HIV/AIDS Flashcards
HIV/AIDS
Tipos? Subtipo mais comum no Brasil e no mundo?
HIV-1 e HIV-2.
Grupo M, subtipo B (Brasil e EUA) e subtipo C (mundo).
O HIV-2 é praticamente exclusivo da África.
Epidemiologia no Brasil
- Sul e Sudeste eram a maioria.
- 25-39 anos ( faixa mais acometida)
- Mais em homens
- Houve aumento de HSH ( Baixo uso de preservativos e múltiplos parceiros).
- Mais acometidos: Trans > HSH > Usuários de drogas > Profissionais do sexo
- Transmissão entre homens é maior por HSH. Já nas mulheres é por sexo heterossexual.
- HIV = Notificação compulsória
- No mundo, é maior na África. A principal via lá é a heterossexual, enquanto em países europeus desenvolvidos é por HSH.
Tipo de vírus? Conteúdo genético?
- Retrovírus.
- RNA (carga viral).
(RNA → transcriptase reversa → DNA)
Principais proteínas de entrada do vírus nas células?
Glicoproteínas 120 e 41 - CCR5.
Principal forma de contaminação em < 13 anos?
Vertical
Há maior risco de contaminação por HIV na relação sexual ______ (oral/vaginal/anal).
Anal. A ordem é Anal> vaginal> oral
Fases da história natural?
- Infecção aguda (↑carga viral/↓CD4);
- Latência clínica (setpoint viral);
- Sintomática (doenças relacionadas ao HIV).
Principal marcador de prognóstico? Em qual fase ocorre?
- Setpoint viral.
- Latência clínica.
(se ↓CV no ponto de equilíbrio, mais lenta a progressão da doença)
1) Controladores de elite
2) Não-progressores:
- Indivíduos (1%) capazes de manter a carga viral indetectável ou muito baixa no setpoint viral. Quanto menor o setpoint viral, mais lentamente evoluirá para AIDS. Eles possuem uma mellhor resposta adaptativa. Relacionada aos alelos HLA-B57-01 e HLA-B27-05.
- Indivíduos infectados (5-15%) há mais de 10 anos e sem TARV, CD4 estável e CV mais ou menos baixa, orém que em alguns anos vai ter progressão do quadro.
Como é o virion do HIV?
É icosaédrico, com a presença de glicoproteínas de superfície (Gp 41 e Gp 120). Além disso, possuem o MHC do hospedeiro.
Possuem capsídeo (envelope viral interno) com a presença da transcriptase reversa, o RNA viral e a proteína p24).
Quais as células que o HIV infecta?
Células que têm o CD4+ na superfície:
* Linfócitos T helper
* Macrófagos/monócitos
* Células dendríticas/Células de Langerhans.
Qual a fisiopatologia da doença?
- Gp 120 interage com CD4+ a partir dos correceptores CCr5 e CXCR4 dos linfócitos.
- Ocorre uma mudança conformacional que expõe a Gp41 ( responsável pela fusão das membranas virais com a da célula hospedeira).
- Inoculação do capsídeo no citoplasma do hospedeiro
- Transcrição reversa do RNA viral em DNA pró-viral e sua subsequente liberação pelo capsídeo no citoplasma da célula.
- Entrada do DNA pró-viral no núcleo celular a partir de poros abertos no núcleo no momento em que a célula está ativada.
- Uma enzima do vírus chamada de integrase une o DNA pró-viral com o DNA do hospedeiro.
- Ocorre a leitura desse DNA e a formação de RNAm e, consequentemente, transcrição de proteínas virais novas.
- Essas são englobadas pela membrana citoplasmática do hospedeiro e liberadas com ação da enzima protease.
De que forma pode ocorrer a destruição dos linfócitos T helper?
- Ação direta do vírus
- Ação indireta do vírus (sistema imune com NK, Anti-HIV e Linfócitos TCD8+).
- Exaustão celular, anergia e apoptose por hiperativação em decorrência do estado inflamatório crônico.
Como é o processo de infecção primária?
- Aquisição do vírus por solução de continuidade ou carreado por células dendríticas do epitélio da mucosa até a submucosa.
- Alcançam na submucosa os linfócitos T helper, principalmente os ativados para promover sua replicação viral.
- Se disseminam via linfática até linfonodos regionais aonde encontrarão mais TCD4+ e realizarão um pico de viremia intensa, o que vai levar à síndrome retroviral aguda.
- Disseminação para órgãos e qualquer parte do corpo.
- A replicação intensa vai ser freiada pelo surgimento da defesa imune adaptativa (celular e humoral) e vai ter um controle parcial, chegando num estágio chamado de setpoint viral ou viremia basal (em torno de 6-12 meses). Esse setpoint é o que vai definir o prognóstico, ou seja, quanto maior a CV do setpoint viral, mas rápida será a progressão para a SIDA.
- SIDA ( em média 10 anos depois)
Como é a infecção crônica pelo HIV?
