ISTs Flashcards

1
Q

Definição de ISTs

A

Síndromes clínicos causados por vários agentes que podem ser adquiridos e transmitidos através do contacto sexual

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2
Q

Etiologia

A
Bacteriana:
 - N. gonorrhoeae;
 - Chlamydia trachomatis;
 - Treponema pallidum;
 - Haemophilus ducryei;
 - Linfogranuloma;
 - Mycoplasma spp;
Viral:
 - HSV 2;
 - Hepatite B;
 - Hepatite C;
 - HIV;
 - HPV;
Fúngica:
 - Candida spp;
Parasitárias:
 - Trichomonas vaginalis;
 - Entamoeba histolytica
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3
Q

Os agentes etiológicos podem coexistir?

A

SIM

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4
Q

ISTs bacterianas não tratadas

A

Podem causar doença inflamatória pélvica, infertilidade e epididimite

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5
Q

As ISTs virais têm tratamento?

A

NÃO (regra geral);

  • A terapêutica, na maioria dos casos, é sintomática
  • Estas ISTs são transmissíveis a outras pessoas ao longo da vida
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6
Q

Fatores de risco

A
Idade entre 15-24 anos;
HIV +;
Álcool e uso de drogas associado a práticas sexuais desprotegidas;
Novo parceiro sexual nos últimos 60 dias;
Múltiplos parceiros sexuais;
História prévia de IST;
Reclusos;
Contacto com prostitutas;
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7
Q

EPIDEMIOLOGIA: Chlamydia trachomatis

A

IST + frequente;

86% por contacto heterossexual

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8
Q

EPIDEMIOLOGIA: Neisseria gonorrhoeae

A

2ª IST + frequente;
53% por contacto heterossexual;
1/3 dos casos: homens homossexuais;

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9
Q

Agentes + frequentes na Europa

A
Chlamydia trachomatis;
Neisseria gonorrhoeae;
Hepatite B;
Hepatite C;
HIV;
Sífilis
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10
Q

EPIDEMIOLOGIA: Sífilis

A
3ª IST + frequente;
81% dos casos idades > 25 anos;
43% por contacto heterossexual;
42% por contacto homossexual;
 - Sífilis congénita: subestimada, em Portugal há 10 casos
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11
Q

Apresentação clínica

A
DIFERE conforme IST, mas de forma geral:
 - Úlcera genital;
 - Uretrite;
 - Cervicite;
 - Corrimento vaginal ou uretral;
 - Vaginite;
 - Epididimite; 
 - Linfadenite;
     => PODE ser assintomática (+ frequente nas mulheres)
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12
Q

Úlcera genital: ISTs + associadas

A

Sífilis;
Linfogranuloma aéreo;
Cancroide;
Granuloma inguinal;

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13
Q

Uretrite e cervicite: ISTs + associadas

A

Neisseria gonorrhoeae;
Chlamydia trachomatis;
- SÓ URETRITE: Mycoplasma ou ureoplasma (com possibilidade de transmissão vertical: atenção na gravidez)

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14
Q

DIP: ISTs + associadas

A

=> DIP vem na consequência de uma situação assintomática: + grave devido à deteção tardia!
Neisseria gonorrhoeae;
Chlamydia trachomatis;

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15
Q

Corrimento vaginal: ISTs + associadas

A

Vaginose;
Trichomonas vaginalis;
Candida spp;

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16
Q

Cervicite/cancro do colo do útero: ISTs + associadas

A

HPV: Vírus do papiloma humano

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17
Q

Doenças caracterizadas por úlceras

A
  • Úlceras podem ser genitais, anais ou perianais;
  • Na sífilis, podem ter localização extragenital, como nas mãos ou na cavidade oral;
  • Doenças principalmente do continente africano: Linfogranuloma venéreo, úlcera cancroide e granuloma inguinal;
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18
Q

Sífilis

A

Doença sistémica causada pelo Treponema pallidum spp pallidum;
Transmissão por contacto sexual ou transmissão vertical (vigiar gravidez);

