Psicopatologia II Flashcards
Continuação
Impulsividade
- Tomada de decisões de forma instintiva, sem deliberação ponderada sobre os riscos ou as consequências dessas decisões.
A impulsividade pode ser por:
- secundário a perturbações mentais agudas,
- um traço de personalidade
- sintoma de uma síndrome neuropsiquiátrica crónica
Impulso
- sentimento/ desejo súbito que compele a pessoa a agir
- com frequência está em conflito com normas sociais/ objetivos, valores ou autoconceito do indivíduo.
Perturbações do controlo do impulso
- dificuldade no autocontrolo emocional ou comportamental
- DSM-5 inclui nesta categoria:
- a perturbação explosiva intermitente,
- a piromania
- a cleptomania
Incongruência/ Inadequação afetiva
- Afetos ≠ conteúdo do discurso/ pensamento/ contexto.
- Ex. Esquizofrenia, episódio maníaco
Melancolia
briso que, or men no grego melancholia = mtlas -
do cola dependencia edorina pré-moderna, surge como
lantes: sangue,
un concito na depa, bilisa da teoria dos quatro humores circu-fleuma, bílis amarela e bílis negra. De acordo com
Caleno, o excesso deia, is negra, sobre as faculdades intelectuais, conduziria à melanco lid m estado mórbido caracterizado poratia rimento do espírico e ideias fixas (ruminantes) de culpa, ruína ou Abandono. Na atualidade, a melancolia corresponde a um subtipo de perturbação depressiva (APA, 2013). A depressão melancólica, também conhecida no passado por «depressão endógena», caracteriza-se por variação diurna no humor e nível de energia (agravamento matutino), humor não reativo, anedonia, agitação ou lentificação psicomotora, alterações cognitivas, diminuição do apetite e insónia
APA, 2013; Harald & Gordon, 2012; Parker et al., 2010; Thase,
2013). A melancolia ocorre em 15 a 30% dos episódios depressivos.
As implicações terapêuticas não são claras neste subtipo de depres-
sao, embora seja essencial a abordagem farmacologica (preferencial-
mente com antidepressivos tricíclicos) ou a eletroconvulsivoterapia (Harald & Gordon, 2012; Parker et al., 2010; Thase, 2013).
Memória
Função mental superior que consiste na capacidade de relembrar informação. Não é um sistema único, nem tem uma localização exclusiva, existindo diversos tipos de memória que desempenham funções distintas (Ferro & Pinto, 2017). Globalmente, a memória pode ser classificada segundo diferentes referenciais, por exemplo, como motora (memória implícita) (ver Memória impli-cita) ou não motora (memória explícita e memória de trabalho) (ver Memória explícita e Memória de trabalho); como memória de longo prazo (memória implícita e memória explícita) e memória de curto prazo (memória de trabalho) (Ferro & Pinto, 2017).
As estruturas anatómicas base da memória são o diencéfalo e as formações hipocâmpicas dos lobos temporais mesiais, incluindo as estruturas associadas (giro dentado, hipocampo, giro hipocâmpico e córtex entorrinal) (Gordon, 1997). As lesões bilaterais nestas regiões perturbam a memória de forma desproporcional às outras funções cognitivas. Na prática clínica é importante distinguir defeito de mães ria de queixas subjetivas de memória que correspondam a diferentes problemas cognitivos como defeito de linguagem, atenção ou perceção (Ferro & Pinto, 2017).
Memória de curto prazo
Tipo de memória que inclui a memória de trabalho (ver Memória de trabalho).
Memória de longo prazo
Tipo de memória que inclui memória implícita (ver Memória implicita) e memória explícita (ver Memória explicita).
Memória de trabalho
Tipo de memória de curto prazo com acesso consciente, dependente da atenção, que permite evocar uma quantidade de informação limitada, possibilitando manipular e reter informação para utilização imediata na resolução de proble-mas. Em termos neurobiológicos, relaciona-se com a rede neuronal pré-frontal, as suas conexões subcorticais e o sistema reticular ativador ascendente.
