Trauma Abdominal Flashcards

1
Q

O que o traumatismo abdominal pode causar no paciente?

A

Sangramento importante (lesão de vísceras sólidas ou grandes vasos) e irritação peritoneal (grande quantidade de sangue ou alças lesadas).

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2
Q

Qual o objetivo da avaliação diagnóstica inicial do trauma de abdome?

A

É eu identificar se esse paciente vai imediatamente para a laparotomia exploratória (indicação cirúrgica imediata) ou não.

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3
Q

Imagem regiões anatômicas do abdome e transição toracoabdominal (TTA).

A

Limite superior anterior: linha horizontal ao nível dos mamilos. Limite inferior anterior: gradio costal. Limite superior posterior: ângulos inferiores das escápulas.

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4
Q

Quais exames podem ser utilizados na investigação do trauma abdominal?

A

TC contrastada de abdome, Lavado peritoneal diagnóstico (LPD), ultrassonografia (FAST, e-FAST, RUSH, RUSHED) e videolaparoscopia.

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5
Q

Comente sobre a TC contrastada na investigação abdominal.

A

É o melhor exame para a investigação abdominal no trauma, sendo capaz de visualizar estruturas intra e retroperitoneais. No entanto, não é tão bom para lesões em vísceras ocas. Esse exame EXIGE estabilidade hemodinâmica para ser realizado.

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6
Q

Comente sobre o lavado peritoneal difuso (LPD) na investigação abdominal.

A

É o melhor exame para detectar sangue na cavidade abdominal, sendo muito sensível. Ele é realizado da seguinte forma: incisão infraumbilical com passagem de um cateter, aspiro o conteúdo e, se o aspirado conter mais de 10 mL de sangue ou restos alimentares, o exame é positivo, indicando LE de emergência. Caso negativo, em seguida eu insiro solução cristaloide aquecida (1L) e deixou por 5 mintuos. Após esse tempo, eu coleto e envio para o laboratório. O exame é dito positivo se esse coletado conter: Hc > 100.000, leucócitos > 500, amilase > 175 ou bile.

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7
Q

Em quais pacientes o LPD deve ser feito de forma diferente e qual forma é essa?

A

Em gestantes e pacientes com fratura de pelve. A opção nesses pacientes é fazer o LPD de forma aberta (incisão supraumbilical).

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8
Q

Comente sobre o FAST (janelas analisadas, variações, RUSH e RUSHED).

A

São 4 janelas analisadas no FAST, hepatorrenal (Morrison), esplenorrenal, fundo de saco de Douglas e pericárdio. É um exame com acurácia extremamente semelhando ao LPD em caso de examinador experiente, o problema dele é que é examinador dependente. Outros exames, como o RUSH, analisam outras janelas, como a paraesternal e apical 4 câmaras (coração), cava inferior e aorta. O RUSHED acrescenta a todas essas janelas (FAST + RUSH) a avaliação de gravidez ectópica e TVP na panturrilha. O FAST não avalia bem diafragma e retroperitônio e não distingue sangue de ascite e urina.

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9
Q

Comente sobre a videolaparoscopia na avaliação abdominal.

A

Assim como a TC, EXIGE estabilidade hemodinâmica, sendo usado principalmente para feridas penetrantes na transição toracoabdominal (TTA).

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10
Q

Qual a primeira pergunta que devo me fazer na abordagem inicial do trauma abdominal?

A

Devo me perguntar se esse é um abdome cirúrgico.

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11
Q

O que é o abdome cirúrgico?

A

São sinais que, se presentes, devem direcionar esse paciente para a laparotomia exploratória imediata. No caso de ferimento penetrante (aberto), os sinais são peritonite, choque/instabilidade hemodinâmica e evisceração. No ferimento contuso (fechado), os sinais são peritonite, retropneumoperitônio e pneumoperitônio.

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12
Q

Qual a próxima conduta em caso de ausência de abdome cirúrgico na avaliação abdominal?

A

Caso não seja um abdome ciúrgico, devo seguir fluxogramas diferentes para o trauma aberto e o trauma fechado.

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13
Q

Quais as indicações de laparotomia em abdome não cirúrgico por trauma penetrante?

