Choque Flashcards

1
Q

O que é o choque?

A

Um estado de hipoperfusão orgânica efetiva generalizada (“isquemia” generalizada), fazendo com que as células não recebam O2 suficiente para sua homeostase.

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2
Q

Choque é sinônimo de hipotensão? Explique.

A

Não!!! A hipotensão é uma PAS < 90 mmHg, porém nem todo paciente hipotenso está em choque (pode estar com PA 85x50 sem hipoperfusão orgânica). Além disso, nem todo paciente em choque está hipotenso, podendo haver franca hipoperfusão sistêmica com PA > 90, como em hipertensos e idosos com aterosclerose cerebral.

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3
Q

Quais os tipos de choque e o que é cada tipo?

A

Hipovolêmico: ocorre por redução do volume sanguíneo em relação ao volume vascular total, diminuindo as pressões e volumes de enchimento diastólico ventricular
Cardiogênico: choque por falência de bomba (perda contrátil, estrutural), havendo aumento das pressões e volumes intracardíacos.
Obstrutivo extracardíaco: um fator estrutural extracardíaco dificulta a circulação do sangue, como o tamponamento, pneumotórax hipertensivo e TEP.
Distributivo: ocorre por perda do controle vasomotor e por distúrbio da microcirculação, havendo vasodilatação inapropriada com baixa RVS. Aqui está o choque séptico, neurogênico, sirético e anafilático.

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4
Q

Quais os fatores determinantes da PAM e qual sua importância?

A

PAM = DC x RVS. É importante pois uma PAM adequada é necessária para garantir a perfusão dos órgãos (entre 60-120 mmHg).

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5
Q

O que determina a RVS?

A

Pelo tônus muscular das arteríolas.

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6
Q

Qual a importância das veias na hemodinâmica?

A

A grande maioria do sangue está no sistema venoso, sendo um grande armazenador de sangue. Isso faz com que a venodilatação (ou venoplegia) promova menor chegada de sangue no coração (pois mais sangue está armazenado nas veias) e diminua o DC. Quando contraem, por sua vez, o retorno venoso aumenta.

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7
Q

O que determina o DC?

A

Pela pré-carga, pós-carga, contratilidade miocárdica e a FC. Os 3 primeiros determina o volume sistólico (volume de sangue bombeado a cada batimento). A pré-carga é o retorno venoso ao coração que determina o volume de enchimento diastólico (quanto maior, maior a contratilidade miocárdica pela lei de Frank-Starling e maior o DC). A pós-carga é a dificuldade imposta à ejeção ventricular, determinada pela RVS, impedância da aorta e geometria ventricular. DC = VS x FC.

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8
Q

Como a FC altera o DC?

A

Uma FC muito elevada (> 200 bpm) promove uma grande redução do tempo de enchimento ventricular, diminuindo a pré-carga e, consequentemente, a capacidade contrátil do coração e o VS, despencando o DC apesar da relação com a fórmula. Nas bradiarritmias, o tempo de enchimento aumenta e a pré-carga aumenta, porém a FC está tão baixa que o DC cai (FC < 40 bpm).

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9
Q

Como a hemodinâmica pode ser monitorizada?

A

Através de um cateter de Swan-Ganz.

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10
Q

Como funciona um cateter de Swan-Ganz?

A

É um cateter inserido por uma veia central (VJI ou VSc) até uma das artérias pulmonares. Ele precisa de um lúmen distal para media a pressão da artéria pulmonar (PAP), um proximal para medir a pressão atrial direita (que corresponde à PVC), um balonete na extremidade distal para medir a pressão capilar pulmonar (PCP ou pressão de oclusão da artéria pulmonar - POAP) e um termômetro na extremidade distal para cálculo do DC pelo método da termodiluição. Alguns possuem um 5° ainda com fibra óptica dupla para mensurar a SvO2.

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11
Q

Como é possível identificar o local do cateter de Swan-Ganz?

A

Pelo padrão da PVC que está no monitor enquanto se insere o cateter: a PAP é quando o balão está desinsuflado e a PCP/PAOP é quando está insuflado com 1,5 mL de ar.

