REMIT Flashcards
Como a REMIT afeta a homeostase do indivíduo?
Em traumas mais leves, a REMIT tende a restaurar a homeostase metabólica e imunológica prontamente, reestabelecendo o fluxo sanguíneo aos órgãos. Porém, em lesões graves, como politraumatizados ou grandes queimados, a REMIT é tão intensa que se perdem os mecanismos reguladores dela no organismo, impedindo a recuperação celular e de órgãos e podendo levar o hospedeiro ao óbito caso não sejam controladas.
O que o organismo tenta oferecer em resposta a um trauma?
Com o objetivo de luta ou fuga, o organismo tenta oferecer glicose, oxigênio e água, que determinam a REMIT.
Como é o metabolismo na REMIT?
O metabolismo é INTERMEDIÁRIO: a INSULINA inicia o ANABOLISMO (antes do trauma, pós-prandial, glicogênese e lipogênese). Após o sofrimento do trauma, ocorre o metabolismo CATABÓLICO pelos hormônios CONTRAINSULÍNICOS (glucagon e catecolaminas), a fim de fornecer GLICOSE, determinando a glicogenólise (glicogênio é consumido em 12-24h), gliconeogênese, lipólise (fornece AG para energia e glicerol para gliconeogênese hepática). No trauma, ocorre também a proteólise, podendo ser tão intensa que a pessoa pode morrer por isso.
Como é o armazenamento de energia antes de ocorrer o trauma (pós-prandial)?
Há aumento da glicemia, com maior liberação de insulina pelo pâncreas, que promove influxo de glicose para a célula (ainda não é anabolismo). O anabolismo ocorre quando sobra glicose, em que a insulina INICIA o ANABOLISMO.
Como é a liberação de cortisol na cirurgia eletiva e qual a função desse hormônio no trauma?
Já na incisão cirúrgica há o estímulo hipotalâmico para a liberação de CRH, estimulando o ACTH, que estimula, por sua vez, o cortisol. O cortisol tem a função de: 1. Efeito generalizado sobre o catabolismo tecidual, promovendo proteólise e 2. Lipólise.
Qual a função das catecolaminas no trauma?
Preservar a perfusão sanguínea (salvaguardar o organismo de perdas volêmicas). Isso através da vasoconstrição, estímulo à glicogenólise, gliconeogênese e lipólise. Além disso, as catecolaminas (associadas aos opioides endógenos) promovem a atonia intestinal pós-operatória. Para sua ação adequada, é necessária a presença dos GCs.
Como o ADH é liberado no trauma e quais seus efeitos?
É liberado pela alteração na osmolaridade, perda volêmica, ato anestésico e outros estímulos, atuando na retenção de água e promovendo queda no DU apesar de hidratação adequada no pós-op (oligúria funcional - < 30 ml/h). Em 2-4 dias, a diurese normal é reiniciada. Além disso, o ADH, juntamente com a hipovolemia, determina isquemia esplâncnica (ADH faz vasoconstrição esplâncnica), havendo a reperfusão após reposição volêmica, aumentando os radicais livres e facilitando a translocação bacteriana.
Quais os efeitos da aldosterona no trauma? Como é liberada?
É liberada pelo SRAA pela perda volêmica e pelo aumento de K+ no plasma (lesão tecidual), determinando vasoconstrição e retenção de Na+ pela troca com K+ e H+.
Como está o pH no pós-operatório? Explique.
Ocorre a condição de alcalose mista do pós-operatório, em que diversos fatores contribuem para promover uma alcalose, como a drenagem nasogástrica, estímulo da aldosterona, hiperventilação anestésica e aumento da FR pela dor.
Como está o balanço nitrogenado no trauma? Explique.
O balanço nitrogenado é a relação entre a produção e a degradação (proteólise) de proteínas, sendo que, no trauma, como há proteólise para mobilização de AA (alanina e glutamina) para gliconeogênese, o nitrogênio é eliminado na urina e diz-se que o balanço nitrogenado é negativo.
O que ocorre com os estoques de energia quando a pessoa sofre o trauma?
Age de forma “análoga” ao jejum: a glicemia começa a cair (pois está sendo consumida), inibindo a liberação de insulina (A INSULINA CAI) pelo pâncreas e liberação de hormônios contrainsulínicos (CORTISOL, glucagon e catecolaminas).
