Ortopedia Flashcards
Onde ocorre a doença de Legg-Calvé-Perthers (DLCP)?
É o grande representante das doenças epifisárias infantis.
Como é a irrigação do osso?
A diáfise e metáfise são muito bem irrigadas, porém a placa epifisária (entre metáfise e epífise) impede que a circulação metafisária alcance a epífise, fazendo com que a vascularização desta ocorra por pequenas artérias que penetram na cápsula articular.
Quando ocorre a isquemia e necrose da cabeça do fêmur?
Quando há interrupção ou comprometimento das artérias retinaculares do colo do fêmur.
Quais condições promovem a necrose da cabeça do fêmur?
Nas fraturas do colo do fêmur e de forma idiopática, como na DLCP.
O que é a DLCP?
É a necrose avascular idiopática da epífise femoral em crescimento, sendo, caracteristicamente, AUTOLIMITADA.
Qual a etiopagotenia da DLCP?
Acredita-se que ocorra por trombose dos vasos que drenam a cabeça do fêmur propiciada por um trauma leve em uma criança geneticamente predisposta.
Quais as fases evolutivas da DLCP?
Fase precoce (necrose), fase de fragmentação, fase de reossificação e fase de deformação residual.
Quais as características da fase precoce da DLCP?
A isquemia promove morte dos osteócitos, porém com a MESMA densidade radiográfica, porém sem crescimento da região. Como o outor lado continua crescendo, o lado acometido apresenta a cabeça menor e o espaço femoral maior. É ASSINTOMÁTICA!!!
Quais as características da fase de fragmentação da DLCP?
SURGEM OS SINTOMAS. Há ossificação da parte morta, aparecendo HIPERDENSA no rx e o neosso é mais predisposto à alterações morfológicas (na cabeça do fêmur). Por esse osso ser mais frágil, pode surgir uma fratura do osso subcondral no local de maior estresse do corpo, causando DOR e DERRAME SINOVIAL. A criança passa a sentir dor, ter claudicação e deformidade do tipo achatamento caso não for corrigido.
Qual o achado de rx da fase de fragmentação da DLCP?
Imagem hiperdensa (ossificação da região encrosada), imagem em crescente acompanhando a circunferência da cartilagem articular. Aspecto de fragmentação por áreas de reabsorção com deposição.
Quais as características da fase de reossificação da DLCP?
Ocorre após 12-18 meses da fase de fragmentação e dura cerca de 1-3 anos, em que toda a epífise é substituída por um novo osso, porém com a epífise ainda suscetível à deformação.
Quais as características da fase de deformação residual da DLCP?
Caso ausência de tratamento, ocorre a deformidade com incongruência articular, sendo que a subluxação da cabeça femoral é um sinal de mau prognóstico. No adulto, isso levará à uma degeneração da cartilagem articular (osteoartrose do quadril).
Qual a epidemiologia da DLCP?
Meninas 2-12 anos (4:1).
Qual o QC da DLCP?
Instalação subaguda e unilateral (maioria) de claudicação com ou sem dor em região inguinal ou na face anterior da coxa. Pode haver o sinal do obturador (dor referida no joelho em patologias do quadril). Há limitação da abdução e rotação interna do quadril.
Como dx a DLCP?
QC + imagem (RNM e cintilografia são os mais sensíveis).
Quais os achados de imagem da DLCP?
AP e Lauenstein (posição de rã): diminuição epifisária com aumento do espaço articular, hiperdensidade, fratura subcondral (crescente). Pode haver fragmentação e cistos metafisários.
Quais os principais ddx da DLCP?
Anemia falciforme (crises ósseas), hemofilia (hemartrose), sinovite transitória e displasia epifisária múltipla.
Qual o px da DLCP?
É uma doença autolimitada, mas a depender do grau de deformidade articular pode predispor à osteoartrose do quadril.
Qual o principal determinante px da DLCP?
A idade de aparecimento dos sintomas: < 6a apresentam melhor px.
Quando indicar e qual o tto da DLCP?
Indicado em: > 6 anos (> 5 para meninas), reabsorção do pilar lateral e perda da contenção da epífise sobre o acetábulo (extrusão ou subluxação da cabeça do fêmur).
Tto: conservador com imobilização inguinomaleolar bilateral em abdução (1a escolha) ou cirurgia (2a escolha - osteotomia).
O que é a epifisiólise do quadril?
É uma doença da epífise proximal do fêmur em que há um deslizamento da epífise (cabeça) em relação ao colo pelo enfraquecimento da placa epifisária
Qual deformidade ocorre na epifisiólise do quadril?
A cabeça se desloca para baixo e o colo para cima.
Qual a epidemiologia da epifisiólise do quadril?
Meninos pré/adolescentes (raro em < 10 anos).
Qual o QC da epifisiólise do quadril?
Agudo: instalação < 3 semanas, geralmente associado a trauma (queda), com forte dor no quadril, impedindo a deambulação.
Crônico: > 3 semanas, sem trauma associado, com claudicação e dor no quadril (pode haver dor no joelho - sinal do obturador pode ser a única dor).
O paciente mantém o membro afetado em rotação externa.
