Tétano Flashcards

1
Q

Definição de tétano

A

O tétano é uma doença infecciosa aguda, não-contagiosa causada pelo Clostridium tetani, bacilo GRAM + anaeróbio causador da infecção. É uma doença que ocasiona rigidez muscular e com risco à vida.

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2
Q

É uma doença de notificação compulsória?

A

Sim

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3
Q

Quais as características do agente etiológico?

A
  • Bacilo Gram-positivo, anaeróbio estrito, formador de esporos, distribuído de forma ubíqua no meio ambiente e presente na microbiota intestinal de mamíferos.
  • Em condições adversas, o C. tetani adquire forma de esporos e permanece viável no meio ambiente, resistindo a altas temperaturas e produtos de limpeza.
  • Não é uma bactéria invasiva, porém, em condições anaeróbias, adquire a forma vegetativa e pode liberar toxina tetânica.
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4
Q

Quais as toxinas produzidas?

A

Há produção de
duas toxinas: a tetanospasmina e a tetanolisina. A tetanospasmina tem duas cadeias: leve e pesada. 7
. A cadeia leve carrega a porção tóxica, que agirá no sistema nervoso central, e a cadeia
pesada é a facilitadora da ligação nas membranas periféricas das terminações nervosas.

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5
Q

Qual a fisiopatologia?

A
  1. A toxina é distribuída a partir do foco tetânico pela corrente sangüínea, ligando-se às terminações nervosas. Ela é internalizada e transportada de modo intra-axonal e retrógrado pelas células nervosas e alcança o sistema nervoso central, via neurônio motor.
  2. A sinaptobrevina, proteína
    responsável pela exocitose das vesículas do neurotransmissor, é clivada pela tetanospasmina. A toxina impede, portanto, a exocitose do neurotransmissor (glicina e ácido gama-aminobutírico – GABA), o que causa a inibição
    dos interneurônios. Estes neurônios têm a função de inibir a transmissão nervosa. Sem inibição, aumenta a freqüência dos
    impulsos nervosos e estabelece-se um estado de contração muscular permanente chamado hipertonia.
  3. O reflexo de inibição da musculatura antagonista é
    perdido e as musculaturas agonista e antagonista se
    contraem simultaneamente, podendo ocorrer fraturas ósseas,
    ruptura dos tendões ou desinserção muscular.
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6
Q

Quais as primeiras estruturas atingidas pela toxina?

A

Interneurônios motores e depois o SNA ( Simpático e Parassimpático).

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7
Q

A ligação à sinaptobrevina é reversível?

A

Não. A toxina se liga à sinaptobrevina de forma irreversível, portanto, é necessário o brotamento de novos terminais sinápticos para o restabelecimento da função neural. Processo que pode levar alguns meses.

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8
Q

Quais os focos que podem ser tetânicos?

A
  • Lesão cutânea com solução de continuidade de pele ou mucosa
    contaminada pelo esporo do C. tetani.
  • Ferida contaminada por terra
  • Infecções em locais fechados, como nas otites, infecções dentárias e infecções uterinas.

OBS: Em 10% a 30% dos pacientes, não há evidência de ferimento, seja por cicatrização superficial da ferida e manutenção de um foco tetânico profundo ou por
foco odontogênico.

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9
Q

Qual a classificação de gravidade do tétano?

A

Classificação de Ablett:

  1. Trismo leve a moderado; espasticidade generalizada, sem alteração respiratória; ausência de espasmos; pouca ou nenhuma disfagia.
  2. Trismo moderado; rigidez; espasmos leves a moderados de curta duração; alteração respiratória moderada; disfagia leve.
  3. Trismo grave; espasticidade generalizada; espasmos prolongados; períodos de
    apnéia; disfagia severa; taquicardia.
  4. Achados do grau III associados
    a disautonomia.

Na escala da foto:

  • O período de incubação corresponde ao tempo decorrido desde o ferimento até o primeiro sintoma ou sinal do tétano e reflete o tempo de germinação do esporo no foco, a liberação da toxina tetânica e a fixação da toxina às células nervosas. Varia, em média, de 7 a 10 dias, com extremos de 1 a 60 dias.
  • O período de progressão é o tempo entre o primeiro sintoma ou sinal do tétano e o primeiro espasmo generalizado.

OBS: Períodos de incubação e de progressão curtos são associados com doença mais grave.

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10
Q

Qual a classificação clínica do tétano?

A
  • Neonatal: extrema gravidade e alta letalidade. Geralmente, inicia-se na 1ª semana após o nascimento, com história de incapacidade de sucção, vômitos e hipertonia. O neonato evolui com
    trismo, alteração da sucção, flexão dos membros superiores e extensão dos membros inferiores, com opistótono intenso e espasmos.

OBS: O tétano neonatal é totalmente evitado com a vacinação materna, mesmo sendo iniciada durante a gravidez.

