Psicopatologia Flashcards

1º ano

1
Q

Definição de delírio (= Ideia delirante)

A
  • Perturbação do conteúdo do pensamento
  • Segundo Jaspers (1963), se caracteriza por ser uma
  • ideia falsa de
  • conteúdo implausível,
  • mantido com irrebatível convicção,
  • resistindo a qualquer contra-argumentação ou ao confronto com evidência em contrário,
  • não sendo congruente com o contexto social, cultural ou religioso do doente.
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2
Q

Os delírios podem ser…

A
  • primários - quando são irredutíveis do ponto de vista psicológico,
  • secundários - quando surgem secundariamente como elaborações delirantes a partir de outro fenómeno psicopatológico.

Classicamente os delírios são também subdivididos de acordo com a temática central dos mesmos, estando, entre os mais frequentes, os delírios persecutórios e de referência, delírio de grandeza, delírio místico, entre outros.

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3
Q

A caracterização de uma ideia delirante deve incluir diferentes elementos como …

A
  • grau de convicção - intensidade com que o doente mantém a sua crença (pode variar no curso da doença e do tratamento)
  • grau de sistematização das ideias delirantes - a organização, coerência e consistência interna do sistema delirante, o modo como se desenvolve, podendo ser progressivamente em setor/ cunha, integrando diferentes interpretações delirantes com o passar do tempo (característico das perturbações delirantes) ou de modo interpretativo, em rede, procurando integrar desde o início diferentes ideias delirantes (típico da esquizofrenia);
  • complexidade da temática delirante - distinção entre delírios elementares/ monotemáticos (existe um tema central que se mantém estável) ou delírios complexos/ politemáticos (existem ramificações delirantes com múltiplas interligações entre si);
  • grau de bizarria da temática delirante;
  • dinamismo;
  • impacto que os delírios têm a nível afectivo e as alterações comportamentais que advêm como consequência das crenças delirantes
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4
Q

Definição delírio primário

A
  • Surge sem ter origem num outro fenómeno psicopatológico, surgindo à consciência do indivíduo de um modo automático e espontâneo, sendo, por conseguinte, incompreensível do ponto de vista psicológico.
  • Conceito criado por Karl Jaspers (1963)
  • Identificar os delírios intrínsecos característicos da esquizofrenia.
  • Incluem:
    • Intuição ou ocorrência delirante,
    • a perceção delirante,
    • humor ou atmosfera delirante
    • as memórias ou recordações delirantes.
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5
Q

Definição delírio secundário

A
  • Delírio
  • Surge de modo compreensível
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6
Q

Definição ideias deliroides

A
  • Ideias de carácter delirante
  • Surgem de forma compreensível como os delírios secundários, mas são menos irredutíveis.
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7
Q

Definição ideia sobrevalorizada

A
  • Crenças erróneas
  • Compreensíveis - podem ser entendidas de acordo com a história pessoal do indivíduo e da sua personalidade (mts vezes disfuncional)
  • Aceitáveis
  • Elevada carga afetiva
  • Não surgem a partir de outro fenómeno ou estado psicopatológico.
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8
Q

Diferença entre ideia sobrevalorizada e delírio

A

As ideias sobrevalorizadas:
- não surgem a partir de outro fenómeno ou estado psicopatológico ao contrário das ideias delirantes secundárias/ deliroides
- Apresentam um menor grau de convicção relativamente às ideias delirantes.
- Dão para entender parcialmente de onde vem tendo em conta o contexto do individuo

As ideias deliroides estão para ideias delirantes secundárias como a ideia sobrevalorizada está para delirios primários.

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9
Q

Dinamismo de um delírio

A
  • modo como as ideias delirantes se mantém ativas e se vão desenvolvendo na mente do doente, condicionando um determinado grau de envolvimento do mesmo com a atividade delirante.
  • está relacionada com o impacto afetivo e comportamental do delírio
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10
Q

Intuição delirante/ delírio autóctone

A

Delírio que surge de forma súbita, como uma revelação imediata, sem que surja a partir de um suporte percetivo.

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11
Q

Perceção delirante

A
  • Delírio primário
  • Um sintoma de primeira ordem de Schneider
  • Típico da esquizofrenia.
  • A uma perceção normal é, de modo incompreensível do ponto de vista emocional e irracionalmente, atribuído um significado anormal de conteúdo autorreferente.
  • Estrutura bimembre com a captação de um objeto (perceção normal) e, posteriormente, a atribuição de um novo significado ao objeto percecionado (significado delirante).
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12
Q

Humor delirante

A
  • Delírio primário
  • Estado pré-delírio (Trema de Conrad)
  • O indivíduo vivencia o seu mundo como peculiar.
  • Sensação de estranheza e antecipação, com significados escondidos e que geram uma tensão e desconforto que se libertam quando finalmente eclode o delírio na totalidade (Apofania de Conrad).

OUTRO
É um conceito equivalente ao de atmosfera delirante, embora a designação utilizada tenha implicações quanto à posição perante este fenómeno:
- a visão cognitiva, em que se considera existir uma alteração percetiva em relação ao mundo que desencadeia uma resposta emocional secundária (atmosfera delirante);
- a visão dinâmica, em que se considera que existe uma alteração do humor que potencia uma perceção alterada do mundo (humor delirante).

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13
Q

Memória delirante (= Recordação delirante)

A
  • Reconstrução delirante de uma memória real.
  • 1 dos 4 tipos de delírios primários definidos por Jaspers
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14
Q

Fenomenologia

A
  • Tem por base a corrente e o método filosófico introduzidos por Edmund Husserl
    • Exploração de como a realidade objetiva é vivida através da experiência subjetiva individual.
  • Contexto clínico contemporâneo, refere-se ao método de Psicopatologia descritiva de Karl Jaspers (1963),
    • Baseado no registo e descrição detalhada e não interpretativa de fenómenos psicopatológicos,
    • Estudo das experiências e vivências conscientes individuais, tal como relatadas pelo indivíduo e observadas a partir do seu comportamento.
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15
Q

Atmosfera delirante

A
  • Delírio primário
  • Globalmente sobreponível ao de humor delirante.
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16
Q

Sintomas de primeira ordem de Schneider

A
  • perceção delirante,
  • alucinações auditivo-verbais na terceira pessoa na forma de comentários ou vozes que dialogam entre si,
  • eco do pensamento,
  • fenómenos de difusão, inserção e roubo do pensamento e
  • fenómenos de passividade.
  • Sintomas psicóticos descritos por Kurt Schneider (1939), considerados sugestivos do diagnóstico de esquizofrenia.
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17
Q

Sintomas de 2a ordem de Schneider

A
  • intuição delirante,
  • alucinações auditivas na segunda pessoa e
  • perplexidade, entre
    outros.
  • sintomas descritos por Kurt Schneider (1939) como acessórios na esquizofrenia
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18
Q

Trema

A
  • Primeira das fases do desenvolvimento de uma psicose segundo o modelo de Klaus Conrad (1958).
  • A palavra deriva do latim «tremere - estremecer, abalar»,
  • Corresponde a um humor ou atmosfera delirante.
  • Mudança na perceção do mundo, com tensão geral, clima ameaçador mal definido, ainda sem significado
  • Estreitamento do campo vivencial.
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19
Q

Apofania

A
  • Fase a seguir ao Trema do desenvolvimento de uma psicose segundo Conrad
  • deriva do grego «apóphansis - declaração, afirmação, revelação; parte da lógica que trata o juízo»,
  • corresponde à procura e revelação de significados previamente escondidos com alteração do mundo e os seus objetos na sua relação com o indivíduo.
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20
Q

Anástrofe

A
  • Fase a seguir à apofania do desenvolvimento de uma psicose segundo Conrad
  • deriva do grego «anastrophè - inversão»,
  • vivências experienciadas na apofania com a fixação do indivíduo enquanto centro do mundo.
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21
Q

4 tipos de delírios primários definidos por Jaspers (1963)

A
  • Memória delirante
  • Intuição delirante
  • Atmosfera delirante
  • Perceção delirante
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22
Q

Psicopatologia

A

Ciência que se dedica ao estudo sistemático das experiências anormais e do comportamento anómalo no ser humano.

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23
Q

Psicopatologia descritiva

A
  • Descrição e categorização das experiências anormais subjetivas e observação do comportamento.
  • É obtida através do método empático utilizado na entrevista clínica.
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24
Q

Psicopatologia explicativa

A

Explicações sobre o comportamento, cognição e experiências anormais baseadas em conceitos teóricos, tais como a teoria psicanalítica ou comportamental.

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25
Q

Sintomas fundamentais de Bleuler (4As)

A
  • perturbação da associação de ideias,
  • perturbação dos afetos,
  • ambivalência e
  • autismo.

<aside>
* sintomas que o psiquiatra suíço Eugen Bleuler (1908) considerava como fundamentais na esquizofrenia.
</aside>

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26
Q

Afrouxamento associativo

A
  • Alteração da forma do pensamento
  • existe uma perda da normal associação entre as ideias.
  • ocorre uma perda da tendência determinante do pensamento.
  • É uma alteração típica da esquizofrenia, constituindo um dos sintomas fundamentais de Bleuler.
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27
Q

Confusão

A
  • Perturbação do estado de consciência
  • diminuição do nível de alerta + alteração da capacidade de pensar de forma clara,
  • geralmente acompanhada de desorientação
  • No seu estado extremo é definida como delirium.
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28
Q

Consciência

A
  • estado contínuo de estar ciente de si próprio e alerta para o meio envolvente, bem como a resposta aos estímulos externos e as necessidades do próprio.
  • O conhecimento do self inclui todos os sentimentos, atitudes, emoções e impulsos.
  • nenhuma área cerebral isolada parecer ser responsável pela consciência, contudo, parece haver um papel relevante das conexões neuronais entre o córtex temporo-occipital, tálamo e núcleos da formação reticular do tronco encefálico.
    Outro
  • Apesar de alguma sobreposição, existe uma distinção entre o nível de consciência (variabilidade do estado de alerta que varia entre vigília, obnubilação, sonolência, estupor e coma) e o conteúdo da consciência - qualidade e coerência dos pensamentos e comportamentos. A consciência humana relaciona-se ainda com a capacidade de «estar consciente da sua própria consciência», isto é, o pensar sobre estar a pensar, o que pode ser definido como meta-representação - capacidade de representar o seu próprio estado mental e também o dos outros, facilitando e modelando as interações sociais complexas. Do ponto de vista neurobiológico,
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29
Q

Definição de estado oniroide

A
  • Alteração qualitativa do estado de consciência
  • caracterizada por desorientação e confusão mental, alterações da perceção, principalmente alucinações visuais, com elevado envolvimento afetivo.
  • qualidade dramática e fantástica como se se tratasse de um sonho.
  • Após o regresso a uma qualidade de consciência normal, não existe amnésia para o episódio.
  • Associa-se a doenças neurológicas (por exemplo, epilepsia), intoxicação aguda com substâncias psicoativas ou ainda a estados dissociativos.
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30
Q

Paramnésia

A
  • Perturbação da memória na evocação ou reconhecimento
  • Incapacidade de recuperar adequadamente a informação correta, levando a que tenha falsas recordações (que acredita serem verdadeiras) e que substituem as recordações corretas que não consegue recordar.
  • Ocorre no alcoolismo, na esquizofrenia e em síndromes cerebrais orgânicas.
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31
Q

Paramnésia reduplicativa

A
  • Subtipo de síndrome de falsa identificação delirante
  • o indivíduo acredita que um determinado espaço foi duplicado e existe simultaneamente em duas localizações geográficas distintas, ou seja:
    • crença em dois lugares idênticos que existem simultaneamente;
    • dois lugares aparecem combinados num só;
    • a crença de que a localização atual, geralmente um local familiar, é, na verdade, outro local.
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32
Q

Fenómeno de reduplicação

A
  • Associado a doenças neurológicas e psiquiátricas.
  • Síndromes de falsa identificação delirante
  • O indivíduo pode acreditar que pessoas (delírio de Fregoli, Capgras e do duplo subjetivo), espaços (paramnésia reduplicativa) ou o próprio tempo (fenómenos de déjà vu) foram duplicados.
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33
Q

Regressão

A

Mecanismo de defesa
Leva à reversão do ego para uma fase anterior do desenvolvimento.