A

No trauma aberto sem abdome cirúrgico, devo diferenciar entre FAF e FAB. O FAF SEMPRE há indicação de cirurgia imediata pela presença de lesões intra-abdominais significativas em mais de 90% dos casos. Já em FAB eu sigo o fluxograma da imagem.

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14
Q

Quais as indicações de laparotomia em abdome não cirúrgico por trauma contuso?

A

Em caso de abdome não cirúrgico por trauma contuso, eu devo avaliar a estabilidade hemodinâmica desse paciente. 1. Caso haja estabilidade hemodinâmica, esse paciente vai para a TC contrastada de abdome (como cerca de 30% desses pacientes instabilizam durante a TC, eu posso considerar fazer um FAST/LPD antes e avisar a radiologia). A indicação ou não de cirurgia vai depender do grau da lesão do órgão acometido. 2. Caso haja INSTABILIDADE hemodinâmica, eu devo avaliar se esse paciente é ou não politraumatizado. 2.a) Caso ele seja politraumatizado e eu não consiga definir precisamente a fonte dessa instabilidade (fratura de pelve, ossos longos, tórax ou abdome), esse paciente deve ser submetido ao FAST/LPD. Caso positivo, a fonte da instabilidade é o abdome e eu devo encaminhar para a laparotomia exploratória. 2.b) Caso ele não seja um politraumatizado, só tendo lesão em abdome (escoriação, distensão, sinal do cinto de segurança), eu devo encaminhar para laparotomia exploratória pois a fonta dessa instabilidade é o abdome.

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15
Q

Quais os requisitos para conduta conservadora no trauma de abdome?

A

Todos os seguintes critérios devem ser preenchidos: não pode ser abdome cirúrgico, é OBRIGATÓRIA a estabilidade hemodinâmica e devo estar em um ambiente capacitado para realizar a terapia conservadora (hospital 3ário, cirurgião de plantão, TC, angiografia disponível, etc).

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16
Q

Quais os órgãos abdominais mais frequentemente lesados em FAF?

A

ID > cólon > figado > estruturas vasculares abdominais.

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17
Q

Quais os órgãos abdominais mais frequentemente lesados em FAB?

A

Fígado > ID > diafragma > cólon.

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18
Q

Qual a conduta em FAB em flanco e dorso do abdome? Explique.

A

Caso o abdome não seja cirúrgico, como nessas regiões é difícil avaliar se houve ou não comprometimento abdominal pela exploração digital (na parede anterior, eu vejo isso pelo comprometimento da bainha do reto, no flanco e dorso eu não tenho isso), eu devo encaminhar esse paciente para os exames complementares (TC de abdome em triplo contraste - IV, oral e retal).

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19
Q

Qual estrutura é mais comumente acometida em trauma da TTA? Qual a consequência?

A

O diafragma, sendo que a principal consequência é a herniação traumática de vísceras abdominais, que pode ocorrer de forma imediata ou ao longo dos anos por comprometimento de fibras diafragmáticas. Essas hérnias podem causar insuficiência respiratória grave.

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20
Q

Sempre há envolvimento abdominal em traumas da TTA? Explique.

A

Não, isso depende muito da fase do ciclo respiratório em que o paciente se encontrava no exato momento do trauma: durante a expiração, o diafragma sobe e favorece a lesão abdominal.

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21
Q

Qual a conduta em paciente vítima de trauma na TTA?

A

Em pacientes com abdome cirúrgico, a conduta é a laparo. Porém, caso esse paciente estiver estável hemodinamicamente e assintomático, por ele poder ter uma lesão diafragmática/abdominal que ainda não se manifestou, a videolaparoscopia com rafia do diafragma, caso lesado, é a conduta mais adequada.

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22
Q

Quais os principais órgãos lesados em trauma fechado de abdome?

A

Baço > fígado > hematomas retroperitoneais > ID.

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23
Q

Quando devo indicar LPD ou FAST?

