ITU Flashcards

1
Q

O que é ITU BAIXA?

A

Infecções da bexiga (cistite),
da uretra (uretrite), da próstata (prostatite)
e do epidídimo (epididimite), ou seja, o trato
urinário abaixo dos ureteres… Apesar de “cistite”
significar, a rigor, inflamação da bexiga,
normalmente utilizamos esse termo para definir
um diagnóstico sindrômico, rotulando todos os
indivíduos que desenvolvem sintomas típicos
de disúria e polaciúria.

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2
Q

O que é ITU ALTA?

A

A ITU alta é a infecção do parênquima renal,

denominada pielonefrite aguda.

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3
Q

O que é cistite?

A

ITU BAIXA: Infecção geralmente superficial na mucosa da bexiga, causada na maior parte das
vezes por enterobactérias. Suas principais manifestações são disúria e polaciúria.

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4
Q

O que é uretrite?

A

ITU BAIXA: Infecção da uretra, com frequência causada por germes sexualmente transmissíveis.
No homem, o quadro clássico é de corrimento uretral associado ou não à
disúria, enquanto na mulher os sintomas são exatamente os mesmos da cistite.

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5
Q

O que é prostatite e epididimite?

A

ITU BAIXA: Infecção da próstata e do epidídimo. Os agentes infecciosos provêm do refluxo de
urina pelos ductos prostáticos e ejaculatórios, respectivamente. Tanto a prostatite
aguda quanto a crônica podem apresentar sintomas parecidos com os da cistite.
Já a epididimite frequentemente se acompanha de orquite (epididimorquite).

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6
Q

O que é pielonefrite aguda?

A

ITU ALTA: Inflamação do parênquima renal causada por agentes infecciosos. É uma forma
de nefrite intersticial aguda caracterizada pela invasão tecidual de leucócitos
polimorfonucleares, geralmente unilateral.

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7
Q

O que é pielonefrite crônica?

A

ITU ALTA: Processo crônico – nefrite intersticial crônica – associado à fibrose e à atrofia
do parênquima, comumente, mas nem sempre relacionado à infecção. A ITU
alta de repetição associada ao refluxo vesicureteral é uma causa comum de
pielonefrite crônica.

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8
Q

O que é infecção do trato urinário?

A

Colonização, geralmente por bactérias, com invasão tecidual, em qualquer parte do trato urinário. Engloba as bacteriúrias assintomáticas, cistites e pielonefrites.

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9
Q

Fatores de risco para cistite:

A

Relação sexual, diafragma com espermicida, ITU recente, pós menopausa, DM (pós-menopausa), incontinência urinária (pós menopausa)

NO HOMEM: alterações antomo-funcionais, ex. HPB, não circuncisão

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10
Q

Fatores de risco para pielonefrite:

A

Relação sexual (frequentemente com novos parceiros) diafragma com espermicida, ITU recente, pós menopausa, DM, incontinência urinária, mãe com ITU

NO HOMEM: alterações antomo-funcionais, ex. HPB, não circuncisão

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11
Q

Fatores de risco para ITU recorrente

A

Relação sexual, espermicida, mudança de parceiro, ITU antes dos 15 anos, mãe com ITU, ITU na pré menopausa, , alterações de esvaziamento da bexiga

NO HOMEM: alterações antomo-funcionais, ex. HPB, não circuncisão

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12
Q

Fisiopatologia ITU:

A

Existem quatro possíveis vias para o agente infeccioso
atingir o trato urinário: (a) via ascendente;
(b) via hematogênica; (c) via linfática; e
(d) inoculação direta por fístula vesicoenteral.

a) Via Ascendente: É a PRINCIPAL via de
infecção! O trato urinário pode ser encarado
como uma grande coluna de urina que vai da
uretra até a pelve renal… A pele em volta do
meato uretral é normalmente colonizada por
bactérias comensais dos gêneros Diphteroides,
Streptococcus, Staphylococcus e Lactobacillus.
As enterobactérias Gram-negativas – causadoras
da maioria dos casos de ITU – não costumam
estar presentes nessa região. Porém certas
condições predispõem à perda da flora normal,
o que “abre espaço” para micro-organismos
provenientes do intestino (“Determinantes da
Infecção”, adiante). Já foi demonstrado que os
uropatógenos habituais seguem uma sequência
estereotipada: colonização do períneo – introito
vaginal (ou prepúcio nos homens) – uretra
distal e ascensão para a bexiga. Em mulheres,
em função do menor comprimento da uretra,
este último evento é comum durante o coito,
no qual ocorre “massagem uretral”. No sexo
masculino, o fluxo turbulento na uretra (como
nas estenoses, especialmente por HPB) é o
grande facilitador da ascensão bacteriana! Sexo
anal “ativo” também é fator de risco para a
colonização uretral em homens… E como essas
bactérias causam pielonefrite? Somente aquelas
com capacidade de adesão ao epitélio urinário
conseguem “subir” até os rins por conta
própria… Entretanto, qualquer bactéria poderá
atingi-los, quando existirem condições como
o refluxo vesicureteral!!!

b) Via Hematogênica: O parênquima renal
pode ser invadido durante um episódio de bacteremia,
embora esta via não seja comum… Os
principais agentes envolvidos são Staphylococcus
aureus e Candida spp., oriundos de um
foco infeccioso à distância. Nos casos mais
raros de infecção renal por Mycobacterium
tuberculosis ou Histoplasma spp., a via hematogênica
também é a principal porta de entrada.

c) Via Linfática: Evidências experimentais
sugerem que esta via pode ser operante em
certos casos… Demonstrou-se a existência
de conexões linfáticas entre os ureteres e os
rins cujo fluxo de linfa se dirige à pelve renal
na vigência de aumento na pressão intravesical
(ex.: HPB).
d) Fístula vesicoenteral: Bacteriúria por germes
anaeróbios (como o Bacteroides fragilis)
sugere a existência de uma conexão entre o
trato urinário e o intestino. Tais germes também
podem ser encontrados nos pacientes que tiveram
o trato urinário reconstruído com segmentos
intestinais (ex.: neobexiga pós-cistectomia).

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13
Q

Em que pacientes a bacteriúria assintomática é mais importante?

A

Gestantes: prematuridade, morte neonatal, pielonefrite (mãe).

Urinocultura no pre natal

Tratamento reduz 75% risco de pielonefrite na gestante com bacteriúria assintomática

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14
Q

Quem são geralmente os agentes de ITU?

A

Gram negativos entéricos da região perianal que migram para o TU.

Cistite aguda não complicada E pielonefrite: 70-90% E. coli, 5-15 % Staphylococcus saprophyticus, Klebsiella/Proteus/Citrobacter/enterobacter 5-10%

ITU complicada: E. coli 32 %, Enterococcus 22%, Pseudomonas 20%, Estafilococos 15%, Klebsiella, Proteus, Serratia, Morganella

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15
Q

O que é uma bacteriúria significativa?

