PRÉ - N4T4L Flashcards
- Qual o conceito e os objetivos do pré natal?
Trata-se de um conjunto de medidas e protocolos para assegurar o nascimento de uma criança saudável e o bem estar materno e fetal.
Objetivos do pré natal:
-Diagnosticar ou confirmar a gravidez, quando ainda existem duvidas
-Diagnosticar e tratar comorbidades maternas
-Identificar e minimizar os distúrbios da gravidez
-Apoiar, educar e orientar a mãe e familiares
-Identificar a gravidez de alto risco e encaminha-la para a assistência especializada
Outras recomendações do MS:
-Estimular o parto normal como ato fisiológico
-Realizar a anamnese e o exame clinico obstétrico da gestante
-Identificar e tratar precocemente CA de colo uterino e de mama
-Vacinação antitetânica
-Avaliação do estado nutricional e prevenção de distúrbios nutricionais
-Realizar uma primeira consulta na 1ª semana após o parto, assistindo mãe e bebê, e uma nova consulta até o 42º dia após o parto
- Quando iniciar o pré natal?
O mais precocemente possível, preferencialmente nos primeiros 120 dias ou antes de engravidar, numa consulta pré concepcional a fim de que haja orientação sobre doenças passiveis de tratamento minimizando riscos para a gestação.
- Quantas consultas devem ser realizadas?
Pelo menos 06 consultas, sendo 1 no 1º trimestre, 2 no 2º e 3 no 3º trimestre. O MS recomenda a seguinte distribuição: Até 28ª semana: mensalmente Até 36ª semana: quinzenalmente Até 40ª semana: semanalmente
- Quais os exames fundamentais do pré natal?
Exames gerais
- Hemograma: sendo um na primeira consulta e outro no 3º trimestre
- Tipagem sanguínea e fator Rh
- Coombs indireto e repetir com 28, 32, 36 e 40 semanas se a paciente for Rh negativo.
- Glicemia de jejum: uma na 1ª consulta e outra no 3º trimestre
- Urinocultura e Urina Tipo 1: uma na 1ª consulta e outra no 3º trimestre
- Sífilis: teste rápido de triagem ou VDRL na 1ª consulta e VDRL no 3º trimestre
- HIV: teste rápido diagnostico na 1ª consulta
- Anti HIV: na 1ª consulta e no 3º trimestre
- Toxoplasmose: IgM e IgG, repetindo a cada 2-3 meses se a paciente for suscetível
- Hepatite B: HbsAg na 1ª consulta e outra no 3º trimestre
- TOTG: entre 24-28 semanas se glicemia de jejum > 85mg/dl ou se ftr de risco para DM
- Quais os exames devem ser solicitados para a gestante hipertensa, em especial?
Exames para casos específicos
HAS
Para gestantes com HAS ou na suspeita diagnostica solicitar creatinina serica para investigação de LOA.
- Quais os exames devem ser solicitados para a gestante diabetica, em especial?
DM
Para gestantes com glicemia de jejum <85mg/dl sem ftr de risco para DM, considerar rastreamento negativo.
Se glicemia de jejum maior que 85 mg/dl e menor que 110 mg/dl ou apresenta fatores de risco para o desenvolvimento da doença (história familiar positiva, sobrepeso ou obesidade, história familiar de diabetes de primeiro grau, antecedente obstétrico de malformações, macrossomia ou diabetes gestacional, entre outros), independente do resultado da glicemia de jejum, deve ser encaminhada para realização do teste oral de tolerância com 75 g de glicose (TOTG 75 g) entre 24 e 28 semanas, com aferição da glicemia em jejum e após duas horas. O diagnóstico de diabetes gestacional é confirmado no TOTG 75 g quando a glicemia de jejum é maior que 110 mg/dl ou quando a glicemia após duas horas da ingestão da glicose é superior a 140 mg/dl.
Em casos de glicemia de jejum >110mg/dl, repetir a glicemia imediatamente e se esta se mantiver alterada, considerar diagnostico de DM gestacional, sem necessidade de exames adicionais.
O rastreio de rubeola e CMV está indicado?
O rastreio de infecção por rubéola e citomegalovírus não é recomendado de rotina no pré-natal, uma vez que não há tratamento disponível para prevenção da transmissão vertical ou redução da morbidade fetal e os defeitos congênitos
ocorrem principalmente quando a infecção se instala no primeiro trimestre. Sua realização deve se limitar aos casos de suspeita de infecção ou possível exposição de pacientes imunossuprimidas (transplantadas e HIV positivo).
Obs.: fica a criterio, eu já vi ser investigado sim, mesmo em unidades publicas.