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12
Q

O que a PCP e a PVC significam?

A

A PCP significa a pressão de enchimento do VE e a PVC a pressão de enchimento do VD.

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13
Q

Como o cateter de Swan-Ganz determina o DC?

A

Injeto 10 mL de soro frio no lúmen proximal, que chegará no AD e se misturará com o sangue vindo das veias cavas. Ocorre, então, queda na temperatura da ponta do cateter e depois volta a subir, desenhando uma curva no monitor, que é usada para determinar o DC. Quanto maior o DC, mais rápido é o retorno para 37° (curva pequena).

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14
Q

Quais os tipos de choque de acordo com a RVS e o DC?

A

1) Hipodinâmico: baixo DC e alta RVS (vasoconstrição). É o choque hipovolêmico, cardiogênico e obstrutivo.
2) Hiperdinâmico: alto DC e baixa RVS. É o choque distributivo.

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15
Q

O que pode comprometer o DC no choque hipodinâmico?

A

O baixo retorno venoso (hipovolemia), defeito na bomba (cardiogênico) ou uma obstrução

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16
Q

Como a hemodinâmica se altera inicialmente com a queda no DC?

A

A redução no DC promove uma tendência à queda da PAM com consequente hipoperfusão orgânica. No entanto, ocorre, de forma reflexa, a vasoconstrição e aumento da FC e contratilidade (efeito adrenérgico), promovendo aumento da RVS e do DC (aumento da contratilidade, FC e venoconstrição). É a fase compensada do choque hipodinâmico, que pode ou não evoluir para o choque.

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17
Q

Quando ocorre a instalação do choque no hipodinâmico?

A

Quando os mecanismos compensatórios (sistema adrenérgico e SRAA) passam a ser insuficientes e não conseguem mais garantir uma PAM mínima para perfusão dos órgãos e tecidos.

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18
Q

Quais os primeiros órgãos que isquemiam na fase descompensada do choque?

A

Pele, SC, MEE e vísceras. 2° lugar os rins e por último o cérebro e coração.

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19
Q

Como os diferentes tipos de choque hipodinâmico podem ser diferenciados?

A

Através das medidas dadas pelo cateter de Swan-Ganz (PCP/PAOP, PVC e PAP):

1) Hipovolêmico: as pressões de enchimento de ambos os ventrículos estão reduzidas = baixa PVC, PCP e PAP.
2) Cardiogênico: as pressões de enchimento estão elevadas. Se for de VE, a PCP e a PAP diastólica estarão aumentadas. Se for de VD, há aumento da PVC com diminuição (ou valores normais) da PCP e PAP.
3) Obstrutivo: a) Tamponamento: as pressões de enchimento do VE e VD são equalizadas. b) PH: os parâmetros são iguais ao choque hipovolêmico, pois há compressão da veia cava (apesar da TJP). c) TEP: aumento de PVC e PAP com diminuição (ou valores normais) da PCP. Sempre que houver aumento da RVP, haverá aumento da PAP em relação à PCP.

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20
Q

Quais as repercussões hemodinâmicas do choque distributivo?

A

Uma intensa vasodilatação sistêmica comprometendo os leitos arterial e venoso e uma má distribuição do fluxo microvascular.

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21
Q

Quais as consequências microvasculares do choque distributivo?

A

O ambiente microvascular está totalmente “corrompido”. Há uma dilatação inapropriada de vasos arteriovenulares, desviando o sangue dos capilares (microshunts), o que é exacerbado por plugs de neutrófilos/hcs/trombos que obstruem os capilares. Há, ainda, aumento da permeabilidade capilar, promovendo extravasamento de fluidos para o interstício. Ocorre, também, uma venodilatação, reduzindo, com os outros acontecimentos, o retorno venoso ao coração e redução no DC inicialmente no choque séptico (componente hipovolêmico - relativa pelo sequestro venular e absoluta pela perda para o insterstício). Após o reestabelecimento dos fluidos (reposição volêmica), aparece o componente hiperdinâmico do choque séptico, em que há aumento do DC com RVS bem deprimida.