A

Presença de bactérias, em urina de jato médio, numa quantidade maior do
que a esperada pela contaminação da uretra anterior. Classicamente foi definida
como um crescimento ≥ 105 unidades formadoras de colônia por ml de
urina… Entretanto, este conceito mudou (para aumentar a sensibilidade e
especificidade) e tem sido definido de acordo com as seguintes variáveis:
• Mulheres com sintomas de cistite não complicada: ≥ 102 UFC/ml + piúria
(≥ 10 leucócitos/campo, medido pelo EAS ou ≥ 5 leucócitos/ml de urina,
medido pela Câmara de Bürker);
• Mulheres com pielonefrite não complicada ou homens com qualquer forma
de ITU: ≥ 104 UFC/ml + piúria;
• Mulheres com ITU complicada: ≥ 105 UFC/ml, com ou sem piúria.

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16
Q

O que é bacteriúria assintomática?

A

Presença de bacteriúria significativa na ausência de sintomas urinários. O
critério de bacteriúria significativa nessa situação varia de acordo com o sexo
e o método de coleta (fique tranquilo, veremos isso adiante)…

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17
Q

O que é relapso na ITU?

A

Nova bacteriúria causada pelo mesmo patógeno previamente tratado.

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18
Q

O que é reinfecção na ITU?

A

Bacteriúria causada por agente diferente do anteriormente isolado, sendo
considerada uma nova infecção.

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19
Q

O que é ITU complicada?

A

ITU na presença de “Fatores Complicadores”, isto é, aqueles que aumentam
os riscos associados à pielonefrite e à sepse: (1) obstrução urinária; (2) bexiga
neurogênica; (3) nefropatia diabética; (4) imunodepressão; (5) insuficiência
renal crônica; (6) anemia falciforme; (7) doença renal policística; (8) alterações
anatômicas do trato urinário; (9) presença de cateter vesical ou cálculos;
(10) gravidez.

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20
Q

O que é pielonefrite oligossintomática?

A

Infecção do parênquima renal na ausência do “exuberante” quadro clássico
de pielonefrite aguda. Achado comum em imunodeprimidos.

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21
Q

O que é abcesso intrarrenal?

A

Formação cavitária intraparenquimatosa que aparece como complicação
grave de pielonefrite.

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22
Q

O que é abcesso perirrenal?

A

Supuração nos tecidos adjacentes ao rim (gordura perinefrética, músculo
psoas), também aparecendo como complicação grave de pielonefrite.

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23
Q

Como a Colonização periuretral age como determinante de infecção?

A

Os principais fatores
que eliminam a flora comensal não patogênica,
favorecendo o crescimento de enterobactérias
Gram-negativas, são o uso de antibióticos, a
atrofia do epitélio vaginal pós-menopausa e
o uso de espermicidas (obrigatórios quando a
contracepção é feita com diafragma). Em todas
essas situações, observa-se redução do número
de lactobacilos produtores de H2O2, o que facilita
a adesão de enterobactérias (como a E. coli
uropatogênica). A colonização persistente da
região periuretral justifica os quadros de ITU de
repetição em mulheres na pós-menopausa…

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24
Q

Como a Adesão bacteriana e sangue tipo “P” agem como determinantes de infecção?

A

Subir
pelo trato urinário não é para quem quer, é só
para quem pode… Tal habilidade varia de acordo
com a cepa bacteriana! As E. coli e os Proteus
uropatogênicos são aqueles que possuem
fímbrias capazes de se aderir às células da
mucosa urinária. O receptor celular dessas estruturas
é o antígeno do grupo sanguíneo P,
expresso tanto nas hemácias quanto no trato
urinário. Indivíduos que não pertencem a esse
grupo sanguíneo têm menos chance de desenvolver
pielonefrite… Essa também é a explicação
para a eficácia da profilaxia com sulfametoxazol-
trimetoprim ou nitrofurantoína, já que
subdoses desses antibióticos diminuem a síntese
das fímbrias! Porém indivíduos com alterações
anatomofuncionais das vias uroexcretoras
(como RVU) são propensos a desenvolver
pielonefrite por germes não propriamente
uropatogênicos, pois a adesão bacteriana se
torna um fator menos importante nesses casos…