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34
Q

Representação delirante

A

Conceito introduzido por Karl Jaspers
(1963)
Sinónimo de memória delirante, um tipo de delírio primário.

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35
Q

Falsa memória

A

Recordação distorcida de um evento factual ou evocação de um evento que nunca aconteceu, mas que a pessoa tem a convicção de ter acontecido.

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36
Q

Compulsões

A
  • Comportamentos ou atos mentais
  • Repetitivos
  • Indesejados
  • Incontroláveis
  • Surgem geralmente em resposta a um pensamento obsessivo,
  • Forma de reduzir a ansiedade causada pelos pensamentos obsessivos.
  • Compulsões mais frequentes: os rituais de contagem, de verificação e de limpeza.
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37
Q

Concentração

A
  • Função mental superior
  • Capacidade de focar e suster a atenção durante um determinado período.
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38
Q

Confabulação

A
  • Perturbação da memória
  • Resposta inventada ou discurso com conteúdo errado, embora com nexo, de forma a preencher lacunas, na impossibilidade de evocar corretamente memórias para responder a uma questão ou produzir discurso.
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39
Q

Mioclonia

A
  • Movimento involuntário
  • Contração abrupta, não rítmica e irregular de um músculo ou grupos musculares.
  • Pode ocorrer em indivíduos saudáveis, sobretudo formas simples, por exemplo, os soluços ou o espasmo súbito de um membro ao adormecer (mioclonia hipnagógica).
  • As formas mais generalizadas podem ocorrer na epilepsia, esclerose múltipla, doença de Parkinson, doença de Alzheimer ou doença de Creutzfeld-Jakob.
  • Podem ser desencadeadas por lesões estruturais, vasculares, infeciosas, tóxicas ou metabólicas.
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40
Q

Misoplegia

A

NEURO
- Perturbação da consciência do corpo
- Ódio do indivíduo dirigido a um dos seus membros que se encontra parético
- Associado a lesões parietais do lado direito e a anosognosia.
- Também pode ser utilizado em situações não associadas a qualquer défice neurológico.

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41
Q

Mitomania

A
  • Frequente compulsão para mentir
  • Por vezes envolvendo a autodeceção.
  • Um dos sinais típicos da perturbação de personalidade antissocial
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42
Q

Pseudobloqueio do pensamento

A
  • Perturbação do curso do pensamento
  • Semelhanças ao bloqueio do pensamento, mas em que existem fatores emocionais ou situacionais a contribuir para o fenómeno.
  • O indivíduo posteriormente volta ao pensamento perdido.
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43
Q

Pseudocompulsões

A
  • Atos motores ou mentais tipo compulsões mas
  • São egosintónicos
  • O indivíduo não lhes oferece qualquer resistência
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44
Q

Pseudologia fantástica

A

= Mentira patológica
- Falsos relatos, por vezes de temática grandiosa

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45
Q

Pseudoparkinsonismo

A

Perturbação do movimento secundária ao uso de antipsicóticos caracterizada pela presença de tremor, rigidez, bradicinesia e acinesia.

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46
Q

Criptamnésia

A

Perturbação da memória em que o indivíduo não se recorda de que a informação que lhe surge como algo de novo é na verdade uma memória.

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47
Q

Criptografia

A

Desenvolvimento de linguagem privada sob a forma escrita. Pode surgir na esquizofrenia

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48
Q

Criptolalia

A

Desenvolvimento de linguagem privada sob a forma falada. Pode surgir na esquizofrenia

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49
Q

Cortical

A

Relativo ao córtex cerebral, a camada mais externa do cérebro.

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50
Q

Raciocinio dedutivo

A

Argumento no qual se as premissas são verdadeiras, a conclusão não pode ser falsa. Por exemplo, «todos os marcianos são verdes, o meu pai é um marciano logo, o meu pai é verde».

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51
Q

Raciocínio emocional

A

Pensar que um determinado argumento é verdadeiro porque se «sente» enquanto se ignoram provas do contrário. Por exemplo, «faço muitas coisas bem no trabalho, mas continuo a pensar que sou um fracasso».

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52
Q

Raciocínio indutivo

A

Uso de casos particulares para tirar inferências sobre casos desconhecidos, generalização de uma característica de alguns membros de uma categoria para todos os membros dessa categoria. Por exemplo, «o meu gato tem quatro patas, logo todos os gatos têm quatro patas».

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53
Q

Racionalização

A

Mecanismo de defesa inconsciente pelo qual o indivíduo procura apresentar uma justificação coerente do ponto de vista lógico ou aceitável do ponto de vista moral, para um afecto, ideia, atitude ou comportamento de cujos motivos verdadeiros não se apercebe e cuja admissão seria determinante de conflito e ansiedade.

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54
Q

Rapport

A

Ligação que o doente estabelece com o médico durante o processo terapêutico.

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55
Q

Reatividade afetiva

A

Capacidade de reatividade ou modulação dos afetos em resposta direta a estímulos ambientais externos.
Conceito que se encontra incluído na capacidade de mobilização dos afetos.

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56
Q

Perturbações do reconhecimento

A

Perturbações de falsa identificação delirante que incluem o déjà vu, déjà entendu, déjà pensé, jamais vu, que podem estar presentes em indivíduos sem patologia ou na epilepsia do lobo temporal. Estão também incluídas nas perturbações do reconhecimento as síndromes de falso reconhecimento, como a síndrome de Capgras.

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57
Q

Jamais vu

A

Sensação subjectiva de que as circunstâncias percecionadas no momento não são familiares, apesar de se ter conhecimento objetivo de terem sido experienciadas no passado. Pode ocorrer espontaneamente em indivíduos saudáveis ou como manifestação de epilepsia do lobo temporal.

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58
Q

Déjà entendu

A

Perturbação do reconhecimento que consiste na sensação de que algo que é ouvido no momento já ter sido ouvido no passado.

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59
Q

Déjà pensé

A

Perturbação do reconhecimento que consiste na sensação de que um pensamento presente já ocorreu no passado.

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60
Q

Déjà vu

A

Perturbação do reconhecimento que consiste na sensação de que um acontecimento presente já ocorreu no passado.

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61
Q

Perturbação da forma do pensamento

A

Nas perturbações da forma do pensamento (PFP) a organização e os processos associativos do pensamento conceptual e abstrato estão comprometidos.
Ao longo da história da Psicopatologia, diferentes sistemas de classificação foram propostos para estudar as PFP, alguns dos quais se sobrepõem conceptualmente. Por exemplo, Kraepelin (1919) descreveu a acatafasia como uma dificuldade em expressar o pensamento através do discurso em doentes com dementia praecox (termo que veio a ser substituído por esquizofrenia). Bleuler (1911) utilizou o termo afrouxamento associativo, ainda hoje utilizado, para descrever a perda da conexão lógica entre as ideias. Mais tarde, Schneider (1930) descreveu cinco características que poderiam ser identificadas nas PFP: descarrilamento, substituição, omissão, fusão e desagregação.

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62
Q

Formicação

A

Subtipo de experiência alucinatória de sensações corporais (alucinação tátil ou háptica) caracterizada pela sensação de pequenos organismos a mover-se sob a pele do indivíduo. Esta experiência alucinatória está associada à intoxicação por substâncias psicoativas (psicoestimulantes) ou a síndromes de abstinência de substâncias (opioides, álcool, metanfetaminas).

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63
Q

Frangofilia

A

Impulso patológico para destruir objetos. Está associado a perturbações do controlo do impulso, episódios maníacos da perturbação bipolar, perturbações psicóticas ou perturbações de personalidade (borderline e antissocial).

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64
Q

Fuga de ideias

A

Perturbação do curso do pensamento em que se verifica uma aceleração do fluxo, com discurso acelerado e transições abruptas de uma ideia para outra, sem prejuízo significativo na sequência lógica. Mantêm-se as associações entre ideias, apesar de se verificar um enfraquecimento da tendência determinante. Ocorre tipicamente na mania da perturbação bipolar, mas também pode ocorrer na esquizofrenia e na depressão com características mistas.

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65
Q

Descarrilamento do pensamento

A

Perturbação formal do pensamento em que os diferentes pensamentos não estão encadeados de modo lógico ou não existe de todo qualquer conexão entre si, implicando a existência de um grave afrouxamento da associação de ideias.a

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66
Q

Desorientação

A

Perturbação da orientação que se caracteriza pela dificuldade do indivíduo em se situar a si mesmo no tempo e no espaço. Geralmente a primeira dimensão a ser afectada é a orientação temporal. A orientação geralmente está intacta nas perturbações psiquiátricas primárias pelo que alterações acentuadas devem remeter para uma extensa avaliação clínica e laboratorial no sentido de determinar eventual etiologia secundária para o quadro psicopatológico apresentado.

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67
Q

Despersonalização

A

Perturbação da vivência do Eu que consiste numa sensação de desconhecimento/não reconhecimento de si próprio (identidade). Sentimento de estranheza e de irrealidade relativamente a sentir-se «uno» (unidade), incluindo a sensação de estar fora do próprio corpo e de que os objetivos e os propósitos pessoais não têm qualquer significado, com crítica mantida para o carácter dos fenómenos, sem qualquer elaboração delirante. E uma alteração que pode surgir associada a perturbações psiquiátricas (por exemplo, ataque de pânico, episódio psicótico, etc.), a doença neurológica (por exemplo, epilepsia) ou ao uso de substâncias psicoativas (por exemplo, canabinoi-des e álcool).

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68
Q

Desrealização

A

Perturbação da vivência do Eu, com características semelhantes à despersonalização, que consiste na vivência de uma sensação de estranheza, em que o mundo externo assume um carácter ireal, semelhante a um sonho.
Frequentemente ocorre associado à despersonalização.

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69
Q

Dessomatização

A

Perturbação da vivência do Eu, semelhante à despersonalização, mas localizada num membro ou órgão.

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70
Q

Diaforese

A

Produção excessiva de suor. É um sintoma inespecifico que pode surgir em contexto de múltiplas patologias (doenças infecciosas, doenças hematológicas, ansiedade, etc.) e como efeito adverso de fármacos, incluindo antidepressivos (ISRS, ISRSN, bupropion, antidepressivos tricíclicos) e alguns antipsicóticos (clozapina).

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71
Q

Difusão do pensamento

A

Perturbação da posse do pensamento, mais especificamente de alienação do pensamento, em que o doente acredita que os seus pensamentos não se encontram circunscritos a si mesmo, difundindo-se e podendo ser captados por outras pessoas ou entidades. Distingue-se da leitura do pensamento por esta pressupor que há um acesso ativo ao conteúdo da mente por agentes externos. Ocorre na esquizofrenia.