Memória episódica
Tipo de memória explícita que se refere a retenção de episódios ou experiências pessoais específicas. E a memória que grava e evoca acontecimentos pessoalmente relevantes que ocorreram numa data específica (por exemplo, a memória do dia do casamento).
Hiperbulia
- Aumento da energia volitiva e da motivação para a ação.
- Pode ocorrer na mania
Hipercinesia
- Motilidade patologicamente excessiva (involuntária)
- Inclui
- tremores,
- tiques,
- estereotipias,
- mioclonias,
- distonia,
- coreia,
- atetose e
- hemibalismo.
≠ Hiperatividade (voluntária, dirigida)
Hiperesquemazia/ Macrossomatognosia
- Distorção da imagem corporal
- Partes do corpo são percecionadas com dimensões/ peso exagerados.
- Pode ocorrer:
- secundariamente a doenças neurológicas
- estados de intoxicação aguda com substâncias psicoativas
- perturbações psiquiátricas
Hiperestesia
- Distorção sensorial
- Aumento da intensidade dos estímulos sensoriais.
Outro - Pode ocorrer:
- nas intoxicações por substâncias psicoativas
- esquizofrenia,
- episódios de mania
- epilepsia,
- enxaqueca
- hipertiroidismo
Memória explícita
Tipo de memória de longo prazo, tambem designada por memória declarativa, envolvida na manipulação, retenção e evocação de eventos, factos e acontecimentos. Divide-se em memória semântica (ver embria semântica) e em memória episódica (ver Memória episódica).
Ipseidade
- Deriva do latim «ipse - Eu/Self».
- componente nuclear do self, também designado por self básico ou mínimo, que se refere ao sentido mais básico da experiência do Eu.
- É o nível fundamental da experiência de consciência, do pensamento e da agência na 1a pessoa constituindo o ponto de partida sobre o qual se constrói o nível superior do self, isto é, o self narrativo ou social (identidade, personalidade, hábitos, etc.).
- É o ponto de partida da experiência, do pensamento e da ação e meio de tomar consciência do mundo.
- Há autores que propõem modelos que conceptualizam a esquizofrenia enquanto uma perturbação da ipseidade.
Memória implícita
Tipo de memória, também designada memória procedimental, que inclui os reflexos condicionados e as habilidades morora aprendidas. Constitui, portanto, a capacide as para armazenar e evocar desempenhos motores complexos (por exemplo, andar de bicicleta ou conduzir).
Psitacismo
- Alteração do discurso
- Repetição de palavras ou frases sem significado.
Memória semântica
Tipo de memória explícita que regista e evoca os factos e os conceitos, isto é, o fundo de conhecimentos e dos referentes das palavras e das imagens. A memória semântica está organizada conceptualmente sem referência cronológica.
Pulsão
- Representação psíquica dos estímulos originados no corpo
- Conceito psicanalítico situado na fronteira entre o psíquico e o somático.
Qualia
- Qualidade única da consciência
- Experiência fenomenal, consciente e subjetiva, acessível por meio de introspeção.
- Constitui o carácter particular de todo o objeto/ estado mental que existe na nossa experiência consciente.
- Ex. vermelhidão da cor vermelha tal como a percecionamos.
Querelante
- Tendência patológica para se colocar no lugar de vítima e lamentar-se de injustiças.
- Pode reclamar a satisfação dos seus desejos de forma agressiva/ provocadora, inclusive recorrer à justiça de forma obstinada para exigir reparação.
Repressão
- Teoria psicanalítica
- Mecanismo de defesa
- As ideias e os impulsos indesejáveis são impedidos de entrar na consciência e ficam armazenados no inconsciente.
Respostas ao lado
- Perturbação do pensamento e do discurso
- Dá uma resposta errada/ tangencialmente relacionada.