A alta replicação viral e mutação do HIV deixa ele sempre a frente do sistema imune. Formam-se linfócitos TCD8+ e linfócitos B para aquele determinado tipo de HIV, porém as novas células virais se aproveitam da situação e atacam os linfócitos. Isso perpetua a viremia.
Como ocorre a ativação do sistema imune no indivíduo com HIV?
Os linfócitos precisam estar ativados (geralmente ocorre em inflamações) para que o HIV realize a sua replicação. No caso do HIV, há um estado de inflamação crônica. Essa inflamação ocorre em decorrência do ataque do HIV ao GALT (Tecido linfoide associado ao intestino), que possui inúmeras células TCD4+. Dessa forma, ocorre uma quebra da barreira imune do intestino e isso facilita a translocação bacteriana e de produtos de origem bacteriana levando a um estado inflamatório.
Além disso, a Gp120 ao entrar em contato com o CD4, CCR5 e CXCR4 causam hiperativação das células, mesmo que não as infecte. Isso leva à exaustão celular por hiperativação e apoptose.
Esse estado inflamatório crônico leva à Síndrome do envelhecimento acelerado: Osteoporose, DCV, risco de CA, DM 2, DRC, doença hepática crônica, disfunção neurocognitiva.
Outra coisa que pode ocorrer é a exacerbação de doenças autoimunes e o surgimento de manifestações autoimunes. Isso ocorre pela alta estimulação de linfócitos B, causando hipergamaglobulinemia policlonal, o que consequentemente aumenta os autoanticorpos. Pode ocorrer um mimetismo molecular.
Além disso, existem fatores adicionais na fisiopatogênese:
* Redução do HLA classe I: HIV faz reduzir a expressão do HLA de classe I na membrana e que serve como expositor da célula infectada. Logo, o TCD8+ não mata as células infectadas.
* Aumento de NK defeituosas: As células NK normais geralmente matam as células que não apresentam HLA I. Essas defeituosas têm menor poder citolítico.
* Ineficácia dos anticorpos anti-HIV
* Esconderijo em santuários ecológicos: Ex: Baço, SNC, sistema reticuloendotelial.
* Infecção latente: O HIV pode ficar latente em muitos linfócitos TCD4 sem se replicar. Logo, podem não ser alcançados com a TARV e ficar até 70 anos latentes. Diz-se que 70 anos de TARV perfeita eliminariam o vírus.
O que é a transativação heteróloga do HIV?
Qualquer processo infeccioso vai ocasionar inflamação e, consequentemente, mais linfócitos serão ativados e a replicação viral irá aumentar. Há uma correlação grande da TB com o HIV. Um piora o outro.
Qual o papel da genética no HIV?
Existem indivíduos caucasianos que possuem polimorfismos do gene CCR5 (principal correceptor) que lhes confere proteção contras as cepas R5. Porém, nesses indivíduos, se a infecção for pela X4 não há proteção.
Quais as formas de transmissão do HIV?
- Contato sexual ( Anal>vaginal>oral). A forma vaginal (heterossexual é a mais comum, porém não é a forma mais eficiente de transmissão. 0,12% por coito vaginal desprotegido. É mais comum do homem para a mulher do que vice-versa ( o sêmen fica mais em contato com a mucosa vaginal, enquanto a exposição do pênis aos fluidos vaginais é comparativamente bem menor). O sexo oral pode ser transmitido por quem faz e por quem recebe e não está isento de riscos, apesar de baixo.
O sexo anal tem 1,4% de chance por coito desprotegido. Quem recebe o sexo anal vai ter mais risco. A mucosa retal é mais frágil e mais propícia a lesões e, consequentemente, lesões de continuidade. Além disso, a mucosa retal é mais fina do que a vaginal, diminuindo o caminho até chegar na submucosa. Práticas simples como duchas anais podem traumatizar a mucosa retal e causar lesões. - Vertical (Intraútero, parto e amamentação):
Parto (50-65%) > Intraútero (23-30%) > Aleitamento (12-20%). Sem medidas profiláticas, de 15-45% das mães transmitem para os seus bebês.
- Contato com sangue, hemoderivados e tecidos:
- Uso de drogas injetáveis e de não injetáveis (aumentam comportamentos de risco).
- Acidentes ocupacionais: Percutânea (0,3%) >mucosa (0,09%)>contato em pele não-integra (0,09%). Quanto mais profundo o corte maior será a chance.
Quais os fatores que aumentam a eficiência da transmissão do HIV?
- DSTs: Aumentam inflamação, chamando mais TCD4+ e podendo ter lesões (soluções de continuidade).
- Carga viral: Quanto maior, maior será a chance de contágio. Um dos principais fatores envolvidos.
- TARV: Mesmo raciocínio da carga viral.
- Circuncisão: O prepúcio é uma região bem sensível e vascularizado, sujeito a erosões. No entanto, essa proteção é em casais heterossexuais.
