Queimaduras Flashcards

1
Q

Quais medidas salvadoras para a vítima de queimaduras?

A

Garantir VA e ventilação, interromper o processo de queimadura e garantir acessos venosos.

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2
Q

O que é uma queimadura?

A

É uma lesão tecidual provocada por trauma térmico, elétrico, químico ou radioativo.

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3
Q

Qual a epidemiologia das queimaduras no Brasil?

A

Homens, 20-29 anos e crianças < 10 anos.

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4
Q

Qual dado é de importantíssima relevância prognóstica na queimadura?

A

A superfície corporal queimada (SCQ), profundidade da lesão, localização, comorbidades (mais grave em crianças e idosos).

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5
Q

O que significa o termo grande queimado?

A

Qualquer um dos seguintes: ≥ 25% SCQ entre 10-40 anos, ≥ 20% SCQ em < 10 ou > 40, ≥ 10% com 3° grau, qualquer envolvendo olhos/face/ouvidos/mãos/pés/períneo que resulte em comprometimento funcional, elétricas de alta voltagem, qualquer queimadura com trauma grave ou lesão por inalação e todos que tiverem comorbidades graves.
*A QUEIMADURA DE 1° GRAU DEVE SER SEMPRE EXCLUÍDA!!! (não traz repercussões sistêmicas ou funcionais).

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6
Q

Como é a mortalidade nos pacientes queimados?

A

É bimodal, ocorrendo o 1° pico inicialmente após a queimadura (p) e o 2° após semanas do evento, tendo como principal etiologia a SDMOS (por sepse e choque séptico).

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7
Q

Quais os passos do primeiro atendimento à vítima de queimadura (pré-hospitalar)?

A

É o mesmo do ATLS (segurança de cena, ABCDE), porém com a adição de algumas medidas extras: afastar o paciente da fonte de calor, avaliar se há a necessidade de resfriar a lesão, se for resfriada prevenir hipotermia e decidir se precisa ou não de um centro de tratamento especializado em queimadura (CTEQ).

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8
Q

Qual lesão é de extrema importância no paciente vítima de queimadura?

A

A lesão da via aérea, sendo que eu devo afastar/identificar essa lesão o mais rápido possível.

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9
Q

Quais as evidências do envolvimento da via aérea no primeiro atendimento ao paciente vítima de queimadura?

A

Queimaduras cervicais/faciais, chamuscamento dos cílios e vibrissas nasais, depósitos de carbono e alterações inflamatórias agudas na orofaringe, escarro carbonado, rouquidão, hx de confusão mental ou confinamento no local do incêndio, explosão com queimadura de cabeça e pescoço e níveis de carboxi-hb > 10% (queimadas em recintos fechados devem levantar a suspeita para intoxicação por MO).

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10
Q

Quando eu devo realizar a IOT precoce no paciente vítima de queimadura?

A

Sinais de obstrução da VA (rouquidão, estridor, musculatura acessória/retração esternal), SCQ > 40-50%, queimaduras faciais profundas e extensas, queimaduras no interior da boca, edema significativo ou risco de edema, dificuldade de deglutição, sinais de comprometimento respiratório (fadiga, oxigenação insuficiente), rebaixamento do NC e transferência do paciente com equipe não treinada para IOT.

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11
Q

Qual a importância do estridor na queimadura?

A

É um sinal tardio de comprometimento da VA e exige VA avançada imediatamente.

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12
Q

Qual a conduta após o controle da VA do paciente vítima de queimadura?

A

Interromper o processo da queimadura: retirar toda a roupa do doente, além de joias e aneis (pois o edema se instala rapidamente), irrigar a área queimada (Sabinston: temperatura ambiente nos primerios 15 min; ATLS 10a salina morna). Após isso, recobrir o paciente com lençois secos e limpos para evitar hipotermia.
*O uso de gelo está CONTRAINDICADO (pode aumentar a área queimada ou provocar hipotermia).

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13
Q

Qual a próxima etapa após interromper a queimadura no paciente vítima de queimadura?

