Tremátodos e Céstodos na Patologia Humana Flashcards

1
Q

Tremátodos

A
Achatados dorso ventralmente;
Forma de folha;
Simetria bilateral, não segmentados;
Hermafroditas;
Tubo digestivo incompleto, sem ânus;
Possuem ventosas para fixação (uma na região oral e outra ventral) - úteis na identificação da espécie;
Ovos geralmente operculados;
 => EXCEÇÃO: Schistosoma tem corpo cilíndrico, sexos separados e ovos não operculados;
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2
Q

Digenea

A
  • Subclasse de trématodos com maior relevo na patologia humana;
  • Ocorrem principalmente nos ductos biliares, fígado e sistema vascular;
  • Ciclo de vida complexo (indireto), implicando quase sempre um molusco como hospedeiro intermediário;
  • Podem ser tecidulares ou intravasculares;
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3
Q

Digenea tecidulares

A

Clonorchis sinensis;
Fasciola hepatica;
Fasciolopsis buski;
Paragonimus westermani;

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4
Q

Digenea intravasculares

A

Schistosoma mansoni;
Schistosoma japonicum;
Schistosoma haematobium;

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5
Q

Fasciola hepatica

A

Digenea tecidular;
“Sheep liver fluke”;
- Hospedeiros definitivos: ruminantes, ovinos, Homem é acidental;
- Hospedeiro intermediário: molusco aquático (caramujo);
- Localização: ductos biliares e fígado
CICLO DE VIDA:
- Ovo;
- Miracídio: primeiro estadio imaturo, após deixar ovo, é fase infetante do caramujo;
- Esporocisto: quando o miracídio penetra no caramujo , o seu hospedeiro intermediário;
- Rédias;
- Cercárias: fase eliminada pelo caramujo, é flagelada;
- Metacercária: ao chegar ao solo, a cercária perde o flagelo e enquista, sendo esta a fase infetante do hospedeiro definitivo;
- Adulto;
MORFOLOGIA:
- Possui adaptação morfológica designada por cone cefálico - projeção anterior do corpo onde fica abertura da ventosa oral;
- Ovos com revestimento fino, ovais, dourados ou acastanhados com um opérculo inconspícuo;
- Semelhantes aos ovos do género Fassciolopsis;
EPIDEMIOLOGIA:
- Distribuição mundial;
- Climas húmidos e amenos;
PATOGENIA:
- Infeções leves podem ser assintomáticas;
- Hepatomegália, febre, eosinofilia;
- Hepatite, obstrução biliar;
- Lesão do parênquima hepático, hemorragia, necrose;
- Cirrose portal nos casos mais graves;
DIAGNÓSTICO:
- Clínico;
- Laboratorial: deteção de ovos em exame parasitológico das fezes e testes serológicos;

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6
Q

Fasciolopsis bunki

A

Digenea tecidular;
“Giant intestinal fluke”;
Ciclo de vida idêntico a F. hepatica;
- Hospedeiro intermediário: moluscos aquáticos;
- Distribuição: Ásia;
- Localização: intestino delgado;
PATOGENIA:
- Inflamação, ulceração e hemorragia intestinal;
- Infeções severas: sintomas semelhantes a úlcera duodenal, diarreia;
- Síndrome de malabsorção;
- Pode ocorrer obstrução intestinal;
- Eosinofilia marcada;
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL:
- Deteção de ovos nas fezes;
- Semelhantes aos de F. hepatica => a diferenciação entre as duas espécies geralmente não é possível;

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7
Q

Opistorchis sinensis

A

Digenea tecidular;
“Chinese liver fluke”;
- Distribuição: Ásia;
- Dois hospedeiros intemediários: molusco aquático e peixe de água doce;
- Fase infestante: metacercária enquistada nos tecidos do peixe mal cozinhado;
- Localização no Homem: ductos biliares;
- Outros reservatórios: cães e gatos;
MORFOLOGIA:
- Adulto: forma de lança;
- Coloração acastanhada, translucente;
- Ovos: em forma de frasco, opérculo proeminente, protuberância no polo posterior;
PATOGÉNESE E CLÍNICA:
- Infeção usualmente ligeira e assintomática;
- Febre, diarreia, dor epigástrica, hepatomegália, anorexia, icterícia;
- Obstrução biliar (elevação da fosfatase alcalina);
- Infeção crónica pode resultar em adenocarcinoma dos ductos biliares;
DIAGNÓSTICO:
- Deteção de ovos nas fezes;
- Podem ser necessários EPF’s ou aspirados duodenais repetidos;
- Técnicas de imagem (árvore biliar);
- Eosinofilia, aumento da fosfatase alcalina (infeção aguda sintomática);