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72
Q

Mecanismos de defesa

A

Conceito de origem psicodinâmica, delineado inicialmente por Sigmund Freud, que se refere a mecanismos inconscientes que são usados involuntariamente pelos indivíduos em resposta a stressores externos ou em resultado de conflitos internos.
Os mecanismos de defesa podem classificar-
-se de acordo com o grau de maturidade dos mesmos. O psiquiatra George Vaillant (1977) propôs um sistema de classificação que divide os mecanismos de defesa em quatro níveis:
1) patológicos ou narcísico-psicóticos que podem surgir como parte de perturbações psicóticas, mas também em crianças ou nas fantasias de indivíduos adultos, tendo em comum o evitamento, negação e distorção da realidade (por exemplo, projeção delirante, negação, distorção, etc.);
2) imaturos que surgem em crianças pré-adolescentes e em certas perturbações de personalidade em adultos, sendo mecanismos que tendem a atenuar-se com a maturação pessoal (por exemplo, projeção, comportamento passivo-agressivo, passagem ao ato, regressão, somatização, introjeção, etc.);
3) neuróticos, comuns em indivíduos saudáveis e em perturbações neuróticas (por exemplo, deslocamento, racionalização, externalização, repressão, dissociação, etc.);
4) maturos, que são mecanismos saudáveis, adaptativos e úteis na integração das necessidades pessoais, sociais e relações interpessoais (por exemplo, altruísmo, humor, sublimação, antecipação, etc.).

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73
Q

Perplexidade

A

Estado de hesitação, atordoamento ou confusão, que pode ocorrer nas perturbações psicóticas, nomeadamente na fase prodrómica da esquizofrenia à medida que vão surgindo novas vivências psicóticas. Surge ainda em estados de ansiedade e em situações com diminuição ligeira do nível de consciência.

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74
Q

Perseveração motora

A

Consiste numa alteração do movimento ou ação, caracterizada pela repetição injustificada ou pela permanência de uma posição, persiste para lá do ponto em que é relevante.
Por exemplo, pede-se ao doente para fechar e abrir os olhos e este repete continuadamente esta ação.

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75
Q

Perseveração verbal

A

Repetição ilógica de uma ideia ou frase, geralmente de uma forma incontrolável, fora do contexto e de uma forma mecanizada o que impede a progressão do pensamento.

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76
Q

Bloqueio do pensamento

A

Perturbação do curso do pensamento que se caracteriza por uma interrupção total e abrupta do fluxo e continuidade do mesmo. Manifesta-se clinicamente como uma súbita interrupção do discurso do doente, sem que este seja capaz de retomar o pensamento anterior. O indivíduo pode vivenciar subjetivamente este fenómeno como alienação do pensamento. Ocorre tipicamente na esquizofrenia.

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77
Q

Pelopsia

A

Distorção da perceção espacial dos objetos em que eles parecem estar mais próximos do que na realidade estão.
P de próximos

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78
Q

Pensamento

A

Forma de processo mental, aquilo que é trazido à existência através da actividade intelectual, do latim «pensare» que significa avaliar o peso de algo.

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79
Q

Pensamento audível

A

Alucinação auditivo-verbal em que o doente ouve o seu próprio pensamento sob a forma de vozes. Esta alteração da perceção pode ocorrer em simultâneo com o desenrolar do pensamento (gedankenlautwerden - sonorização do pensamento) ou após o mesmo (eco do pensamento).

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80
Q

Pensamento autista/ fantasioso não dirigido/ dereístico

A

Criação de imagem ou ideias sem realidade externa. Para Bleuler, o pensamento autista da esquizofrenia era resultado da perturbação formal do pensamento. Também pode estar presente nas perturbações dissociativas.

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81
Q

Pensamento concreto

A

Literalidade na expressão e no entendimento, incapacidade para interpretar abstrações e símbolos. Pode ser avaliado clinicamente com a interpretação de provérbios. Ocorre na esquizofrenia, perturbação do desenvolvimento intelectual ou perturbações mentais orgânicas.

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82
Q

Pensamento desagregado

A

Designação equivalente a pensamento desorganizado. Porém, existem alguns autores que estabelecem a distinção entre estes conceitos, consoante o grau de desorganização conceptual do mesmo, considerando que, no pensamento desagregado, há uma desintegração da estrutura sintática e semântica das frases, podendo resultar em salada de palavras.

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83
Q

Pensamento desorganizado

A

Pensamento caracterizado por uma marcada desorganização do ponto de vista formal que impossibilita a transmissão adequada da ideia pretendida. Designação equivalente a pensamento desagregado, embora, segundo alguns autores, seja feita uma distinção com base na manutenção da integridade da estrutura semântica das frases, que estaria preservada no pensamento desorganizado.

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84
Q

Pensamento imaginativo

A

Modo de pensar que inclui o pensamento fantasioso e a geração de novas ideias com resultados criativos como na arte ou nas descobertas científicas. E constituído por três componentes:
- imagens mentais,
- pensamento contrafactual e
- representação simbólica.

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85
Q

Pensamento inibido

A

Experiência subjetiva da lentificação do fluxo do pensamento em que o indivíduo sente dificuldade no raciocínio, sendo necessário um esforço para a progressão do pensamento, a tomada de decisões e para a elaboração de ideias. Corresponde ao fenómeno objetivo de bradipsiquismo.

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86
Q

Tangencialidade

A

Perturbação formal do discurso e do pensamento em que as respostas às questões colocadas são dadas de forma oblíqua ou supérflua, desviando-se do assunto central.

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87
Q

Taquifemia

A

Perturbação do ritmo do discurso em que se verifica um aumento da velocidade do mesmo.

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88
Q

Taquipsiquismo

A

Perturbação do curso do pensamento em que há aumento da velocidade do fluxo do pensamento. A fuga de ideias na mania e o surto psicótico agudo na esquizofrenia são exemplos de perturbações psiquiátricas em que se pode observar esta alteração do pensamento.

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89
Q

Tartamudear

A

Perturbação do discurso em que há interrupções, pausas ou repetição de fragmentos de uma palavra.

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90
Q

Teleopsia

A

Distorção da perceção espacial dos objetos em que estes parecem estar mais distantes do que na realidade estão.

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91
Q

Temperamento

A

Corresponde a um conjunto de traços psicológicos profundamente enraizados, que são na sua maior parte inconscientes, muito difíceis de mudar e expressos automaticamente e que influenciam o comportamento do indivíduo. Esses traços psicológicos são inatos e determinados por fatores genéticos e neurobiológicos. Por conseguinte, o temperamento está associado a um certo determinismo biológico, expressando uma forte componente hereditária.

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92
Q

Fusão do pensamento

A

Perturbação da forma do pensamento descrita por Carl Schneider (1930), na qual há uma combinação de elementos heterogéneos no discurso, mantendo-se o encadeamento lógico das ideias.

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93
Q

Galactorreia

A

Secreção excessiva de leite pela glândula mamária não relacionada com a amamentação. Pode ser um efeito adverso de antipsicóticos que provocam hiperprolactinemia, através do bloqueio dos recetores dopaminérgicos da via tuberoinfundibular, ou uma disfunção endócrina primária.

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94
Q

Ritual compulsivo

A

Ações motoras ou mentais repetitivas, semi-automatizadas e compulsivas, que surgem por necessidade irresistível e irracional de as levar a cabo, habitualmente em reposta a uma obsessão. O ritual compulsivo (por exemplo, lavar repetidamente as mãos) produz um alívio transitório da ansiedade provocada pela ideia obsessiva (por exemplo, ideia de contaminação).

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95
Q

Roubo do pensamento

A

Perturbação da posse do pensamento em que o doente descreve a sensação de que os seus pensamentos lhe estão a ser roubados por uma influência externa. Este fenómeno muitas vezes é a interpretação subjetiva do bloqueio de pensamento.

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96
Q

Ruminação

A

Pensamentos de carácter obsessivo caracterizados por pensamentos persistentes e repetitivos que são experienciados com sofrimento.

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97
Q

Obediência automática

A

Estado em que um indivíduo obedece às ordens ou instruções dadas de forma automática e involuntária.
Pode ser um sintoma de catatonia, podendo surgir em estados de maior sugestionabilidade, tais como na hipnose ou na privação sensorial.

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98
Q

Obnubilação

A

Alteração quantitativa do estado de consciência em que há uma alteração do pensamento, atenção, perceção e memória. Pode ocorrer associada a agitação psicomotora.

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99
Q

Obsessão

A

Ideia, pensamento, imagem ou impulso com características intrusivas, involuntárias e recorrentes, que não consegue ser eliminado da consciência (parasitismo mental), apesar de ser absurdo e causador de ansiedade e sofrimento para o indivíduo (egodistónico).
Difere do delírio e dos fenómenos de alienação do pensamento na medida em que o indivíduo reconhece as ideias como tendo origem em si mesmo, apesar de reconhecer que são exageradas e desproporcionadas. Em situações crónicas e graves, o grau de insight em relação à obsessão pode diminuir e dificultar a sua distinção de outros fenómenos psicopatológicos.
As obsessões podem ser acompanhadas de compulsões.

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100
Q

Ideação suicida

A

Pensamentos acerca do ato deliberado de pôr fim à vida (morte autoinfligida).

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101
Q

Identificação errónea negativa

A

Categoria de síndromes de falsa identificação delirante ou de hipofamiliardade em que o indivíduo acredita que pessoas conhecidas são estranhas. Inclui a síndrome de Capgras e a síndrome de intermetamorfose.

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102
Q

Identificação errónea positiva

A

Categoria de síndromes de falsa identificação delirante ou de hiperfamiliaridade em que o indivíduo acredita que pessoas que não conhece são pessoas próximas ou conhecidas. Inclui a síndrome de Fregoli e a síndrome do duplo subjetivo.

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103
Q

Perturbações da fluência do discurso

A

Grupo de perturbaçoes canterizadas pela interupção das atai normal do discurso, que incluem a tartamudez, a gaguez e as afasias.

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104
Q

Perturbações do fluxo do pensamento

A

Tipo de alterações formais do pensamento.

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105
Q

Fobia

A

Perturbação de ansiedade em que há um medo irracional e uma preocupação persistente e desproporcional face a uma situação, objeto ou atividade específica. O indivíduo experiencia sofrimento intenso, medo e ansiedade antecipatória, relativamente a situações em que há risco de exposição ao estímulo fóbico, motivando ativamente o seu evitamento. Este evitamento pode condicionar a perda de oportunidades sociais ou de responsabilidades profissionais, sempre que estas impliquem a exposição ao estímulo fóbico. Inclui a agorafobia; a fobia social (atualmente reconhecida como perturbação de ansiedade social) em que a situação temida é a exposição perante terceiros e a interação com outros indivíduos por receio de rejeição ou de uma avaliação negativa; outras fobias específicas (por exemplo de animais, ambientes, situações).

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106
Q

Hiper-realização

A

Estado de aumento da intensidade da experiência subjetiva do mundo externo, que não é específico de uma modalidade sensorial.

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107
Q

Hipersexualidade

A

Padrão de comportamento caracterizado por uma frequência elevada de atividade sexual. Nas mulheres, a procura excessiva ou descontrolada de estimulação sexual designa-se por ninfomania, enquanto que nos homens se designa por satiríase.

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108
Q

Hipersónia

A

Termo utilizado para descrever duas condições dis-tintas: sonolência excessiva durante o período diurno ou episódios anormalmente prolongados de sono durante o período noturno.
Pode ser primária ou secundária a uma perturbação do sono, como a narcolepsia, a perturbação do ritmo circadiano e a síndrome da apneia obstrutiva do sono. Apesar de ser pouco frequente (é mais frequente a insónia), a hipersónia também pode ocorrer na depressão.

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109
Q

Hipoacusia

A

Diminuição da sensibilidade aos sons com declínio da acuidade auditiva.