A

Obter acessos periféricos calibrosos (mínimo 16G), com preferência para MMSS (se grande SCQ, posso puncionar sob área queimada). Após isso, para todos com SCQ > 20%, infundir volume o mais rápido possível.
*A segunda opção de acesso é a safena (mas precisa ser dissecada para isso) e a terceira é uma veia profunda.

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14
Q

Quanto de voluem realizar no pré-hospitalar para o paciente vítima de queimada?

A

Peso estimado x SCQ/8 por hora.

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15
Q

Como decidir se eu vou levar ou não o paciente para um CETQ?

A

Se o CETQ mais próximo estiver a 30 minutos do local, devo levá-lo inicialmente para o serviço de emergência mais próximo para o atendimento intra-hospitalar inicial.

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16
Q

Qual a temperatura da água que eu jogo no paciente vítima de queimadura?

A

Em temperatura AMBIENTE (ou ≥ 12°C), não gelada. Quando queimadura química: temperatura morna.

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17
Q

Por que eu não devo jogar água na queimadura após 15-30 minutos da lesão?

A

Pois a lesão já se estabeleceu, não havendo benefício.

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18
Q

Qual o significado da queimadura em face e pescoço?

A

Implica que a VA estava próxima dessa fonte de calor e que a pessoa possivelmente inalou fumaça muito quente.

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19
Q

Como a queimadura pode comprometer a ventilação do paciente?

A

Por: lesão térmica, lesão pulmonar por inalação, intoxicação por CO, por cianeto e restrição à expansão torácica.

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20
Q

Qual o efeito da fumaça quente na VA?

A

Queima APENAS VAS - lesão térmica da VAS (NÃO QUEIMA PULMÃO, pois perde calor conforme seu trajeto). O que queima pulmão é VAPOR DE ÁGUA QUENTE.

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21
Q

Qual a lesão da inalação de fumaça suja? Qual a diferença para lesão térmica da VA?

A

Há lesão pulmonar por inalação (se estiver quente, pode haver lesão térmica de VAS também). Ou seja, fumaça quente pega VAS e lesão suja pega VA inferior.

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22
Q

Até onde se extende a lesão térmica de via aérea na queimadura?

A

Geralmente fica restrito à VAS, alcançando as cordas vocais e, mais raramente, até a bifurcação da traqueia,

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23
Q

Quais as possíveis consequências da lesão térmica de VA?

A

Como compromete VAS, o edema em mucosa/submucosa e o sangramento e ulcerações de faringe, laringe e cordas vocais podem comprometer agudamente a ventilação (obstrução - rouquidão e estridor).

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24
Q

Qual o QC da lesão térmica de VAS?

A

A queimadura da VAS promove edema e hiperemia. Hiperemia de orofaringe, rouquidão e estridor. Pode haver insuf respiratória imediatamente após o trauma.

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25
Q

Como fazer dx da lesão térmica da VAS e o tratamento?

A

Dx: clínica, laringoscopia.
Tto: suporte ventilatório (a forma depende do paciente). É importante considerar a intubação PRECOCE (pois esse paciente, em breve, pode ter fechamento da VA).

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26
Q

Qual a importância no estridor nos pacientes com lesão térmica de VAS?

A

Significa que esse paciente está evoluindo para obstrução de VAS, sendo URGENTE a necessidade de IOT desse paciente, pois senão, após o fechamento, eu não consigo mais intubar.

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27
Q

Quando ocorre a lesão pulmonar por inalação?

A

Ocorre quando a fumaça produzida pela combustão de elementos do ambiente alcançam a VA infraglótica, promovendo lesão em brônquios, bronquíolos e alvéolos. Ou seja, é diferente da lesão térmica da VAS, pois na lesão por inalação de fumaça não há lesão térmica, pois o calor é perdido conforme a fumaça passa pela VAS. Geralmente ocorre em locais fechados.

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28
Q

Qual o QC da lesão pulmonar por inalação?

A

Sibilos, escarro carbonáceo, pode ter insuf respiratória em +/- 24h (não é tão rápida quanto a lesão térmica por inalação). Há maior risco de pnm.

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29
Q

Como fazer dx e tratar a lesão pulmonar por inalação?