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25
Como a Presença de corpos estranhos age como determinante de infecção?
Muitas bactérias são capazes de secretar uma camada de polissacarídeos que reveste corpos estranhos no interior da via urinária, o famoso biofilme... O problema é que tais micro-organismos passam a viver “dentro” desse biofilme, escapando das defesas do hospedeiro e do alcance dos antibióticos... O cateter vesical de demora e os cálculos são os principais exemplos de corpo estranho.
26
Como o tamanho do inócuo age como determinante de infecção?
O tamanho do inóculo parece ser muito importante nas infecções hematogênicas, pois é necessária uma grande quantidade de bactérias para iniciar o quadro (ex.: endocardite).
27
Como a gravidez age como determinante de infecção?
Entre as alterações fisiológicas do organismo materno podemos citar algumas que justificam o risco aumentado de ITU: redução do tônus e da peristalse na musculatura lisa urinária (hidronefrose fisiológica), compressão da bexiga pelo útero aumentado (com refluxo vesicureteral), dextroversão uterina (mais hidronefrose à direita). A ITU na gestação é ruim para a mãe, mas é pior ainda para o feto: prematuridade, baixo peso ao nascer, maior morbimortalidade perinatal...
28
Quais os principais mecanismos de defesa do hospedeiro para ITU?
Características da urina: pH e osmolaridade (alta concentração de ureia). Esvaziamento vesical (efeito de “lavagem” dos tecidos urinários): Principal mecanismo de defesa. Qualquer quantidade de volume residual favorece a proliferação bacteriana; logo, condições como bexiga neurogênica e obstrução anatômica (HPB, tumores, cálculos), impedem um adequado clearence de bactérias. Além do mais, a ocorrência de ITU em uma via urinária obstruída (sob pressão) acelera absurdamente a velocidade de dano ao parênquima renal... Mucosa do trato urinário: A interação entre as fímbrias bacterianas e seus receptores celulares desencadeia a secreção de interleucinas 6 e 8 pelas células do epitélio. Isso justifica manifestações sistêmicas como febre e aumento de proteína C-reativa, além de promover quimiotaxia local, atraindo leucócitos para o interior da urina. Inibidores bacterianos: Presença de substâncias bactericidas nas secreções prostáticas, como o zinco. Válvula vesicureteral: impede o refluxo Microbiota vaginal: manutenção do pH
29
Agentes etiológicos ITU não complicada:
*Escherichia coli é a responsável por 80-85% *Staphylococcus saprophyticus, responsável por cerca de 10-15% das ITU em mulheres sexualmente ativas (na verdade, acredita-se que a infecção por este germe tenha um padrão sazonal, ocorrendo exclusivamente nos meses de verão). *Klebsiella, Proteus e, eventualmente, Enterobacter respondem por uma pequena parcela das ITU esporádicas não complicadas
30
Agentes etiológicos ITU complicada ou recorrente:
E. coli 32 % Enterococcus 22%, Pseudomonas 20%, Estafilococos 15% Klebsiella/Proteus, Serratia, Morganella
31
Agentes etiológicos ITU nosocomial:
``` E. coli Fungos Povidencia stuartii e Morganela morgani Acinetobacter Stenotrophomonas maltophilia ```
32
Quais agentes etiológicos são favorecidos pela nefrolitíase?
A presença de nefrolitíase aumenta a chance de ITU por Proteus ou Klebsiella, pois estes micro-organismos predispõem à formação de cálculos (o primeiro pela alcalinização urinária e o segundo pela produção de biofilme).
33
Quais agentes etiológicos são favorecidos pela DM?
Os fungos, como a Candida spp., são importantes nos pacientes diabéticos (não se sabe o porquê) e naqueles que estão em uso de antibioticoterapia de amplo espectro, especialmente se estiverem cateterizados
34
Quais agentes etiológicos são favorecidos pelo cateter vesical?
Cateterismo vesical contínuo por mais de 30 dias também tem alta chance de infecção polimicrobiana (70% dos casos) além de infecção por Gram-negativos atípicos, como Providencia stuartii e Morganella morgani. O S. epidermidis faz parte da lista de germes que causam ITU relacionada ao cateter vesical!!
35
O que uma ITU por Staphylococcus aureus sugere?
Uma ITU por S. aureus sugere bacteremia e foco infeccioso a distância..
36
Situações de ITU por adenovírus:
Cistite hemorrágica em crianças e | transplantados de medula óssea.
37
Bacteriúria em idosos:
Pelo menos 10% dos homens e 20% das mulheres com mais de 65 anos de idade apresentam bacteriúria. Com o avançar da idade, aquela grande diferença entre homens e mulheres acaba se reduzindo... Os fatores implicados são os seguintes: (a) homem – doença prostática, com perda da atividade bactericida de suas secreções, além de obstrução do trato urinário e disfunção vesical associada (divertículos); (b) mulher – esvaziamento incompleto da bexiga, geralmente relacionado a prolapso genital, e colonização do epitélio vaginal atrófico.
38
Bacteriúria hospitalar:
A prevalência de bacteriúria no hospital oscila entre 2-3%, o que faz da ITU a causa mais frequente de infecção nosocomial (representando 45% do total). A grande maioria das ITU hospitalares é infecção de pouca morbidade, elevando o tempo de internação em apenas um dia e meio, com letalidade de 0,25%... Entretanto, dada a sua alta incidência, as vias urinárias acabam sendo as principais fontes de bacteremia hospitalar por germes Gram-negativos, concorrendo para o aumento dos casos de sepse! Dois fatores elevam sobremaneira a frequência de ITU no hospital: (1) gravidade da doença de base; (2) cateterismo vesical... Nos EUA, cerca de 15% dos pacientes internados recebem um cateter vesical, enquanto no Brasil existe uma utilização exagerada desse procedimento: um estudo revelou frequência em torno de 20%!!! É importante ressaltar: o cateterismo vesical NÃO deve ser usado como medida higiênica (para manter o leito limpo)! As indicações de cateterismo vesical são: (a) obstrução uretral; (b) monitorização do débito urinário (na instabilidade hemodinâmica); e (c) pós-operatório de cirurgias urológicas. A bexiga neurogênica não indica cateterismo vesical permanente. Nesse caso, é preferível usar o cateterismo vesical intermitente, que possui uma chance bem menor de ITU... O sistema coletor de urina deve sempre ser o fechado. O coletor aberto está associado à bacteriúria em quase 100% dos casos após 2-4 dias!!! Com o coletor fechado, a incidência cai para 10-20% no mesmo período. Porém o tempo de permanência do cateter é o fator mais importante: mesmo com o coletor fechado, a prevalência de bacteriúria aumenta em 3-5% a cada dia de cateterização
39
Manifestações clínicas da bacteriúria assintomática:
Ausência de manifestações clínicas Exame de rastreio
40
Manifestações clínicas da cistite:
DISÚRIA URGÊNCIA URINÁRIA POLACIÚRIA Noctúria, dor suprapúbica, hematúria A presença de disúria (dor à micção), associada à polaciúria (aumento da frequência urinária), e, em alguns casos, dor suprapúbica, geralmente está associada à infecção da bexiga. Ao contrário de outras causas de ITU baixa, a cistite aguda costuma evoluir com hematúria (30%). Nos homens, os sintomas obstrutivos podem predominar, muitas vezes com dor abdominal mais importante... No exame físico, é comum a dor à palpação do hipogastro. A vaginite faz parte do diagnóstico diferencial da disúria, por irritar a mucosa uretral. Essa hipótese é mais provável quando a paciente se queixa de “disúria externa” (labial) associada a corrimento vaginal e prurido. Sua dor é mais tardia no ato de urinar, em comparação com a dor da cistite ou uretrite! Na presença desses sintomas, o exame ginecológico é imprescindível...