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110
Q

Hipobulia

A

Estado de diminuição da energia volitiva, motivação para a ação, espontaneidade, em grau mais ligeiro que a abulia. Pode ocorrer na perturbação depressiva.

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111
Q

Hipocondria

A

Perturbação psiquiátrica caracterizada pela preocupação excessiva ou crença infundada de ter uma doença física, que motiva a procura recorrente de cuidados de saúde apesar de repetidas investigações médicas negativas. A palavra hipocondria deriva
do grego «hypo- por baixo» e «chondros - cartilagem» e remonta ao período histórico da teoria dos humores, segundo a qual a produção excessiva de bílis negra seria responsável pela tendência para preocupações e sentimentos negativos em relação à saúde («melancolia mórbida»). Pode estar associada à perturbação obsessivo-compulsiva, podendo constituir uma temática dos pensamentos obsessivos nesta doença psiquiátrica.

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112
Q

Hipoesquemazia (= microssomatognosia)

A

Distorção da imagem corporal em que partes do corpo são percecionadas com dimensões ou peso reduzidos.
Pode ocorrer secundariamente a lesões do lobo parietal, síndromes vertiginosas (sensação de corpo leve) ou durante a aura da enxaqueca.

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113
Q

Hipofonia (= Microfonia)

A

Diminuição do volume da voz, observado em situações normais, como parte da expressão de alguns estados emocionais (tristeza, vergonha, medo) ou de traços de personalidade (introversão), ou em condições patológicas, como na depressão, nas perturbações do espectro psicótico com delírios persecutórios, na perturbação de ansiedade social ou em síndromes neurológicas, como o parkinsonismo (iatrogénico ou idiopático).

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114
Q

Hipomania

A

Estado de humor elevado, ligeiro a moderado, expansivo ou irritável, acompanhado por aumento da energia ou da atividade dirigida, de curta duração, que não é suficientemente severo para interferir no funcionamento socio-ocupacional ou para exigir hospitalização. Por definição, distingue-se do episódio maníaco pela sua menor intensidade, gravidade e pela ausência de sintomas psicóticos.

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115
Q

Hipomnésias

A

Estados em que há uma hipofunção da memória.

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116
Q

Alucinações complexas

A

Classificação de acordo com complexidade da experiência alucinatória, referindo-se a alucinações, geralmente na modalidade auditiva ou visual, em que os diferentes elementos que as constituem são elaborados e estruturados (por exemplo, com a audição de vozes, música ou com a visão de pes-soas, animais ou objetos). Esta designação pode ainda ser utilizada para descrever vivências alucinatórias cénicas em que se verificam em simultâneo alucinações em diferentes modalidades sensoriais (visuais, auditivas, e até olfativas), constituindo cenas complexas que ocupam todo o ambiente externo integrando os objetos reais que ocupam esse espaço (Pio Abreu, 2015).

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117
Q

Alucinações elementares

A

Classificação de acordo com a complexidade da experiência alucinatória, referindo-se a alucinações, geralmente na modalidade auditiva ou visual, em que os diferentes elementos que as constituem são simples e elementares, com pouca estruturação (por exemplo, audição de sons simples, ruídos, apitos ou com a visão de formas geométricas básicas, luzes, cores).

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118
Q

Alucinações extracampinas

A

Alucinações em que o fenómeno ocorre fora do limite do campo sensorial do indivíduo. No caso das alucinações visuais, estas ocorrem fora do seu campo de visão (por exemplo, ver alguém que se encontra atrás de si). Por sua vez, no caso das alucinações auditivas, estas ocorrem longe do que seria plausível ser audível (por exemplo, estar em Lisboa e ouvir vozes a falar sobre si no Porto). Podem surgir em doenças neurológicas (por exemplo, na epilepsia), em perturbações psiquiátricas (por exemplo, na esquizofrenia) ou em perturbações mentais secundárias a outra condição médica.

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119
Q

Alucinações funcionais

A

Fenómeno alucinatório em que a alucinação só ocorre em simultâneo com uma perceção verdadeira na mesma modalidade sensorial. Um exemplo classicamente citado é o de um doente que apenas apresentava atividade alucinatória auditiva quando ouvia água a correr na torneira. À semelhança das alucinações reflexas, apesar de poderem ocorrer em doentes com perturbações psiquiátricas (por exemplo, na esquizofrenia) e, portanto, terem significado patológico, não têm implicações diagnósticas específicas.

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120
Q

Alucinações gustativas

A

Alucinação em que se verifica uma sensação gustativa, sem estímulo, geralmente desagradável. Ocorre geralmente associada a alucinações olfativas. Podem ser difíceis de distinguir de alterações do paladar iatrogénicas.

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121
Q

Alucinações hápticas

A

Alucinações táteis

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122
Q

Alucinações hipnagógicas

A

Experiências alucinatórias que ocorrem ao adormecer, podendo ser na modalidade visual, somatossen-sorial (sensação de estar «fora do corpo») ou auditiva. São mais frequentes que as alucinações hipnopômpicas. Estão associadas à narcolepsia (situação em que também podem ocorrer alucinações hipnopômpicas), à cataplexia e à paralisia do sono. Apesar de serem verdadeiros fenómenos alucinatórios, não apresentam necessariamente significado patológico, podendo ocorrer em indivíduos sem qualquer patologia.

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123
Q

Alucinações hipnopômpicas

A

Experiências alucinatórias que ocorrem associadas ao acordar (transição sono-vigília), mais frequentemente na modalidade auditiva, embora possam afetar qualquer um dos sentidos. São menos frequentes que as alucinações hipnagógicas, podendo também surgir associadas a narcolepsia. Apesar de serem verdadeiros fenómenos alucinatórios não apresentam necessariamente significado patológico, surgindo em indivíduos sem qualquer patologia.

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124
Q

Alucinações olfativas

A

Alucinações nas quais se verifica a experiência de um odor, geralmente desagradável, sem que haja um estímulo externo correspondente. Apesar de poderem ocorrer em perturbações psiquiátricas (por exemplo, esquizofrenia ou perturbações do humor com sintomas psicóticos), estão mais frequentemente associadas a doença neurológica (por exemplo, a epilepsia do lobo temporal).

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125
Q

Alucinações reflexas

A

Fenómeno alucinatório que constitui uma forma patológica de sinestesia em que um estímulo real numa determinada modalidade sensorial desencadeia uma alucinação numa modalidade sensorial distinta. À semelhança das alucinações funcionais, apesar de poderem ocorrer em doentes com perturbações psiquiátricas (por exemplo, na esquizofrenia) ou em intoxicações agudas com substâncias psicoativas e, portanto, terem significado patológico, não têm implicações diagnósticas específicas.

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126
Q

Alucinações táteis

A

Alucinação de sensações corporais superficiais em que o indivíduo sente que a sua superfície corporal é tocada por algo ou por alguém.

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127
Q

Alucinações visuais

A

Alucinações em que a modalidade sensorial afetada é a visão, podendo tomar a forma de alucinações elementares (por exemplo, formas geométricas simples, luzes, manchas coloridas) ou de alucinações complexas (por exemplo, pessoas, animais, cenas completas). As alucinações visuais são raras em perturbações psicóticas primárias. Estão tipicamente associadas a perturbações secundárias, a outras condições médicas ou a estados confusionais agudos com alterações do estado de consciência, devendo conduzir a uma extensa investigação etiológica secundária de modo a excluir eventual patologia orgânica subjacente.

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128
Q

Prolixidade

A

Perturbação do ritmo do pensamento caracterizada por aceleração do pensamento com a utilização de pensamentos acessórios fora da corrente principal, mas sem perder o objetivo da corrente principal. E considerada por alguns autores como uma forma menos acentuada de fuga de ideias presente na hipomania. Traduz-se através do discurso que se caracteriza como discurso prolixo.

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129
Q

Prosódia

A

Modulação da entoação vocal que influencia o significado real e emocional das palavras e frases.

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130
Q

Prosopagnosia

A

Incapacidade de reconhecer caras familiares.
Pode estar presente nos acidentes vasculares cerebrais talâmicos direitos, na demência frontotemporal ou nas perturbações do espectro do autismo.

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131
Q

Pseudoalucinações

A

Perturbações da perceção, consideradas enquanto falsas perceções a par das ilusões e das verdadeiras aluci-nações. É um termo de difícil definição, uma vez que foi usado de modo diferente por vários autores referindo-se a fenómenos distintos. Segundo alguns autores, o critério que distingue as pseudoalucinações das verdadeiras alucinações será o grau de insight em relação às mesmas, tratando-se então de alucinações em que o indivíduo apresenta insight em relação ao seu carácter falso. Por outro lado, outros autores consideram que as pseudoalucinações são em tudo semelhantes às verdadeiras alucinações exceto que se tratam de imagens mentais vívidas que se localizam no espaço subjetivo interno (por exemplo, ouvir vozes vindas de dentro da cabeça, por contraste com aquelas que vêm de fora e entram pelo ouvido). Jaspers
(1963) diferencia as pseudoalucinações de outros fenómenos alucinatórios como sendo não corpóreas, nem pertencendo ao espaço externo, estando por esse motivo mais próximas da representação.

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132
Q

Alucinose

A

Termo introduzido no início do século xx por Wernicke (1900) para se referir à alucinose alcoólica, situação clínica em que predominaria um quadro alucinatório, sobretudo auditivo, em indivíduos com consumo crónico de elevadas quantidades de bebidas alcoólicas. O termo foi-se tornando mais abrangente, englobando atualmente quadros predominantemente alucinatórios (embora possam coexistir delírios) secundários a outras condições médicas ou ao uso de outras substâncias psicoativas.

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133
Q

Ambitendência

A

Comportamento motor caracterizado por uma alternância entre movimentos opostos, sem que o objetivo primário do movimento seja atingido. Os movimentos têm um carácter hesitante e oscilante. Por exemplo, o indivíduo estende a mão para cumprimentar o seu interlocutor, mas hesita, suspende o movimento e recua a mão sem executar o cumprimento. Pode estar associado a ambivalência e a negativismo.

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134
Q

Ambivalência

A

Incapacidade de tomar uma decisão entre várias opções possíveis ou coexistência persistente de inclinações ou sentimentos contraditórios em relação a um objeto. Manifesta-se frequentemente em situações rotineiras e triviais do quotidiano em que o indivíduo não consegue tomar decisões, demorando bastante tempo para o fazer, sendo que, uma vez tomada uma decisão, pode surgir de imediato a dúvida sobre a opção tomada, voltando atrás na mesma. Por vezes associa-se a perplexidade e paralisia na ação. Pode ocorrer na esquizofrenia, na perturbação obsessivo-compulsiva ou em indivíduos com traços de personalidade anancásticos.

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135
Q

Teoria da mente

A

Constructo que se refere a um processo meta-cognitivo que consiste na capacidade de atribuir estados mentais, crenças, intenções, desejos, emoções, conhecimentos, a si próprio e a outros, e compreender que os outros têm as suas próprias crenças, desejos, intenções e perspetivas diferentes das suas.

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136
Q

Terrores noturnos

A

Perturbação do sono NREM em que ocorrem episódios de despertar abrupto do sono acompanhados de medo intenso, agitação, vocalização, ativação autonómica e amnésia para o episódio. São mais prevalentes nas crianças e habitualmente desaparecem com a idade.

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137
Q

Torpor

A

Termo que se refere a uma alteração do nível de consciência muito sobreponível ao conceito de estupor.

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138
Q

Transferência

A

Conceito psicanalítico introduzido por Sigmund Freud que se refere ao deslocamento inconsciente dos modelos infantis das relações prévias para o presente e para as relações atuais, incluindo a relação com o psicoterapeuta ou médico. E considerada parte essencial da psicoterapia psicanalítica.