A
  1. Vítimas de contusão abdominal em que o exame físico não é confiável (peritonite) por rebaixamento do NC. 2. O abdome pode ser uma das possíveis fontes de hemorragia no paciente politraumatizado com instabilidade hemodinâmica (vide fluxograma de indicação de laparotomia em trauma contuso). 3. Hipotensão no politrauma sem causa aparente.
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24
Q

Quais as lesões que podem não ser diagnosticadas pelo LPD?

A

Lesões que não estão na cavidade intraperitoneal: bexiga extraperitoneal, lacerações diafragmáticas, hematomas retroperitoneais, lesões pancreáticas e duodenais (porção retroperitoneal).

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25
Q

Quais as CI absolutas do LPD?

A

Presença de sinais de abdome cirúrgico: peritonite, evisceração, retropneumoperitôneo e pneumoperitôneo.

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26
Q

Qual a importância da presença de líquido livre na TC de abdome?

A

Esse líquido pode ser tanto sangue quanto conteúdo de vísceras ocas, portanto requer avaliação cuidadosa: caso haja lesão de vísceras sólidas, o líquido provavelmente é dessa lesão. Caso não haja lesão de vísceras sólidas mas há líquido, pode ser de vasos mesentéricos (cessam rapidamente) ou de ID. Em ambos, o sinal do cinto de segurança está presente. Líquido em mais de 1 quadrante é muito provável que seja por comprometimento intestinal -> laparotomia.

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27
Q

Por que não é realizado esplenectomia em todo paciente com lesão esplênica?

A

Pelas graves complicações possíveis da esplenectomia total, como a sepse fulminante pós-esplenectomia (principalmente por pneumococo, meningococo e Hib).

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28
Q

Qual o QC da lesão esplênica?

A

Sinal de Kehr (dor subescapular esquerda - evidencia hemoperitôneo que ocorre na lesão esplênica). A fratura de arcos costais à esquerda também sugere lesão esplênica.

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29
Q

Quais as indicações de conduta conservadora na lesão esplênica?

A

Paciente estável hemodinamicamente, sem sinais de peritonite, sem alterações de coagulação e com graus I-III.

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30
Q

À partir de qual grau de lesão esplênica está indicada a esplenectomia?

A

À partir do grau 4 de lesão esplênica (desvacularização > 25%). Grau V: pulverização do baço

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31
Q

Quais as indicações de esplenectomia parcial/total? Qual a conduta após esplenectomia?

A

Grau IV de lesão, peritonite, instabilidade hemodinâmica com FAST/LPD +, e coagulopatia.

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32
Q

O que significa uma coleção hiperdensa formada por contraste na TC de baço? Qual a conduta nesse caso?

A

Significa uma lesão sangrante (contrast blush), sendo abordada por embolização angiográfica, não necessitanto de cirurgia.

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33
Q

Qual a conduta nos pacientes com lesão de baço não candidatos à cirurgia (terapia conservadora)?

A

Internação em CTI por 48-72 com monitorização frequente, exame físico e avaliação do hematócrito. Queda no Hc requer nova TC.

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34
Q

Como é a divisão anatômica do fígado por segmentos?

A

É feita pelos ramos da veia porta e veia hepática. São os segmentos de Couinaud.

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35
Q

Quando vou fazer conduta conservadora do trauma hepático? Como ela é feita?

A

Hoje, a maioria das abordagens em lesão hepática é a conservadora, sendo indicada em lesões de grau I-V, estabilidade hemodinâmica e sem sinais de peritonite. Repouso absoluto por 5 dias (48h em CTI) com avaliação constante do Hc (caso alterado -> TC).

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36
Q

Quando a cirurgia está indicada na lesão hepática? O que é realizado na cirurgia?

A

Em instabilidadae hemodinâmica e lesão hepática grau VI (avulsão hepática). Em lesões simples, pode-se realizar rafia, hemostáticos tópicos ou compressão. Em lesões complexas, faz-se a ressecção segmentar (dos segmentos de Couinaud).

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37
Q

Qual a conduta em caso de sangramento hepático profuso? Explique.

A

Em sangramento hepático profuso que dificulta a abordagem cirúrgica da lesão, faz-se a manobra de Pringle, que é um clampeamento das estruturas do ligamento hepatoduodenal.

