Tetraciclinas e glicilciclinas Flashcards
Espectro de ação tetraciclinas:
São antibióticos de amplo espectro com atividade contra:
✓ Gram + e Gram – ✓ Anaeróbios ✓ Ureaplasma ✓ Mycoplasma pneumoniae ✓ Micobactérias ✓ Espiroquetas (Borrelia, Leptospiras, Treponemas) ✓ E. hystolytica e Plasmodium spp. ✓ Vibrio cholerae
INTRACELULARES: ✓ Rickettsia ✓ Coxiella burnetti ✓ Chlamydia spp. ✓ Legionella spp.
tetraciclinas tem ação limitada contra :
Ação limitada contra Entamoeba histolytica e plasmódios.
Mecanismo de Ação tetraciclinas:
▪ Inibem a síntese de proteínas bacterianas através de sua ligação com o ribossomo 30S da bactéria, impedindo a replicação da bactéria – AÇÃO BACTERIOSTÁTICA.
▪ O transporte de tetraciclinas para dentro da célula bacteriana pode ser feito por difusão passiva e/ou bombeamento ativo. Ao ligar-se à subunidade 30S do ribossomo bacteriano, esse antibiótico impede a fixação do tRNA, bloqueando a ligação de um novo aminoácido à cadeia polipeptídica nascente.
▪ Em concentrações elevadas, as tetraciclinas podem ter efeito BACTERICIDA. Então por que não usar em altas doses?
Causa maior toxicidade para células humanas. Pode inibir a síntese proteica de células eucarióticas, o que, em concentrações normais do fármaco, é dificultado pela ausência do sistema de transporte ativo para dentro da célula e pela pouca afinidade das tetraciclinas pelos ligantes em ribossomos eucarióticos.
ATENÇÃO! Há penetração da droga nas células humanas até mesmo em doses terapêuticas
✓ Toxicidade hepática
✓ Toxicidade renal
✓ Impregnação em tecidos calcários em formação
Mecanismo de Resistência tetraciclinas:
1) Diminuição da permeabilidade ao antimicrobiano
2) Bomba de Efluxo
3) Inativação do Antimicrobiano
4) Alteração do Alvo: O ribossomo é protegido pela ligação de uma proteína produzida pela bactéria, que diminui a afinidade da subunidade 30S pelo antibiótico.
Absorção tetraciclinas:
VO, IV e tópica. A absorção das tetraciclinas por VO é variável, sendo maior quanto mais novo é o fármaco:
- Tetraciclina: 60-80%
- Doxiciclina: 90%
- Minociclina: 100%
OBS: Administração com cátions di e trivalentes (alumínio, cálcio, magnésio), leite, salicilatos e colestiramina pode diminuir a biodisponibilidade de todas as tetraciclinas.
Distribuição tetraciclinas:
o Atingem boas concentrações em ugado, pulmão, saliva, leite, pele, humor vítreo, entre outros
o Atravessam a barreira placentária: malformações no feto.
o Não ultrapassam barreira hematoencefálica
o Ligam-se às áreas calcáreas em formação (unhas, ossos, dentes) e células tumorais.
o A minociclina e a doxiciclina (2ª geração) alcançam altos níveis na bile, secreções brônquicas, seios da face, próstata e aparelho reprodutor feminino.
Eliminação tetraciclinas:
o Tetraciclina: 60% por via renal e 40% por via hepática.
Ajuste de dose na insuficiência renal E na insuficiência hepática
o Minociclina: 90% por via hepática.
Ajuste de dose na insuficiência hepática
o Doxiciclina: excreção por secreção de mucosa intestinal
Classificação tetraciclinas:
▪ As tetraciclinas não apresentam diferenças consideráveis em relação ao espectro e uso clínico. As principais diferenças são farmacocinéticas, quanto a sua absorção oral e à via de eliminação:
o 1ª Geração - Tetraciclina, Oxitetraciclina, Demeclociclina: Apresentam 60-80% de absorção oral e eliminação predominantemente por via renal, mas também pela bile;
o 2ª Geração – Doxiciclina, Minociclina: Apresentam 90 e 100% de absorção por via oral, respectivamente. E quanto a eliminação, a doxiciclina é eliminada por secreção a partir do epitélio intestinal, sendo segura em hepatopatas e nefropatas, e a minociclina é excretada predominantemente pela bile
Efeitos Adversos tetraciclinas:
► Efeitos Adversos
o Hipersensibilidade;
o Intolerância gastrintestinal (principalmente na administração oral): náuseas, vômitos, desconforto abdominal;
o Superinfecções: Como as tetraciclinas são antibióticos de amplo espectro, são administradas por via oral muitas vezes com absorção incompleta, e são eliminadas na bile algumas vezes na forma ativa, congregam todas as condições para exibir ação na flora gastrintestinal, provocando alterações com proliferação de microorganismos resistentes e aumentando a translocação destes para a circulação sistêmica: Candida sp., enterococos, Proteus, Pseudomonas e, algumas vezes, Clostridium difficile (causando colite pseudomembranosa);
o Toxicidade Hepática: Oxitetraciclina e tetraciclina são as mais hepatotóxicas. A doxiciclina é a mais segura em hepatopatas;
o Toxicidade Renal: A doxiciclina é a mais segura no tratamento de pacientes com comprometimento renal, por ser a menos nefrotóxica;
o Toxidade Hematológica: Pode causar leucocitose e púrpura;
o Reações Vestibulares (vertigem, náuseas, vômitos, tontura) com doses > 100mg com doxiciclina e 200-400mg de minociclina, 35-70% dos pacientes apresentam esta reação.
