Febre Amarela Flashcards
Qual é a etiologia da febre amarela?
Etiologia:
- Arbovírus da familia Flaviviridae. É também conhecido como vírus amarílico.
- todos os virus dessa família são hepatotrópicos
- RNA-virus envelopado
Epidemiologia
- Hoje, somente transmissão silvestre
- Ultimo caso de FA urbana foi em 1942
- Vacina 1937
- Endêmica na região Amazônica
- Dezembro e Maio: temperatura elevada e alta pluviosidade, alta densidade de vetores, hospedeiros suscetíveis.
- Os indivíduos mais acometidos são homens, maiores de 15 anos e envolve relação com ecoturismo, trabalho agrícola e pescaria.
- Doença de notificação compulsória obrigatória em até 24 horas. Sejam casos humanos ou epizootias devem ser notificados.
Ultima epidemia no Brasil
- 2017-2018
- Por baixa cobertura vacinal
- Regiao sudeste: SP - MG - RJ
- Populaçao nao imunizada
- 1376 casos
- 483 mortes
De que modo acontece a transmissão da febre amarela?
Transmissão vetorial: mosquitos. Atualmente, o ciclo urbano está erradicado, mas ainda existem o ciclo silvestre por vetores como o Haemagogus e Sabethes que transmitem a doença para o macaco (principal reservatório). Pode ocorrer por mordida de macaco contaminado.
Tais mosquitos habitam a copa das árvores, mas podem eventualmente ser encontrados no solo da mata. Sua atividade hematofágica se dá durante o dia, entre 10-14h, momento de maior intensidade dos raios solares. O homem entra no ciclo como hospedeiro “acidental”, ao penetrar em zonas de mata nas áreas endêmicas. Podemos considerar a febre amarela atualmente como uma autêntica zoonose.
Características de incubação e períodos de sintomas da febre amarela:
- Incubação de 3 a 6 dias
- Transmissão:
- de 24 a 48h antes dos sintomas
- Até 3 a 5 dias após sintomas - período de viremia
- Há variação sazonal de janeiro a março (meses chuvosos) –> que levam a proliferação do vetor
Quais são os principais vetores da febre amarela?
FA - Urbana: Aedes Ageypti (ultimo surto em 1942)
FA - Silvestre: Haemogogus e Sabethes (surto de 2017)
VERDADEIRO ou FALSO:
90% dos casos de febre amarela não estão no Brasil.
VERDADEIRO
90% dos casos estão na Africa.
Qual a explicação para migração epidemiológica da febre amarela do norte do país para os estados de São Paulo e Minas Gerais?
A migração ocorreu devido a migração de hospedeiros vertebrados infectados pelo vírus, ou seja, macacos, para as regiões de mata atlântica de Minas e São Paulo. Esses hospedeiros infectados, contaminaram os mosquitos presentes na mata que começaram a transmitir a humanos pela picada.
Qual a explicação para que no surto de 2017 - 2018 houve 40% de mortalidade e mais de 2000 infectados na região sudeste?
A explicação baseia-se no principio de que a febre amarela não era comum nessas regiões e, por isso, as pessoas não eram imunizadas (vacinadas) para o vírus. Dessa forma, quando houve o surto, mais pessoas estavam susceptíveis a infecção.
Patogênese da Febre amarela:
Picada –> Replicação viral nos Linfonodos regionais –> disseminação hematogênica a partir de macrófagos —> Principal alvo: FÍGADO:
- Dano hepatocelular intenso (60%): O vírus amarílico causa necrose em grandes extensões do parênquima hepático, principalmente nas áreas médio-zonais, poupando as extremidades do lóbulos, e esse tipo de lesão é predominante na febre amarela.
Corpúsculo de Councilman-Rocha Lima: Degeneração hialina, acidófila dos hepatócitos, mas não é patognomônico da febre amarela, também sendo encontrado em infecções por Plasmodium falciparum (malária).
- Hepatite grave e insuficiência hepática
Também tem lesão renal:
- Necrose tubular e pré-renal
Fenômenos hemorrágicos: deficiencia de fatores de coagulação, Coagulação intravascular disseminada, lesão endotelial, plaquetopenia (MAS O PRINCIPAL EFEITO HEMORRÁGICO É POR CAUSA DOS FATORES DE COAGULAÇÃO)
EFEITO CITOPÁTICO DIRETO DO VÍRUS (FENÔMENOS IMUNOMEDIADOS)
Pode passar por via hematogênica também para pulmões, baço, médula óssea, SNC, miocárdio e suprarrenais.

Tanto na Dengue quanto na Febre amarela pode-se ter dano hepático. Em quais das doenças há mais lesão hepática com maiores niveis de transminases?