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38
Q

Qual a importância da manobra de Pringle?

A

É importante para avaliar qual estrutura está sangrando: caso o sangramento cesse, era um ramo da veia porta ou artéria hepática, caso não cesse, o sangue é de uma lesão venosa justa-hepática (veia cava retro-hepática ou veia hepática).

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39
Q

Qual a conduta em lesões venosas justa-hepáticas (grau V)?

A

Tentar compressas. Se não parar, medidas heroicas com mortalidade altíssima (começa a rezar).

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40
Q

Qual a conduta em lesão hepática grau VI?

A

Hepatectomia total e internação em CTI para aguardo do transplante (até 36h de espera).

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41
Q

Quais características anatômicas do duodeno são importantes no trauma duodenal?

A

A maior parte do duodeno é retroperitoneal e ele está em íntimo contato com a cabeça do pâncreas.

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42
Q

Qual a frequência da lesão de duodeno no trauma abdominal?

A

É muito rara a lesão de duodeno, sendo que quando está presente, na maioria das vezes está associado a outras lesões intra-abdominais. A maioria ocorre por trauma penetrante. Dos contusos, o principal é queda de bicicleta batendo no guidão e acidente automobilístico sem cinto de segurança.

43
Q

Qual diferenciação deve ser feita no trauma de duodeno?

A

Se foi uma laceração ou uma contusão no duodeno, sendo que a clínica, o diagnóstico e a conduta serão diferentes.

44
Q

Qual a clínica da laceração de duodeno?

A

Retropneumoperitôneo: dor lombar que irradia até a região escrotal, escoliose antálgica, crepitação ao toque retal (~enfisema subcutãneo). Pode haver aspiração de sangue na SNG. Na radiologia, eu vejo ar delineando os rins.

45
Q

Qual a clínica da contusão de duodeno?

A

Como aqui é formado um hematoma na parede do duodeno, há obstrução ao fluxo intestinal, promovendo náusea e vômitos e na radiologia contrastada o sinal da mola em espiral ou empilhamento de moedas.

46
Q

Qual a conduta na lesão de duodeno?

A

Laceração: laparotomia. Contusão: descompressão gástrica (sonda nasogástrica), nutrição parenteral total. Se não houver melhora em 2 semanas: laparotomia.

47
Q

Qual a importância da lesão de pâncreas no trauma abdominal?

A

É uma lesão muito rara e, quando ocorre, está associada a outras lesões intra-abdominais. Ele é dividido em pâncreas proximal (direita da v. mesentérica superior), composto pela cabeça (íntimo contato com o duodeno), e pelo distal (esquerda), composto pelo corpo e cauda -> baço.

48
Q

Qual a conduta na lesão pancreática?

A
  1. Sem lesão do ducto pancreático: reparo + drenagem. 2. Com lesão: 2.a) corpo e cauda -> pancreatectomia distal/subtotal + dreno. 2.b) cabeça -> lesão simples (dreno + reparo); lesão complexa (duodenopancreatectomia + dreno).
49
Q

Qual sinal clínico é de extrema importância no trauma de ID?

A

O sinal do cinto de segurança, sendo uma equimose no abdome e no tórax nas exatas posições do cinto de segurança.

50
Q

Qual achado em exame de imagem é altamente sugestivo de lesão de ID?

A

A TC mostrando líquido livre em mais de 1 quadrante sem lesão de vísceras sólidas.

51
Q

Quais as condutas cirúrgicas em caso de trauma de ID?

A

Lesão pequena ( < 50% da circunferência da alça): rafia primária. Lesão extensa ( > 50%): ressecção + anastomose primária. Isso pois a rafia primária evolui com estenose na maioria dos casos nesses pacientes.

52
Q

Quais os segmentos do IG mais frequentemente acometidos em ordem decrescente?

A

Cólon transverso, direito e ceco, esquerdo, sigmoide e reto.

53
Q

Qual a importância anatômica do IG no trauma dessa estrutura?

A

Pelas fezes já estarem mais formadas aqui, a sutura é mais submetida a pressão, podendo ser necessárias técnicas de proteção dela. Além disso, a maior parte do cólon é intra-peritoneal e apenas o terço proximal do reto é intra-peritoneal, o terço distal do reto é extra.