A

Dx: clínico, broncoscopia, cintilografia com xenônio 133.
Tto: suporte ventilatório, NBZ com broncodilatador +/- NBZ com heparina ou hemiacetilcisteina (para promover a fluidificação e eliminação desses resíduos). Posso chegar a fazer broncoscopia para retirar esses resíduos.

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30
Q

O que pode ter acontecido em um cenário de queimadura em face e pescoço e o que pode ter acontecido em queimadura em recinto fechado (sem necessariamente queimadura em face)?

A

Cenário 1: lesão térmica das VAS ou lesão pulmonar por inalação.
Cenário 2: intoxicação por MO ou cianeto.

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31
Q

Qual o QC da intoxicação por CO?

A

Cefaleia (principal) e redução da consciência. Pode haver coloração vermelho-cereja da pele.

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32
Q

Como fazer o dx da intoxicação por CO?

A

Dosar CARBOXIHEMOGLOBINA (ideal), pois a SaO2 pode estar normal (o oxímetro de pulso não consegue diferenciar COHb de oxiemoglobina).

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33
Q

Qual a fisiopatogenia da intoxicação por CO?

A

O CO tem uma afinidade infinitamente maior pela Hb do que o O2, deslocando o O2 da Hb e impedindo a liberação de O2 para os tecidos.

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34
Q

Quais as manifestações da intoxicação por CO?

A

Cefaleia e náuseas > confusão > coma > morte.

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35
Q

Qual o tto da intoxicação por CO?

A

FiO2 a 100% para deslocar o CO da Hb = IOT (caso apenas suspeita, pode-se adm por uma máscara não reinalante), cateter de alto fluxo, medicina hiperbárica (ideal) por 4-6h.

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36
Q

Quais componentes que, quando queimados, liberam o cianeto (CN)?

A

O poliuretano, lã, náilon e algodão.

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37
Q

Qual a fisiopatogenia da intoxicação por cianeto?

A

O CN impede a respiração celular (o uso celular do O2), promovendo metabolismo anaeróbio com produção de lactato.

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38
Q

Qual o QC da intoxicação por cianeto?

A

Rebaixamento do NC (principal). São manifestações extremamente inespecíficas e pode resultar no óbito rapidamente, por isso o tratamento deve ser feito mediante suspeita (rebaixamento NC em queimadas em recinto fechado). Uma alteração é a acidose metabólica inexplicada.

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39
Q

Como fazer dx da intoxicação por cianeto?

A

Elevação do lactato (dosagem do lactato > 90 mg ou 10 mmol) e elevação do CN (dosagem do cianeto > 5 mg/L).

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40
Q

Como tratar a intoxicação por cianeto?

A

Tiossulfato de sódio e hidroxicobalamina em altas concentrações, visando a ligação ao CN e sendo convertido em cianocobalamina, que é inerte. Pode ser usado (+/-) tiosulfato de sódio.
*Lembrar que o tratamento deve ser EMPÍRICO (dx leva tempo e o paciente pode morrer antes).

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41
Q

Como a queimadura pode promover restrição à expansão torácica? Como tratar?

A

As queimaduras de 3° grau (espessura total) deixam a área queimada com textura semelhante a um couro, com perda completa da elasticidade do local acometido. Quando toda (ou quase toda) a circunferência torácica é acometida, ocorre a insuficiência respiratória por restrição à expansão. O tratamento é a escarotomia da lesão (incisão até o subcutâneo), reestabelecendo de imediato a expansibilidade torácica.

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42
Q

Por que pacientes com SCQ > 20% necessitam de reposição volêmica imediata?

A

Pois há a grande produção de citocinas pró-inflamatórias que irão promover uma resposta sistêmica inflamatória, havendo aumento importante da permeabilidade vascular e perda generalizada de fluidos e ptn para o 3° espaço. Isso promove redução do DC e aumento do tônus adrenérgico, havendo hipoperfusão de vísceras e pele (pode agravar a área queimada, aumentando sua profundidade). Por isso a reposição volêmica deve ser IMEDIATA nesses pacientes.

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43
Q

Como acompanhar a resposta à reposição de volume?

A

Através da passagem de uma sonda de Foley para quantificar a diurese do paciente, sendo o melhor parâmetro para avaliar a resposta ao volume.