41
Manifestações clínicas da uretrite:
Uma pequena parcela das mulheres que apresentam sintomas de ITU baixa, na realidade, possuem uretrite. O quadro clínico é idêntico ao da cistite aguda, com disúria e polaciúria. Esta é a explicação para os casos de “cistite” com urinocultura negativa. Os principais agentes envolvidos são Neisseria gonorrhoeae, Chlamydia trachomatis e o vírus herpes-simplex. O que chama a atenção é a duração mais longa dos sintomas (> 7 dias), que geralmente é mais arrastada (a cistite se instala em < 24h). Devemos investigar a presença de fatores de risco para DST, como troca recente de parceiro sexual ou mesmo promiscuidade. Em homens, a uretrite é marcada por disúria e corrimento uretral (este normalmente ausente em mulheres)!
42
Manifestações clínicas da prostatite:
Cerca de 50% dos homens apresentam sintomas de inflamação prostática durante a vida adulta, embora em somente 5-10% desses casos exista participação bacteriana – a inflamação prostática, em > 90% das vezes, tem origem obscura. Um quarto das consultas aos urologistas deve-se à prostatite... A prostatite é dividida em três entidades principais: 1) prostatite bacteriana aguda; 2) prostatite bacteriana crônica; e 3) síndrome da dor pélvica crônica. O último tipo é subdividido em inflamatória (prostatite crônica não bacteriana) e não inflamatória (prostatodinia). Quando a etiologia é bacteriana (aguda ou crônica), os agentes envolvidos são os mesmos da ITU, em especial a E. coli (80%). Também são importantes outros Gram-negativos entéricos, como Klebsiella, Proteus e Pseudomonas (10 a 15%), bem como os Enterococcus (5 a 10%). Caso a prostatite bacteriana se desenvolva em pacientes cateterizados dentro de um hospital (prostatite nosocomial), os agentes implicados serão os mesmos da ITU hospitalar (E. coli e outras enterobactérias MDR – Multidroga-Resistente). Muito se tem discutido a respeito da síndrome da dor pélvica crônica... Há quem diga, até mesmo, que ela não tem nenhuma relação direta com a próstata... Todavia – apesar de nunca ter sido comprovado – diversos autores acreditam que pelo menos os casos ditos inflamatórios (presença de leucócitos nas secreções prostáticas colhidas após massagem da glândula – ver adiante) sejam devidos à infecção por Chlamydia trachomatis, Mycoplasma hominis, Trichomonas vaginalis ou vírus e bactérias anaeróbias... Outras explicações plausíveis são: prostatite autoimune, irritação química por refluxo de urina, e, para incluir o tipo não inflamatório (ausência de leucócitos no material prostático): dor neuropática, mialgia tensional, além, é claro, de etiologia psicogênica...
43
Manifestações clínicas da prostatite bacteriana aguda:
Quadro geralmente dramático, predominando entre os 20 e 40 anos, caracterizado por febre alta e calafrios associados a sintomas acentuados de irritação e obstrução urinária. O toque retal deve ser extremamente cuidadoso, pois manobras, como a massagem prostática, podem desencadear bacteremia e sepse grave!!! A próstata está aumentada e sensível, além de tensa e quente à palpação. Área de flutuação indica a presença de um abscesso. A suspeita clínica não é difícil, pois não existem muitas causas para um quadro de “cistite” com toxemia em um homem jovem...
44
Manifestações clínicas da síndrome da dor pélvica crônica no contexto da prostatite:
Como o próprio nome diz, sua grande manifestação clínica é a dor perineal, que pode se irradiar para a região lombar e hipogastro... O quadro também é acompanhado por sintomas urinários do tipo disúria e polaciúria, incluindo dor durante a ejaculação. Os achados ao toque retal são variáveis (muitos pacientes apresentam HPB concomitante).
45
Manifestações clínicas da prostatite bacteriana crônica:
Os sinais e sintomas são semelhantes, porém bem menos intensos que os da prostatite bacteriana aguda... Geralmente, são homens mais velhos com quadros de infecção urinária recorrente, do tipo “cistite” (de tempos em tempos a bactéria migra para o trato urinário). O toque retal costuma ser normal ou revelar HPB. Entre as exacerbações, o paciente costuma ser assintomático!
46
Manifestações clínicas da epididimite:
A epididimite aguda apresenta-se como dor e edema no epidídimo e testículo. Em alguns casos, pode haver a presença de uretrite associada, com secreção uretral mucopurulenta. O testículo do lado afetado encontra-se aumentado de tamanho e bastante doloroso. O principal diagnóstico diferencial, em pacientes jovens, é a torção de testículo. Na epididimite, a dor classicamente melhora com a elevação testicular (sinal de Prehn)...
47
Manifestações clínicas Pielonefrite:
A infecção renal aguda é caracterizada pela tríade: febre alta, calafrios e dor lombar. Os pacientes, em geral, se apresentam toxêmicos, com queda do estado geral e sintomas inespecíficos, como cefaleia, náuseas, vômitos e diarreia. Devemos ter em mente, entretanto, que nem todo paciente com tais sintomas é portador de pielonefrite – a própria síndrome febril poderia justificá-los, inclusive a típica dor lombar (pelo desenvolvimento de mialgias)... Não é infrequente nos depararmos com um paciente com febre alta, queda do estado geral e dor lombar intensa, no qual identificamos, por exemplo, placas de pus em orofaringe... Estudos estatísticos mostram que os sintomas clássicos de pielonefrite associam-se a esse diagnóstico em apenas 60% dos casos! A dor, que resulta da distensão da cápsula renal, pode irradiar para o abdome e dificultar o diagnóstico. A irradiação para a região da virilha sugere a existência de obstrução ureteral (geralmente nefrolitíase). Até 30% dos pacientes com ITU alta desenvolvem sintomas de ITU baixa concomitantes (disúria, polaciúria, urgência). Apesar de infrequente, alguns pacientes desenvolvem pielonefrite oligossintomática, não manifestando febre ou mesmo dor lombar. Em geral, são pacientes de grupos especiais, como idosos, diabéticos, urêmicos ou imunodeprimidos, que podem abrir o quadro com descompensação inexplicada de sua doença de base... O sinal de Giordano é a dor à percussão da região lombar (ângulo costovertebral), geralmente intensa, provocada pelos movimentos do rim inflamado quando da onda de choque. Para evitarmos resultados falso-positivos, devemos sempre palpar essa região antes de percuti-la. A punho-percussão não deverá ser realizada caso a palpação lombar se mostre dolorosa (por um problema muscular, por exemplo). Complicações como abscessos intraparenquimatosos ou perinefréticos ocorrem em menos de 10% dos casos de pielonefrite, devendo ser suspeitados sempre que a febre persistir após três dias de antibioticoterapia. Quando não tratada corretamente, a pielonefrite pode evoluir com sepse. O risco é maior na pielonefrite complicada (ITU na presença de condições que aumentam a chance de sepse). 20-30% faz bacteremia DM concomitante: suspeitar de necrose papilar e pielonefrite enfisematosa Existem casos leves, onde há febre baixa e dor lombar pouco importante.
48
Manifestações clínicas ITU em crianças:
Em neonatos e lactentes os sinais clássicos de ITU não são encontrados! Observamos, em combinações variadas, deficit de ganho ponderal, irritabilidade, anorexia, vômitos, diarreia, icterícia, convulsão, letargia. Variações na temperatura (hipo ou hipertermia) são comuns. Eventualmente, a urina fica com um odor fétido... Nessa faixa etária a ITU pode ser causa de febre de origem obscura. Em pré-escolares e escolares o quadro se parece mais com a ITU do adulto... Febre, calafrios e dor lombar indicam pielonefrite aguda, enquanto enurese, disúria e polaciúria falam a favor de cistite. A ITU é uma das principais etiologias de dor abdominal crônica de origem orgânica em crianças. Até bem pouco tempo atrás era considerada a principal causa, perdendo atualmente para a constipação crônica, parasitismo por Giardia lamblia e deficiência de lactase.