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19
Q

CARACTERÍSTICAS GERAIS: Treponema pallidum

A

Bacilos Gram negativos espiralados;
Muito finos, não se vêem no MO, mas sabe-se que são Gram negativos pela estrutura da parede celular;
Vistos na microscopia de fluorescência;
Flagelos periplasmáticos, vistos na microscopia de campo escuro;
Só crescem em culturas celulares => sem meios de cultura e sem TSA;
Microaerofílicos ou anaeróbios => toxicidade O2;
Antigénios comuns às espécies => reatividade cruzada;
Patologia associada: sífilis;

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20
Q

Fases da sífilis

A

TRÊS FASES:
I. Fase primária: presença de úlcera, que evolui a partir de uma pápula até uma única úlcera, dura e indolor, que desaparece passado 4-6 semanas. Aparece nos primeiros 10-90 dias após infeção;
II. Fase secundária: doença disseminadas, dura entre 6 semanas a 6 meses;
III. Fase terciária: não contagiosa, com lesões inflamatórias crónicas, altamente destrutivas, que envolvem, essencialmente, o SNC (neurosífilis) ou o sistema CV (sífilis cardiovascular)

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21
Q

Sífilis primária

A

10-90 após infeção;
- ÚLCERA:
Pápula => úlcera única, dura, indolor (diagnóstico diferencial com cancro mole, em que úlcera é dolorosa);
Afeta genitais externos, cervix ou cavidade oral;
Elevado nº de espiroquetas na lesão;
Muito infecciosa;
Desaparece em 4-6 semanas;
- ADENOPATIA SATÉLITE:
Surge na 1ª semana após lesão primária, pode permanecer durante meses;
Local depende da lesão primária;
Frequentemente inguinal unilateral, não dolorosa;
Não aderente e não supurativa;
Sem sintomas constitucionais;

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22
Q

Sífilis secundária

A

Doença disseminada, de duração entre 6 semanas e 6 meses;
2-8 semanas após lesão primária desaparecer;
Linfadenopatia generalizada e sintomas flu like;
Exantema mucocutâneo e maculopapular simétrico: face, tronco, palmas das mãos, plantas dos pés;
Condilomata lata;
Muito infecciosa;
Lesões desaparecem em poucos dias => fase latente

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23
Q

Sífilis latente

A

Dura anos a décadas;
Ausência de sinais ou sintomas => pode ser interrompida por episódios de sífilis secundária;
Transmissão sexual apenas possível durante reativações;
Transmissão vertical possível durante período de latência;
1/3 progride para sífilis terciária;

24
Q

Sífilis terciária

A

Não contagiosa;
Altamente destrutiva, com lesões inflamatórias crónicas;
Gomas: lesões granulomatosas com tendência a necrose central semelhantes a tumores moles;
- Neurosífilis;
- Sífilis cardiovascular