- Mas compreende uma questão colocada
Ressonância emocional
- Capacidade de reatividade afetiva
- Capacidade do indivíduo se deixar afetar pelo interlocutor e pelo ambiente
- Relacionado com a capacidade de estabelecer uma relação empática.
Retração emocional
- Limitação da variabilidade habitual de respostas emocionais,
- poucas respostas emocionais em qualquer sentido
Rigidez afetiva
- Alteração da mobilidade afetiva
- perda da capacidade de modulação dos afetos
- resposta emocional que inicialmente pode ser congruente, mas que não se altera com a mudança da situação.
Ritmos circadianos
- origem no latim «circa - cerca de» e «diem - dia» (cerca de um dia)
- conjunto de alterações físicas, mentais e comportamentais que ocorrem ciclicamente em períodos de cerca de 24 horas nos organismos vivos, a nível genético, molecular, unicelular e até aos organismos mais complexos
OUTRO
O sistema circadiano é responsável pela organização temporal de uma ampla gama de funções biológicas fisiológicas, incluindo funções neuroendócrinas, temperatura corporal, metabolismo, funções cognitivas, humor e alguns aspetos do ciclo sono-vigília (Jones & Benca, 2015). Em termos neurobiológicos, os ritmos são estabelecidos por «relógios biológicos» endógenos que incluem um conjunto de neurónios que constituem o núcleo supraquiasmático, localizado ao nível do hipotálamo. O sistema circadiano mantém os ritmos sem necessidade de estímulos externos, embora, sem estes, a duração de cada ciclo se aproxime, mas não corresponda exatamente a um período de 24 horas. Por esta razão, para que se verifique uma adequada sincronização entre o ritmo interno e o ambiente exterior é necessária a exposição a zeitgebers (sincronizadores). Um exemplo de zeitgeber é a exposição à luz, que constitui o sincronizador mais potente para o núcleo supraquiasmático. Apesar disso existem outros fatores sincronizadores tais como a disponibilidade de alimento, as interações sociais e a atividade física (Jones & Benca,
2015; Roenneberg & Merrow, 2016). Estão descritas alterações nos ritmos circadianos em várias doenças psiquiátricas, incluindo nas perturbações do humor (depressão e perturbação bipolar) e, em menor grau, na esquizofrenia. Existem também intervenções terapêuticas que procuram ressincronizar os ritmos biológicos (por exemplo, cronoterapia e fototerapia) que têm evidência de eficácia clínica (Jones & Benca, 2015).
Afasia de Wernicke
- Perturbação da linguagem
- também conhecida por afasia sensorial ou de compreensão.
- perda da capacidade de compreensão da linguagem
- resulta numa alteração da fala, leitura e escrita: um discurso fluente, logorreico, com parafasias, alterações da nomeação e da repetição.
- Resulta de lesões na área de Wernicke localizada na primeira circunvolução temporal esquerda.
Xantopsia
NEURO
Perturbação visual em que se vê os objetos com tonalidade amarelada.
Zoofobia
EXTRA
Medo patológico de animais.
Zoopsia
- Alucinação visual em que se observam pequenos animais.
- Tipicamente ocorre nas síndromes de privação alcoólica
Sinal de Veraguth
- aspeto particular da mímica facial típica do indivíduo com depressão
- sulcos oblíquos partindo das pálpebras superiores
Verbigeração
- Perturbação do discurso
- tipo particular de estereotipia verbal
- repetição incessante e sem sentido de palavras, frases ou expressões, integradas na conversa ou fora do seu contexto.
- NÃO requer estímulo externo
OUTRO
Difere da perseveração verbal, na medida em que não requer um estímulo externo, tal como ser colocada uma questão.
Verborreia
Sinónimo Conceito sobreponível ao de logorreia (ver Logorreia).
Vergonha
Extra
- Emoção desagradável
- autoconsciente
- surge da ideia de existir na sua conduta ou circunstância, algo de desonroso, desonesto ou indecoroso.