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44
Q

Qual DU almejado na reposição de volume do queimado?

A

0,5 ml/kg/h (1 se < 30 kg).

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45
Q

Como calcular a SCQ?

A

Para adultos: através da regra de Wallace (regra dos 9) - 9 em cada MMSS (4 1/2 anterior e 4 1/2 posterior) e cabeça/pescoço, 18 em cada MMII e 36 no tronco (18% anterior e 18% posterior). A mão do paciente e genitália = 1% da SCQ.
Já para crianças, a regra dos 9 não é a melhor (pois maior a desproporção crânio-caudal), portanto eu uso a regra de Berkow (esquema de Lund-Browder).

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46
Q

Como classificar a queimadura de acordo com a espessura? Quais entram para o cálculo da SCQ?

A

É diferente para a literatura habitual e o ATLS. Naquela, é classificada em 1°, 2° e 3° graus. Nesta, é classificada em espessura parcial (1° e 2° graus) e espessura total (3° grau).
1° grau: apenas epiderme, não sendo usada no cálculo da SCQ. 2° grau: superficial (papilas dérmicas) e profunda (reticular). 3° grau: SC.

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47
Q

Como se manifestam as queimaduras de 1° grau?

A

Eritema (vasodilatação) e dor moderada, sem formação de bolhas ou comprometimento de anexos cutâneos (folículo piloso e glândulas). Não há fibrose em sua resolução.

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48
Q

Como tratar a queimadura de 1° grau?

A

Analgesia com AINEs e hidratantes tópicos.

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49
Q

Qual a diferença entre a queimadura de 2° grau superficial e profunda?

A

Além da profundidade, há importância no resultado estético da lesão, pois na reticular estão as estruturas mais importantes para reepitelização da lesão. Isso implica que o tratamento na profunda é mais agressivo pelo componente estético.

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50
Q

Quais as característiacs de coloração e sensibilidade da queimadura de 2° grau?

A

Coloração: superficial é eritema E BOLHAS e profunda é rósea E BOLHAS (queimadura de 2° grau TEM BOLHAS - se tem bolhas é 2° grau).
Sensibilidade: a superficial é mais dolorosa.
*Quando houver comprometimento da sensibilidade, é da tátil com preservação da de pressão (barestésica).

51
Q

Quanto tempo leva a cicatrização das queimaduras de 2° grau?

A

3-9 semanas.

52
Q

Como tratar a bolha na queimadura de 2° grau?

A
  • Se a bolha já estiver rompida: retirar a pele.

- SCQ grande: retirar a bolha (pois quero usar ATB tópico, e a bolha impede a penetração do ATB).

53
Q

Como tratar a queimadura de 2° grau?

A

Limpeza (tirando ou não a bolha), curativo + ATB tópico (sulfadiazina de prata - tirar a bolha).
*Para profunda: posso fazer enxertia cutânea.

54
Q

Como é o curativo da queimadura de 2° grau? Explique.

A

É oclusivo, pois na queimadura de 2° grau há exposição das terminações nervosas, sendo extremamente doloroso, fazendo com que o curativo oclusivo exponha menos essas terminações e seja menos dolorosa.

55
Q

Quais as características da queimadura de 3° grau?

A

Gordura subcutânea, coloração marrom amarelado ou esbranquiçada (ou mesmo enegrecida ou vermelho amarelada), podendo ser vista em sua base vasos coagulados, porém é INDOLOR na região de queimadura de 3° grau (mas geralmente ao redor tem uma de 2° grau, e aí doi). A textura é firme (~couro), com redução do tato e pressão.

56
Q

Qual o tratamento da queimadura de 3° grau?

A

Desbridamento + enxertia cutânea PRECOCE (quanto mais precoce melhor, pois ainda estou na fase inflamatória da cicatrização). A cicatrização só ocorre mediante enxertia ou contração da lesão.

57
Q

O que pode ocorrer na evolução de uma queimadura de 3° grau?

A

Pode haver RETRAÇÃO dessa ferida (da “pele dura”, da escara), podendo até mesmo promover comprometimento vascular (especialmente em lesões circulares), como por exemplo hipoperfusão distal em membros.