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139
Q

Transitivismo

A

Conceito psicodinâmico descrito inicialmente por Charlotte Buhler (1935) em relação a crianças que não teriam a capacidade de distinguir claramente as suas próprias experiências das experiências de terceiros. Posteriormente foi novamente desenvolvido por Jacques Lacan, referindo-se à projeção para o outro dos seus próprios comportamentos e atitudes.

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140
Q

Tremor

A

Contrações musculares involuntárias e rítmicas que levam ao movimento de uma ou mais partes do corpo.

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141
Q

Tríade cognitiva de Beck

A

Modelo cognitivo da depressão proposto por Aaron Beck (1976) que se caracteriza por uma visão negativa do próprio, do mundo e do futuro.

142
Q

Tricotilomania

A

Perturbação do espectro obsessivo-compulsivo em que o indivíduo arranca o próprio cabelo de forma recorrente, resultando em perda de cabelo, associando-se a tentativas de reduzir ou parar o comportamento.

143
Q

Tristeza

A

Sentimento normal que ocorre face a situações de vida que envolvam perdas, desilusões, fracassos ou outros eventos perce-cionados como adversidades com que os indivíduos vão sendo con-frontados no decorrer da sua trajetória de vida.

144
Q

Turvação da consciência

A

Perturbação da clareza da consciência.

145
Q

Urgências psiquiátricas

A

Perturbações agudas do pensamento, comportamento, humor ou nas relações interpessoais a requerer uma intervenção imediata ou a curto prazo. A prevalência de emergências psiquiátricas em serviços de urgência geral varia entre 6% e 25%. As situações clínicas mais frequentemente observadas em serviço de urgência de psiquiatria incluem ideação suicida, agitação psicomotora, psicose aguda e mania, sendo que se estima que 40% dos doentes observados requerem internamento. Os diagnósticos psiquiátricos mais comuns nos indivíduos observados no contexto de serviço de urgência são as perturbações do humor (incluindo depressão e episódios manía-cos), esquizofrenia e perturbações secundárias ao uso de substâncias.

146
Q

Perceção

A

Transformação de estímulos sensoriais (visuais, audi-tivos, olfativos, gustativos, cinestésicos ou propriocetivos) em informação sensorial a nível cortical, envolve processos ativos influenciados pela atenção, afeto, experiências culturais, experiências prévias, memória e conceitos.

147
Q

Perturbações da perceção

A

Alterações da senso-perceção que se podem classificar em distorções sensoriais e em falsas perceções (incluem as alucinações, pseudoalucinações e ilusões)

148
Q

Perifrasia

A

Utilização de uma descrição elaborada de algo por incapacidade de nomeação. Por exemplo ao mostrar um relógio ao indivíduo e lhe pedir que o nomeie, a resposta pode ser algo como «é aquilo que serve para ver as horas». Trata-se de um fenómeno que ocorre nas afasias. É praticamente sinónimo de circunlóquio, embora este último possa também ser usado em contexto mais abrangente.

149
Q

Mobilidade afetiva

A

Capacidade de mobilizar facilmente e variar fluidamente entre vários afetos com diferente intensidade.
Pode estar diminuída (restrição afetiva ou afetos restritos), ausente quando o indivíduo expressa apenas uma emoção sem qualquer variação (afetos imóveis ou fixos) ou aumentada (labilidade afetiva). É um conceito que está relacionado com a amplitude afectiva e que inclui a reatividade afectiva.

150
Q

Mória

A

Estado de humor elevado (humor moriático), caracterizado por alegria ou felicidade vazia, pueril, sem conteúdo ou adequação ao contexto. Classicamente associa-se a lesões localizadas nos lobos frontais e pode surgir nas perturbações do desenvolvimento intelectual e em alguns doentes com demência.

151
Q

Motivação

A

Conjunto de processos mentais pelos quais uma necessidade ou objetivo (impulso) induz um estado emocional e de energia, que impulsiona e direciona o comportamento do indivíduo para satisfação dessa necessidade ou cumprimento desse objetivo. Os estímulos motivacionais podem ser necessidades fisiológicas (fome, sede, sono) ou sociais (afiliação, competição, reprodução).

152
Q

Motricidade

A

Conjunto de funções responsáveis pelos movimentos voluntários ou automáticos do corpo.

153
Q

Mutismo

A

Ausência de comunicação verbal caracterizada pela recusa ou incapacidade psicológica de falar (num indivíduo que adquiriu previamente linguagem), sem que existam lesões orgânicas centrais ou periféricas. Este sinal tem um amplo diagnóstico diferencial, podendo surgir no estupor, na catatonia, na esqui-zofrenia, nos episódios depressivos com sintomas psicóticos, em estados dissociativos, nas perturbações do desenvolvimento intelectual e em certas perturbações de personalidade (por exemplo, na perturbação de personalidade histriónica); sendo conveniente estabelecer um diagnóstico diferencial com outras condições médicas (por exemplo, doenças neurológicas, alterações metabólicas e iatro-genia). O mutismo pode ser seletivo (o indivíduo só fala com determinadas pessoas) ou generalizado. Na abordagem do doente com mutismo, é essencial avaliar o nível de consciência que poderá permitir direcionar a investigação diagnóstica e estreitar o diagnóstico diferencial. Nas situações em que o mutismo é acompanhado por ausência de movimentos espontâneos, designa-se por mutismo acinético, devendo-se a lesões nas áreas pré-frontais e pré-
-motoras responsáveis pela iniciação do movimento.

154
Q

Mussitação

A

Produção de um murmúrio ininteligível através da movimentação não coordenada dos lábios.

155
Q

Perturbação da personalidade narcísica

A

Perturbação de personalidade pertencente ao grupo B das personalidades dra-máticas/instáveis (borderline, histriónica, narcísica e antissocial) (DSM 5), que tendem a manifestar-se na adolescência e melhorar com o avanço da idade. Caracteriza-se por um padrão crónico de grandiosidade, procura de reconhecimento e egocentrismo. Os indivíduos com esta perturbação têm uma autoestima inflada, tendendo a sobrestimar as suas aptidões ou os seus sucessos e a desvalorizar as suas falhas ou os seus insucessos. Têm uma necessidade de admiração constante, pelo que selecionam relações e oportunidades sociais e profissionais, estrategicamente, tentando atingir o palco mediático ou da notoriedade (APA, 2013). A sua vivência interna é, com frequência, pautada por ruminações ou preocupações idealizadas de sucesso, poder ou romance, muitas vezes com expectativas irreais.
Nos relacionamentos sociais adotam uma orientação egocêntrica, elevando os seus interesses acima dos interesses dos outros, e ins-trumentalista, explorando ou manipulando as pessoas para os seus fins pessoais.

156
Q

Interpenetração de temas

A

Perturbação formal do pensamento, descrita por Norman Cameron (1944), globalmente sobreponível ao conceito de fusão de pensamento.

157
Q

Introspeção

A

Capacidade de tomar consciência, refletir e analisar os próprios processos mentais de forma a atingir insight sobre si mesmo.

158
Q

Dromomania (= Poriomania)

A

Impulso de fugir, vaguear sem destino, pode estar presente na esquizofrenia, demência, epilepsia ou na perturbação do desenvolvimento intelectual.

159
Q

DSM

A

Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (Manual de Diagnóstico e Estatística de Doenças Mentais), publicado pela Associação Americana de Psiquiatria pela primeira vez após a Segunda Guerra Mundial, em 1952, como variante da Classificação Internacional de Doenças. A primeira edição do DSM era constituída por um glossário descritivo das principais categorias diagnósticas e era muito influenciado pela teoria psicobiológica do psiquiatra Adolf Meyer, tal como a edição seguinte, o DSM II, publicado em 1968 (Peters, 1990). O DSM III, publicado em 1980 e, na sua versão revista, em 1987, representou um corte com as edições anteriores, assumindo critérios diagnósticos explícitos, o sistema diagnóstico multiaxial e uma abordagem neutra no que diz respeito à etiologia das doenças mentais (Wilson, 1993). Posteriormente foram publicadas a quarta edição (1994) e a sua versão revista (2000). Atualmente está em vigor a sua quinta edição, o DSM 5, publicado em 2013.

160
Q

Aparência

A

Modo como o indivíduo se apresenta perante um observador ou entrevistador. É geralmente a primeira parte do exame psiquiátrico do estado mental, sendo observados e regista-dos elementos relacionados com as características físicas do indiví-duo, idade aparente, estado de higiene, odor, vestuário, posição e postura ou quaisquer outros aspetos que se destaquem à observação externa inicial ou no decorrer da entrevista.

161
Q

Apatia

A

Estado emocional caracterizado por diminuição ou ausência de desejos, com total falta de interesse, e diminuição de reatividade a estímulos internos ou externos. Ocorre, por exemplo, na depressão, na esquizofrenia e como sintoma de síndromes demen-ciais. Surge ainda na disfunção do córtex pré-frontal, depressão, demência e esquizofrenia, etc. Na prática clínica pode ser difícil de distinguir de abulia. Conceito próximo de frieza afetiva e indiferença afetiva.

162
Q

Aplanamento afetivo

A

Situação em que se verifica uma ausência de expressão afetiva, com marcada diminuição da intensidade, da amplitude e da mobilidade afetiva. Corresponde a uma diminuição da expressão afetiva mais acentuada do que no embotamento afetivo.

163
Q

Apragmatismo

A

Incapacidade de levar a cabo e planear uma ação simples ou complexa.

164
Q

Apraxia

A

Incapacidade em levar a cabo uma ação motora voluntária e dirigida a um objetivo, sem que se verifiquem alterações na compreensão ou défices na força muscular ou a nível sensorial.
É uma alteração secundária a doença neurológica que resulta de disfunção na programação da atividade motora. As formas particulares de apraxia são: apraxia cortical, apraxia ideocinética e aparaxia ideomotora.

165
Q

Aprosexia

A

Perturbação grave da atenção, que corresponde a um grau extremo de hipoprosexia com distractibilidade marcada e ausência de capacidade para manter atenção focada em qualquer estímulo. Ocorre em situações com marcadas alterações do nível de consciência e nos estados confusionais agudos.

166
Q

Aprosódia

A

Perturbação do discurso, geralmente de causa neu-rológica, que se caracteriza por uma perda da modulação expressiva da voz.

167
Q

Apsicognosia

A

Variante do conceito de agnosia que se refere a uma perda progressiva de insight face ao carácter patológico das alterações psicopatológicas, com perda da capacidade de autoavaliação a si mesmo e à perceção que os outros têm perante as suas atitudes e os seus comportamentos.

168
Q

Associal

A

Termo utilizado para se referir a uma marcada diminuição da iniciativa dirigida ao estabelecimento de interações sociais.

169
Q

Inconsciente

A

Segundo a teoria psicanalítica, inconsciente
¿a região da psique que contém os desejos, os impulsos, os con-Airos emocionais e as memórias que não estão acessíveis a cons-ciência, mas que influenciam o comportamento. Na Psicologia contemporânea, o termo caiu em desuso, tendo vindo a ser subsa-ruído pela expressão «não consciente» para designar qualquer processo mental que ocorre na ausência de intenção ou conhecimento consciente. Na neurologia, refere-se ao grau máximo de diminuição do nível de consciência como aquele que ocorre no coma.

170
Q

Incontinência afetiva

A

Alteração da mobilidade dos afetos com rápida transição entre diferentes estados afetivos com elevada inten-sidade. Corresponde a um grau extremo de labilidade afetiva.