49
Como diagnosticar ITU baixa?
Em mulheres jovens com “cistite” esporádica não complicada, o diagnóstico é clínico (disúria + polaciúria). Em homens, porém, é necessário urinocultura quantitativa.
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Como diagnosticar ITU alta?
Quadro clínico sugestivo + urinocultura ≥ 104 UFC/ml.
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Interpretação do resultado em | ITU baixa:
≥ 102 UFC/ml = cistite. | < 102 UFC/ml = uretrite.
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Diagnóstico: | Mulher saudável, não gestante, com disúria, polaciúria, urgência urinária
Tratamento direto, não necessita de exame complementar
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Diagnóstico: | Mulher, com história estranha, risco de DST
Diferenciar ITU de DST Urinocultura, EAS, Testes DST
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V ou F: EAS fecha diagnóstico de ITU.
Nunca feche o diagnóstico de ITU apenas com o resultado do EAS. Várias condições justificam leucócitos aumentados na urina, como a Nefrite Intersticial Aguda Farmacoinduzida (especialmente se existirem manifestações alérgicas).
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Principais DD de piúria:
* **Renais * Pielonefrite (mais comum). * Nefrolitíase. * Glomerulonefrite aguda (síndrome nefrítica). * Tuberculose * Nefrite intersticial alérgica (medicamentosa). * **Não renais * Apendicite aguda. * Diverticulite. * Doença inflamatória pélvica. * Outras.
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Achados no EAS que sugerem ITU:
Piúria, teste do nitrito +, hematúria
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O que é teste do nitrito?
Somente os Gram-negativos entéricos (exceto Pseudomonas aeruginosa) possuem a enzima nitrato-redutase, que transforma o nitrato urinário em nitrito. A sensibilidade é baixa (35-85%, pois não detecta a presença de fungos ou germes Gram-positivos), mas a especificidade pode chegar a 90%!!!
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Hematúria no EAS:
A hematúria microscópica e, eventualmente, macroscópica, pode ser observada em casos de ITU (especialmente na cistite). Caso ela persista após a resolução do quadro agudo, devemos pensar em nefrolitíase, câncer, glomerulite, vasculite e tuberculose renal associadas. A proteinúria pode ocorrer, porém em níveis baixos (nunca ultrapassando 2 g/24h).
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Diagnóstico: | Homem com dor pélvica ou dor prostática ou dor perineal
Pensar em prostatite aguda EAS Consulta urologista
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Diagnóstico: | Mulher saudável, não gestante, com febre alta, dor lombar, calafrios, náuseas, história de cistite
Pielonefrite não complicada Cultura, tratamento em casa
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Pielonefrite complicada, diagnóstico:
Urinocultura Hemocultura, por conta do maior risco de bacteremia
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Bacteriúria assintomática em gestantes, renais transplantados, candidatos a procedimentos urológicos invasivos, trata ou não?
Trata! Em outros casos, não tratar bacteriúria assintomática.
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Complicações ITU baixa:
São consideradas complicações da ITU baixa a refratariedade e a recorrência dos sintomas. Definem-se os seguintes termos: (1) persistência – a urinocultura permanece positiva durante o tratamento; (2) relapso – a urinocultura novamente positiva para o mesmo agente após o tratamento; (3) reinfecção – urinocultura positiva para um micro-organismo diferente do primeiro, após o término do tratamento. A cistite enfisematosa é uma complicação rara, porém típica dos diabéticos, levando à formação de gás na parede da bexiga. Os agentes mais comuns são os Gram-negativos entéricos (E. coli), e não os anaeróbios, como muita gente pensa... O quadro está relacionado à obstrução do trato urinário e eventualmente requer uma abordagem com cistectomia.
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Complicações ITU alta:
Sepse Urinária Obstrução Urinária Cálculos de Estruvita Abscesso Intrarrenal e Perinefrético Pielonefrite Enfisematosa Necrose de Papila Renal Pielonefrite Crônica Pielonefrite Xantogranulomatosa Pieloureterite Cística e Malacoplaquia
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Sobre as complicações da ITU alta, fale sobre a sepse urinária:
A pielonefrite aguda comunitária pode cursar com critérios de sepse. No hospital, a ITU é uma importante fonte de bacteremia por Gram- -negativos, quando a urinocultura e a hemocultura são positivas para o mesmo germe. Lactentes, idosos, imunodeprimidos e diabéticos são os pacientes de maior risco. A resposta à terapia costuma ser boa, caso não haja obstrução urinária ou abscesso...
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Sobre as complicações da ITU alta, fale sobre a obstrução urinária:
A pielonefrite, quando associada à obstrução do trato urinário, é dita “complicada” porque a perda completa do parênquima renal (como formação de abscesso) pode se desenvolver em questão de poucos dias... A causa mais comum de obstrução urinária é a nefrolitíase, que pode ser diagnosticada por ultrassonografia ou TC urinária sem contraste, revelando hidronefrose no rim afetado. Lembre-se de que é mandatório o alívio imediato da obstrução urinária (nefrostomia ou cateter duplo-J) antes de correção definitiva do processo obstrutivo!
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Sobre as complicações da ITU alta, fale sobre os cálculos de estruvita:
Algumas bactérias, tais como Proteus spp., Providencia stuartii, Morganella morgani e Corynebacterium urealyticum, são produtoras da enzima urease, que degrada a ureia em amônia, promovendo alcalinização urinária. O aumento do pH favorece a precipitação de magnésio, cálcio e amônia, formando um tipo especial de cálculo – estruvita – frequentemente coraliforme. O Proteus mirabilis tem uma tendência maior que as outras bactérias de cursar com infecção ascendente e pielonefrite, devendo sempre ser tratado!
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Sobre as complicações da ITU alta, fale sobre o Abscesso Intrarrenal e Perinefrético:
O abscesso pode ser intrarrenal, localizando-se no próprio parênquima sem ultrapassar a cápsula renal, ou perinefrético, quando se estende para a gordura perirrenal. Ambos são mais comuns nos diabéticos e quando há obstrução urinária associada. São, à semelhança da obstrução, causas de refratariedade da pielonefrite 48-72h após o início da antibioticoterapia, mesmo se o antibiótico for eficaz contra o germe em questão... O diagnóstico deve ser pesquisado por exames de imagem, como a ultrassonografia ou a TC com contraste venoso. Este último tem acurácia maior e pode orientar o cirurgião para o procedimento de drenagem.
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V ou F: Todos os pacientes com pielonefrite não responsiva ao tratamento após 24 horas devem ser investigados à procura de sinais de obstrução ou formação de abscesso.
F. 48-72h