25
Neurosífilis
``` Sífilis terciária; 4-25 anos após lesão primária; Atinge SNC: parésia e demência; 10% das infeções latentes; Assintomática em 1/3 dos casos; HIV+ com tendência aumentada ```
26
Sífilis cardiovascular
Sífilis terciária; 10-30 anos após lesão primária; Aortite da aorta ascendente; Aneurisma aórtico
27
Sífilis congénita
``` Transmissão vertical após 4º mês de gestação; Grávida deve ser tratada; Pode conduzir a aborto; Pode ser assintomática; - Precoce; - Tardia; ```
28
Sífilis congénita precoce
``` < 2 anos; Rinite: rinorreia serosanguinolenta; Erupção cutânea vesicular; Lesões da mucosa oral; Lesões ósseas; Lesões viscerais ```
29
Sífilis congénita tardia
``` > 2 anos; Alterações do esqueleto; Alterações dos dentes: dentes de Hutchinson - molares de amora; Artroses do joelho; Tíbia em sabre; Queratite; Surdez (VIII); Hidrocefalia e atraso mental; Sífilis gomatosa e neurosífilis; ```
30
Tríade de Hutchinson
Molares em amora; Surdez VIII; Queratite
31
Diagnóstico
``` Deteção direta: - Microscopia em fundo escuro ou fluorescência; - PCR; Deteção indireta: - Testes treponémicos; - Testes não treponémicos ```
32
Deteção direta por microscopia
Diagnóstico sífilis; Exame do exsudado das lesões em microscopia de fundo escuro; Treponema surge com movimentos em espiral; Amostra colhida por zaragatoa; LIMITAÇÕES: lesões orais e anais, experiência do operador, disponibilidade do aparelho; EXCLUSÃO DIAGNÓSTICA: 3 exames negativos; - Em desuso IMUNOFLUORESCÊNCIA: marcação do T. pallidum cm anticorpos antitreponema marcados com fluorescência
33
Deteção indireta por serologia
Diagnóstico sífilis; Testes não treponémicos: - Avaliam Acs totais (IgM e IgG) dirigidos a Ag lipídico que é o resultado da interação do T. pallidum com os tecidos do doente (cardiolipina-lecitina-colesterol) e também do próprio T. pallidum; - Mais usados: RPR e VDRL (permite exclusão diagnóstica na neurosífilis) => ambos permitem avaliar infeção na fase aguda e controlar resposta terapêutica e evolução da doença; Testes treponémicos: - Testes com Acs específicos que se baseiam na resposta aos componentes antigénicos do T. pallidum e estabelecem alta probabilidade de infeção, passada ou presente (limitação que impede de distinguir infeção atual de anterior); - Aparecem + precocemente que os não treponémicos; - Persistem durante toda a vida; - HIV+ podem ter resultados negativos - Mais usados são FTA-ABS, EIA e TPHA
34
Infeção por sífilis no passado: TESTES SEROLOGIA
Treponémicos +; | Não treponémicos -;
35
Infeção por sífilis atual: TESTES SEROLOGIA
Treponémicos +; | Não treponémicos +;
36
Diagnóstico neurosífilis
Baseia-se na clínica e laboratório: - LCR: reação VDRL; - LCR: FTA-ABS => permite exclusão diagnóstico;
37
Diagnóstico sífilis congénita
Testes serológicos => falsos positivos com Acs maternos detetados: IgG passa placenta => ACOMPANHAR E REPETIR EXAME
38
Tratamento sífilis
Penicilina benzatianica é tratamento de eleição => único que funciona na neurosífilis; - Se alergia, dar tetraciclina ou azitromicina => na neurosífilis, fazer desensibilização à penicilina; Follow up laboratorial com testes não treponémicos; Prevenção com uso de preservativo
39
Doenças caracterizadas por uretrite, cervicite e DIP
Neisseria gonorrhoeae; | Chlamydia trachomatis
40
CARACTERÍSTICAS GERAIS: Neisseria gonorrhoeae
Dipolococco Gram negativo, com numerosos pili; Sempre patogénico; Maior virulência por ter variabilidade antigénica; Infeções habitualmente localizadas nas mucosas iniciais de exposição, mas nem sempre são localizadas; Tem requisitos especiais de crescimento; Cresce em laboratório; => Artrite gonocócica: infeção à distância + frequente Tem único reservatório no Homem; Transmissão sexual e através do canal de parto; Risco de infeção é maior nas mulheres; Infeção frequentemente assintomática nas mulheres; Maior reservatório são doentes assintomáticos Pico de incidência aos 15-24 anos; Taxa de infeção entre 20-50% em relações sexuais com portador assintomático; Associação frequente com outras ISTs
41
Clínica da gonorreia