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8
Q

Paragonimus westermani

A

Digenea tecidular;
“Lung fluke”;
- Distribuição: Extremo Oriente, América Latina;
- Reservatórios: cão, porco, felino, macacos;
- Dois hospedeiros intermediários: molusco aquático e crustáceo;
- Transmissão: ingestão de metacercárias em caranguejo de água doce ou outro crustáceo;
- Ovos libertados na expetoração ou nas fezes
MORFOLOGIA:
- Adulto: forma ovoide, vermelho acastanhado;
- Ovo: elíptico, amarelo acastanhado, revestimento espesso, operculado;
PATOGENIA E CLÍNICA:
- Migração das larvas: febre, calafrios e eosinofilia;
- Parasitas adultos no pulmão (ou locais ectópicos) podem ocasionar doença semelhante a tuberculose pulmonar;
- Febre, tosse, expetoração;
- Cavitação, hemoptises;
- Expetoração pode conter zonas acastanhadas com inúmeros ovos e cristais de Charcot Leyden;
- Dispneia, bronquite;
- Bronquiectasias, efusão pleural;
- Também pode ocorrer calcificação cerebral (paragonimíase cerebral) = convulsões, sintomas e sinais neurológicos;
DIAGNÓSTICO:
- Deteção de ovos na expetoração => se deglutidos, podem surgir nas fezes;
- Técnicas de imagem: SNC e doença pulmonar;
- testes serológicos;

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9
Q

Schistosoma spp

A

Digenea intravasculares => Únicos tremátodos intravasculares;
“Blood fluke”;
Infeção parasitária + frequente nas regiões tropicais;
- Diferem dos outros tremátodos por terem sexos separados, corpos cilíndricos e ovos não operculados;
- Não têm vetor biológico;
- Hospedeiro intermediário: caracol;
- Agente de esquistossomíase;
TRÊS ESPÉCIES:
- S. mansoni;
- S. japonicum;
- S. haemotobium
DIAGNÓSTICO:
- S. mansoni e S. japonicum: deteção de ovos nas fezes;
- S. haematobium: deteção de ovos na urina;
- Se não se detetarem ovos: biópsia retal ou vesical ou serologia;

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10
Q

Schistossoma mansoni

A
  • Localização: plexos venosos reto e cólon, veia porta;
  • Espécie com distribuição mais vasta;
  • Reservatórios: primaras, marsupiais e roedores;
  • Ovos grandes, dourados e com espinha lateral => detetáveis nas fezes;
  • Diagnóstico pode ser feito também por biópsia retal;
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11
Q

Schistossoma japonicum

A
  • Localização: veias mesentérica superior e inferior, veia porta;
  • Distribuição: China, Japão, Filipinas e Indonésia;
  • Reservatórios: gatos, cães, gado, equinos, porcos;
  • Ovos pequens, dourados, com pequenas espículas em redor => detetáveis nas fezes;
  • Diagnóstico pode ser feito também por biópsia retal;
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12
Q

Schistossoma haematobium

A
  • Localização: plexos venosos vesical, prostático e uterino;
  • Distribuição: vale do Nilo e regiões africanas, Ásia e Índia, sul de Portugal;
  • Reservatórios: macacos, babuínos e chimpanzés;
  • Ovos: grandes, com espinha terminal => detetáveis na urina;
  • Diagnóstico pode ser feito também por biópsia vesical;
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13
Q

PATOGENIA: S. haematobium

A
  • Hematúria, disúria, polaquiúria;
  • Infeção crónica: uropatia obstrutiva;
  • Infeções severas podem levar a carcinoma de células escamosas da bexiga;
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14
Q

Céstodos

A
  • Corpo achatado, em forma de fita;
  • Ausência de tubo digestivo;
  • Corpo segmentado, composto por proglótides;
  • Presença de escólex = EXCETO D. latum;
  • Hermafroditas;
  • Todos necessitam de hospedeiro intermediário e de hospedeiro definitivo para completar ciclo de vida => EXCEÇÃO: H. nana;
  • Ovos não operculados, com embrião hexacanto => EXCEÇÃO: D. latum, que tem ovo operculado e não embrionado;
    ESPÉCIES:
  • D. latum;
  • T. saginata;
  • T. solium;
  • H. nana;
  • E. granulosus;
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15
Q

T. saginata vs. T. solium

A

T. saginata:

  • Distribuição: África, América do Sul, Europa de Leste;
  • Hospedeiros intermediários: gado bovino;
  • Localização no Homem: intestino;
  • Doença humana: alterações digestivas;

T. solium:

  • Distribuição: Ásia, América do Sul, Europa de Leste;
  • Hospedeiros intermediários: porco;
  • Localização no Homem: intestino, músculos, cérebro e olho;
  • Doença humana: alterações digestivas, cisticercose cerebral e ocular;
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16
Q

Proglótides: diferentes espécies

A
  • D. latum: mais largos que longas, útero em forma de roseta;
  • T. saginata: largos, com mais de 13 ramificações;
  • T. solium: longos, com menos de 13 ramificações uterinas;
  • H. nana: mais largos que longos;
  • E. granulosus: geralmente não observados;
17
Q