Vertigem
NEURO
- ilusão de movimento,
- pode ser sensação de rotação do próprio indivíduo ou do ambiente externo em relação a si,
- o sintoma mais marcante de disfunção a nível vestibular.
- A sua etiologia é mais frequentemente periférica, embora possa também ter causa central
Vida instintiva
- estruturas inatas do comportamento,
- incluindo o sono, o comportamento alimentar e o comportamento sexual.
Vigília
- Nível de consciência m
- o indivíduo se encontra desperto, alerta a estímulos externos e internos.
Violência
Uso intencional de força física ou poder, sob a forma de ameaça ou na realidade, sobre o próprio, outra pessoa, comunidade ou grupo, que provoca ou tem grande probabilidade de provocar privação, dano físico ou psicológico e até resultar na morte.
Viscosidade
- Tendência para prolongar interações interpessoais
- Apresentar discurso repetitivo, circunstanciado, sobre temas limi-tados
- Descrita inicialmente na epilepsia do lobo temporal
Perturbações da Vivência do Eu
Perturbações do self que incluem: a alteração da consciência da atividade do Eu, isto é, alteração da sensação de existência e consciência da atividade psíquica, de ser o agente que executa os seus pensamentos e ações (por exemplo, a despersonalização, delírios niilistas e fenómenos de passividade); a alteração da continuidade do Eu, ou seja, alteração da consciência de continuidade de ser a mesma pessoa (por exemplo em algumas perturbações dissociativas e na esquizofrenia); alterações da unidade do Eu, com alteração da consciência de ser uma pessoa única (por exemplo, a autoscopia e a síndrome de duplos subjetivos); alterações dos limites do Eu, isto é, consciência de ser distinto e independente de outras coisas, pessoas e do mundo externo (por exemplo, os fenómenos de passividade e de alienação do pensamento) (Casey
& Kelly, 2007; Oyebode, 2018).
Volição
Processo cognitivo pelo qual um indivíduo se decide a praticar uma ação em particular.
Quais podem ser as alterações do volume do discurso?
- Aumentado - Hiperfonia
- Diminuido - Hipofonia, Mussitação
Lassitude
Estado de fadiga ou cansaço que se traduz adicionalmente numa falta de energia e iniciativa para a ação. Sobrepõe-se aos conceitos de fadiga, anergia e abulia.
Leitura do pensamento
Perturbação da posse do pensamento, mais especificamente de alienação do pensamento, em que o doente acredita que os seus pensamentos podem ser ativamente lidos por terceiros. Distingue-se da difusão do pensamento por existir o pressuposto de que há uma transferência passiva dos pensamentos para o mundo exterior (ver Difusão do pensamento). Ocorre na esquizofrenia (Casey & Kelly, 2007).
Lentificação psicomotora
Diminuição da velocidade dos movimentos voluntários de presumível causa psíquica. É uma manifestação comum observada na perturbação depressiva e na esquizofrenia e, menos comum, na síndrome confusional aguda (delirium hipoativo)
(APA, 2013). Pode ocorrer secundariamente à intoxicação por substâncias depressoras do sistema nervoso central (álcool, opiódes, benzodia-zepinas) (APA, 2013). Na neurologia, o termo bradicinesia é utilizado para descrever o mesmo fenómeno, sem presunção de etiologia psí-quica, geralmente associado a parkinsonismo ou aos efeitos extrapira-midais dos antipsicóticos (ver Bradicinesia e Efeitos extrapiramidais).