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22
Q

Quais os componentes fisiopatológicos do choque séptico? Explique.

A

Componente hipovolêmico: relativa pelo sequestro venular e absoluta pela perda para o insterstício. Ocorre inicialmente na história natural do choque.
Componente cardiogênico: ocorre por lesão miocárdica por fatores liberados na sepse, havendo disfunção sistólica do VE. Apesar disso, o DC está muito aumentado pela baixa RVS.
Baixa RVS: intensa vasodilatação.

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23
Q

Quais as alterações microvasculares do choque?

A

As mesmas do choque séptico, porém neste são mais precoces: dilatação inapropriada de vasos arteriovenulares, desviando o sangue dos capilares (microshunts), o que é exacerbado por plugs de neutrófilos/hcs/trombos que obstruem os capilares. Há, ainda, aumento da permeabilidade capilar, promovendo extravasamento de fluidos para o interstício.

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24
Q

Como está o metabolismo celular no choque?

A

Há a transição do metabolismo aeróbico (Krebs e fosforilação oxidativa) para o anaeróbio, havendo acúmulo de piruvato (glicólise - na aerobiose produz acetil-CoA para o Krebs) é convertido em lactato e os estoques de ATP das células despencam. O lactato é, então, convertido em glicose no fígado pelo ciclo de Cori (gliconeogênese).

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25
Q

Quais os indícios metabólicos do choque?

A

Elevação do lactato (> 2,5) e diminuição do BE. Aqui, a PAM ainda pode estar normal (pelos mecanismos compensatórios).

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26
Q

O que promove a hipóxia celular?

A

A oferta insuficiente de oxigênio (DO2) e a incapacidade de os tecidos extraírem O2 adequadamente (O2 consumido pelos tecidos - VO2).

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27
Q

O que afeta o DO2?

A

DC, teor de Hb do sangue e SaO2 arterial.

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28
Q

Em quais choques há a redução do DO2?

A

Nos hipodinâmicos.

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29
Q

O que é a taxa de extração de O2?

A

É a quantidade do DO2 que foi usada pelas células (VO2): TEO2 = VO2/DO2 x 100.

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30
Q

Como o DO2 afeta a TEO2 e o VO2 nos choques hipodinâmicos?

A

A medida que o DO2 começa a cair, o VO2 se mantém inalterada pela elevação na TEO2. Porém, em determinado ponto, a DO2 cai tanto que a TEO2 está máxima, havendo queda no VO2 e início do metabolismo anaeróbio - é a dependência fisiológica do DO2. Isso é o que ocorre nos choques hipodinâmicos.

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31
Q

Como o DO2 afeta a TEO2 e o VO2 nos choques hiperdinâmicos?

A

No choque séptico, a capacidade de extração de O2 do sangue pelos tecidos está prejudicada, havendo comprometimento da TEO2, fazendo com que, mesmo com uma DO2 alta (alto DC), a VO2 está comprometida e o paciente está em anaerobiose. O ponto crítico de DO2 é maior que o esperado. É a dependência patológica do DO2. Por isso ocorre hipóxia no choque séptico.

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32
Q

Como está a SvO2 no choque hipodinâmico?

A

Como há queda na DO2 e no DC e aumento da TEO2, há uma redução da SvO2.

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33
Q

Como a SvO2 pode ser aferida?

A

Através de um cateter de Swan-Ganz. Caso este não esteja disponível, pode ser medida pela coleta do sangue venoso da veia cava superior, sendo chamado de SvcO2.

34
Q

Como está a SvO2 no choque hiperdinâmico?

A

Depende do momento da evolução do paciente: inicialmente, pelo componente hipovolêmico inicial do choque séptico, há uma queda na SvO2 por aumento da TEO2. No entanto, uma vez estabelecido o caráter hiperdinâmico do choque (após a reposição volêmica), ocorrem os distúrbios da microcirculação e a TEO2 se reduz, provocando aumento gradual da SvO2 (ou da SvcO2).

35
Q

Como o choque promove lesão celular e quais as consequências disso?