54
Q

Quais os requisitos para reconstrução primária de cólon e reto proximal?

A

Estabilidade hemodinâmica, pouco tempo decorrido do trauma (4-6h), até 6 bolsas de concentrado de hemácias necessárias para ressucitação, sem lesão vascular colônica e comprometimento de menos de 50% da circunferência da alça.

55
Q

Qual a conduta caso não possa ser realizada reconstrução primária do cólon ou reto proximal?

A

Ressecção da região lesada com anastomose primária.

56
Q

Posso fazer ressecção com anastomose primária em todo paciente com trauma de cólon e reto proximal? Justifique.

A

Não, especialmente em pacientes com choque ou hipotensão. Aqui há uma chance MUITO grande de deiscência da anastomose que torna proibitivo a anastomose primária. Eu faço uma colostomia protetora e faço a anastomose ou em uma segunda operação ou após a estabilidade hemodinâmica (primária tardia).

57
Q

Qual a conduta em lesão de reto distal?

A

Como é extra-peritoneal, a sutura está sobre muita pressão, devendo SEMPRE ser realizada uma colostomia protetora + drenagem pré-sacra com dreno de Penrose.

58
Q

Comente sobre a anatomia da uretra masculina.

A

É dividida em anterior (peniana e bulbar) e posterior (membranosa e prostática).

59
Q

Quais os mecanismos de lesão da uretra?

A

Anterior: bulbar -> queda a cavaleiro; peniana: trauma penetrante, mordedura, fratura de pênis. Posterior: fratura ou luxação de pelve.

60
Q

Qual o QC de lesão de uretra?

A

Sangue no meato uretral, hematoma perineal ou escrotal, retenção urinária (bexigoma), uretrorragia e fratura de pelve.

61
Q

Qual a importância da identificação de sinais de lesão de uretra na sala de emergência?

A

São CI à passagem do cateter vesical (sonda de Foley), devendo ser realizada uma uretrografia excretora para confirmar ou excluir a lesão de uretra.

62
Q

Qual a conduta caso lesão de uretra pela uretrografia retrógrada?

A

Cistostomia.

63
Q

Comente sobre a anatomia da bexiga e o mecanismo da lesão de bexiga para cada porção dela.

A

Apresenta uma parte intraperitoneal, que é lesada principalmente por aumento da PIA em abdome inferior, principalmente quando a bexiga está cheia (cinto de segurança aperta e a bexiga explode), e uma parte extraperitoneal, sendo lesada principalmente por fratura ou lexação pélvica.

64
Q

Qual o QC da lesão de bexiga?

A

Hematúria franca, dor, distenção abdominal, bexigoma e fratura de pelve.

65
Q

Como é feita a investigação na suspeita de lesão de bexiga?

A

Cistografia retrógrada, mostrando ausência da cúpula da bexiga na lesão intraperitoneal e presença da cúpula na extraperitoneal.

66
Q

Qual a conduta na lesão de bexiga?

A

Intraperitoneal: laparotomia. Extraperitoneal: conservador com catéter vesical. A cura espontânea é esperada em até 15 dias.

67
Q

Quais os principais mecanismos de lesão renal no trauma?

A

Principalmente por trauma contuso: acidente automobilístico, queda, contusão direta e fratura de arcos costais na região.

68
Q

Qual a manifestação mais frequente no trauma renal? Em quais situações não estará presente?

A

Hematúria. Ausente se o trauma causou trombose da artéria renal ou rotura do pedículo renal.

69
Q

Qual o QC da lesão renal?

A

Hematúria, história de contusão na região, equimose ou fraturas de arcos costais na região. Pode haver instabilidade hemodinâmica.

70
Q

Qual a conduta no paciente com lesão renal?

A

Angioembolização: extravasamento intravascular do material de contraste, hematoma perirrenal (volumoso) e hematoma medial. Observação em UTI: hematoma sem extravasamento de contraste. Laparotomia: instabilidade hemodinâmica ou indisponibilidade da angioembolização ou sangramento do pedículo renal.