Letargia
Estado acentuado de fadiga, falta de energia, redução do comportamento motivado por dificuldade em manter a atenção e o nível de vigília, que se traduz numa redução global da atividade espontânea. Distingue-se da apatia, na qual a falta de iniciativa se deve a uma ausência de emocionalidade; ou seja, o doente está atento ao meio envolvente e tem energia para realizar as suas atividades de rotina, mas não reage a estímulos sociais ou emocionais (ver Apatia). Ocorre nas perturbações do nível de consciência, na síndrome confusional aguda (delirium hipoativo), nas encefalopatias metabólicas ou endócrinas (anemia, hipotiroidismo), na intoxicação aguda por substâncias depressoras do sistema nervoso central (álcool, opioides, benzodiazpinas), na perturbação depressiva grave (na oral, 2016na) e na esquizofrenia (ma formacata-rónica) (Stadje et al., 2016; WHO, 1992).
Letologia
Perturbação da memória que se caracteriza por incapacidade de recordar palavras.
Libido
Sinónimo de desejo sexual. Segundo Freud, corresponde a energia psíquica, associada às pulsões vitais, especialmente, à pulsão sexual.
Linguagem
Sistema para comunicar pensamentos e sensações através da produção e compreensão de símbolos escritos, falados ou gesticulados.
Logoclonia
Perturbação do discurso que se caracteriza pela repetição espática de sílabas que ocorre no parkinsonismo.
Logorreia
Discurso de débito aumentado, frequentemente associado a episódios de mania da perturbação bipolar e à intoxicação aguda por psicostimulantes (cocaína, metanfetaminas). Pode ser uma característica crónica nas perturbações de personalidade his-triónica e borderline (ver Borderline, Perturbação de personalidade e Histriónica, perturbação de personalidade).
Luto
Conjunto de reações emocionais normais a uma perda sig-nificativa, geralmente a morte de um ente querido.
Macropsia/ Megalopsia
Distorção da perceção visual em que os objetos no campo de visão do indivíduo parecem ser amplificados, assumindo maiores dimensões do que são na realidade. Sinónimo de megalopsia e antónimo de micropsia (ver Micropsia).
Macrosomatognoia
Perturd hiperiqueen corporal, one-ririndo um subipo particular de ciada uemaria em que une dereminada parte do corpo é vivealidade (vero parecendo str de maiores dimensões do que é met resociada dr Hiperesquemacia Miro matognasia), ode ocorrer asacias ou doenças neurológicas, a incoxicação com substâncias psicoativas ou, ainda, após traumatismo ou cirurgia (Oyebode, 2018).
Maneirismos
Ação ou movimento do corpo, peculiar e repeti-tivo, de carácter voluntário, por vezes de características bizarras por ser exagerado ou despropositado. Pode ter um significado especial para o doente. Classicamente este tipo de alteração do movimento ou do discurso encontra-se associado a perturbações psicóticas, sobretudo à esquizofrenia, embora também ocorra na perturbação de personalidade histriónica e nas perturbações do desenvolvimento intelectual (Dalgalarrondo, 2008).
Mania
Episódio de alteração do humor, caracterizado por aumento da energia e humor expansivo, elevado ou irritável, acompanhado por uma combinação variável dos seguintes sintomas: grandiosidade ou excesso de autoestima, redução da necessidade de dormir, verborreia ou pressão do discurso, aceleração do pensamento ou fuga de ideias, distratibilidade, aumento da atividade dirigida ou agitação psicomotora, aumento dos comportamentos de procura de prazer e/ou comportamentos de risco, e sintomas psicóticos (por exemplo, ideias delirantes de grandeza ou de conteúdo mis-tico/religioso). E um critério de diagnóstico nuclear da perturbação bipolar (tipo 1) e pode manifestar-se na perturbação esquizoafetiva (ver Bipolar, perturbação e Esquizoafetiva, perturbação).
Mania à potu
Estado de intoxicação por álcool caracterizado por comportamento marcadamente desinibido e violento.
Mentalização
Capacidade de inferir acerca dos estados mentais (crenças, atitudes, sentimentos, intenções) dos outros. Sinónimo de teoria da mente.
Metamorfopsia
Distorção da perceção visual em que a forma externa de um objeto percecionado se apresenta alterada.