58
Q

Qual a conduta quando a escara está prejudicando a vascularização ou a expansibilidade (ex: tórax)?

A

Escarotomia.

59
Q

O que seria a queimadura de 4° grau?

A

É a queimadura que ultrapassa o SC e atinge músculos e ossos, sendo comum em queimadura elétrica grave.

60
Q

O que é uma queimadura elétrica grave?

A

> 1000V (a tomada de casa geralmente não ultrapassa esse valor).

61
Q

Como é a REMIT na queimadura?

A

Como em qualquer REMIT, há a liberação de mediadores inflamatórios que irão promover aumento da permeabilidade capilar no local e à distância, porém na queimadura, como a lesão tende a ser mais extensa, essa liberação pode ser absurda, podendo levar o paciente rapidamente ao choque. Se não houver infecção, essas manifestações CV desaparecem em 24h, porém o hipermetabolismo permanece até epitelização da lesão.

62
Q

Por que ocorre o hipermetabolismo na queimadura?

A

Pela liberação dos hormônios contrainsulínicos na REMIT (GC, glucagon, catecolaminas, etc), aumentando a TMB em até 200%, havendo intensa proteólise e lipólise, podendo promover desnutrição proteica rapidamente caso não haja suporte nutricional. Ocorre esteatose hepática pela lipólise e reesterificação de AG no fígado.

63
Q

Quais as necessidades calóricas do paciente queimado?

A

Curreri: 25 kcal/kg/dia + 40 kcal para cada % de SCQ.

Outras recomendações: cálcilo da TMB por calorimetria indireta e multiplicar esse valor por 1,4x.

64
Q

Qual a composição da dieta do paciente vítima de queimadura?

A

1-2 g/kg/dia de ptn pelo Sabinston (supre necessidade e atenua proteólise - diminui a perda muscular). O resto da caloria por ser por carbo ou gordura, preferindo-se por enteral por sonda nasojejunal (pós-pilórica). A NPT possui maior taxa de complicação e óbito.
*Sociedade europeia de nutrição clínica e metabolismo: 1,5-2 de ptn para adultos e 1,5-3 para crianças.

65
Q

Quais as formas de reduzir o hipermetabolismo desses indivíduos?

A

BB (reduzir 20% a FC reduz a perda de massa corporal de 9% para 1% - propranolol. Além disso, também reduz esteatose hepática e reduz a perda de massa muscular esquelética). A dose é 4 mg/kg em 24h.
Outras: oxandrolona (esteroide anabolizante), rhGH (possível aumento de morbimortalidade) e IGF-1.

66
Q

Como é a resposta imune à queimadura?

A

Há disfunção na RI celular e humoral (diminuição na produção de IgG) - prolonga a vida de aloenxertos e aumenta o risco de infecções.

67
Q

Quando devo iniciar a ressucitação volêmica pelo ATLS? Qual solução é preferível?

A

Na queimadura com > 20% SCQ. Prefere-se, pelo ATLS, o Ringer Lactato.

68
Q

O uso de coloide como volume é bom na queimadura?

A

Não, pois a permeabilidade vascular é tão intensa nas primeiras 24h que até mesmo as macromoléculas do coloide podem atravessar para o 3° espaço.

69
Q

Como deve ser a reposição volêmica do paciente queimado?

A

ATLS: 2 mL x peso x SCQ.
Parkland: 4 mL x peso x SCQ.
Independentemente de qual fórmula usar, 50% deve ser administrado nas primeiras 8h após O ACIDENTE (!!!), contabilizando a quantidade feita no pré-hospitalar, e 50% nas demais 16h.
É interessante comentar que esse volume pode e deve ser ajustado de acordo com A DIURESE do paciente (manter pelo menos 0,5 ml/kg/h ou 1 ml/kg/h para < 14 anos).
**Para < 14 anos: 3 mL x peso x SCQ e DU 1 ml/kg/h.
**
Para crianças < 30 kg, usar SG 5% junto com o Ringer.

70
Q

Qual a peculiaridade da reposição volêmica na queimadura elétrica?