171
Q

Indiferença afetiva (= frieza afetiva)

A

Padrão de falta de reatividade, com diminuição significativa da expressão afetiva a determinados estímulos emocionais. Observa-se na perturbação de personalidade antissocial, devido à ausência de empatia perante o sofrimento alheio. Pode ainda ser observada na perturbação de personalidade esquizoide, traduzida por um desinteresse e distanciamento de relações inter-pessoais, nas síndromes de apatia associadas à esquizofrenia, nas perturbações neurocognitivas e na perturbação depressiva grave.
Conceito próximo da apatia.

172
Q

Influenciamento

A

Conceito equivalente a passividade

173
Q

Epoché

A

Noção relativa a parte do método fenomenológico, proposto por Edmund Husserl (1859 - 1938), referindo-se à redução que permite o acesso à essência (Eidos) dos factos e dos fenóme-nos, através de um processo de suspensão das crenças, noções pré-
-concebidas e interpretações em relação ao mundo.

174
Q

Eritropsia

A

Alteração na perceção da cor em que os objetos no campo de visão aparecem com coloração avermelhada.

175
Q

Erotomania/ Delírio erotomaníaco

A

Ideia delirante em que o indivíduo desenvolve intensos sentimentos eróticos dirigidos a alguém que crê, de forma infundada, estar igualmente profundamente apaixonada por si.
Geralmente o alvo é alguém aparentemente inacessível por ser de um estatuto social superior, alguém famoso, podendo até não existir na realidade. A maioria das descrições clássicas são em indivíduos do sexo feminino. Ocorre habitualmente no contexto de uma perturbação delirante.

176
Q

Distorções sensoriais (= Erros sensoriais)

A

Perturbações da perceção em que existe um objeto real que é percecionado de forma distorcida. Estas distorções podem envolver alterações em diferentes qualidades dos objetos nomeadamente a sua unidade, forma, cor, dimensões, movimento e localização no espaço exterior.

177
Q

Eco do pensamento

A

Tipo de alucinação auditiva que consiste em ouvir os próprios pensamentos em voz alta após os mesmos terem ocorrido. É um dos sintomas de primeira ordem de Schneider.

178
Q

Ecocinesia (= ecopraxia)

A

Termo com origem no grego «ekho - eco» e «kinesis - movimento» que se refere à imitação dos movimentos do interlocutor.

179
Q

Ecolalia

A

Termo com origem no grego «ekho - eco» e «lalia - discurso» que se refere a uma perturbação do discurso em que o doente repete de forma automática parte ou a totalidade de palavras ou frases proferidas por outra pessoa. Trata-se de um ecofenómeno do discurso associado a disfunção dos circuitos fronto-estriatais, como acontece nas perturbações de tiques, como a síndrome de Tourette (Ganos et al., 2012); nas perturbações do espectro do autismo (Realmuto & August, 1991); na esquizofrenia (Primore et al., 2008); na catatonia (Burrow & Marwaha, 2019); nas síndromes específicas da cultura, como latah (Prince & Tcheng-Laroche, 1987; Tanner & Chamber-land, 2001); nas lesões estruturais do lobo frontal (Lhermitte et al.,
1986). Pode coexistir com ecofenómenos do movimento (copraxia) ou da expressão facial (ecomimia).

180
Q

Ecomimia

A

Termo com origem no grego «ekho - eco» e «mimeisthai - expressar através da imitação» que se refere à imitação automática da expressão facial do interlocutor. Trata-se de um ecofenómeno da expressão facial associado à disfunção dos circuitos fronto-estriatais, como acontece nas perturbações de tiques, como a síndrome de Tourette (Ganos et al., 2012); nas perturbações do espectro do autismo (Realmuto & August, 1991); na esquizofrenia (Pridmore et al., 2008); na catatonia (Burrow & Marwaha, 2019); nas síndromes específicas da cultura, como latah (Prince & Tcheng-Laroche, 1987; Tanner & Chamberland, 2001); nas lesões estruturais do lobo frontal (Lhermitte et al., 1986). Pode coexistir com ecofenómenos do discurso (ecolalia) ou do movimento (ecopraxia).

181
Q

Ecopraxia

A

Termo com origem no grego «ekho - eco» e «praxis- ação» que se refere à imitação automática das ações ou gestos motores de outra pessoa. Trata-se de um ecofenómeno do movimento associado a disfunção dos circuitos fronto-estriatais, como acontece nas perturbações de tiques, como a síndrome de Tourette (Ganos et al., 2012), nas perturbações do espectro do autismo (Real-muto & August, 1991), na esquizofrenia (Pridmore et al., 2008), na catatonia (Burrow & Marwaha, 2019), nas síndromes específicas da cultura, como latah (Prince & Tcheng-Laroche, 1987; Tan-ner & Chamberland, 2001), nas lesões estruturais do lobo frontal (Lhermitte et al., 1986). Pode coexistir com ecofenómenos do discurso (ecolalia) ou da expressão facial (ecomimia).

182
Q

Ecotimia

A

Termo com origem no grego «ekho - eco» e «thymos - espírito» que foi proposto por Gorovoy e Marin (2014) para designar um tipo de ecofenómeno no domínio afetivo, isto é, a imitação automática do comportamento afetivo de outra pessoa. Gorovoy e Marin (2014) descrevem dois casos clínicos de ecotimia secundários a síndromes demenciais (doença de Alzheimer num caso e doença cognitiva vascular no outro). Segundo estes autores, a ecotimia resultaria de uma disfunção dos circuitos fronto-estratais.

183
Q

Efeitos extrapiramidais

A

Efeitos secundários extrapiramidais de fármacos com efeito predominantemente antidopaminérgico, sobretudo fármacos com ação antipsicótica. Constituem um grupo de doenças do movimento, que incluem sintomas agudos (por exemplo, a distonia aguda) e tardios (por exemplo, a discinesia tardia). Inclui ainda sintomas de parkinsonismo secundário ou pseudoparkinsonismo tais como rigidez muscular, bradicinesia, tremor, discinesias, hipomimia facial e alterações da marcha.

184
Q

Ego

A

Termo que, na sua utilização técnica, é conceptualmente próximo de Eu e de Self

185
Q

Ego-distonia

A

Experiência subjetiva de conflito entre o autoconceito da pessoa e determinados pensamentos, sentimentos ou comportamentos.

186
Q

Ego-sintonia

A

Experiência subjetiva de harmonia entre o autoconceito da pessoa e determinados pensamentos, sentimentos ou comportamentos.

187
Q

Gedankenlautwerden (sonorização do pensamento)

A

Alucinação auditiva-verbal em que o doente ouve uma voz ou vozes a verbalizar um pensamento no preciso momento em que este lhe está a ocorrer.

188
Q

Gesticulação

A

Produção de movimentos que comunicam um determinado significado ou informam acerca do estado emocional da pessoa. Na linguística, os gestos referem-se a uma forma de comunicação não-verbal, na qual se expressam signos (unidades linguísticas mínimas com significado) através de ações motoras isoladas ou coocorrentes com o discurso. Na psiquiatria, a gesticulação refere-se à expressão não-verbal dos estados mentais, que incluem as expressões faciais, corporais e posturais das emoções, e a modulação afetiva da voz.

189
Q

Síndrome de Gilles de la Tourette

A

Síndrome neuropsiquiátrica crónica caracterizada por tiques motores e pelo menos um tique vocal, que ocorrem várias vezes por dia durante pelo menos um ano (NINDS, 2012). Nomeada em homenagem ao médico francês, Georges Gilles de la Tourette (1857-1904), que a descreveu pela primeira vez em 1885. Afeta três a quatro vezes mais homens do que mulheres (NINDS, 2012). Os primeiros sintomas surgem na infância (em média, entre os 3 e os 9 anos), afetando inicialmente os músculos da cabeça e do pescoço e progredindo depois para os músculos do tronco e das extremidades (NINDS,
2012). Os tiques vocais tendem a surgir depois do aparecimento dos tiques motores e os tiques complexos tendem a surgir depois da instalação dos tiques simples (NINDS, 2012). Os sintomas tendem a atingir o seu pico de gravidade no início da adolescência e a melhorar no final da adolescência ou início da idade adulta (NINDS, 2012). Em 10-15% dos casos, a síndrome desenvolve um curso progressivo (NINDS, 2012). Está associada às seguintes comorbilidades: perturbação de hiperatividade e défice de atenção, perturbações da leitura e da escrita, e perturbações do espectro obsessivo-compulsivo (NINDS, 2012).

190
Q

Glossolalia

A

Produção de um conglomerado ininteligível de sons que, apesar de não terem sentido linguístico, mantêm os aspetos prosódicos do discurso normal. Ocorre em estados de êxtase e na esquizofrenia.

191
Q

Grafestesia

A

Reconhecimento de números e letras escritos sobre a pele através da sensibilidade tátil.

192
Q

Salada de palavras

A

A comunicação é incompreensível e incoerente, uma vez que as palavras não se relacionam entre si de modo a que tenham significado, não existindo relações sintáticas corretas.

193
Q

Satiríase

A

Aumento do desejo sexual de carácter patológico em indivíduos do sexo masculino.

194
Q

Perturbação afetiva sazonal

A

Perturbação afetiva em que há uma relação entre o início dos episódios e uma determinada estação do ano, por exemplo, o inverno. A maioria dos episódios afetivos que decorreram ao longo da vida apresentaram este padrão.
Está incluída nas Perturbações Depressivas Recorrentes no ICD-
-10 e é um especificador para Perturbações Depressivas no DSM 5.

195
Q

Autorreferência (= Autorrelacionação)

A

Tema de conteúdo ideativo que pode assumir características delirantes em que o indivíduo estabelece possíveis ligações entre acontecimentos, objetos ou outras pessoas e pensa que poderão de alguma forma estar relacionados consigo. Sem assumir carácter delirante, é uma temática presente em indivíduos com personalidade sensitiva.

196
Q

Automatismo

A

Realização de movimentos ou de atos involuntários automáticos.

197
Q

Autoscopia

A

Fenómeno alucinatório visual, geralmente breve, em que o indivíduo se visualiza a si próprio ou a um duplo no espaço externo. Para além do componente alucinatório, pode ser conceptualizada como uma alteração da unidade e consistência do Eu. Existem diferentes variações, incluindo a autoscopia negativa, em que o indivíduo diante de um espelho não observa o seu reflexo; a autoscopia interna em que se visualizam órgãos no espaço exterior e as experiências fora do corpo. Estes fenómenos podem surgir associados a doenças neurológicas, tais como na epi-lepsia, ou psiquiátricas como depressão, perturbações psicóticas ou sintoma de despersonalização (Casey & Kelly, 2007).

198
Q

Belle indifference

A

Conceito que traduz uma ausência de preocupação que seria expectável perante condições clínicas aparentemente graves, com despreocupação em relação à natureza e implicações dos sintomas. O termo tem origem na teoria psicodinâmica, tendo ganho ampla divulgação, após ter sido utilizado por Breuer e Freud (1895), referindo-se ao caso de uma doente que sofreria de histeria. De facto, este conceito encontra-se bastante ligado ao antigo conceito de histeria, segundo o qual um conflito intrapsíquico inacessível à consciência seria convertido produzindo um sintoma físico traduzindo o que hoje em dia é designado por perturbação conversiva. A belle indifference associa-se geralmente a um estado de inadequação afetiva, no qual o indivíduo pode fazer o relato de acontecimentos mórbidos (por exemplo, tragédias ou alterações corporais) sem uma adequada resposta afetiva, adotando, por exemplo, um tom de voz monocórdico e uma atitude indiferente perante o conteúdo do seu discurso. Existem autores que propõem uma aproximação ao conceito de anosognosia, pese embora neste caso se verifique uma ausência de consciência de défices motores e sensoriais, estando frequentemente associada a lesões ao nível do hemisfério cerebral direito. Do ponto de vista neurobiológico, não existe uma única explicação consensual, propondo-se alterações envolvendo lesões no lobo parietal direito, bem como hipofunção talâmica e hipoativação frontal. Este estado, geralmente, surge em perturbações dissociativas e conversivas, perturbações neurológicas com défices motores ou sensoriais e em perturbações de personalidade, nomeadamente, na perturbação de personalidade histriónica.

