Nemátodos Intestinais de Importância Clínica para o Homem Flashcards

1
Q

HELMINTAS: Características comuns

A
  • Designados por “vermes”;
  • A nível global, entre os agentes + prevalente de infeção humana;
  • Visíveis macroscopicamente;
  • Não se multiplicam exclusivamente no Homem;
  • Principal mecanismo de defesa imunológico: eosinófilos;
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2
Q

HELMINTAS: Epidemiologia

A
  • Doenças tropicais negligenciadas;
  • Em Portugal, o + frequente é Enterobius vermicularis;
  • 1/4 da população mundial afetada;
  • Associado a más condições sanitárias e de higiene;
  • Mais incidente na África subsahariana, Ásia, América do Norte e do Sul;
  • Crianças em idade escolar são + vulneráveis;
  • Epidemias em regiões tropicais e subtropicais;
  • Esquistossomíase é a 2ª doença parasitária + prevalente no Mundo
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3
Q

NÉMATODOS: Características gerais

A

Corpos cílindricos, não segmentados;
Alongados, de simetria radial, com extremidade anterior arredonda e extremidade posterior afilada;
Macho menor que fêmea;
Cutícula externa, não celular = função é proteção;
Sexos separados;
Tubo digestivo completo;
Vivem no trato GI ou tecidos do hospedeiro:
- Normalmente nos tecidos = Filarias;
Todos os nématodos requerem período fora do organismo para completar ciclo de vida = EXCEÇÃO: Strongyloides stercolaris;

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4
Q

NÉMATODOS: Vias de transmissão

A
  1. Ingestão de:
    a) Ovos embrionados (A. lumbricoides, E. vermicularis, T. trichiuria);
    b) formas em desenvolvimento em hospedeiros intermediários (D. medinensis, não muito frequente);
    c) Quistos embrionados em carne infetada (Trichinella spriralis);
  2. Penetração cutânea por larvas filariformes (S. stercolaris, A. duodenale, N. americanus);
  3. Transmissão através de vetores artrópodes (filárias);
  4. Inalação de pó contaminada com ovos embrionados (A. lumbricoides, E. vermicularis)
    => Não existe transmissão direta de pessoa para pessoa, nem infeção a partir de fezes frescas - ovos embrionados demoram cerca de 3 SEMANAS a desenvolver-se no solo até ficarem infetantes;
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5
Q

NÉMATODOS: Diagnóstico laboratorial

A

Parasitoses podem ser:

  • Abertas: existe excreção de alguma forma parasitária para o exterior => exame morfológico direto das diferentes formas de vida nos produtos de excreção, secreção ou tecidos do hospedeiro;
  • Fechadas: não há eliminação de formas parasitárias para o exterior => exame imunológico ou testes serológicos, também úteis em parasitoses com baixa excreção de ovos ou que induzem altas taxas de Acs;
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6
Q

EXAME PARASITOLÓGICO DAS FEZES: Considerações gerais

A
  • Idealmente: 3 amostras em dias alternados => excreção de parasitas é intermitente;
  • Recolher zonas com sangue ou muco;
  • Colher para recipiente adequado;
  • Enviar de imediato para laboratório e, se não for possível, refrigerar;
  • Evitar uso de laxantes, contrastes e antidiarreicos nos 3 dias precedentes;
  • Informar em caso de toma de antiparasitários ou antibióticos;
  • Resultados persistentemente negativos podem levar à necessidade de exames invasivos;
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7
Q

EXAME PARASITOLÓGICO DAS FEZES: Análise morfológica dos ovos

A

=> Tamanho;
=> Forma;
=> Revestimento;
=> Estruturas adicionais - opérculos, rolhões, malinolato e espículas;

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8
Q

Quais os estadios habituais para identificar helmintas clinicamente importantes?

A

Ovos e larvas

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9
Q

NÉMATODOS INTESTINAIS

A
  • Trichuris trichiura;
  • Enterobius vermicularis;
  • Ascaris lumbricoides;
  • Ancylostomidae;
  • Strongyloides stercoralis;
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10
Q

ENTEROBIUS VERMICULARIS: Ciclo de vida e transmissão

A

Ciclo de vida simples;
Homem é único hospedeiro;
1. Contaminação por ingestão de água e alimentos contaminados com ovos embrionados;
2. Pode migrar do intestino para vagina e tuba uterina;
3. Libertação de fezes com ovos para o ambiente;
4. Auto infestação do indivíduo pode acontecer após coçar ânus e levar a mão à boca, ingerindo ovos;