Como dx a epifisiólise do quadril?
QC + rx (AP e Lauestein).
Qual o achado de raio x da epifisiólise do quadril?
Aumento da espessura da placa epifisária, sinal de Trethowan (traço uma linha na margem superior do colo do fêmur. O normal é essa linha atravessar a cabeça do fêmur. Na epifisiólise não atravessa)
Quais possíveis complicações da epifisiólise do quadril?
Necrose avascular da cabeça do fêmur, condrólise (necrose da cartilagem articular) e incongruência articular (OA precoce).
Qual o tto da epifisiólise do quadril?
Cirurgia, devendo ser imediato.
Comente sobre a sinovite transitória do quadril.
Causa comum de dor e claudicação, epidemio entre 3-8 anos, idiopática mas com 70% havendo relato de infecção viral respiratória dias antes. Não há alteração óssea ou tendinosa, apenas sinovite. Autolimitado em algumas semanas. Tto com repouso, AINEs e limitação de atividades nos próximos dias.
O que é a doença de Osgood-Schlatter?
É uma osteocondrose (epifisite) da tuberosidade da tíbia (semelhante à DLCP), ocorrendo por necrose avascular idiopática.
Qual o QC e rx da doença de Osgood-Schlatter?
QC: dor no joelho, tumoração na tuberosidade da tíbia, evoluindo de forma semelhante à DLCP.
Rx: fratura subcondral, fragmentação e edema.
Qual o tto da doenças de Osgood-Schlatter?
Sempre conservador (repouso relativo, AINEs, crioterapia, etc).
O que significa o termo displasia na ortopedia?
Desenvolvimento anormal de um osso, tornando-se deformado.
O que é a displasia do desenvolvimento do quadril (DDQ)?
É a luxação ou subluxação do quadril (da cabeça do fêmur em relação ao acetábulo).
Como é a apresentação da DDQ?
A maioria das crianças predispostas não nascem luxadas, porém ocorrendo em algum momento nos primeiros 1-2 meses de vida.
Qual a consequência da DDQ?
Promove uma anteversão exagerada do fêmur proximal, hipertrofia da cápsula articular, contratura dos adutores e ileopsoas e alteração acetabular.
Como dx a DDQ dos 0-3 meses?
Manobra de Ortolani (ver se já está luxado = abdução do quadril tracionando a coxa para cima). O clique torna a manobra positiva. Outra forma de ver se já está luxado é a assimetria das pregas cutâneas dos MMII (sinal de Peter Bade), excesso na rotação externa e dificuldade de abduzir o membro afetado.
Se Ortolani negativo, devemos fazer o Barlow (ver se o quadril é luxável): aduzo a coxa e empurro para baixo.
Qual a importância do dx precoce (0-3 meses) da DDQ?
O êxito no tratamento apresenta alta porcentagem de sucesso
Como dx a DDQ dos 3-18 meses?
Limitação da abdução e circundação, encurtamento do quadril, manobra de telescopagem positiva.
Como dx a DDQ após os 12 meses?
Alteração da marcha (claudicante, do tipo gingado de pato), sinal de Trendelenburg (ao ficar de pé no membro inferior afetado o quadril cai para o lado oposto e o tronco se desvia para o lado afetado).
Quais as alterações de rx para diagnosticar a DDQ?
Traço uma reta horizontal entre as cartilagens do acetábulo (comparar as alturas das epífises femorais) e 2 retas perpendiculares à primeira tangenciando o rebordo ósseo lateral do acetábulo. No normal, a metáfise femoral deve estar no quadrante inferior interno. Outra alteração é o ângulo entre a linha horizontal e o teto acetabular (> 30° sugere).
Qual o tto da DDQ?
O objetivo é sempre manter a cabeça do fêmur no acetábulo displásico, estimulando a reconstituição das estruturas.
Comente sobre o pé torto congênito.
Pé varo, com adução e supinação - alteração no processo de formação do pé. Pode ser postural (leve, boa flexibilidade, corrigível com poucas trocas de geesso), verdadeiro (baixa mobilidade, mas ainda com bom px com tto conservador) e teratológico (grande rigidez). O tto é conservador (p) com gesso ou cirúrgico (refratários).
O que é a fratura exposta (FE)?
Solução de continuidade da pele e tecidos moles subjacentes, permitindo a comunicação óssea direta com o meio ambiente.
*Quando uma fx ocorre no mesmo segmento de um membro com ferida, será considerada FE até que se prove o contrário.
Como deve ser a avaliação de uma possível FE?
Após ABCDE, estabilizamos e cobrimos com curativo estéril e avaliamos pulsos periféricos e perfusão e exame neurológico. Após isso é feito o rx. Inicia-se ATB e profilaxia para tétano.
Qual ATB usar de forma profilática na FE?
Cef 1a, podendo associar aminoglicosídeo e alguma penicilina. Manter por 24-72h e iniciar o quanto antes possível.
Qual o tto da FE?
Cirurgia precoce (nas primeiras 6h). A ferida só pode ser explorada em CC após antissepsia e com material estéril. Desbridar o tecido, lavar. Pode deixar aberta a ferida.