199
Q

Doença de Blocq (= astasia-abasia)

A

Doença funcional conversiva descrita por Paul Blocq (1888), referindo-se a indivíduos que demonstravam uma incapacidade para manter o ortostatismo, apesar de demonstrarem uma função intacta dos membros inferiores quando se encontravam deitados. Esta perturbação foi descrita também por outros psiquiatras e neurologistas contemporâneos de Blocq, nomeadamente Jean-Martin Charcot, Charles Lasègue e Basil Neuftel, sendo que este último autor está na base da denominação da doença de Neuftel, também utilizada para descrever esta síndrome.

200
Q

Bradilexia

A

Diminuição do ritmo de leitura com incapacidade de ler a uma velocidade considerada normal.

201
Q

Bradipsiquismo

A

(= Pensamento lentificado)
Lentificação do processo de pensamento

202
Q

Síndrome de Briquet

A

Sinónimo de perturbação de somatização, descrita por Pierre Briquet (1859) no seu Tratado sobre a Histeria, referindo-se à existência de múltiplos sintomas somáticos localizados em vários órgãos ou sistemas, sem que seja possível identificar uma etiologia para os mesmos. Embora a categoria se mantenha na ICD-10 (WHO, 1993), as perturbações somatoformes já não estão incluídas no DSM 5 (APA, 2013), tendo sido incorporadas numa nova categoria nosológica designada por perturbação de sintoma somático.

203
Q

Afasia de Broca

A

Perturbação da linguagem descrita pelo neurologista francês Pierre Paul Broca (1861) também conhecida por afasia de expressão ou motora. Caracteriza-se por um discurso não fuente, telegráfico, muitas vezes disártrico, associado a anomia, incapacidade de nomeação e manutenção de compreensão intacta.
Resulta de lesões na área de Broca localizada ao nível do giro frontal superior esquerdo.

204
Q

Bruxismo

A

Movimento involuntário de ranger os dentes que ocorre mais frequentemente durante o sono.

205
Q

Discromatopsia

A

Perturbação da perceção em que se verifica uma alteração na visão das cores.

206
Q

Discurso

A

Corresponde à forma de comunicação oral do indivíduo através da linguagem. Do ponto de vista clínico é em parte através do discurso que é possível aceder ao pensamento do indivíduo e ao seu estado emocional, sendo também possível através da observação identificar aspetos objetivos que permitem inferir determinadas alterações psicopatológicas. Os parâmetros a considerar na avaliação do discurso incluem a espontaneidade, a articulação, a fluência, o débito, o ritmo, o volume, a prosódia e as alterações ao nível da sintaxe e da semântica.

207
Q

Discurso lacónico

A

Diminuição do débito do discurso com diminuição da quantidade de discurso espontâneo, traduzindo muitas vezes pobreza de pensamento.

208
Q

Distasia

A

Perturbação da linguagem de origem congénita ou do desenvolvimento. É um termo que, por vezes, é usado como sinónimo de afasia por alguns autores referindo-se a afasias parciais ou incompletas

209
Q

Disfemia

A

Sinónimo de gaguez.
Perturbação motora do discurso, comummente designada por gaguez, que se caracteriza por uma alteração da fluência e do ritmo da fala, com repetição involuntária do início de palavras ou frases, prolongamento inapropriado de sons ou sílabas ou paragens súbitas.

210
Q

Alienação do pensamento

A

Alterações da posse do pensamento em que o doente acredita que o seu pensamento pode ser controlado por forças externas ou por terceiros independentemente da sua vontade. Inclui os fenómenos de roubo, difusão e inserção de pensamento.

211
Q

Alogia

A

Diminuição do discurso espontâneo, traduzindo uma perturbação do pensamento com pobreza do mesmo. Pode ocorrer em diferentes perturbações, incluindo a esquizofrenia, perturbação depressiva, etc.

212
Q

Alostesia

A

Distorção sensorial em que um objeto, cujo estímulo se verifica num lado do corpo, é percecionado como estando do lado oposto; ou seja, o objeto é percecionado como estando numa localização externa, diferente do expectável.

213
Q

Alucinação

A

Perturbação da perceção que consiste numa experiência percetiva semelhante a uma perceção normal, vivenciada no espaço objetivo, sem que exista, no entanto, um objeto real na sua base (Esquirol, 1817). Ocorre espontaneamente, em simultâneo com verdadeiras perceções, e sem que esteja sob o controlo voluntário do indivíduo (Jaspers, 1962). É o tipo mais importante de falsa perceção, a par das ilusões e das pseudoalucinações. As alucinações podem ser classificadas de acordo com a modalidade sensorial envolvida, podendo neste caso serem descritas: alucinações auditivas, visuais, gustativas, olfativas e, ainda, alucinações de sensações corporais (que incluem alucinações superficiais táteis e térmicas, alucinações cinestésicas e cenestésicas). Existem ainda outras formas de caracterizar as experiências alucinatórias no que diz respeito à sua complexidade (alucinação elementar e complexa) (Wilkinson, 2004; Harrison et al., 2018) e ainda em relação a características particulares do fenómeno e as circunstâncias em que ocorrem (alucinações funcionais, reflexas, extracam-pinas, hipnagógicas e hipnopômpicas). As alucinações podem surgir em diferentes perturbações psiquiátricas (por exemplo, esquizofrenia), condições secundárias ao uso de substâncias (por exemplo, psicoses tóxicas) e em condições clínicas secundárias a outras condições médico-cirúrgicas (por exemplo, encefalopatias metabólicas).

214
Q

Alucinações auditivas

A

Alucinações em que a modalidade sensorial afetada é a audição, podendo tomar a forma de alucinações elementares (por exemplo sons simples, assobios, apitos) que geralmente se associam a perturbações neurológicas ou a condições médicas agudas. Podem ainda tomar a forma de alucinações complexas (por exemplo, vozes, melodias complexas) , que estão habitualmente associadas a perturbações psicóticas primárias (por exemplo, a esquizofrenia). São particularmente características da esquizofrenia as alucinações caracterizadas pela audição de vozes que falam sobre o indivíduo na terceira pessoa, sob a forma de comentário que narra as suas ações, discutindo entre si, vozes que verbalizam os pensamentos do doente, no momento em que estes surgem (gedankenlautwerden - sonorização do pensamento)ou imediatamente após os mesmos terem acedido à sua consciência (eco do pensamento). As alucinações auditivas podem ter um carácter imperativo, dando ordens ou instruções ao doente. Estas alucinações auditivas são designadas como «vozes de comando».

215
Q

Alucinações cenestésicas

A

Alucinações cujo conteúdo se relaciona com sensações corporais (envolvem o corpo e os seus órgãos), nas quais o indivíduo experiencia sensações viscerais que geralmente não são bizarras (por exemplo dor, distensão, sensação de peso), embora por vezes possam também ter carácter bizarro pela interpretação delirante que lhe é atribuída pelo doente.

216
Q

Alucinações cinestésicas

A

Alucinação de sensações corporais em que o indivíduo sente movimentos em determinados segmentos corporais que, na realidade, estão imóveis.

217
Q

Carácter

A

Conjunto de características da personalidade que se estruturam ao longo do desenvolvimento pessoal por mecanismos de aprendizagem no meio sociocultural. Compõe-se de valores, objetivos, estratégias de confronto e crenças sobre si próprio e sobre o meio. É o resultado da autoconsciência e dos objetivos e valores escolhidos individualmente, dizendo respeito ao que decidimos sobre nós próprios intencionalmente.

218
Q

Catalepsia

A

Perturbação do movimento que consiste na manutenção de posturas desconfortáveis dos membros, permanecendo imóveis por longos períodos. Ocorre mais frequentemente no contexto da catatonia.

lepsia de lento tipo catatonia

219
Q

Cataplexia

A

Condição que consiste na perda súbita e incontrolável do tónus muscular, com paralisia e queda, que ocorre durante o dia e é frequentemente desencadeado por uma emoção forte (por exemplo, riso). Surge frequentemente associada à narcolepsia.

** plexia de plexo, destroi os plexos e a pessoa cai **

220
Q

Catatimia

A

Termo introduzido por H. W. Mayer (1912) que se refere a um estado, em que existe uma deformação da realidade (seme-hante ao delírio), no qual os processos mentais estão a ser determinados por influência da afetividade num estado emocional intenso do indivíduo.

221
Q

Cegueira verbal

A

Sinónimo de alexia

222
Q

Cibercondria

A

Termo que se refere a pesquisas repetidas e excessivas na internet relacionadas com questões de saúde com resultante incremento de ansiedade. Trata-se de um fenómeno associado à hipocondria.

223
Q

Catatonia

A

Perturbação motora que se manifesta usualmente como diminuição marcada da atividade e do movimento, mas pode ter períodos de hiperatividade, alternando entre estados.
Frequentemente associada a perturbações psicóticas, nomeadamente à esquizofrenia, embora surja também associada a outras patologias (por exemplo, encefalites, epilepsia, alterações metabó-licas, etc.). O doente com catatonia apresenta-se com aparente alteração do nível de consciência, num estado que simula estupor, coma ou mutismo acinético. Frequentemente há resistência à abertura ocular. Alguns doentes apresentam flexibilidade cérea na mobilização passiva dos membros, mantendo posturas bizarras e desconfortáveis. Os critérios de diagnóstico do DSM 5 requerem a presença de pelo menos três dos seguintes sintomas: estupor, catalepsia, flexibilidade cérea, mutismo, negativismo, posturas anormais, maneirismos, estereo-tipias, agitação motora imotivada, ecolalia ou ecopraxia. Existem vários subtipos de catatonia consoante a natureza da alteração do movimento e características associadas: 1) A catatonia estuporosa que se caracteriza por diminuição marcada da resposta a estímulos exter-nos, mutismo, inibição do movimento, posturas anormais, negativismo e olhar fixo. As posturas podem ser banais (sentar ou estar de pé na mesma posição durante horas) ou mais bizarras (almofada psicológica); 2) A catatonia excitada caracteriza-se por atividade motora excessiva não dirigida nos membros superiores e inferiores (hipercinésia), inquietação, estereotipias, impulsividade, agitação; 3) A catatonia maligna ou letal é uma situação grave caracterizada por febre, instabilidade autonómica (pressão arterial lábil ou elevada, taquicardia, taquipneia, diaforese), delirium e rigidez. Tem início abrupto e progride rapidamente em poucos dias; 4) A catatonia periódica caracterizada por uma flutuação dos sinais de catatonia ou por períodos de catatonia estuporosa, alternando com catatonia excitada. Achados laboratoriais comuns, embora inespecíficos, incluem leucocitose, elevação da CK, ferro sérico reduzido. Alguns sinais deste tipo de catatonia sobrepõem-se com sinais de síndrome maligna dos neurolépticos. Na nosologia psiquiátrica atual, não é considerada uma entidade isolada, mas antes como um especifi-cador de uma doença subjacente. A incidência varia entre os 5 e os 20% (doentes agudos em unidades de internamento de psiquiatria) (Chalasani et al., 2005; Taylor & Fink, 2003; van der Heijden et al., 2005). A fisiopatologia da catatonia é desconhecida. Uma hipótese levantada está associada ao envolvimento de vias que ligam os gânglios da base ao córtex e ao tálamo. Estudos neuropatológicos, em doentes com esquizofrenia e catatonia, identificaram alterações nos gânglios da base (núcleo caudado, accumbens e pálido) e no tálamo.
Já os estudos sobre neurotransmissores sugerem que possa haver uma diminuição da atividade nos recetores GABA-A e D2 e aumento da atividade em recetores NMDA.