A

Usar SEMPRE 4 mL x peso x SCQ até a urina clarear, objetivando 1-1,5 ml/kg/h de DU até a urina clarear.

71
Q

Quais as possíveis consequências do excesso de volume no paciente queimado?

A

Pode agravar o edema, podendo promomover progressão da queimadura para planos mais profundos e síndrome compartimental abdominal ou de extremidades.

72
Q

Quais as medidas obrigatórias para qualquer queimadura?

A

Desbridamento com retirada de CE e tecidos desvitalizados, além da limpeza da ferida (água e clorex degermante 2%).

73
Q

Qual a conduta na queimadura após desbridamento?

A

Realização de um curativo oclusivo (protege epitélio, reduz colonização bacteriana/fúngica e redução da perda calórica por evaporação), trocando 2x/dia.

74
Q

Como é feito o curativo oclusivo?

A

4 camadas: atadura de tecido sintético (rayon) ou morim com ATB tópico - gaze absorvente - algodão hidrófilo - atadura de crepe.
*Face e períneo devem ser feitos curativos expostos.

75
Q

Qual ATB tópico usar na queimadura? Qual o objetivo dele? Comente.

A

Acetato de mafenida 5%, nitrato de prata 0,5% ou SULFADIAZINA DE PRATA 1%. O objetivo é a prevenção da infecção.

  • Sulfadiazina de prata: inativo contra Pseudomonas e Enterococos.
  • *Mafenida: atividade contra Pseudomonas e outros GNs.
76
Q

Quais os curativos biológicos e sintéticos e quando podem ser usados?

A

Podem ser usados na queimadura de 2° grau superficial. Biológicos: pele de cadáver (aloenxerto) ou de porco (xenoenxerto). Sintéticos: silicona ou colágeno.

77
Q

Como deve ser a analgesia na queimadura?

A

Pode ser com opioide (e é EV), pois a dor é muito intensa.

78
Q

Quais profilaxias devem ser feitas no paciente queimado?

A

Para tétano e para TVP.

79
Q

Devo fazer antibiótico profilático no grande queimado?

A

Não, o ATB que eu faço é tópico.

80
Q

Quais as principais complicações no paciente queimado?

A

A infecção e a sepse, sendo as principais causas de morte nesse grupo.

81
Q

Por que a infecção e sepse são tão frequentes no paciente queimado?

A

Por diversos fatores que predispõem a sua ocorrência: perda da integridade cutânea, IMSP, translocação bacteriana do TGI e dispositivos invasivos (VM, SVD, CVC).

82
Q

Quando usar ATB profilático (não o tópico)?

A

Em casos de enxertia e desbridamento, sendo feito no perioperatório (não mais que 24h).

83
Q

Como identificar a infecção da área queimada?

A

Evolução da queiamdura de 2° grau para necrose de toda a espessura da pele, surgimento de focos de hemorragia (escuros ou negros) e aparecimento de lesões sépticas na pele íntegra em torno da queimadura (como o ectima gangrenoso da Pseudomonas ou celulite).
*Febre e leucocitose (sem sinais de infecção da lesão) não são confiáveis, pois podem ser pela REMIT.

84
Q

Como dx infecção da área queimada?

A

Após suspeita clínica, o dx deve ser confirmado por bx quantidativa da lesão suspeita para complementar a propedêutica.
*Quando indisponível, a clínica das lesões com leucocitose e curva térmica são suficientes.

85
Q

Como está a incidência das infecções em queimados nos últimos anos?

A

Reduziu as infecções invasivas (principalmente por Pseudomonas - sendo mais comum em crianças e tardiamente), porém com aumento de infecções fúngicas (Cândida é o principal e Aspergillus o mais grave).

86
Q

Como tratar a infecção da área queimada?

A

ATB sistêmico e excisão da área infectada (abordagem cirúrgica agressiva).

87
Q

Qual a consequência intestinal da queimadura?

A

Quanto maior a SCQ, maior a atrofia das células da mucosa intestinal, favorecendo a translocação bacteriana.

88
Q

Quais os principais focos de sepse no queimado?

A

Infecção invasiva da área queimada e pnm.