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11
Q

ENTEROBIUS VERMICULARIS: Patogenia e clínica

A
  • Parasitas na região cecal do intestino podem ocasionar quadros de apendicite;
  • Fémeas grávidas migram distalmente:
    º Fixam-se na região perianal e perineal;
    º Prurido intenso no período noturno;
    º Alterações do sono;
    º Lesões perianais de coceira;
    => Complicações: vulvo vaginite;
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12
Q

ENTEROBIUS VERMICULARIS: Diagnóstico laboratorial

A
  • Observação de vermes e/ou ovos na região perianal, recolhidos com tira de adesivo e colocados para observação microscópica;
  • Zaragatoa com soro fisiológico (não é necessário, mas pode ser feito);
    MORFOLOGIA DOS OVOS:
  • Muito leves, em forma de barril assimétrico;
  • Uma das faces achatadas, com dupla membrana;
  • A fêmea põe os ovos já embrionados, pelo que autoinfeção é frequente;
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13
Q

ENTEROBIUS VERMICULARIS: Tratamento

A

Albendazol

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14
Q

ASCARIS LUMBRICOIDES: Cacracterísticas gerais e ciclo de vida

A

=> Helmintíase mundialmente mais comum;
=> Sem reservatório animal conhecido;
=> 15-30 cm de comprimento;
=> Endémicos: USA, Nigéria, sudeste asiático;
=> Atinge pulmão - mais complicações;
1. Ingestão de ovos embrionados;
2. Ovos libertam larvas rabditiformes;
3. Larvas perfuram a parede do intestino e alcançam fígado => coração direito, pulmões, árvore traqueobrônquica (transmissão pela tosse);
4. Larvas sofrem mudanças e são deglutidas nas secreções respiratórias, alcançando novamente o intestino, onde completam o seu desenvolvimento;
5. Larvas livres no intestino delgado após 8 a 12 semanas;
6. Excreção de ovos não embrionados nas fezes;
7. Ovos tornam-se infetantes após 2-3 semanas no solo;

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15
Q

ASCARIS LUMBRICOIDES: Patogénese e Clínica

A

Maioria são assintomáticas;
Doença restrita aos que ingerem grande quantidade de parasitas;
Sintomas podem ser provocados por:
- Larvas migrantes:
º Pneumonite: S. de Loeffler => muito frequente, eosinofilica, geralmente assintomática;
º Larva migrans visceral => reação alérgica à passagem das larvas pelos tecidos, que resulta numa reação eosinofílica que, se for cutânea, permite ver percurso da larva;
- Vermes adultos:
º Desconforto abdominal, diarreia;
º Deficiência de vitamina A => cegueira noturna;
º Obstrução intestinal (+ crianças 1-5 anos), intussuscepção, volvo;
º Perfuração intestinal, peritonite (casos + graves);
º Reações de hipersensibilidade => urticária, edema facial, conjuntivite;

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16
Q

ASCARIS LUMBRICOIDES: Complicações

A

Ascaríase ectópica = larva migra até ao estômago, a partir do qual:
- Pode ser vomitada: agravamento quando é vomitada e depois deglutida de novo;
- Alcançar esófago durante a noite e ser excretada pela boca ou nariz;
- Alcançar laringe e causar asfixia;
- Migrar para outros órgãos, e causar apendicite, cólica biliar, colecistite ou pancreatite => síndromes de hiperinfeção
=> Mais comum em África

17
Q

ASCARIS LUMBRICOIDES: Diagnóstico laboratorial

A
  • Macroscopicamente: deteção de vermes nas fezes ou vómitos;
  • Microscopicamente: pesquisa de ovos emitidos nas fezes, não embrionados, ovais, amarelados, parede espessa e corticada, superfície mamilonada, podem ser decorticados;
    • Ovos férteis: mais arredondados;
    • Ovos inférteis: alongados, cheios de grânulos refráteis;
  • Sangue ou expetoração: eosinofilia => Síndrome de hiperinfeção;
  • Outros ECDs: técnicas de imagem ou endoscópicas (apendicite ou cólica biliar);
  • Serologia: fins epidemiológicos;
18
Q

ANCILOSTOMÍDEOS: Características gerais e transmissão

A
  • Ancilostoma duodenale = do velho Mundo;
  • Necator americanus = do novo Mundo;
    Transmissão por perfuração cutânea da larva filariforme;
    DUAS FORMAS:
  • Larva filariforme: forma infetante;
  • Larva rabditiforme: não infetante;
19
Q