71
Q

Quais sinais indicam exploração cirúrgica imediata da loja renal?

A

Hematoma retroperitoneal pulsante, em expansão ou sangramento ativo para a cavidade peritoneal.

72
Q

Como as forças atuam na fratura de pelve?

A

Lateral, AP e vertical.

73
Q

Quais os tipos de fratura de pelve?

A

Existem 3 tipos de fratura de pelve pela classificação de Young Burgess, A (força lateral), B (força AP, também chamada em livro aberto) e C (força vertical). Os tipos A e B apresentam 3 subtipos.

74
Q

Comente sobre a classificação das fraturas de pelve.

A

As fraturas de pelve podem ser estáveis (anel pélvico alinhado e abertura da sínfise púbica < 2,5 cm) ou instáveis (anel pélvico desalinhado e abertura da sínfise púbica > 2,5 cm). As instáveis são os graus II e III dos tipos de fratura e as estáveis são o grau I.

75
Q

Qual das lesões de pelve é a mais grave e por quê?

A

A lesão em livro aberto (AP), pois é a lesão de pelve que mais promove esgarçamento dos ligamentos e vasos do plexo sacro, podendo determinar hemorragia para retroperitônio.

76
Q

Quando ocorre, na fratura de pelve, hemorragia para o retroperitôneo?

A

Apenas na fraturas de pelve instáveis.

77
Q

Quais as principais fraturas de pelve que provocam lesão visceral pélvica e intra-abdominal? Explique.

A

As do tipo A e C (lateral e vertical, respectivamente). Isso pois são as que “fecham” o anel pélvico e podem comprimir essas estruturas.

78
Q

Quais achados são sugestivos de fratura pélvica?

A

Instabilidade hemodinâmica, equimoses/contusão na região pélvica, dor à palpação da pelve, discrepância no tamanho dos MMII, um dos membros em rotação lateral e sinais clínicos de lesão de vísceras pélvicas (uretrorragia, metrorragia e sangramento retal).

79
Q

Qual a conduta no paciente com fratura de pelve e instabilidade hemodinâmica?

A

Devo fazer uma estabilização temporária da pelve através da passagem de um lençol ao nível dos trocanteres maiores do fêmur e amarrando ele (ao fechar a pelve, eu restrinjo o volume e posso conter o sangramento). Lembrar que o choque por fratura de pelve é, geralmente, venoso.

80
Q

Como diagnosticar fratura pélvica?

A

Raio x AP da pelve.

81
Q

Qual a conduta na fratura pélvica?

A

Caso instabilidade -> anteriografia e embolização seletiva de vasos sangrantes do plexo sacral + fixação externa (lençol). Não faço nesses pacientes a fixação interna. Pode-se fazer a compressão pélvica, pois frequentemente vai conter o sangramento venoso.

82
Q

Qual a suspeita em paciente instável hemodinâmicamente com fratura de pelve estabilizada com lençol porém que não responde à reposição volêmica ou que não melhorou? Qual a conduta?

A

O sangramento provavelmente é arterial. Angioembolização. O tamponamento pré-peritoneal da pelve pode ser uma alteranativa à embolização, especialmente quando a endovascular não está imediatamente disponível, e depois fazer a fixação externa da pelve.

83
Q

Por que ocorre a formação de hematoma retroperitoneal no trauma vascular abdominal?

A

Ocorre pelo tamponamento, em um primeiro momento, do sangramento por parte das vísceras e estruturas no retroperitônio.

84
Q

Quais são as zonas de localização dos hematomas?

A

Zonas 1, 2 e 3.

85
Q

Quais vasos são rompidos na zona 1 do retroperitônio?

A

A aorta e seus ramos principais (tronco celíaco e a. mesentérica superior).

86
Q

Qual a conduta em ruptura de vasos da zona 1 do retroperitônio?

A

Sempre cirúrgica (laparotomia).

87
Q

Quais vasos são rompidos na zona 2 do retroperitônio?

A

Rins, vasos renais e suprarrenais.

88
Q

Qual a conduta em ruptura de vasos da zona 2 do retroperitônio?