89
Q

Como reduzir a incidência das complicações infecciosas da queimadura?

A

Monitorização constante da área queimada, ATB perioperatório caso desbridamento, higiene, cabeceira a 30-45°, nutrição enteral precoce (reduz translocação), glicemia entre 140-180.

90
Q

Quais as consequências da lesão pulmonar por inalação?

A

Traqueobronquite e pneumonite químicas.

91
Q

Qual a fisiopatologia da lesão pulmonar por inalação?

A

Aumento do fluxo sanguíneo nas artérias brônquicas -> edema e aumento da linfa pulmonar -> resposta inflamatória local com lesõa pulmonar -> formação de rolhas de fibrina -> obstrução da VA com formação de mecanismo valvular da passagem de ar (fica aprisionado nos alvéolos e favorece o barotrauma da VM - air trapping). Há um intenso broncoespasmo, podendo haver QC e radiológico semelhante à SDRA pelo aumento da permeabilidade capilar alveolar. Pode haver microatelectasia difusa por perda do surfactante. Pode ocorrer broncopnm 2ária

92
Q

Quais os principais agentes etiológicos da pnm na queimadura? Como dx?

A

< 5-7 dias: MRSA.
> 5-7 dias: P. aeruginosa e outros GNs.
Dx: surgimento de nova imagem radiológica (infiltrado, cavitação ou consolidação), sepse e alterações recentes no escarro (purulento) ou cultura positiva.

93
Q

Quais as principais complicações GI das queimaduras?

A

Íleo adinâmico, úlceras de Curling (úlceras no estômago e duodeno - raro com o uso profilático de bloqueadores H2) e a síndrome de Ogilvie (pseudo-obstrução colônica).
Outras: insuficiência hepatocelular (hipoalbuminemia, alteração da coagulação - agravada pela CIVD -, hiper brb), colecistite alitiásica.

94
Q

Qual uma complicação hematológica grave na queimadura de espessura total (3° grau)?

A

A hemólise intravascular intensa, sendo mais comum dentro de 24-48h da lesão, havendo mioglobinúria e perda assustadora da massa eritrocitária (30% ou mais).

95
Q

Qual complicação cutânea não infecciosa pode ocorrer na queimadura? Explique.

A

A úlcera de Marjolin, que é um carcinoma de células escamosas que ocorre na cicatriz da queimadura, ocorrendo muitos anos após o evento (média de 35 anos). Geralmente é agressivo.

96
Q

Qual a peculiaridade das queimaduras elétricas em relação às térmicas?

A

Geralmente acometem tecidos mais profundos que as térmicas. Isso pois a pele apresenta maior resistência à corrente elétrica quando comparada a nervos, vasos e músculos.

97
Q

Como a corrente elétrica circula no corpo na queimadura elétrica?

A

Geralmente entra pelas mãos e caminha por estruturas da baixa resistência no corpo (músculos, nervos e vasos) e deixa o corpo por uma área aterrada (geralmente os pés).

98
Q

Qual a peculiaridade da ectoscopia da queimadura elétrica?

A

Geralmente na área de entrada da corrente há uma lesão grave (3° ou até mesmo 4° grau), porém é apenas a ponta do iceberg, pois a lesão mais grave está nos tecidos abaixo da pele, como de vísceras, músculos e feixes neurovasculares.

99
Q

Como são as queimaduras de acordo com a voltagem?

A

A queimadura elétrica na voltagem doméstica geralmente se limitam à pele e se assemelham às térmicas, não existindo transmissão para tecidos profundos). Porém a grave (> 1000 V) promove lesões devastadores, sendo pior a corrente alternada pois prende a pessoa à fonte de eletricidade.

100
Q

Como deve ser o atendimento inicial à vitima de queimadura elétrica?

A

Após segurança, ABCDE. Lembrar que aqui é mais comum a PCR por FV ou assistolia, devendo-se checar o pulso femoral e carotídeo e iniciar a RCP.

101
Q

Quais cuidados devem ser tomados em relação ao paciente vítima de queimadura elétrica?

A

Monitorização com ECG contínua nas primeiras 24h e pode haver fraturas vertebrais por contração tetânica dos músculos. Devo sempre transferir para centro de queimados.