Como ocorre o catabolismo no trauma?
A destruição do estoque ocorre de 2 formas: glicogenólise (forma mais rápida) + gliconeogênese (forma um pouco mais lenta - lipólise + proteólise + LACTATO).
Por quanto tempo a glicogenólise mantém a glicemia estável?
Por 12-24h, porém quanto maior o trauma, mais rápido os estoques de glicogênio são consumidos, podendo diminuir esse tempo.
No trauma, qual a situação com maior capacidade de aumentar o catabolismo?
A queimadura (o catabolismo é tão intenso que os estoques de glicogênio são consumidos em minutos a hora).
Quais os derivados do catabolismo são importantes na gliconeogênese do trauma?
Aminoácidos glutamina e alanina (proteólise) e glicerol e ácidos graxos (lipólise) e o LACTATO.
Qual molécula é um marcador de repsposta ao trauma?
A PCRQ.
Quais medidas podem ser feitas para atenuar a resposta endócrina e imunológica ao trauma na cirurgia?
Laparoscópica (pode vídeo a ferida cirúrgica é menor, sendo infiltrada por menos leucócitos e liberando menos mediadores pró-inflamatórios) e a anestesia peridural (impedem a propagação adequada para o hipotálamo, determinando menor liberação de GC, lipólise e aldosterona).
Quais as fases da resposta metabólica ao trauma ou no pós-op?
Fase adrenérgica-corticoide, fase anabólica precoce e fase anabólica tardia.
O que ocorre na fase adrenérgica-corticoide?
É o período inicial após o procedimento, sendo que as alterações pelas catecolaminas e cortisol são as mais intensas, havendo máxima liberação de mediadores pró-inflamatórios, gliconeogênese, balanço de nitrogênio negativo e ativação do sistema imune. O resultado é o grande metabolismo catabólico que pode determinar perdas proteicas exageradas, especialmente em traumas de grande porte (queimaduras, politrauma, etc). Dura 6-8d em cx eletiva não complicada, porém quando complicada ou trauma acidental, pode durar SEMANAS.
Por que é importante conhecer a duração da fase adrenérgico-corticoide do trauma?
Pois nessa fase o paciente necessita de um adequado aporte nutricional a fim de evitar a desnutrição proteica, pois esse paciente está em INTENSO CATABOLISMO PROTEICO!!!
Explique as fases anabólicas precoce e tardia do trauma.
Precoce: é o declínio na excreção de nitrogênio (balanço tendendo ao equilíbrio) e começa a ter ação anaólica do IGF-1. Há diminuição do ADH com diurese da água retida. Há desejo de se realimentar pelo paciente (diminuição do TNF-alfa).
Tardia: ganho ponderal mais lento, principalmente por tecido adiposo.
Quando são mais comuns os efeitos deletérios da REMIT?
Em traumas graves ao organismo, como politrauma, queimaduras e outras situações, como sepse, hemorragias, pancreatite necrosante, etc. A REMIT é mais intensa e exacerbada quanto maior for a extensão da lesão.
Quais os efeitos deletérios dessa REMIT exacerbada?
A proteólise é mais acelerada, o catabolismo é mais intenso e perpetuado. A proteólise descontrolada promove comprometimento do diafragma, prejudicando a dinâmica respiratória, e há prejuízo na cicatrização de feridas. Há, também, a persistência da lipólise com possibilidade de formação de microêmbolos de gordura (agravado pela imobilidade do paciente e decúbito dorsal). Há, ainda, vasoconstrição mantida pelo tônus adrenérgico, podendo determinar hipóxia e má perfusão celular, podendo ocorrer distúrbios de coagulação e fenômenos trombóticos.
Quais eventos ocorrem inicialmente após um trauma de grande intensidade?
Ocorre a fase de baixo fluxo seguida por refluxo. O baixo fluxo ocorre pelo aumento da RVP com diminuição do DC determinado, principalmente, pela perda volêmica. Aqui, apesar dos níveis altos de hormônios contrainsulínicos, há um hipometabolismo e queda na temperatura central. No entanto, após o reestabelecimento da volemia com volume (refluxo), inicia-se a fase de refluxo com hipermetabolismo e febre pós-traumática (intensa liberação de citocinas, principalmente IL-1).