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Sobre as complicações da ITU alta, fale sobre o Pielonefrite Enfisematosa:
É uma entidade rara, ocorrendo geralmente em diabéticos. Caracteriza-se pelo início súbito de uma pielonefrite grave, que evolui para sepse. Há extensa necrose com formação de gás na loja renal, o que pode ser percebido nos exames de imagem, incluindo a radiografia simples de abdome. Os germes mais comuns são os Gram-negativos entéricos e não os anaeróbios! Geralmente requer desbridamento cirúrgico...
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Sobre as complicações da ITU alta, fale sobre a Necrose de Papila Renal:
Já vimos no módulo de Nefrologia que certos grupos de pacientes têm chance aumentada de evoluir com esta complicação (diabéticos, ITU com obstrução urinária, falcêmicos, usuários crônicos de AINE). O quadro clínico típico caracteriza- se por hematúria macroscópica e obstrução ureteral pela própria papila necrótica.
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Sobre as complicações da ITU alta, fale sobre a Pielonefrite Crônica:
A pielonefrite bacteriana de repetição, mesmo que oligossintomática, pode ocorrer em crianças e adultos, levando ao processo de atrofia progressiva do parênquima renal conhecido como pielonefrite crônica. A relação corticomedular vai sendo perdida, e o tamanho renal se reduz com o tempo. O maior fator de risco é o refluxo vesicureteral, mais comum em crianças. Além do mecanismo infeccioso, o refluxo em si leva ao aumento da pressão intratubular, o que contribui para a lesão intersticial. Outro fator de risco importante é a nefrolitíase grave recorrente. As consequências podem ser: (1) hipertensão arterial, mesmo quando acomete apenas um dos rins (10% dos casos); (2) insuficiência renal crônica, se bilateral ou em rim único. As doenças urológicas são a principal causa de doença renal em fase terminal em crianças.
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Sobre as complicações da ITU alta, fale sobre a Pielonefrite Xantogranulomatosa:
Representa uma evolução incomum da pielonefrite, marcada pelo desenvolvimento de um processo inflamatório peculiar, o qual se estabelece por conta de uma resposta imune anormal à infecção. Na maioria das vezes se associa à obstrução urinária. Costuma ser unilateral, e o rim acometido está tipicamente aumentado, contendo muitas vezes cálculos nas áreas de lesão. Podem surgir lesões com “efeito de massa”, simulando uma neoplasia renal (figura 3). Quando ocorre em adultos, a pielonefrite xantogranulomatosa é mais frequente em mulheres de meia-idade, com história de pielonefrites de repetição. A queixa mais comum é a dor lombar, que se associa à febre, à queda do estado geral e à perda de peso. O exame físico costuma revelar massa abdominal palpável, correspondente à nefromegalia. São comuns anemia e aumento do VHS. O exame de urina revela piúria e bacteriúria, enquanto a urinocultura denuncia a existência de infecção, geralmente por Gram-negativos... Nas crianças, existem duas formas patológicas principais: (1) o processo acomete todo o parênquima renal; ou (2) o processo é focal (figura 3) e mimetiza uma neoplasia. Os sintomas mais frequentes são dor lombar ou abdominal, febre e retardo do crescimento. Metade dos casos apresenta massa abdominal palpável. Em crianças, as bactérias mais prevalentes são Proteus (60%) e E. coli. O diagnóstico de pielonefrite xantogranulomatosa é sugerido pela tomografia. A urografia excretora costuma ser bastante alterada, mas não possui especificidade diagnóstica. O tratamento envolve nefrectomia, a qual só deve ser realizada após um curso de antimicrobiano apropriado. A forma localizada de lesão pode ser abordada com nefrectomia parcial.
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Sobre as complicações da ITU alta, fale sobre a Pieloureterite Cística e Malacoplaquia:
Nos pacientes com infecção crônica do trato urinário, podem formar-se, na pelve renal ou no ureter proximal, múltiplos cistos subepiteliais do tamanho de uma ervilha, provenientes da metaplasia das glândulas mucosas ou da hiperplasia dos folículos linfáticos. Esta é a pieloureterite cística, entidade rara. A urografia excretora revela uma imagem patognomônica de múltiplas falhas de enchimento no ureter (figura 4). A cistite infecciosa crônica pode levar à formação de granulomas em sua parede, manifestando- se como falhas de enchimento em “saca bocado” na bexiga e ureter, observadas na urografia excretora. Essa entidade é denominada malacoplaquia.
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Principais considerações com relação ao tratamento das ITU's:
O tratamento da ITU se baseia na antibioticoterapia, extremamente eficaz para a maioria dos pacientes, aliviando os sintomas e negativando a urinocultura. A fenazopiridina é uma substância analgésica para as vias urinárias que pode ser usada em pacientes com disúria refratária, porém não tem efeito antibacteriano... Uma resposta adequada, seja na ITU baixa ou alta, é a melhora significativa dos sintomas nas primeiras 24-48h. A maioria das infecções urinárias responde muito bem ao tratamento! No caso da ITU baixa, a ausência de resposta nos leva a pensar nas seguintes condições: (1) trata- se de uretrite e não cistite; (2) trata-se de bactéria resistente. No caso da pielonefrite, devemos pensar na existência de complicações: (1) obstrução urinária; e (2) abscesso intrarrenal ou perinefrético. Nestas últimas, um exame de imagem, como US ou TC, deve ser imediatamente solicitado.
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Como escolher o antibiótico a ITU?
Muitos antibióticos são eficazes para o tratamento da ITU. No entanto, as melhores escolhas para as formas comunitárias comuns são inadequadas para os casos com maior chance de resistência, como nas seguintes situações: (1) uso prévio de antibióticos; (2) ITU hospitalar relacionada a cateter vesical; e (3) ITU complicada.
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ATB na cistite e pielonefrite não complicadas
Na cistite e na pielonefrite não complicada, a Escherichia coli é o agente causador em 80-90% dos casos. Em segundo lugar estão os outros Gram-negativos entéricos, como Klebsiella spp. e Proteus spp. e, no caso de cistite em mulheres jovens, o S. saprophyticus. Os Gram-negativos entéricos da comunidade costumam ser sensíveis a uma série de antibióticos: fluoroquinolonas, sulfametoxazol-trimetoprim, fosfomicina, nitrofurantoína, amoxicilina, ampicilina e cefalosporinas de 1a geração. Todos eles se hiperconcentram na urina, um fenômeno de extrema importância para a sua eficácia! O S. saprophyticus é sensível a todos os acima, exceto amoxicilina e ampicilina. As fluoroquinolonas destacam-se em relação à eficácia e à segurança terapêutica na ITU do adulto, mas também pelo preço mais elevado. Fazer tratamento sintomático também: A fenazopiridina é uma substância analgésica para as vias urinárias que pode ser usada em pacientes com disúria refratária, porém não tem efeito antibacteriano (pode fazer náusea).
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ATB na prostatite aguda:
costuma ser causada por Neisseria gonorrhoaea ou Chlamydia trachomatis, isto é, relacionada à doença sexualmente transmissível. Já vimos que eles são sensíveis à ofloxacina. A prostatite aguda em pacientes com mais de 35 anos geralmente é causada pelos Gram- -negativos entéricos, incluindo a E. coli. A infecção vem do refluxo de urina pelos ductos prostáticos. Portanto, o tratamento deve ser feito com uma fluoroquinolona ou sulfametoxazol- trimetoprim Paciente com mais de 35 anos: Ciprofloxacina.