Taenia spp

A

Céstodos + frequentes em infeção humana => T. saginata é mais comum;
- T. saginata: distribuição cospomolita, mas é + comum em países em desenvolvimento;
- T. sollium: virtualmente extinta na Europa;
PATOGENIA:
- T. saginata:
º Apenas sintomas digestivos ligeiros, ou é assintomática;
º Raramente: apendicite ou colangite, resultado da migração dos proglótides através do tubo digestivo;
º NÃO provoca cisticercose;
- T. solium:
º Geralmente menos sintomática;
º Pode causar infeção tissular: CISTICERCOSE;
º Cisticercos: responsáveis pela doença grave, ao poderem enquistar e produzir reação inflamatória em vários órgãos: músculo, tecido celular subcutâneo, cérebro, coração, olho;
DIAGNÓSTICO:
- Observação de proglótides expulsos nas fezes, sendo geralmente os ovos indistinguíveis entre as 2 espécies;
- Proglótides são esmagados entre as duas lâminas para microscopia, observando-se o nº de ramificações do útero;
- Diagnóstico microscópico geralmente não é POSSÍVEL nos primeiros três meses de infeção => período necessário ao desenvolvimento de vermes adultos;
- CISTICERCOSE: técnicas de imagem, presença de cisticercos em amostras de tecidos afetados;
- Serologia: no diagnóstico diferencial da cisticercose cerebral e em casos de não demonstração do parasita;

18
Q

D. latum

A

Céstodos de maiores dimensões encontrado no humano;
- Prevalente nas regiões onde há consumo de muito peixe de água doce;
- Clima temperado e frio;
Por vezes causador de surtos;
- Requer 2 hospedeiros intermediários: crustáceo e peixe de água doce (o que transmite infeção ao Homem);
- Reservatórios: cão, gato e porco;
PATOGÉNESE E CLÍNICA:
- Geralmente causa apenas sintomas digestivos leves;
- Malabsorção de vitamina B12 é frequente => anemia megaloblástica;
DIAGNÓSTICO:
- Deteção de ovos característicos nas fezes (opérculo inconspícuo num dos polos);
- Achado ocasional de proglótides mais largos que longos, com útero em forma de roseta;

19
Q

H. nana

A

Céstodo mais comum em todo o Mundo;
Escólex com cinco ganchos em círculo;
Útero em forma de saco;
=> Também existe: H. diminuta (+ raro);
Distribuição cosmopolita, climas quentes e secos;
Causa doença + frequentemente em crianças;
Não requer hospedeiro intermediário (EXCEÇÃO), mas pode usar inseto como intermediário;
PATOGENIA E CLÍNICA:
- Pode ser assintomática ou causar sintomas GI leves;
- Apenas problemáticas em imunocomprometidos, se houver grande nº de parasitas;
- H. diminuta raramente causa doença,
DIAGNÓSTICO:
- Deteção de ovos nas fezes: oncosfera com 3 pares de ganchos, espessamentos polares com filamentos;
- Raramente se observam formas adultas ou proglótides nas fezes;

20
Q

Echinococcus spp

A
  • Formas larvares causam doença = hidatidose ou equinococose;
  • Espécies principais: E. granulosus (+ comum) e E. multilocularis;
  • Produzem ovos semelhantes a taenia spp;
    PATOGENIA E CLÍNICA:
  • Cada quisto hidático contém milhares de lavas ou protoscóleces;
  • Sintomatologia pode não se manifestar até 20 anos depois da infeção;
  • Reação imunológica (se houver rutura do quisto) e efeito de massa exercido pelo quisto nas estruturas adjacentes;
  • Quistos de E. multilocularis formam-se primariamente no fígado e o crescimento na veia cava ou na veia porta resulta em metástases para SNC;
  • E. granulosus: + benigna, com quistos uniloculados (equinococose quística);
  • E. multilocularis: equinococose alveolar (quistos multiseptados, com maior dificuldade na sua resseção), é uma doença + rápida e mais invasiva;
    DIAGNÓSTICO:
  • Diagnóstico clínico;
  • Técnicas de imagem;
  • Serologia;
  • Biópsia: risco de rutura!;
  • Histopatologia: normalmente é suficiente para diagnóstico;
  • PCR ou deteção de Ags (quistos calcificados);
  • Espécies podem ser distinguidas por PCR ou pela morfologia de protoescóleces nos quistos;
    TRATAMENTO:
  • Resseção cirúrgica;
21
Q

E. granulosus vs. E. multilocularis

A

º E. granulosus => equinococose quística, distribuição mundial;
º E. multilocularis => regiões montanhosas, equinococose alveolar;
CICLO DE VIDA: igual para as 2 espécies, só variam hospedeiros:
- E. granulosus: transmissão fecal oral, hospedeiro intermediário é gado, hospedeiro intermediário é cão e Homem é hospedeiro acidental;
- E. multilocularis: hospedeiro intermediário é roedor e hospedeiro definitivo é raposa;