A

Trauma penetrante: laparotomia. Trauma contuso: não explorar cirurgicamente (exceto se estiver se expandindo).

89
Q

Quais vasos são rompidos na zona 3 do retroperitônio?

A

Vasos ilíacos ou fraturas pélvicas.

90
Q

Qual a conduta em ruptura de vasos da zona 3 do retroperitônio?

A

Trauma penetrante: laparotomia. Trauma contuso: não explorar, exceto se estiver expandido ou promovendo exsanguinação.

91
Q

O que é a cirurgia para o controle do dano (CCD)?

A

São abordagens cirúrgicas consideradas em pacientes politraumatizados e que perderam muito volume. Seu intuito é evitar que o paciente desenvolva ou piore os fenômenos da tríade letal do trauma (hipotermia, acidose e coagulopatia).

92
Q

Qual o problema das cirurgias longas e complexas no paciente politraumatizado com grandes perdas volêmicas?

A

Esse paciente fica muito tempo exposto ao ambiente do CC, favorecendo ou piorando uma hipotermia. A hipotermia promove disfunção plaquetária com piora do sangramento -> acidose metabólica e choque.

93
Q

Quais as etapas da CCD?

A

1°: laparotomia abreviada, com controle vascular rápido sem reconstruções complexas (apenas uma ressecção ou sutura para atenuar a contaminação). 2°: compressas e peritoniostomia (bolsa de Bogotá) e internação em CTI para correção da hipotermia, distúrbios metabólicos e disfunção na coagulação. Aqui é o momento de maior chance de desenvolver SCA. 3°: Reoperação planejada em até 72h.

94
Q

O que promove a síndrome compartimental abdominal (SCA)?

A

Um aumento na PIA.

95
Q

O que promove elevação da PIA?

A

Reposição volêmica importante com transudação de líquido e edema de alça, ascite, hematomas volumosos e compressas do tamponamento.

96
Q

Quais os níveis normais de PIA e quando ocorre a SCA?

A

5-7 mmHg. A hipertensão intra-abdominal ocorre de 12-20 mmHg. A SCA ocorre acima de 21 mmHg de PIA.

97
Q

Quais os graus de hipertensão intra-abdominal?

A

I: 12-15 II: 16-20 III: 21-25 IV: > 25.

98
Q

À partir de qual nível de PIA o paciente desenvolve SCA?

A

21 mmHg (grau III de hipertensão intra-abdominal).

99
Q

Quais as alterações orgânicas encontradas na SCA?

A

Alterações abdominais: distensão progressiva e hipoperfusão da parede. Pulmonares: elevação do diafragma e redução do volume pulmonar (aumento da pressão de admissão na VM, hipoxemia, hipercapnia). CV: colabamento da VCI com redução de DC e vasoconstrição reflexa, reduzindo ainda mais o DC para manter a PA. Renais: compressão direta dos vasos renais e redução da TFG. Intestinais: hipoperfusão esplâncnica por compressão da a. mesentérica superior. Neurológicas: aumento da PIC por redução da drenagem de sangue da cabeça e pescoço por aumento da PVC.

100
Q

Como é a aferição da PIA?

A

Indiretamente pela aferição da pressão intravesical.

101
Q

Qual a conduta em caso de SCA?

A

PIA entre 21-25: drenagem de coleções abdominais e uso criterioso de volume. Caso disfunção orgânica ou TCE grave/HIC -> laparotomia descompressiva. PIA > 25: laparotomia descompressiva.

102
Q

Qual a principal víscera herniada em hérnia diafragmática traumática?

A

O estômago.

103
Q

Qual o objetivo do TR no trauma de pelve?

A

No trauma contuso, visa avaliar o tônus esfincteriano, a integridade da mucosa e se há fx de pelve.

No trauma penetrante, visa avaliar o tônus e se há ou não sangue na luz intestinal, o que pode significar lesão de alça intestinal.

104
Q

Quais pacientes requerem exame complementar para avaliação abdominal no trauma?

A

Sensório rebaixado, EF não confiável, sensibilidade alterada, lesão em estruturas adjacentes (arcos costais, pelve) e sinal do cinto de segurança com suspeita de lesão intestinal.