o Impregnação Dentária: causando malformações (hipoplasia dentária) e manchas amarronzadas;
o Fotossensibilidade;
o Toxicidade Fetal: sendo contraindicada em gestantes e em crianças até 8 anos.
Interações Medicamentosas tetraciclinas:
o Diuréticos potencializam o efeito nefrotóxico;
o Quelação por íons divalentes e trivalentes diminuem a biodisponibilidade;
o Potencializam efeitos dos antidiabéticos orais (sulfoniluréias) e anticoagulantes orais (warfarina), por inibir seu metabolismo hepático e, no caso dos anticoagulantes, por destruírem a flora intestinal e por consequência, a absorção de vitamina K.
o Diminuem o efeito dos anticoncepcionais orais, por estimular seu metabolismo.
Usos Clínicos tetraciclinas em IST:
▪ Infecções Sexualmente Transmissíveis
o Linfogranuloma Venéreo (Chlamydia trachomatis)
- Úlcera genital com adenopatia inguinal
o Tracoma (Chlamydia trachomatis) - Trata-se de uma ceratoconjuntivite cuja primeira escolha para o tratamento é a azitromicina, tendo como alternativa as tetraciclinas - Tetraciclina OU doxiciclina
o Uretrites e prostatites venéreas não gonocócicas (por clamídia) - Doxiciclina 100 mg, 2x dia, 7 dias
o Cancróide
o Donovanose (Klebisiela granulomatis) - Doxiciclina
o Doença Inflamatória Pélvica
- Cobrir: Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis, pp., além de anaeróbios facultativos que compõe a flora vaginal (Gardnerella vaginalis, GN e estreptococos). - Ceftriaxona + Doxiciclina + Metronidazol
Usos Clínicos tetraciclinas em NÃO IST: tetraciclinas:
▪ Febre Maculosa (Rickettsia ricketsii)
- Transmissão por carrapatos
- Doxiciclina é a primeira escolha. Deve ser usada à menor suspeita, inclusive por crianças.
▪ Doença de Lyme (Borrelia burgdorferi)
- Transmitida por carrapatos.
- Eritema migratório, artrites e sintomas gerais que confundem com gripe.
- Primeira escolha:
Doxiciclina 100mg 12/12hr por pelo menos 30 dias
▪ Febre Q (Coxiella burnetii)
- Transmitida pelo contato com animais de fazenda.
- Doença febril com envolvimento pulmonar. Se crônica, pode causar endocardite ou hepatite.
- TTO de escolha: Doxiciclina
▪ Cólera
- Doxiciclina dose única 300mg
▪ Acne;
- Ação sobre as Propionibacterium acnes do folículo sebáceo
▪ Pneumonia
- Ação sobre germes atípicos (Mycoplasma pneumoniae, Chlamydia pneumoniae e Legionella pneumophila)
- Tratamento de escolha da psitacose (doença pulmonar associada a contato com aves) com doxiciclina
Principais considerações glicilciclinas:
▪ Derivada de modificações químicas da minociclina
▪ Representante único: TIGECICLINA
▪ Alto custo!
▪ Mesmo mecanismo de ação das tetraciclinas: inibição da subunidade 30S do ribossomo bacteriano
Espectro de Ação glicilciclinas:
▪ Tem ação sobre as bactérias resistentes às tetraciclinas por ser eficaz sobre os mecanismos de resistência às tetraciclinas: bombas de efluxo e proteínas de proteção ribossomal.
▪ Amplo espectro:
o Aeróbios e Anaeróbios Gram + e Gram
o Destaques:
- Staphylococcus aureus resistente a meticilina (MRSA)
- Enterococos resistentes à vancomicina (VRE)
- Pneumococo resistente à penicilina
- Klebisiella resistente aos carbapenêmicos (KPC)
- Enterobactérias, incluindo enterobactérias produtoras de betalactamases de espectro estendido (ESBL) e enterobactérias resistentes aos carbapenêmicos (ERC)
o Mantém atividade contra patógenos atípicos (Clamydia, Mycoplasma e Ureaplasma)
o NÃO tem atividade contra Pseudomonas aeruginosa
Usos Clínicos glicilciclinas:
► Usos Clínicos
▪ Basicamente utilizada para infecções multirresistentes
▪ Infecções de pele e partes moles complicadas: Celulites estafilocócicas, feridas infectadas extensas, escaras
▪ Infecções intra-abdominais complicadas: Abscessos, apendicite, peritonite