Metonímia
Alteração do discurso em que uma expressão apro-ximada é usada para se referir a algo.
Micropsia
Distorção da perceção visual em que objetos no campo de visão do indivíduo parecem ser de menores dimensões do que são na realidade.
Microsomatognosia
Perturbação da imagem corporal, constituindo um subtipo particular de hipoesquemazia em que uma determinada parte do corpo é vivenciada como parecendo ser de menores dimensões do que é na realidade (ver Hipoesquemazza e Macrosomatognosia). Pode ocorrer associada a doenças neurológicas, nomeadamente a doenças do sistema nervoso periférico e a lesões medulares (Casey & Kelly, 2007; Oyebode, 2018).
Perturbação de personalidade obsessivo-compulsiva
Perturbação de personalidade pertencente ao grupo C (DSM 5), correspondendo às personalidades ansiosas/receosas (obsessivo-compulsiva/ anancástica, evitante e dependente). Caracteriza-se por um padrão global de perfecionismo, meticulosidade, inflexibilidade, preocupação com a ordem e rigidez excessiva que se manifesta nas diferentes esferas da vida do indivíduo (APA, 2013). Estes indivíduos têm uma grande preocupação com os detalhes, regras, listas, organização que pode atingir uma proporção tal que o propósito inicial da atividade se dilui (Afonso, 2015). Deste modo, é frequente que a sua rigidez e o seu perfecionismo excessivo interfiram com a sua produtividade.
Têm a tendência a dedicar-se exageradamente ao trabalho e à pro-dutividade, não por uma necessidade financeira, com repercussões a nível da vida pessoal e familiar. Ao nível das relações interpessoais podem surgir dificuldades, pois, pela sua obstinação, insistem em que os outros ajam exatamente de acordo com a sua forma de pensar. São pessoas que revelam uma acentuada conscienciosidade, sendo escrupulosos em relação a valores éticos e morais (Afonso, 2015). É importante salientar a distinção entre esta perturbação de personalidade e a perturbação obsessivo-compulsiva e os traços obsessivos de personali-dade, que existem em indivíduos sem patologia, sendo até valorizados na nossa sociedade (Oyebode, 2018). A prevalência desta perturbação de personalidade varia entre 2,5% na comunidade e 10,5% em populações clínicas Torgersen, 2014). Na ICD-10 (WHO, 1992), esta corresponde à perturbação de personalidade anancástica.
Obstrução motora
Alteração da atividade motora em que no processo de levar a cabo determinada ação o indivíduo interrompe a mesma sem a concluir e, após um período de pausa, avança para uma outra ação. Corresponde ao equivalente motor do fenómeno de bloqueio do pensamento.
Ocorrência delirante
Sinónimo de intuição delirante (ver
Intuição delirante).
Sinal de ómega
Sinal que foi identificado por Charles Darwin
(1872) na sua obra A Expressão das Emoções no Homem e nos Ani-mais, ao descrever os «músculos do luto» referindo-se, entre outras características, a uma expressão facial particular provocada pela contração excessiva do músculo corrugador da face que provocaria uma série de pregas acima da pirâmide nasal e entre as sobrancelhas, cuja configuração se assemelha à letra ómega do alfabeto grego. Posteriormente veio a ser associada à depressão com características melancólicas (Shorter, 2009) (ver Veraguth, sinal de).
Atitude de oposição
Sintoma que integra a síndrome de negativismo (ver Negativismo).
Perturbação mental orgânica
Perturbações que resultam de alterações estruturais ou funcionais do sistema nervoso central ou até secundárias a outras condições médico-cirúrgicas. A designação «orgânica» é pouco aceite atualmente uma vez que hoje em dia se integram as perturbações psiquiátricas como doenças que têm a sua origem a nível cerebral, pelo que a distinção entre orgânico e não orgânico parece não fazer sentido no enquadramento atual.