A

As consequências da lesão celular são a irreversibilidade do quadro com evolução para SDMOS. Isso ocorre pelo trauma, hipóxia celular e infecção, que promovem uma RI exacerbada com atração de células inflamatórias que liberam citocinas (principalmente o TNF alfa), promovendo lesão direta nos tecidos. Outra forma de lesão é a por reperfusão. A hipóxia promove a depleção de ATP com formação de hipoxantina. A reperfusão estimula a conversão dessa hipoxantina em xantina com a produção de H2O2, causando lesão direta da célula.

36
Q

Quais as ações do TNF alfa no organismo?

A

Promove leucocitose, estimula a invasão de neutrófilos nos tecidos e aumenta adesão leucocitária no endotélio.

37
Q

Qual o QC do choque hipodinâmico?

A

Fáscies de sofrimento, palidez, sudorese fria e pegajosa (p extremidades), taquicardia e pneia, pulsos radiais finos ou impalpáveis, oligúria e hipotensão arterial (não é obrigatório). Cada causa terá sua própria clínica além das alterações já descritas.

38
Q

Quais os critérios para dx empírico de choque hipodinâmico?

A

Fáscies de sofrimento ou alteração do NC, taquicardia, taquipneia ou PaCO2 < 32 mmHg, BE < 0,5 ou lactato > 4, DU < 0,5 ml/kg/h e hipotensão (PAS < 90) por > 20 minutos. 4 dos 6 devem ser preenchidos.

39
Q

Quais as causas de choque cardiogênico?

A

IAM (p), outras (EI com insuficiência valvar aguda grave, miocardite aguda, etc).

40
Q

Qual a definição de sepse?

A

É uma disfunção orgânica ameaçadora à vida ocasionada por uma resposta descontrolada a um estímulo infeccioso.

41
Q

Como avaliar a gravidade da disfunção orgânica da sepse?

A

Através do SOFA (sequential [sepsis related] organ failure assesment score). A disfunção orgânica é uma mudança aguda no score do SOFA ≥ 2 pontos.

42
Q

Qual score pode ser usado para triar o paciente para sepse?

A

O quick SOFA, que utiliza 3 parâmetros, sendo que 2 ou + indica um paciente que está com infecção e tem maior tendência a evoluir com mau prognóstico. São eles: FR ≥ 22, PAS < 100 e alteração do NC (ECG < 15).

43
Q

Defina infecção, bacteremia, sepse e choque séptico.

A

Infecção: invasão de tecidos normalmente estéreis por microrganismos.
Bacteremia: bactérias na corrente sanguínea ou crescimento de bactérias na hemocultura.
Sepse: já falado. DO está presente quando elevação aguda ≥ 2 no SOFA consequente à infecção.
Choque séptico: paciente em sepse que evolui com lactato ≥ 2 mmol/L e persistência da hipotensão (necessidade de DVA para manter PAM ≥ 65 mmHg) apesar de ressuscitação volêmica adequada.

44
Q

Quais os parâmetros avaliados no SOFA?

A
Disfunção respiratória: PaO2/FiO2.
Hematológica: plaquetas.
Hepática: brb.
Cardiovascular: PAM e necessidade de DVA para manter PAM.
Neurológica: ECG.
Renal: DU e Cr.
45
Q

Qual o QC da sepse?

A

É muito variável e envolve diversas combinações de: sintomas do foco infeccioso, hipotensão arterial (PAS < 90 ou PAM < 70), T° > 38,3 ou < 36, FC > 90, taquipneia (FR > 20), alteração do estado mental, íleo adinâmico e TEC prolongado, cianose ou livedo.

46
Q

Quais os achados de mau prognóstico na sepse?

A

Hipotermia (< 36°) e leucopenia (< 4000).

47
Q

Qual a fisiopatogenia do choque anafilático?

A

Choque hiperdinâmico mediado por IgE ocorrendo por grande degranulação de mastócitos (histamina e outros) como uma reação de hipersensibilidade tipo I (imediata).

48
Q

Qual o QC do choque anafilático?

A

O quadro é variável, podendo envolver dor abdominal, vômitos, prurido, lesões cutâneas do tipo urticária, angioedema da face, edema de glote, broncoespasmo e choque.