  • Acidental: Subdividido em localizado, generalizado e cefálico.
  1. Cefálico: Foco no segmento cefálico. Afeta os nervos cranianos, especialmente na área facial; apresenta trismo, rigidez de
    nuca, disfagia e hipertonia da musculatura mímica. Podem
    atingir a glote e a faringe, causando asfixia e morte. Tende a progredir para tétano generalizado e está associado a letalidade elevada.
  2. O tétano localizado ocorre quando há produção de baixas doses de toxinas. Espasmos e rigidez restritos a uma área limitada do corpo e com dor local. A letalidade é baixa, em torno de 1% dos casos, porém, o tétano localizado pode preceder o aparecimento do tétano generalizado.
  3. Tétano generalizado: É a forma mais comum de tétano, respondendo por cerca de 80% dos casos, acometendo toda a musculatura estriada.

-

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11
Q

Quais os fatores de risco para tétano neonatal?

A
  • Gestante que não recebeu vacina contra o tétano.
  • Higiene umbilical precária.
  • Corte do cordão umbilical com instrumento não-estéril.

OBS: O tétano neonatal é totalmente evitado com a vacinação materna, mesmo sendo iniciada durante a gravidez.

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12
Q

Quais os locais afetados primeiramente na forma generalizada?

A

Os músculos da cabeça e do pescoço costumam ser
afetados primeiramente, com progressão craniocaudal
da rigidez e da espasticidade generalizadas.

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13
Q

Qual o sentido da progressão da forma generalizada?

A

Craniocaudal.

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14
Q

V ou F:

Períodos de incubação e de progressão longos são associados com doença mais grave.

A

Falso, períodos mais longos são associados com doença mais grave.

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15
Q

Qual o quadro clínico que pode aparecer na generalizada?

A
  • Rigidez muscular: Pode começar com trismo, rigidez de nuca, disfagia, rigidez facial. Geralmente, ocorre opistótono. Pode ter hiperpirexia.
  • Espasmos musculares: Os espasmos musculares são intensamente dolorosos e, nos intervalos, fraqueza muscular é relatada. Espasmos faríngeos são freqüentemente seguidos por espasmos laríngeos, sendo associados a aspiração e obstrução aguda de vias aéreas, com alto risco de óbito.
  • Disautonomia: As tempestades autonômicas produzem instabilidade hemodinâmica, alternando estados de hipertensão e taquicardia com hipotensão e bradicardia, podendo levar a parada cardíaca súbita. Essas alterações são os resultados das rápidas alterações na resistência
    vascular sistêmica, assincrônicas com o desempenho cardíaco.
  • Problemas respiratórios: conseqüência da restrição
    ventilatória determinada pela contração muscular da parede torácica e da parede abdominal. A hipóxia é um achado freqüente no tétano, pois a oferta de oxigênio e o consumo podem estar comprometidos pelo intenso gasto energético.
  • Alterações hemodinâmicas: No tétano grave, o estado hemodinâmico mimetiza
    o esforço do exercício físico intenso. Ocorre um estado
    hiperdinâmico provavelmente secundário ao aumento da atividade simpática basal e da atividade muscular. Arritmias e IAM podem ocorrer. As anormalidades hemodinâmicas retornam gradualmente ao normal quando o paciente se recupera da doença.
  • Alterações renais: A função renal é geralmente preservada, mas, na
    doença grave, é possível observar redução da taxa de filtração glomerular e instalação de insuficiência renal aguda por desidratação, rabdomiólise, sepse, entre outras.
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16
Q

Quais podem ser os gatilhos dos espasmos musculares?

A

Os espasmos musculares são paroxísticos, desencadeados espontaneamente ou por estímulos táteis, proprioceptivos,
visuais, auditivos ou emocionais. Variam em intensidade
e freqüência, podendo ser vigorosos o suficiente para causar fraturas ósseas e avulsão de tendões.

17
Q

Qual é mais ativado no tétano, o simpático ou o parassimpático?

A

Simpático. Ocorre hiperatividade do mesmo e aumento importante de catecolaminas (até 10x o valor normal, podendo se equiparar com o feocromocitoma).

18
Q

Quais as condições podem aumentar a chance de pneumonia em pessoas com tétano?

A
  • Tosse ineficiente secundária à rigidez muscular
  • Espasmos paroxísticos
  • Sedação
  • Bloqueio neuromuscular
19
Q

O que pode aumentar o risco de broncoaspiração nesses pacientes?

A
  • A incapacidade em deglutir saliva
  • Secreções brônquicas profusas
  • Espasmos faríngeos
  • Pressão intra-abdominal elevada
  • Estase gástrica
20
Q

Como é feito o diagnóstico?

A

O Clostridium tetani é raramente cultivado. O diagnóstico definitivo é essencialmente clínico, não dependendo de confirmação bacteriológica.

Não há sinais laboratoriais típicos do tétano. No entanto, pode ter aumento de CPK (contratura), da aldolase, aminotransferase. Já os exames de imagem servem mais para ver se há fraturas por conta de espasmos muito fortes.

21
Q

V ou F:

O paciente perde a consciência durante os espasmos.

A

Falso.

22
Q

Quais os diagnósticos diferenciais?

A
  • Intoxicação por estricnina
  • Impregnação por neurolépticos
  • Hipocalcemia
  • Meningite
  • Encefalite.

Em neonatos: Hipoglicemia, hipocalcemia, crises convulsivas, sepse.

23
Q

Quais as estratégias de tratamento?

A