NA FEBRE AMARELA
Qual a principal diferença da Febre amarela e das hepatites virais, já que ambas acometem o fígado?
Nas hepatites virais não é esperado encontrar alterações em fatores de coagulação (só acontece quando há insuficiência hepatocítica em 2% dos casos); ja na febre amarela há alterações nos fatores de coagulação.
O Quadro clínico da febre amarela é dividido em 3 fases. Descreva a primeira fase:
-
Primeira Fase (infecção):
- Viremia (pico 2º ou 3º dia)
- febre, calafrios
- Cefaleia, mialgia
- Dor lombar
- Hepatomegalia
- Dor abdominal
- Prostração, náuseas, vômitos.
FASE MUITO INESPECÍFICA
O Quadro clínico da febre amarela é dividido em 3 fases. Descreva a SEGUNDA fase:
Segunda fase: fase de REMISSÃO (de poucas horas até 48 horas). Ocorre melhora da febre e dos sintomas. Pode interferir no diagnóstico, pois aparenta ser uma melhora do paciente.
O Quadro clínico da febre amarela é dividido em 3 fases. Descreva a TERCEIRA fase:
Terceira fase: TOXÊMICA
- Anticorpos (começando a ser produzido, no final da primeira semana)
- Viremia (pouca viremia)
- Febre (por resposta imunológica)
- Vômitos com aspecto de borra de café
- Icterícia (bastante)
- IRA (pré-renal por hipovolemia e imunológica renal)
- Hemorragia ( Produção diminuída de fatores de coagulação, plaquetopenia, CIVD, disfunção endotelial e de adesão plaquetária).
- Sinal de Faget ( dissociação pulso-temperatura)
- Encefalopatia
- Coma, choque
- Óbito
O que é sinal de Faget?
Consiste na dissociação entre pulso e temperatura. Normalmente, o paciente febril apresenta taquicardia, mas no sinal de Faget isso não ocorre, quadro em que pode inclusive ocorrer febre com bradicardia relativa. Pode ocorrer na Febre tifoide.
Como distinguir dengue de febre amarela?
- Clínica
- A eosinopenia na FA é menor
- Transaminases aumentam mais na FA
- TAP, TTPA e TS surgem desde o início dos sintomas na FA.
Porcentagem das Apresentações Clínicas
Maligna: 5-10%
Grave: 10-20%
Leve e moderada 20-30%
Assintomatica: 40-65%
Quais as características da forma leve/moderada?
- Febre, mialgia, cefaleia, náuseas
Quais as características da forma grave?
Íctero-hemorrágica: Tem duração de 3-5 dias. Tudo que tem na leve + icterícia, manifestações hemorrágicas ( gengivorragia, hematêmese, metrorragia, petéquias, equimoses) , oligúria, rebaixamento, aumento de creatinina.
Quais as características da forma maligna?
Íctero-hemorrágica-renal: Todos os sintomas da forma grave, porém bem intensificados + CIVD. Insuficiência renal aguda por necrose tubular aguda com elevação de escórias caracterizam o comprometimento renal. Uma miocardite pode ocorrer e se manifesta por arritmias e baixo débito. O paciente morre em estado de choque, insuficiência hepática e CIVD. O óbito costuma ocorrer entre o 7º e 10º dia de doença.
Existe cronificação hepática da febre amarela?
Não.
O que pode mostrar o LCR na Febre Amarela?
O LCR não mostra uma encefalite viral, mas apresenta hiperproteinorraquia sem alteração de celularidade.
Quais alterações laboratoriais são esperadas na febre amarela?
Hemograma:
- Na fase inicial da doença, observa-se discreta leucocitose com neutrofilia e intenso desvio à esquerda com eosinopenia (menor do que na dengue). A partir do terceiro ou quarto dia, o quadro hematológico altera-se para leucopenia com linfocitose, permanecendo o desvio à esquerda e a eosinopenia;
- Bioquímica: as aminotransferases — transaminases — aumentam consideravelmente, em geral mais de 1.000 UI, AST > ALT, provavelmente devido à ação direta do vírus sobre o miocárdio e o músculo esquelético. Isso distingue a febre amarela de outras hepatites virais. Há aumento de bilirrubina, com predomínio da fração direta, do colesterol, da fosfatase alcalina e dos níveis de ureia e creatinina
- Coagulopatias: TP, TPA, TS (desde o inicio dos sintomas - principal diferença com dengue e hepatites virais)
- Urina: caracteristicamente, observa-se proteinúria — a concentração de proteína atinge valores entre 3 e 20 g/L —, hematúria e cilindrúria
- Elevação de ureia, creatinina, albuminúria.
- VHS aproximando-se de zero – dado característico da doença.
ATENÇÃO AO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: DENGUE