- Uso de ACOs: Eles mudam o epitélio da mucosa vaginal, deixando-o mais susceptível à transmissão.
Por que meninas jovens são mais susceptíveis a pegar HIV do que meninos?
Nelas ainda não houve uma maturação complleta genital. Logo, há uma ectopia cervical do epitélio mais fino do colo do útero ( em mulheres fica mais interno) e dessa forma aumentam as chances de contágio.
Quais os hemoderivados transmitem o HIV e quais não?
- Sangue total, CH, Crioprecipitado, concentrado de plaquetas, de leucócitos, plasma.
- Gamaglobulinas, Imunoglobulinas anti-hepatite B, Imunoglobulina anti-fator Rh e concentrados de fatores de coagulação.
O risco de contágio é de 90% com a exposição ao hemoderivado.
Quais as medidas para reduzir o risco de HIV nas hemotransfusões?
- Questionários: Identificar pessoas de risco
- Oportunidade do próprio doador descartar seu sangue.
- Sorologia anti-HIV 1 e 2
- Sorologia antígeno p24
- Pesquisa de ácido nucleico viral
- Screening para outras doenças que podem ter relação.
Para doar sangue precisa ser feito pesquisa de HIV?
Deve ser feito um sorológico e um molecular. O sorológico deve detectar antígenos virais e anti-hiv 1 e 2.
Existe chance de obter HIV por inseminação artificial?
O risco existe, porém o homem fazendo uso adequado de TARV e sendo realizada a “lavagem” do esperma, o risco se torna desprezível.
Em quais fluidos corporais pode ter ou não o vírus do HIV?
Pode ter:
1. Sangue
2. Sêmen
3. Líquido sinovial
4. LCR
5. Fluido vaginal
6. Líquido pleural, pericárdico, amniótico e peritoneal.
Não tem:
- Fezes
- Secreções nasais
- Salivas
- Escarro
- Suor
- Lágrimas
- Urina
- Vômitos
OBS: Lembrando que se tiver sangue, pode ocorrer a contaminação.
Quais os fatores que influenciam a transmissão vertical do HIV?
- Carga viral materna: O mais importante. Quanto maior a carga, maior a chance de transmissão.
- Uso de TARV: Com o uso adequado, a transmissão é <1%.
- Genótipo HLA: A compatibilidade da mãe e do filho aumenta a chance de transmissão. As células infectadas não são logo eliminadas no corpo do RN por causa da semelhança do HLA.
- Tempo de ruptura das membranas: Quanto mais tempo em contato, maior a chance de transmissão. O feto fica mais tempo em contato com as secreções vaginais da mãe.
- Tabagismo
- DST na mãe
- Uso de drogas ilícitas
- Corioamninite.
O que é a cascata do cuidado contínuo?
É a meta da ONU para diagnosticar > de 90% de pessoas com HIV, >90% estarem tratadas com TARV e >90% com carga viral suprimida ( <1.000 cópias). É chamada de cascata porque um objetivo leva ao outro.
Quais as estratégias de diagnóstico pelo MS?
Existe o diagnóstico para de 18 meses e para menores ou iguais a 18 meses.
Para maiores de 18 meses: Se faz um IE de 4ª geração (detecta antígeno p24 e todas as outras imunoglobulinas) + Teste molecular (CV) Modelo ideal. Vindo positivo os dois, se faz um novo IE de 4ª geração, o que confirma o diagnóstico.
Pode-se fazer também com o de 3ª geração, porém esse não detecta o antígeno p24. Logo, a janela diagnóstica é maior.
Pode ser feito também IE de 3ª ou 4ª geração e confirmar com o western blot (bom para pacientes em que se desconfia de controlador de elite e em falsos positivos - carga viral persistentemente inferior a 5.000 cópias por mL)
Qual a diferença do Imunoblot e do Western Blot?
No imunoblot os antígenos virais são recombinantes, ou seja, por engenharia genética. Já no Western Blot é com proteínas virais nativas do HIV. Para os exames é necessário que pelo menos dois de 4 sejam positivos: p24, gp 41, gp120 e gp160.
O teste salivar tem quais vantagens?
O paciente pode fazer em casa sem se expor. Além disso, o profissional que faria a coleta pelo sangue não fica exposto ao risco de contrair o HIV ao manusear as amostras.
Em quais situações os testes rápidos são aconselhados?
- Regiões de díficil acesso
- Programas do governo
- Centros de testagem e Aconselhamento
- Populações ribeirinhas
- Segmentos populacionais mais vulneráveis
- Parceiros de portadores de HIV/AIDS
- Acidentes ocupacionais
- Violência sexual (no agressor)
- Gestantes que não se testaram no pré-natal, puérperas
- Abortamento espontâneo
- Pessoas com TB
- Pacientes em pronto-socorro
- Manifestações clínicas que possam indicar HIV/AIDS ou doenças oportunistas.