ANCILOSTOMÍDEOS: Patogénese e clínica

A

Maioria assintomáticas;
Ancilostomíase => anemia ferropénica - tropismo da larva e tipo de nutrientes que procura;
Sintomas apenas na presença de PARASITEMIA significativa, dividem-se em;
- Larvas migrantes: lesões cutâneas (dermatite e prurido cutâneo, erupção serpiginosa) e lesões pulmonares (bronquite e broncopneumonia);
- Parasitas adultos: dor epigástrica, vómitos e diarreia, anemia hipocrómica microcítica e hipoproteinémia;

20
Q

ANCILOSTOMÍDEOS: Diagnóstico laboratorial

A

Pesquisa de ovos nas fezes ou cultura de larvas a partir das fezes
- Ovos:
º Semelhantes para ambos os géneros, amarelos claro, de formato oval;
º O seu interior contém 4 a 8 blastómeros;
º Membrana única, translúcida, transparente e brilhate;
Analiticamente => anemia hipocrómica, hipoalbuminémia e eosinofilia;
- Apesar de não ser necessário clinicamente, apenas a morfologia das larvas permite a sua identificação:
º A. duodenalis: cápsula bucal com dois pares de dentes grandes ventrais na margem interna da boca;
º N. americanum: cápsula bucal com duas lâminas cortantes semilunares na margem interna da boca;

21
Q

TRICHURIS TRICHIURA: Patogénese e clínica

A

Localização predominante: cego;
Infeção através da ingestão de ovos embrionados maduros;
Sintomatologia depende do nº de parasitas ingeridos;
Infeções graves:
- Diarreia crónica, profusa, sanguinolenta e com muco;
- Prolapso rectal (+++ crianças);
- Malnutrição, perda de peso e anemia

22
Q

TRICHURIS TRICHIURA: Diagnóstico laboratorial

A

Deteção de ovos nas fezes;

Coloração acastanhada e presença de dois rolhões mucosos nos polos;

23
Q

STRONGYLOIDES STERCOLARIS: Ciclo de vida

A

Formas de vida livres no solo;
Forma infetante: larva filariforme;
Transmissão: penetração cutânea ou autoinfeção (também pode entrar pelo períneo e pregas perianais);
Localização predominante: jejuno e duodeno;
Pode fazer ciclo no pulmão;

24
Q

STRONGYLOIDES STERCOLARIS: Tratamento

A

Pode não ser possível tratar no 1º ciclo de tratamento => sempre que não seja possível erradicar após primeiro ciclo, é possível que estejamos perante este agente;
- Dificuldade de tratamento devido a limitação dos antiparasitários que não atuam em todas as fases do ciclo de vida, e também devido a absorção do medicamento que pode não chegar até local onde devia atuar;

25
Q

STRONGYLOIDES STERCOLARIS: Diagnóstico laboratorial

A

Pesquisa do parasita e larvas rabditiformes nas fezes;
- Larvas de S. stercolaris distinguem-se das larvas dos Ancilostomídeos por terem peça bucal + pequena;
Pesquisa direta de ovos e parasitas nas fezes = não revela ovos e larvas são difíceis de encontrar;
- Deve recorrer-se à cultura de larvas a partir das fezes dos doentes, para aumentar probabilidade de resultados positivos;

26
Q

TRICHINELLA SPIRALIS: Ciclo de vida e patogénese

A

Pequeno verme de distribuição mundial, exceto trópicos;
Ciclo de vida direto;
Atinge a circulação mesentérica após ingestão de carne contaminada;
Animais envolvidos: porco, javali, urso e morsa;
Larvas atravessam parede intestinal e atingem circulação sistémica;
Forma infetante: larvas enquistadas no músculo estriado do porco;
Forma de transmissão: carne impropriamente cozinhada;
Localização: intestino delgado;
Músculos + atingidos: extraoculares do olho, língua, diafragma, intercostais, deltoide, grande peitoral, bicípete

27
Q

TRICHINELLA SPIRALIS: Clínica

A

Triquinose:

  • Sintomatologia depende da fase da infeção e local onde se aloja quisto;
  • Fase de invasão intestinal: semelhante a gastrenterite;
  • Fase de migração larvar: reações inflamatórias e alérgicas;
  • Fase de deposição nos tecidos: assintomática, se leve, e, quando severa, origina mialgias e fraqueza muscular;
  • Pode ser fatal: miocardite, encefalite, pneumonite, paragem cardiorespiratória se diafragma estiver envolvido;
28
Q

TRICHINELLA SPIRALIS: Diagnóstico

A

Biópsia muscular: deteção da larva;
Hemograma: eosinofilia entre 2ª e 4ª semanas;
Serologia;