dos dias da semana, está associada a uma redução de 4-9 mmHg na PAS.
- Moderação do consumo de álcool: Limitar o consumo de álcool para não mais do que dois drinks por dia para homens ou um drink por dia para mulheres ou pessoas de mais baixo peso pode resultar em uma redução de 2-4 mmHg na PAS.
A cessação do tabagismo é fundamental para a redução do risco cardiovascular global. O efeito é dose-dependente e pode ser maior em algumas pessoas.
Como a automedicação e a sobremedicalização podem impactar o tratamento e o controle efetivo da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)?
- Uso inadequado de medicamentos anti-hipertensivos: Pacientes frequentemente desviam-se das orientações médicas, utilizando os medicamentos de maneira diferente da prescrita.
- Betabloqueadores e ansiedade: Betabloqueadores são usados por alguns para aliviar sintomas de crises de ansiedade, apesar de não serem indicados primariamente para esse fim na gestão da HAS.
- Sobremedicalização: Há um problema de sobremedicalização quando indivíduos utilizam medicamentos anti-hipertensivos para tratar sintomas cotidianos que acreditam estar relacionados à “pressão alta”, como vertigens, tonturas, cefaleia nucal e taquicardia.
- Confusão de sintomas: Sintomas psicossomáticos e a elevação transitória da pressão arterial são frequentemente mal interpretados como episódios de HAS, levando à automedicação inapropriada.
- Automediação inapropriada: A interpretação errônea dos sintomas leva ao uso excessivo e desnecessário de medicamentos anti-hipertensivos, sem indicação clínica comprovada.
O tratamento medicamentoso de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) no estágio 1, com Pressão Arterial Sistólica (PAS) entre 140-160 mmHg e Pressão Arterial Diastólica (PAD) entre 80-90 mmHg, não oferece benefícios de mortalidade sobre o placebo. Além disso, metas menores do que 140x90 mmHg não trazem benefício, pelo menos para pessoas sem outras comorbidades.
Verdadeiro ou falso?
Verdadeiro.Em termos gerais, diretrizes e estudos sobre a gestão da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) têm evoluído ao longo do tempo, refletindo em recomendações que se ajustam conforme novas evidências são disponibilizadas.
Historicamente, a decisão de iniciar o tratamento medicamentoso para HAS no estágio 1 (PAS entre 140-160 mmHg e PAD entre 80-90 mmHg) baseia-se na avaliação do risco global do paciente e na presença de comorbidades. A afirmação de que o tratamento medicamentoso nesse estágio não oferece benefícios de mortalidade sobre o placebo pode ser contextualizada pelas evidências disponíveis em certo período, que indicavam que os benefícios do tratamento medicamentoso eram mais claros em pacientes com maior risco cardiovascular ou com PAS e PAD mais elevadas.
Um estudo influente nesta área é o SPRINT (Systolic Blood Pressure Intervention Trial), publicado em 2015, que investigou os efeitos de metas de pressão arterial mais baixas (<120 mmHg) em comparação com a meta padrão (<140 mmHg) sobre eventos cardiovasculares e mortalidade em pacientes com risco cardiovascular elevado, mas sem diabetes. O SPRINT demonstrou benefícios na redução de eventos cardiovasculares e mortalidade para a meta mais baixa, o que levou a um debate sobre a aplicabilidade desses resultados a populações mais amplas, incluindo indivíduos com HAS estágio 1 e sem comorbidades significativas.
Em resumo, a decisão de iniciar o tratamento medicamentoso para HAS deve ser individualizada, considerando o risco cardiovascular global do paciente, a presença de comorbidades, e as mais recentes evidências científicas e diretrizes clínicas.