Sintomas com início 3-7 dias após infeção; Corrimento uretral purulento; Homem primordialmente com uretrite, pode disseminar para epididimite ou prostatite; Mulher com exsudado purulento, dores abdominais e irregularidade menstrual; Sintomas podem ser ligeiros ou estar ausentes; - Cervicite => edema, eritema cervical e exsudado purulento abundante; Infeção genital, rectal e da orofaringe; Pode dar artrite gonocócica, perihepatite (síndrome de Fitz-Hugh-Curtis) e ophtalmia neonatorum (conjuntivite gonocócica)
42
Conjuntivite gonocócica
Adulto: edema e epífora; - Opacidade da córnea se não for tratada; RN: edema, eritema e exsudado purulento;
43
Doença inflamatória pélvica
10-20% das mulheres com gonorreia; Sintomas ocorrem pela disseminação do patogénio pelas trompas até à cavidade pélvica => febre, dor abdominal bilateral, leucocitose, peritonite pélvica; Complicações: gravidez ectópica e infertilidade
44
Diagnóstico de gonorreia
Colheita de exsudado, dependendo o locam da clínica e da localização da infeção; Podem ser usadas zaragatoas; Meio de transporte com carvão para inibir substâncias tóxicas das fibras de algodão; Transporte rápido ao laboratório => sementeiras nas primeiras 6 horas; EXAME BACTERIOLÓGICO: 1.- Exame direto com Gram => diplococos Gram negativos intra e extracelulares; 2.- Exame cultural: gelose sangue e gelose chocolate, 37ºC, 5-10% CO2 durante 72h + TSA => colónias redondas, lisas, convexas e de cor cinzenta, brilhantes, com fermentação de glicose; 3.- Provas de identificação: oxidase positiva e catalase positiva; 4.- PCR
45
Tratamento da gonorreia
Penicilina era fármaco de 1ª linha => RESISTÊNCIAS (já não se usa); Resistência às fluoroquinolonas impediu o seu uso; Atualmente recomenda-se dose única para maior adesão terapêutica: 1 dose de Ceftriaxone ou cefixime => em Portugal não há resistências ao cefixime
46
Tratamento de gonorreia com associação com Chlamydia trachomatis
Associar azitromicina em dose única OU doxiciclina durante 7 dias;
47
CARACTERÍSTICAS GERAIS: Chlamydia trachomatis
Bactéria Gram negativa, intracelular obrigatória; Célula redonda envolvida por envelope; Sem peptidoglicanos e sem produção de ATP endógeno; Com DNA, RNA e ribossomas; Divisão binária; Homem é único hospedeiro; Tem ciclo de replicação próprio: - Corpo elementar permite infetar outras células; - Corpo reticulado permite multiplicação; Várias espécies: A,B, Ba, C (tracoma endémico), D-K (infeção urogenital), L1, L2 e L3 (linfogranuloma venéreo)
48
Chlamydia trachomatis: CLÍNICA
Cervicite: eritema abundante no colo SEM exsudado purulento; DIP: doença inflamatória pélvica, que pode levar a salpingite; Uretrite: no homem não há exsudado uretral abundante
49
Quais as espécies de Chlamydia trachomatis que se tratam?
Chlamydia trachomatis D a K, L1, L2 e L3
50
Chlamydia trachomatis: DIAGNÓSTICO
Amostra a colher depende da localização; - Homem: exsudado uretral ou 1º jato de urina; - Mulher: exsudado endocolo ou 1º jato de urina; Podem ser usadas zaragatoas ou escovilhão => colheita de células; PCR; - Não recomendados hoje em dia: Imunofluorescência direta, cultura celular (só quando há resistência AB) e serologia;
51
Porque é que no diagnóstico de Chlamydia trachomatis se usa o jato inicial de urina?
Porque é este que tem as células epiteliais e Chlamydia trachomatis tem crescimento intracelular obrigatório
52
Chlamydia trachomatis: TRATAMENTO
Tetraciclinas: doxiciclina; Macrolidos: azitromicina; Fluoroquinolonas; - Se for tracoma: tetraciclinas ou macrolidos
53
Doenças com potencial oncogénico
HPV
54
CARACTERÍSTICAS GERAIS: HPV
Dupla cadeia DNA, simetria ecosaédrica; Sem envelope; Causa papilomas ou verrugas (benigno), com potencial de malignidade; Identificado como causa de lesões epiteliais hiperplásicas no cérvix, vulva e pénis; Associação com cancro do colo do útero;
55
CLÍNICA: HPV
Verrugas palmares e plantares: HPV 1 a 4; Condilomas => "verrugas genitais externos": HPV 6 e 11; Associação com carcinoma invasivo do colo do útero: HPV 18, 18, 31 e 36;
56
DIAGNÓSTICO: HPV
Papanicolau: citologia cervical, serve de rastreio de neoplasia do colo e de neoplasia cervical in situ: deteção de coilócitos; TAAN: PCR; Biópsia do local;
57
Prevenção HPV
- Uso de preservativo; | - Vacinação anti-HPV