49
Q

Como tratar o choque anafilático?

A

Pode ser revertido prontamente com o uso de adrenalina (IM no vasto lateral da coxa 0,3 mg para adultos e 0,15 para crianças < 50 kg) repetindo 1 ou 2 doses. Se não responder, adrenalina EV 2-10 mcg/min em infusão contínua. Pode-se usar, ainda, anti-histamínicos H1 ou H2 (resolvem mais rápido a urticária, porém sem efeito no choque ou hipotensão). Deve-se usar GC para atenuar reações tardias (metilpred e pred).

50
Q

Comente sobre o choque neurogênico.

A

Hiperdinâmico, geralmente desencadeado por TCE grave ou TRM, em que todo o fluxo simpático é interrompido é há, de forma brusca, intensa vasoplegia arterial e venosa, reduzindo o DC. Além disso, há queda na FC por perda do tônus simpático e prevalência do parasimpático. O QC é um paciente chocado, extremidades quentes e FC baixa (tendendo à bradicardia). O tto é com volume e DVA (nora ou fenilefrina).

51
Q

O que é a SDMOS?

A

É a presença de 3 ou mais comprometimentos orgânicos.

52
Q

Quando ocorre a disfunção do cérebro no choque?

A

Apenas em PAM < 50-55, pois o cérebro, por ser um órgão nobre, apresenta uma grande capacidade de autorregulação de seu fluxo. No entanto, em pacientes idosos e com doenças vasculares cerebrais prévias, a disfunção cerebral pode ocorrer antes. Na sepse, alguns mediadores liberados podem promover a encefalopatia séptica, inibindo diretamente a função neuronal.

53
Q

Como ocorre a disfunção miocárdica no choque?

A

Assim como o cérebro, possui um mecanismo de autorregulação para proteger contra a disfunção. A resposta cardíaca ao choque é a taquicardia, aumento da contratilidade e arritmogênese. No entanto, algumas citocinas pró-inflamatórias (principalmente o TNF-alfa), promovem depressão miocárdica direta.

54
Q

Qual a resposta dos pulmões ao choque?

A

Taquipneia e hiperpneia. Algumas substâncias da sepse podem estimular diretamente o centro respiratório e promover alcalose respiratória.

55
Q

Quais as formas de disfunção pulmonar no choque e como ocorrem?

A

A SDRA (ou SARA) é a mais temida, ocorrendo pelo acúmulo de neutrófilos aderidos ao endotélio alveolar, que liberam substâncias oxidativas e proteolíticas, produzindo grave lesão alveolar com formação de membrana hialina no alvéolo, edema alveolar por aumento da permeabilidade capilar e perda do surfactante por lesão de pnm II (ocorrem múltiplas atelectasias por isso). O resultado é um grave distúrbio das trocas gasosas, promovendo hipoxemia refratária e necessidade de VM com altos níveis de PEEP.

56
Q

Como ocorre a disfunção renal no choque?

A

A redução na PAM < 70 faz com que os mecanismos de autorregulação renal não sejam mais capazes de manter o fluxo sanguíneo renal adequado, promovendo isquemia renal e IRA pré-renal, ainda responsível a volume. Se esta se manter por tempo prolongado (principalmente na sepse), se instala a NTA, com lesão tubular e irresponsividade a volume. Com a correção do distúrbio primário, há o retorno da função renal em 7-21 dias. Casos graves podem evoluir para NCA com irreversibilidade do quadro e DRC.

57
Q

Como ocorre a disfunção do TGI no choque?

A

As vísceras abdominais estão entre os órgãos mais acometidos por hipoperfusão no choque, sendo os primeiros a sofrerem com vasoconstrição adrenérgica. Isso promove vários fenômenos, como gastrite isquêmica, lesão aguda da mucosa gástrica (importante causa de HDA), colecistite acalculosa, pancreatite, íleo metabólico, isquemia mesentérica aguda e colite isquêmica (hematoquezia). Isso permite maior translocação de toxinas do TGI para o sangue, aumentando a chance de SDMOS.