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ATB em ITU hospitalar associada a cateter vesical:
A ITU hospitalar associada a cateter vesical permanente é frequentemente causada por germes com perfil de resistência antibiótica, tais como E. coli MDR, Klebsiella spp., Proteus spp., Pseudomonas spp., Enterobacter spp., Serratia spp. e Enterococcus spp. O tratamento deve ser sempre guiado pela urinocultura com antibiograma. De uma forma geral, pode- -se utilizar uma fluoroquinolona de amplo espectro para Gram-negativos ou ampicilina, no caso do enterococo.
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ATB ITU em gestantes:
Na gestante, as fluoroquinolonas e o sulfametoxazol- trimetoprim são antibióticos contraindicados, pelo risco de dano fetal. Neste caso, dá-se preferência à nitrofurantoína, às penicilinas ou às cefalosporinas
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ATB uretrite ou vaginite:
Doxiciclina.
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ATB bacteriúria assintomática:
Gestantes, cirurgia urológica, receptor transplante renal, neutropênicos Guiar pela cultura
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Tratamento cistite e uretrite na mulher:
Antibiótico oral deve ser prontamente iniciado, para o rápido alívio dos sintomas. Se houver resposta clínica, o caso está encerrado. Não há necessidade de urinocultura nem antes nem depois do tratamento. Uma fluoroquinolona, como a norfloxacina (400 mg 12/12h), tem sido o antibiótico de escolha. A duração é de apenas três dias!!! Outra opção atualmente aceita é a dose única de fosfomicina (3 g em pó diluído num copo d'água, para tomar à noite antes de dormir, com a bexiga vazia). Amoxicilina (250 mg 12/12h) e cefalosporinas de 1a geração (cefalexina 500 mg 6/6h ou cefadroxil 500 mg 12/12h) também podem ser utilizadas, mas a duração do tratamento deve ser de cinco dias. A nitrofurantoína (100 mg 6/6h) é outra alternativa, mas a duração do tratamento deve ser ainda maior neste caso (sete dias), já que as enterobactérias da flora vaginal demoram mais para ser erradicadas, o que resulta em chance maior de recaída.
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Após o tratamento de cistite se não houver melhora sintomática, o que pensar?
Se não houver melhora sintomática com o antibiótico prescrito, está indicada uma urinocultura com antibiograma. Primeira situação: se for constatado um micro-organismo resistente, deve- -se ajustar o antibiótico, de acordo com o antibiograma. Segunda situação: se o micro-organismo for sensível, deve-se repetir o tratamento por período mais prolongado, geralmente sete dias. Terceira situação: se a urinocultura for negativa, deve-se repeti-la após 48h; se continuar negativa, provavelmente estamos diante de uma uretrite/ vaginite e então prescreveremos doxiciclina (100 mg 12/12h) por 14 dias!!!
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Tratamento cistite complicada:
com risco aumentado de pielonefrite (diabetes, litíase, obstrução, insuficiência renal, alterações das vias urinárias, medula renal esponjosa, doença policística renal, imunossuprimidos, ITU de repetição), deve receber uma abordagem diferente... Sempre solicitaremos urinocultura com antibiograma e Gram de urina! A antibioticoterapia pode ser prescrita logo na primeira consulta, enquanto se aguarda o resultado dos exames. O Gram fica pronto no mesmo dia e pode orientar o tratamento empírico. Após 48-72h, a antibioticoterapia deve ser reavaliada, substituindo-se a droga por outra mais adequada, caso necessário. A duração do tratamento deve ser de sete dias. A escolha do antibiótico altera-se apenas na gestante, uma vez que as fluoroquinolonas são contraindicadas, pela possibilidade de complicações para o feto. Neste caso, preferem-se os betalactâmicos (amoxicilina, cefalosporina 1a geração) ou nitrofurantoína. Apenas na gestante está indicada urinocultura de controle após 2-4 semanas do término do tratamento e, se negativa, devemos repeti-la mensalmente, até o parto (devido às maiores taxas de recorrência).
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Tratamento uretrite no homem:
uretrite é sugerida pela presença de corrimento uretral. Quando purulento, suspeita-se de N. gonorrhoeae, o que indica tratamento com ceftriaxone 250 mg IM dose única. Quando inespecífica, podemos usar doxiciclina por dez dias.
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Tratamento cistite no homem:
disúria, polaciúria, dor suprapúbica), é obrigatório fazer: (1) urinocultura com antibiograma; (2) Gram de urina; e (3) exame clínico da próstata. A cistite é tão incomum no homem, que devemos duvidar desse diagnóstico na ausência de comprovação laboratorial... Se a próstata estiver normal, o tratamento dura sete dias, sendo inicialmente guiado pelo Gram de urina (cocos Gram-positivos = amoxicilina – provável Enterococcus; bastonetes Gram-negativos = norfloxacina – provável E. coli ou Proteus).
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Tratamento prostatite:
A prostatite aguda em pacientes com menos de 35 anos geralmente é causada por Neisseria gonorrhoeae, Chlamydia trachomatis ou outros agentes sexualmente transmissíveis, enquanto a prostatite aguda em pacientes com mais de 35 anos costuma ser causada pelas enterobactérias (E. coli, Proteus spp.). A ofloxacina é o antibiótico de escolha para o primeiro grupo, enquanto no segundo grupo o antibiótico de escolha deve ser uma fluoroquinolona (como a ciprofloxacina). Como a prostatite aguda é uma doença mais grave, com prostração, febre alta e calafrios, o paciente deve ser internado e a antibioticoterapia deve ser venosa (pelo menos nos primeiros dias). Após melhora do quadro, o tratamento passa para a via oral. A duração total da terapia deve ser de 30 dias. A prostatite crônica deve ser tratada com antibioticoterapia prolongada (fluoroquinolona ou sulfametoxazol-trimetoprim), via oral, geralmente por três meses... A refratariedade à terapia ou à ocorrência de recaída levam à suspeita de litíase prostática, a qual deve ser confirmada por US transretal. Antibioticoprofilaxia em longo prazo ou a prostatectomia são medidas viáveis nesses casos!
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Tratamento da pielonefrite aguda:
A pielonefrite aguda é uma infecção potencialmente grave, que deve ser tratada imediatamente. O esquema antimicrobiano inicial deve ser empírico, enquanto se aguarda o resultado da urinocultura (48h). O Gram da urina, se solicitado, pode nortear a escolha dessas drogas... Não devemos nos esquecer de coletar duas amostras de hemocultura! A duração recomendada do tratamento ainda é 14 dias. O tratamento deve ser feito em casa ou no hospital? Obviamente, esse julgamento deve ser individualizado. Entretanto, existem alguns critérios estabelecidos que indicam a internação... (1) hipotensão arterial; (2) vômitos intensos (terapia IV); e (3) febre com tremores, que denotam episódios de bacteremia. Os pacientes sem critérios de gravidade podem ser tratados desde o início pela via oral. Como temos que escolher o antibiótico mais adequado antes do resultado da urinocultura, devemos seguir o seguinte fluxograma: o tratamento da pielonefrite aguda deve ser iniciado com uma fluoroquinolona sempre que: (1) não pudermos contar com o Gram; (2) o Gram não revela bactérias; ou (3) evidenciam-se bastonetes Gram-negativos. O sulfametoxazol-trimetoprim tem sido pouco utilizado, pelo fato de já haver 20% de resistência da E. coli a esse agente. Mas o esquema inicial deverá ser diferente, caso a bacterioscopia da urina revele a presença de cocos Gram-positivos... Nestes casos, a suspeita recai sobre o Enterococcus, justificando o uso de amoxacilina (500 mg VO 6/6h) ou ampicilina (1 g IV 6/6h). Aqueles que iniciarem quadros graves, especialmente se houver associação com calafrios, devem receber terapia venosa com ampicilina associada a fluoroquinolona (ofloxacina 400 mg IV 12/12h, pefloxacina 400 mg IV 12/12h ou ciprofloxacina 200 mg IV 12/12h). O mesmo esquema deve ser indicado na pielonefrite do idoso, devido à maior prevalência da infecção enterocócica! A gestante deve ser tratada com uma cefalosporina de 3a geração (ceftriaxone, cefotaxima, caftizoxima). A urinocultura de controle após 2-4 semanas do término da terapia é mandatória. Se for positiva, deve-se suspeitar de alguma complicação, estando indicada a ultrassonografia renal. O mesmo acontece quando os sintomas não melhoram após 48-72h de terapia, quando devemos suspeitar da presença de complicação. Nos casos de abscesso, a drenagem deve ser realizada o quanto antes, pois de outra forma dificilmente haverá resposta à antibioticoterapia...
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Tratamento ITU hospitalar:
A ITU hospitalar, relacionada ao cateter vesical, pode se apresentar com sintomas de cistite (dor suprapúbica), pielonefrite/bacteremia (febre, calafrios, lombalgia) ou apenas com alterações no aspecto da urina (turva e com grumos). Em todos os casos está indicada uma urinocultura com antibiograma. Esta deve ser colhida pelo próprio cateter, após devida antissepsia, ou por um novo cateter, caso o primeiro esteja há mais de sete dias no paciente. Se os sintomas forem de cistite, um tratamento de sete dias está indicado. Se os sintomas forem de pielonefrite, a duração da terapia não deve ser inferior a 14 dias. Na ausência de sintomas, o tratamento só está indicado se a urinocultura for positiva e o paciente apresentar um elevado risco de pielonefrite, como, por exemplo, nas gestantes. Nesses casos, a duração deve ser de sete dias, e sempre que possível o cateter deve ser retirado! Em pacientes assintomáticos com necessidade de cateterismo vesical de demora, mas que não pertençam a grupos de risco evidente, mesmo na presença de urinocultura positiva, os antimicrobianos não devem ser feitos, pois, além de não eliminarem a bacteriúria, acabam selecionando uma flora extremamente resistente... A escolha do antibiótico deve se basear no resultado da urinocultura e antibiograma, ou, no caso de tratamento empírico, nas orientações da Comissão de Controle de Infecção do Hospital (CCIH). Aqui também o Gram de urina pode orientar quanto à presença do enterococo... As fluoroquinolonas continuam sendo os antibióticos de escolha para a infecção por Gram- -negativos, bem como a ampicilina para o enterococo. A urinocultura de controle após 2-4 semanas do término do antibiótico está indicada apenas na pielonefrite ou bacteremia.
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Indicações de antibioticoprofilaxia para as ITUs:
``` 1- ITU sintomática de repetição (mais de três episódios por ano). 2- Gestante com ITU recorrente. 3- Pós-transplante renal. 4- Prostatite crônica. 5- Crianças com refluxo vesicureteral ```
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Principal causador de infecção renal por fungos:
Candida
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Indicações de antifúngico:
A candidúria resolve-se espontaneamente em 20-40% dos casos, no período de um mês. Casos nos quais se observou a candidúria por um ano, sem tratamento e sem o desenvolvimento de complicações... Por isso, na ausência de sintomas urinários (e de determinadas condições clínicas), o achado de candidúria indica apenas a correção dos possíveis fatores de risco associados (principal: retirar o cateter vesical), bem como a repetição da urinocultura uma a quatro semanas após. As condições clínicas que indicam a terapia antifúngica são aquelas em que há uma chance maior de infecção invasiva ou quando existem sintomas de ITU (Tabela 14). Na presença de candidúria, devemos avaliar a existência das condições acima... Os pacientes com câncer, especialmente hematológico, tratados com quimioterapia e antibioticoterapia de amplo espectro, são aqueles com maior risco de infecção fúngica invasiva pelo foco urinário! Os transplantados renais fazem uso de imunossupressores e antibióticos profiláticos, contribuindo para a incidência de candidúria e suas complicações. Cerca de 10% apresentam candidemia associada e 95% têm infecção por Candida em outro sítio além do urinário. Nos pacientes internados no CTI, com altos escores de gravidade, a candidúria pode representar um risco potencial de disseminação ou infecção sistêmica não detectada clinicamente. Um estudo mostrou que o início precoce de antifúngico (no caso, o fluconazol) é capaz de reduzir a mortalidade. A candidúria pode associar-se à candidemia, mas esta tende a ser de curta duração e apresentar resolução espontânea, sendo de melhor prognóstico do que a candidemia pelo foco intravascular (cateter venoso profundo). No paciente grave, a candidemia sempre deve ser tratada. A presença de lesões exsudativas de aspecto algodonoso na fundoscopia indica infecção sistêmica por Candida, mas são achados relativamente raros (< 10%)...
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Complicações infecção renal fúngica:
As complicações da candidúria são: (1) invasão renal; (2) infecção sistêmica; (3) bola fúngica. A bola fúngica pode ocorrer no rim, ureter ou bexiga, sendo responsável por alguns casos de candidúria refratária e fenômenos obstrutivos. O melhor exame diagnóstico é a pielografia retrógrada, e a conduta é a retirada da lesão.
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Escolha do antifúngico na infecção renal fúngica:
Os dois antifúngicos indicados para tratar a infecção por Candida são a anfotericina B e o fluconazol. Os outros derivados imidazólicos, como o cetoconazol e o itraconazol, são ineficazes para o tratamento da infecção invasiva ou sistêmica pelo fungo. Devido à sua toxicidade (especialmente renal), a anfotericina B não deve ser usada como primeira opção. Atualmente não se recomenda mais a irrigação vesical com anfotericina, a qual pode na verdade induzir a infecção (frequentemente por organismos resistentes)... Algumas espécies de Candida tendem a ser resistentes ao fluconazol, como a C. glabrata e a C. krusei. Nesses casos, a preferência é obviamente pela anfotericina B. História de uso prévio de fluconazol é importante, pois podemos estar lidando com uma cepa resistente... Isso é válido inclusive para a C. albicans! As posologias do fluconazol e da anfotericina B estão dispostas na Tabela 15. Após uma a duas semanas, está sempre indicada uma urinocultura de controle. Se positiva, devemos procurar complicações do tipo “bola fúngica”, ou mesmo resistência da Candida ao antifúngico empregado.
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Indicações de antifúngicos para candidúria:
``` Sintomas de ITU. Cilindros hialinos com pseudo-hifas no EAS. Pós-transplante renal. Neoplasias hematológicas. Neutropenia. Quimioterapia para câncer. Obstrução urinária. Bexiga neurogênica. Pacientes graves (CTI). Candidemia (?). Fundoscopia sugestiva de infecção sistêmica ```