102
Q

Quais as lesões de maior significado na queimadura elétrica? Explique.

A

As lesões de tecidos profundos, podendo promover edema muscular (agravado pela reposição volêmica), podendo causar sd compartimental (compressão vascular pelo edema e crescimento contra a fáscia muscular). É o paciente bem ressucitado com ausência de pulso arterial em algum membro. Outras: IRA por rabdomiólise.

103
Q

Como tratar a síndrome compartimental da queimadura elétrica?

A

Fasciotomia de urgência.

104
Q

Qual a conduta em caso de rabdomiólise por queimadura elétrica?

A

Hidratação intensa (para diminuir o tempo de contato da mioglobina com o rim, forçando a diurese dele em 1-1,5 ml/kg/h com a fórmula de Parkland até a urina clarear) e alcalinização com bicarbonato.
*ATLS: pode-se usar, também, o manitol.

105
Q

Quando eu usarei bicarbonato na rabdomiólise?

A

Elevação de CPK (ou > 5000), pH < 7,5, bic < 30 e SEM hipocalcemia.

106
Q

Qual a conduta na pele queimada por queimadura elétrica?

A

Desbridar (com repetição após 24h).

107
Q

Qual uma complicação tardia da queimadura elétrica? Por que ocorre?

A

A catarata, ocorrendo em 30% dos casos até 1-2 anos após o acidente.

108
Q

Qual o QC da sd compartimental?

A

Dor desproporcional ao estiramento passivo do membro (a dor é ABSURDA com o estiramento passivo). Pode haver ausência de pulso.

109
Q

Como é a lesão por queimadura química?

A

Diferentemente das outras, ela continua após o contato inicial até neutralização tecidual do químico ou diluição por lavagem mecânica do local. São consideradas de 2° ou 3° grau.

110
Q

Quais os acidentes com queimadura química?

A

Industrial (mais preocupante) e desinfetantes caseiros (mais comum).

111
Q

Qual queimadura química é pior, por ácido ou álcali? Explique.

A

Por álcali, pois tende a provocar uma queimadura mais profunda por conseguir penetrar em planos mais profundos e demorar mais para ser neutralizada.

112
Q

Devo neutralizar a queimadura química?

A

NÃO, pois a reação de neutralização libera calor e pode piorar a lesão.

113
Q

Qual a conduta na queimadura química?

A

LAVAGEM COM ÁGUA MORNA SOB BAIXA PRESSÃO com 15-20L ou por +/- 30 minutos até manter o pH da pele = 7-7,5.
Caso pó seco: remover o pó antes de iniciar a irrigação.
Caso queimadura nos olhos: irrigação por 8 horas.

114
Q

Onde ocorre o dano da lesão por inalação de calor, fumaça ou agentes químicos?

A

O dano persistente geralmente começa na região subglótica e vai até a traqueia, com gradual redução à jusante.

115
Q

Qual o tamanho dos TOTs usados?

A

Ao menos 7.5 em adultos e 4.5 em crianças.

116
Q

Quando será realizada a reposição de fluidos na queimadura?

A

A partir de SCQ de 20% (além disso, deve-se passar uma SNG).

117
Q

Qual o calibre mínimo do AVP?

A

16G.

118
Q

Qual a CD caso AVP não for possível?

A

CVC ou IO.

119
Q

Qual medida deve ser realizada em todas as vítimas de queimadura que estão recebendo fluidos?

A

A colocação de uma SVD para monitorizar o DU.

120
Q

Quais labs devem ser solicitados nas vítimas de queimaduras?

A

HMG, tipagem e provas cruzadas, PGA, eletrólitos, glicemia e teste de gravidez.

121
Q

Qual a CD para queimaduras circunferenciais das extremidades e qual seu objetivo?

A

O objetivo é manter a circulação: remover joias e AV circulação distal.

122
Q

Devo usar água fria no paciente queimado?

A

Não, especialmente caso SCQ > 10% pelo risco de hipotermia.

123
Q

Qual a definição de hipotermia?

A

T° < 36° (< 32° é a hipotermia grave).