58
Q

Como ocorre a disfunção hepática no choque?

A

Ocorre por hepatite isquêmica, havendo aumento de aminotransferases, FA e brb e havendo disfunção hepática (hipoalbuminemia e alargamento do TAP). O histopatológico mostra extensa lesão centrolobular. Geralmente a lesão é leve e reversível.

59
Q

Como ocorre a disfunção hematológica no choque?

A

Há um estímulo para a produção e liberação de leucócitos na MO (leucocitose e desvio à esquerda, especialmente na sepse). Porém, em fases avançadas, pode haver um esgotamento hematológico, ocorrendo pancitopenia (insuficiência medular). Pode haver, ainda, a CIVD (principalmente em sepse e complicações obstétricas), o que agrava a perfusão tecidual. Sobrevém, então, as manifestações de sangramento por consumo dos fatores de coagulação e plaquetas.

60
Q

Quais as medidas iniciais na abordagem do paciente chocado?

A

MOV (monitorização, oxigênio e veia com jelco 16 ou 18). Deve-se coletar o sangue para tipagem e outros exames (marcadores de necrose miocárdica, PGA, PCRQ, lactato, HMG, etc). Se insuficiência respiratória (esforço, respiração agônica, redução NC), IOT + VM visando manter SaO2 > 92%.

61
Q

Qual cuidado com a VM deve ser tomado no paciente com instabilidade hemodinâmica?

A

Uma pressão positiva muito elevada no ventilador reduz o retorno venoso ao coração (por aumentar a pressão intra-torácica), podendo piorar o quadro de instabilidade hemodinâmica. Por isso, esses pacientes não podem ser submetidos a uma PEEP > 10 cm H2O.

62
Q

Qual o primeiro passo no tratamento do choque propriamente dito?

A

A reposição volêmica (exceto se o paciente estiver congesto ou sabidamente hipervolêmico), devendo ser passada uma SVD (cateter de Foley) para monitorização do DU.

63
Q

Quando as aminas vasoativas (DVA) estão indicadas no choque?

A

Em todos os casos de choque refratário à reposição volêmica (PAS < 80 ou PAM invasiva < 65-70).

64
Q

Como atuam as DVA?

A

Promovem vasoconstrição, aumentando a RVS e, consequentemente, a PAM, melhorando a perfusão de órgãos nobres (cérebro e coração) e, eventualmente, os rins.

65
Q

Quais as aminas usadas no choque?

A

Vasoativas: nora, adrena (raro) e dopamina. São, também, inotrópicas.
Inotrópicas não vasopressoras: dobutamina.

66
Q

Quais os efeitos e as doses da dopamina no choque?

A

Em doses baixas (3-5 mcg/kg/min), promove vasodilatação esplâncnica e renal, sem evidência de benefício no prognóstico do choque e na incidência de IRA. Em doses altas (5-10 mcg/kg/min), possui efeito crono (p) e inotrópicos, sendo bastante arritmogênica. As verdadeiras doses vasoconstritoras são > 10 mcg/kg/min, estimulando os receptores alfa dos vasos e promovendo vasoconstrição arteriolar e venoconstrição.

67
Q

Quais os efeitos e as doses da noradrenalina no choque?

A

Possui potente efeito alfa vascular, promovendo vasoconstrição arteriolar e venoconstrição. Possui menos efeitos sobre o coração. É a de escolha para manter PA e perfusão tecidual no choque séptico. Apesar de aumentar RVS, não reduz o DC e não aumenta FC.
*NÃO deve ser usada em choque hipovolêmico pela maior incidência de isquemia renal.

68
Q

Quais os efeitos e as doses da adrenalina no choque?

A

É a catecolamina com efeito inotrópico e vasopressor mais potente, sendo usada em choque cardiogênico e séptico refratário a outras aminas. O principal problema dela é o alto potencial arritmogênico.
*Pacientes que necessitam dela já apresentam um prognóstico péssimo.

69
Q

Quais os efeitos e as doses da dobutamina no choque?