Orientação: Capacidade de o indivíduo consciente se situar a si e no meio, avaliando corretamente o tempo, o espaço e a pessoa no contexto situacional em que se encontra. Para efeitos de avaliação é possível decompor a orientação nos seus vários componentes: tem-poral, espacial, autopsíquica e alopsíquica.
Síndrome de Otelo
Síndrome cuja designação foi atribuída como referência à personagem Otelo da peça clássica de Shakes-peare, correspondendo à existência de delírio de ciúme, também designado por alguns autores como delírio de infidelidade ou ciúme patológico (ver Delírio de ciúme). Ocorre na perturbação delirante.
Palialia
Repetição involuntária de sílabas, palavras ou frases.
Palinacúsia
Persistência ou recorrência de um som depois de o estímulo ter sido removido.
Palinaptia
Persistência ou recorrência de uma sensação táctil depois de o estímulo ter sido removido.
Palinopsia
Persistência ou recorrência de imagem visual depois de o estímulo ter sido removido.
Perturbação de pânico
Perturbação de ansiedade caracterizada pela presença de ataques de pânico recorrentes e inesperados acompanhados de um período mínimo de um mês de preocupação em ter novos ataques de pânico ou mudança no comportamento de forma a evitar situações que possam precipitar um ataque de pânico
(APA, 2013).
Paracinesias
Dificuldade no controlo e coordenação de movimentos voluntários.
Paraesquemazia
Perturbação da imagem corporal caracterizada por sensação de aumento ou diminuição das dimensões, dis-torção, torção ou sensação de separação de uma parte ou de todo o corpo, podendo ainda verificar-se a sensação de fusão com o ambiente externo (Oyebode, 2018). Pode ocorrer sobretudo na intoxicação aguda com certas substâncias psicoativas (Casey &
Kelly, 2007).
Paraestesia
Alteração da sensibilidade cutânea com sensação de formigueiro, picada, queimadura.
Parafasia
Perturbação da linguagem em que a palavra apropriada é substituída por uma outra não apropriada que mantém, no entanto, uma certa relação com a palavra correta. As parafa-sias podem ser literais (por exemplo, caneta/capeta), semânticas (por exemplo, livro/papel) ou neologísticas. Pode ocorrer nas afa-sias, esquizofrenia, demências, estados confusionais agudos, entre
outros.
Parafrenia
O termo tem origem no grego «para» significando «ao lado» e «frenia» referindo-se ao diafragma que traduziria uma forma de loucura provada por inflamação do diafragma que, na Grécia Antiga, se acreditava estar envolvido nas alterações do pensamento (Borja Santos, 2015). Foi introduzido na literatura científica por Kahlbaum (1828-1899) para se referir a subtipos de demência (parafrenia hebética e parafrenia senil), traduzindo perturbações mentais que surgiriam em idades transicionais da vida (Borja Santos, 2007). Posteriormente, Kraepelin (1912) utiliza o termo num sentido diferente para definir um subgrupo de doentes com demência precoce que apresentaria um início entre os 30 e 50 anos, uma evolução mais favorável, sem alterações volitivas e dos afetos e manutenção da personalidade intacta (Ferreira, 2015). Mais recen-temente, Munro (1999) enquadrou a parafrenia no que designou por espectro paranoide, numa posição intermédia entre a perturbação delirante e a esquizofrenia. Este autor propôs também critérios de diagnóstico que incluem: 1) preocupação com uma ou mais ideias delirantes semissistematizadas frequentemente acompanhadas por alucinações auditivas, não encapsuladas da restante personali-dade; 2) afetos preservados e relativamente adequados; 3) ausência de deterioração intelectual, alucinações visuais, incoerência, perda marcada de associações, afetos aplanados ou desadequados e desorganização comportamental; 4) compreensibilidade das alterações do comportamento em relação ao conteúdo delirante e alucinatório;
5) ausência de perturbações orgânicas cerebrais (Munro, 1999; Borja Santos et al., 2010). Nos sistemas de classificação atuais ICD-10 NHO, 1992) e stica inA, 2013), a parafrenia não constitui uma categoria diagnóstica independente .