- O que deve ser feito em cada consulta (anamnese + exame físico) e dados do caderninho da gestante?
- Anamnese e exame físico sucinto, verificar sempre a PA, edema, exame ginecológico, incluindo o das mamas e do mamilo
- Avaliação do cartão vacinal
- Verificação de exames complementares
Controles maternos
- Atenção ao Cartão da gestante e a Ficha de Pré natal
- Verificar peso e IMC da gestante, registrando o ganho de peso e avaliando o perfil nutricional
- Calcular e anotar a idade gestacional
Controles fetais:
- Verificar e anotar os batimentos cardíacos fetais
- Questionar e registrar os movimentos fetais percebidos pela mãe e durante o exame obstétrico
Quais fatores de risco que permitem que o pré natal seja realizado na atenção primaria?
Caracteristicas individuais e sociodemográficas desfavoráveis
-Idade menor que 15 e maior que 35 anos;
-Ocupação: esforço físico excessivo, carga horária extensa, rotatividade de horário, exposição a agentes físicos, químicos e biológicos, estresse;
-Situação familiar insegura e não aceitação da gravidez, principalmente em se
tratando de adolescente;
-Situação conjugal insegura;
-Baixa escolaridade (menor que cinco anos de estudo regular);
-Condições ambientais desfavoráveis;
-Altura menor que 1,45 m;
-IMC que evidencie baixo peso, sobrepeso ou obesidade.
Fatores relacionados à história reprodutiva
anterior:
• Recém-nascido com restrição de crescimento, pré-termo ou malformado;
• Intervalo interpartal menor que dois anos ou maior que cinco anos;
• Nuliparidade e multiparidade (cinco ou mais partos);
• Síndromes hemorrágicas ou hipertensivas;
• Cirurgia uterina anterior;
• Macrossomia fetal;
• Três ou mais cesarianas.
• Ganho ponderal inadequado;
• Infecção
Quais os Fatores de risco que podem indicar encaminhamento ao pré-natal de alto risco?
Alto risco: maior risco de desenvolver intercorrências, maior risco de óbito materno e fetal
Fatores de risco que podem indicar encaminhamento ao pré-natal de alto risco
• Cardiopatias;
• Pneumopatias graves (incluindo asma brônquica);
• Nefropatias graves (como insuficiência renal crônica e em casos de transplantados);
• Endocrinopatias (especialmente diabetes mellitus, hipotireoidismo e hipertireoidismo);
• Hipertensão arterial crônica e/ou caso de paciente que faça uso de anti-hipertensivo
(PA > 140/90 mmHg antes de 20 semanas de Idade Gestacional – IG);
• Doenças neurológicas (como epilepsia);
• Doenças psiquiátricas que necessitam de acompanhamento (psicoses, depressão grave etc.);
• Doenças autoimunes (lúpus eritematoso sistêmico, outras colagenoses);
• Alterações genéticas maternas;
• Antecedente de trombose venosa profunda ou embolia pulmonar;
• Ginecopatias (malformação uterina, miomatose, tumores anexiais e outras);
• Portadoras de doenças infecciosas como he hepatites, toxoplasmose, infecção pelo HIV, sífilis terciária (USG com malformação fetal) e outras DST (condiloma);
• Hanseníase;
• Tuberculose;
• Dependência de drogas lícitas ou ilícitas;
• Qualquer patologia clínica que necessite de acompanhamento especializado.
Fatores relacionados à história reprodutiva anterior:
• Morte intrauterina ou perinatal em gestação anterior, principalmente se for de causa desconhecida;
• História prévia de doença hipertensiva da gestação, com mau resultado obstétrico e/ou perinatal (interrupção prematura da gestação, morte fetal intrauterina, síndrome Hellp, eclâmpsia, internação da mãe em UTI);
• Abortamento habitual;
• Esterilidade/infertilidade.
Fatores relacionados à gravidez atual:
• Restrição do crescimento intrauterino;
• Polidrâmnio ou oligoidrâmnio;
• Gemelaridade;
• Malformações fetais ou arritmia fetal;
• Distúrbios hipertensivos da gestação (hipertensão crônica pré-existente, hipertensão
gestacional ou transitória); Obs.: É necessário que haja evidência de medidas
consecutivas que sugiram hipertensão. Nestas situações, não se deve encaminhar o
caso com medida isolada. Em caso de suspeita de pré-eclâmpsia/eclâmpsia, deve-se encaminhar a paciente à emergência obstétrica.