A

Grande potência inotrópica (mais que o efeito cronotrópico) e leve efeito vasodilatador arteriolar. Reduz as pressões de enchimento, pois melhora contratilidade e reduz pós-carga (vasodilatação arteriolar) e otimiza pré-carga (venoconstrição). Além disso, aumenta perfusão miocárdica, compensando o aumento do consumo de O2 (a dopamina aumenta consumo de O2 sem aumentar o fornecimento). É menos arritmogênica que a dopa e adrena. A principal indicação é no choque cardiogênico quando a PAM se encontrar > 70 ou PAS > 90 (não pode ser feita abaixo disso de PAM pelo seu efeito vasodilatador arteriolar).

70
Q

Quais as principais causas de choque hemorrágico?

A

Politrauma e hemorragia digestiva.

71
Q

Qual a conduta para cada classe de choque hemorrágico?

A

Classe I: sem necessidade de reposição volêmica (os mecanismos compensatórios reestabelecem a volemia em 24h).
Classe II: já há taquicardia, taquipneia e diminuição da PP. A reposição volêmica é com cristaloide. Há a dificuldade de diferenciar as alterações da dor e ansiedade em relação às da perda volêmica.
Classe III: cristaloide e necessidade de sangue.
Classe IV: cristaloide + hemoderivados + cx imediata.

72
Q

Quando é preferível o sangue total em relação ao CH?

A

Quando a transfusão será maciça, visando evitar a coagulopatia dilucional.

73
Q

Quais as possíveis complicações das vítimas de trauma que receberam grande quantidade de volume?

A

Hipotermia e coagulopatia (dilucional). Pode, ainda, ocorrer a síndrome compartimental abdominal.

74
Q

Quais as condutas particulares do choque cardiogênico?

A

Deve haver monitorização invasiva (Swan-Ganz), visando repor volume, inotrópicos e vasopressores adequadamente. Devo repor volume objetivando PCP > 20 para, então, iniciar vasopressores e inotrópicos positivos, visando PAS > 90 (garante perfusão tecidual adequada) com o uso de nora. O inotrópico é a dobuta. Outras medidas: balão intra-aórtico de contrapulsação, ECMO, angioplastia primária.

75
Q

Qual a importância do lactato no choque?

A

É um marcador de gravidade e mortalidade no choque. Sua redução está associada a uma melhora clínica durante o tratamento.

76
Q

Qual o uso do bicarbonato na acidose lática?

A

Apesar de a acidose ter um efeito inotrópico negativo e vasoplégico, isso só ocorre quando pH < 6,8, fazendo com que o uso do bicarbonato não deva ser feito de forma rotineira no choque com acidose lática. Pode haver, ainda, a acidose paradoxal do bicarbonato de sódio, em que o bic se liga ao H+ e é convertido em CO2, entrando na célula e piorando a acidose intracelular. Seu uso é indicado em acidose lática com pH < 7-7,1.

77
Q

Como deve ser feita a abordagem inicial da sepse e choque séptico?

A

Cristaloide 30 ml/kg nas primeiras 3h e repetir enquanto melhorarem os parâmetros hemodinâmicos. Caso PAM < 65 apesar da reposição volêmica, usar DVA (dx de choque séptico), sendo a nora a droga de escolha (0,01 mcg/kg/min). Se disfunção miocárdica (pressões de enchimento elevadas ou baixo DC), usar dobuta (ou em situações de hipoperfusão mesmo com volume e PAM adequada). Além disso, deve-se coletar 2 HMC (se esta não for atrasar em > 45 min o início dos ATBs) e iniciar ATB empiricamente em até 1h do reconhecimento do choque séptico.

78
Q

Qual o uso dos GC no choque séptico?

A

Deve ser usado no paciente que se mantém hipotenso (PAM < 65 ou PAS < 90) apesar da ressuscitação e DVA, usando-se hidrocortisona 200-300 mg/dia EV por 7d ou até a DVA não ser mais necessária.

79
Q

Qual a melhor forma de monitorizar o paciente em choque?

A

Através da PA.

80
Q

Quais os objetivos do tto do choque?

A

Normalização do lactato, BE, pH e controle de hemorragia se presente.