Sedativos
Grupo de fármacos que atuam como depressores no sistema nervoso central e, por esse motivo, têm ação clínica seda-tiva. Incluem-se neste grupo os barbitúricos, as benzodiazepinas, hipnóticos não benzodiazepínicos, anti-histamínicos, anestésicos, opioides, alguns antidepressivos e antipsicóticos. (ver Ansiolíticos, Antidepressivos e Antipsicóticos).
Semântica
Ramo da linguística que estuda o significado das palavras, frases e expressões de uma língua.
Sensibilidade
Semiologia do sistema nervoso que se divide em sensibilidade superficial, que se refere à superfície da pele e mucosas e sensibilidade profunda, que se refere à sensibilidade dos órgãos que estão por baixo da pele.
Sensorium
Consciência total de todas as sensações internas e externas que se apresentam ao organismo (ver Clareza de consciência).
Sentimentos
Reação positiva ou negativa a uma experiência ou acontecimento, experiência subjetiva da emoção.
Serotonina
Neurotransmissor do grupo das catecolaminas que tem como aminoácido percursor o triptofano. É produzida nos neurónios serotoninérgicos do sistema nervoso central e nas células enterocromafins do sistema gastrointestinal e respiratório, exercendo funções fundamentais, influenciando o humor, a agres-sividade, o sono, o apetite e a temperatura corporal.
Sialorreia
Excesso de salivação. É um dos possíveis efeitos secundários da terapêutica antipsicótica (ver Antipsicóticos).
Sinal
Manifestação clínica observável de modo objetivo pelo médico ou profissional de saúde.
Síndrome
Conjunto de sinais e sintomas que caracterizam uma condição médica e que é independente da etiologia.
Sindrome de adaptação geral de Selye
Processo de três fases que descreve as mudamei a iológicas que ocorrem quando o corpo está sob stresse. A primeira fase é a reação de alarme, semelhante à resposta de ataque ou fuga, tem como função mobilizar todos os recursos do organismo. De seguida surge a fase de resistência, altura em que o organismo se tenta adaptar ao fator causador de stresse.
Por último, surge a fase de exaustão em que há estimulação fisiológica prolongada causada por acontecimentos traumáticos de vida
(Selye, 1950).
Síndromes funcionais
Presença de sintomas físicos, pouco específicos, inexplicáveis e relacionados com um sistema de órgãos.
O sofrimento psicológico parece predispor para o aparecimento destes sintomas, mediado pelo sistema nervoso autónomo, eixo hipotálamo-hipófise-suprarrenal e sistema imunitário. Podem incluir diferentes entidades, tais como fibromialgia, síndrome do intestino irritável, síndrome da fadiga crónica e dispepsia funcional.
Síndromes psiquiátricas ligadas à cultura
Condições mentais ou síndromes psiquiátricas, cuja ocorrência ou manifestação estão intimamente relacionadas com fatores culturais e que, portanto, merecem uma compreensão e abordagem do ponto de vista cultu-ral. As síndromes ligadas à cultura (Culture Bound Syndromes) foram inicialmente descritas, durante a década de 60, por Yap Pow-Meng, um psiquiatra originário de Hong Kong que veio a lecionar psiquiatria transcultural na Universidade de Toronto (Yap, 1969). A psiquiatria transcultural, ramo da psiquiatria dedicada a estudar estas síndromes psiquiátricas ligadas à cultura, obteve um enorme sucesso nas décadas seguintes. Os seus defensores conseguiram finalmente ver incluídas no DSM IV (1994), no apêndice I (pág. 898), sob a forma de glossário, 25 síndromes de SI.C. No DSM 5, mantém-se, no apêndice deste manual, a descrição de várias destas síndromes, embora sob a designação de «conceitos culturais de sofrimento».