• Infecção urinária de repetição ou dois ou mais episódios de pielonefrite (toda gestante com pielonefrite deve ser inicialmente encaminhada ao hospital de referência, para avaliação);
• Anemia grave ou não responsiva a 30-60 dias de tratamento com sulfato ferroso;
• Portadoras de doenças infecciosas como hepatites, toxoplasmose, infecção pelo HIV, sífilis terciária (USG com malformação fetal) e outras DST (condiloma);
• Infecções como a rubéola e a citomegalovirose adquiridas na gestação atual;
• Evidência laboratorial de proteinúria;
• Diabetes mellitus gestacional;
• Desnutrição materna severa;
• Obesidade mórbida ou baixo peso (nestes casos, deve-se encaminhar a gestante para
avaliação nutricional);
• NIC III (nestes casos, deve-se encaminhar a gestante ao oncologista);
• Alta suspeita clínica de câncer de mama ou mamografia com Bi-rads III ou mais (nestes casos, deve-se encaminhar a gestante ao oncologista);
• Adolescentes com fatores de risco psicossocial.
Os casos não previstos de tratamento na unidade básica de saúde deverão ser encaminhados para a atenção especializada que, após avaliação, deverá devolver a gestante para a atenção básica com as recomendações de seguimento da gravidez ou manter o acompanhamento pré-natal nos serviços de referência para gestação de alto risco.
Naquele caso, a equipe da atenção básica deverá manter o acompanhamento da gestante, observando a realização das orientações prescritas pelo serviço de referência.
Quais as formas de evolução do Toxoplasma em seu ciclo?
O protozoário apresenta três formas importantes em seu ciclo (oocistos – eliminados nas fezes do gato e que ficam viáveis em ambientes quentes e úmidos por até mais de 01 ano), taquizoitos (forma infectante e observada na fase aguda) e bradizoítos (forma de crescimento lento presente em cistos teciduais).
Quais as fomas de infecção materna pelo Toxoplasma?
A infecção materna geralmente resulta da ingestão de oocistos presentes no meio ambiente ou da ingestão de bradizoítos ou taquizoítos presentes em carnes ou produtos derivados.
Exemplos de possíveis fontes incluem:
• Mãos mal lavadas após manipular jardins ou caixa de areia com fezes de gatos.
• Consumo de comida ou água contaminada com oocistos de T. gondii.
• Consumo de carnes mal cozidas (principalmente de caprinos ou suínos, mas também bovinos ou aves) ou derivados de carne contendo taquizoítos ou bradizoítos viáveis (carnes cruas).
• Inalação de poeira contaminada com oocistos.
• Via transfusão sanguínea ou transplante de órgão.
Quais as fomas de infecção fetal pelo Toxoplasma?
A infecção fetal se dá através da passagem de taquizoítos via transplacentária em mães com infecção aguda durante a gestação ou pela infecção adquirida anteriormente a gestação em imunossuprimidas.
Quais as complicações na gestação e fetais se ocorrer infecção materna durante a gestação e se ocorrer no 3o trimestre?
A infecção que ocorre durante a gestação encerra um risco de mais de 40% de infecção fetal, podendo levar a diversas complicações, como abortamento, catarata, estrabismo, icterícia, calcificações intracranianas difusas, microcefalia, microftalmia, CIUR, hidropsia fetal, surdez e hepatoesplenomegalia.
A infecção adquirida no 3º trimestre apresenta maior risco de infecção fetal e por outro lado, o risco de acometimento fetal grave é inversamente proporcional à idade gestacional. Quando tratada durante a gestação há diminuição dos riscos de infecção e de complicações fetais.
Como se dá o diagnostico clinico e sorológico da toxoplasmose?
Diagnostico clinico e sorológico: a infecção pelo Toxoplasma é geralmente assintomática, cerca de 15% dos infectados cursam com sintomas inespecíficos como adenopatia, mialgia, rash cutâneo e febre. Como a clínica da doença é inespecífica, esse DD deve sempre ser considerado em queixas febris ou com adenopatia em gestantes, especialmente se houver história de contato com felinos, manuseio de terra ou carne crua (sem proteção com luva), no entanto o diagnostico da doença é primariamente laboratorial.
Os testes sorológicos são solicitados na 1ª consulta do pré natal, o IgM + surge na primeira semana e declina após alguns meses de infecção e em alguns casos persiste por anos, logo, sugere, mas não confirma uma infecção aguda. O IgG a partir de 02 semanas. Após cerca de sete dias da infecção, também já podem ser detectados anticorpos IgA, os quais desaparecem cerca de quatro meses após a infecção e podem auxiliar no diagnóstico de infecção aguda.