224
Q

Ciclotimia

A

Perturbação persistente do humor considerada por alguns autores como integrando o espectro bipolar. Caracteriza-se pela presença de períodos em que existem sintomas hipomaníacos e depressivos ligeiros que não preenchem critérios sintomáticos ou temporais de episódio hipomaníaco ou depressivo, respetivamente.

225
Q

Agitofasia

A

Alteração da fluência do discurso, na qual este é muito rápido e desordenado, pautado pela omissão ou distorção inconsciente de sons, sílabas ou palavras inteiras.

226
Q

Agnosia

A

Perturbação das funções nervosas superiores caracterizada pela incapacidade de reconhecer um objeto ou um símbolo na ausência de alterações das vias sensoriais correspondentes. Pode surgir associada às várias modalidades sensoriais, mais frequentemente à visual. Observa-se em diversas doenças neurológicas, nomeadamente em acidentes vasculares cerebrais, afetando regiões dos lobos parietal e occipital.

227
Q

Agorafobia

A

Perturbação de ansiedade caracterizada por medo patológico de sair de casa e frequentar espaços públicos abertos, locais com muitas pessoas ou espaços de onde possa ser difícil sair/ escapar se necessário. Associa-se frequentemente a episódios de pânico.

228
Q

Agrafia

A

Perturbação da linguagem de origem neurológica que se caracteriza pela incapacidade de expressão sob a forma escrita, surgindo muitas vezes associada a afasias.

229
Q

Ablutomania

A

Compulsão por lavar ou tomar banho repetidamente.

230
Q

Abasia

A

Incapacidade de andar por alterações da coordenação motora na marcha sem que existam concomitantemente alterações da força muscular ou da coordenação noutros grupos musculares ou com outro tipo de movimentos.

231
Q

Abulia

A

Diminuição acentuada da atividade mental e motora, da espontaneidade. A abulia surge por incapacidade ou falta de força de vontade e iniciativa para executar uma ação voluntária, apesar de poder existir o desejo de o fazer. Do ponto de vista neurobiológico, envolve alterações em circuitos cerebrais dopaminérgicos. Ocorre tipicamente na esquizofrenia, embora possa também verificar-se em caso de lesões cerebrais, envolvendo o córtex cingulado anterior, os lobos frontais e núcleos subcorticais, incluindo os gânglios da base.

232
Q

Amnésia

A

Perturbação da memória caracterizada por uma incapacidade parcial ou total, temporal ou duradoura, para evocar experiências passadas. Existem diferentes formas de classificar a amnésia, tal como foi referido anteriormente, podendo ser parcial ou total; temporária (por exemplo, a amnésia global transitória e a amnésia dissociativa) ou ser persistente, no contexto de outras doenças neurológicas que afetem estruturas cerebrais, tais como o hipocampo e os lobos temporais mesiais; anterógrada ou retrógrada.

233
Q

Amnésia anterógrada

A

Amnésia em que se verifica uma alteração na capacidade de adquirir e reter novas informações, ou seja, há uma incapacidade de aprender ou formar novas memórias, após o início da doença ou lesão que esteve na sua origem.

234
Q

Amnésia dissociativa

A

Perturbação dissociativa caracterizada por incapacidade de recuperar informação autobiográfica (por exemplo, nome, morada, história biográfica), de modo inconsistente com o esquecimento normal e na ausência de patologia cerebral signifi-cativa, mantendo a capacidade para execução de comportamentos complexos. Pode ser classificada como localizada (referente a um evento ou intervalo temporal específico), seletiva (referente a um aspeto particular) ou generalizada (referente a aspetos globais da identidade pessoal e da história de vida). A amnésia dissociativa localizada e a amnésia seletiva são os subtipos mais frequentes, surgindo associados ao esquecimento, envolvendo eventos traumáticos com elevada carga afetiva. É um conceito próximo de outro tipo de amnésia psi-cogénica, associada à incapacidade de evocar memórias traumáticas; a amnésia catatímica, que difere da amnésia dissociativa pelo facto de ser geralmente mais circunscrita e persistente. Um subtipo particular é a fuga dissociativa em que o indivíduo abandona o seu ambiente habitual, muitas vezes viajando longas distâncias, com amnésia e perda de identidade, podendo durar de horas até várias semanas.
A amnésia dissociativa é mais frequente no sexo feminino, apresentando uma prevalência anual global na comunidade de cerca de 1,8%. A sua etiologia envolve aspetos biológicos e ambientais, incluindo eventos traumáticos (por exemplo, abusos sexuais, outros episódios de violência física ou desastres naturais).

235
Q

Amnésia retrógrada

A

Amnésia em que se verifica uma alteração na capacidade de recordar eventos e outras informações retidas previamente ao início da doença ou lesão que esteve na sua origem.

236
Q

Amplitude afetiva

A

Dimensão dos afetos que corresponde à variedade de emoções que o indivíduo pode experienciar e demonstrar no decorrer de uma entrevista. Um indivíduo saudável tem uma amplitude afetiva normal com a capacidade de expressar diferentes estados emocionais em diferentes momentos, contextos e situações, podendo incluir a alegria, a tristeza, a raiva, a ansiedade, etc. Caso o indivíduo apresente limitações na sua expressão afetiva, limitando-se à expressão de determinado tipo de emoções, considera-se que apresenta uma diminuição da amplitude afetiva.

237
Q

Amusia

A

Defeito na expressão ou apreciação da expressão musical. Pode surgir em associação com afasias ou ser um fenómeno isolado.

238
Q

Anartria

A

Perturbação da articulação da fala de causa neurológica caracterizada por perda total da capacidade de articulação.

239
Q

Ilusão

A

Perturbação da perceção em que se verifica uma incongruência entre o estímulo exterocetivo (objeto percecionado) e a sua representação mental interna. É um tipo de falsa perceção, a par das alucinações e das pseudoalucinações. Distingue-se das alucinações por estas ocorrerem na ausência de estímulo exterocetivo. Estão descritos diferentes tipos de ilusões, incluindo as ilusões de preenchimento, as ilusões afetivas e as ilusões pareidólicas. As ilusões de preenchimento surgem em indivíduos saudáveis em que uma perceção incompleta sem significado é completada através de um processo de extrapolação com base na experiência prévia e interesses do indivíduo. As ilusões afetivas, também designadas por ilusões catatímicas, surgem como resultado do estado afetivo predominante no momento (por exemplo, um indivíduo assustado que ao ver uma sombra no seu quarto pensa estar a ver o vulto de uma pessoa). Em geral, as ilusões podem surgir na ausência de patologia (por exemplo, por cansaço ou privação de sono) ou em estados caracterizados por alterações da atenção.

240
Q

Ilusão de preenchimento

A

Erro de perceção no qual um objeto incompleto é percecionado como completo.

241
Q

Imagem eidética

A

Imagem mental vívida que não é derivada da perceção de um objeto no campo visual ou da memória.

242
Q

Negativismo

A

Atitude ou comportamento que consiste na resistência ou não execução de uma ação solicitada, podendo inclusive responder ao pedido com atitudes contrárias ou opostas ao requerido.
O negativismo pode ser passivo ou ativo. No negativismo passivo, o indivíduo oferece resistência ao desempenho da ação em questão (por exemplo, perante o pedido para se sentar o indivíduo permanece em pé). Por sua vez, no negativismo ativo, o indivíduo desempenha uma ação oposta à pretendida (por exemplo, perante o pedido para estender do braço, o indivíduo acaba por fleti-lo). Existe um outro tipo de negativismo, relacionado com o conceito de ambitendência, o negativismo interno, em que a volição do indivíduo é afetada e ao tentar desempenhar uma ação pretendida de modo voluntário é impedido por um impulso contrário.
O negativismo pode ser situacional, associado a situações ou a pessoas concretas (observado, por exemplo, em crianças normais) ou generalizado, surgindo neste caso de forma sistemática em qualquer contexto (observado, por exemplo, na esquizofrenia).

243
Q

Neofilia

A

Traço de personalidade caracterizado por tolerância à mudança e procura de novas experiências ou sensações. Constitui um dos extremos da dimensão «abertura a novas experiências» do modelo dos cinco fatores da personalidade. As restantes dimensões são: extroversão, conscienciosidade, neuroticismo e agradabilidade. Antónimo de neofobia.

244
Q

Neofobia

A

Traço de personalidade caracterizado por intolerância à mudança e procura de novas experiências ou sensações. Constitui um dos extremos da dimensão «abertura a novas experiências» do modelo dos cinco fatores de personalidade (John & Stivastava,
1999). Antónimo de neofilia.

245
Q

Neologismos

A

Palavra inexistente no vocabulário que é inventada pelo indivíduo e utilizada com significado idiossincrático.
Podem ocorrer na esquizofrenia ou nas síndromes de afasia.

246
Q

Ecmnésia

A

Perturbação qualitativa da memória (i.e., paramnésia) em que as recordações do passado são vividas no presente. O termo tem origem no grego «ek - de, a partir de» e «mnasthai - lembrar». Por exemplo, um professor de História, na sequência de um episódio agudo e transitório de perda de consciência de presumível causa psicogénica, acreditava estar a moderar uma reunião de professores e alunos que tinha ocorrido 20 anos antes (Thomas Antérion et al., 2008). A ecmnésia foi descrita em associação com síndromes amnésicas, incluindo a síndrome de Korsakoff e uso de substâncias psicoativas; esquizofrenia, sobretudo quando acompanhada por recordações delirantes; e, ainda no delirium, hipnose e na epilepsia do lobo temporal.

247
Q

Eidolia

A

Termo que tem origem no grego «eidos - imagem, forma, ideia», traduzindo um conceito próximo de experiência alucinatória. O psiquiatra francês Henri Ey (1900-1977) usou o termo eidolia alucinatória para se referir a uma vertente do conceito de alucinose referente a experiência alucinatória, com manutenção de crítica, sem conteúdo delirante associado e não surgindo enquadrada em doença psiquiátrica primária, podendo associar-se a alterações orgânicas (Ey, 1973). Podem ocorrer, por exemplo, no contexto de défice visual. Segundo Pio Abreu (2015), a designação eidolia refere-se a emnésias, que são vivenciadas de modo especialmente vívido, adquirindo um carácter próximo de uma alucinação.

248
Q

Síndrome de Ekbom

A

Síndrome descrita pelo neurologista sueco Karl-Axel Ekbom (1938) ao descrever casos de indivíduos que apresentavam delírios de infestação em que o doente acredita estar infestado por parasitas, insetos ou outros animais. É sinónimo de parasitose delirante.

249
Q

Elação

A

Perturbação do humor em que ocorre alegria patológica e aumento da intensidade dos afetos

250
Q

Eletroconvulsivoterapia

A

Modalidade terapêutica física em que é induzida uma crise convulsiva, através de estimulação cerebral com corrente elétrica. A eletroconvulsivoterapia foi introduzida em 1938 pelo psiquiatra italiano Ugo Cerletti e pelo seu colaborador Lucino Bini para o tratamento de doentes com psicoses graves, designadamente com esquizofrenia (Cerletti, 1950). Na atualidade persiste algum estigma associado a esta intervenção terapêutica, apesar de ser um método seguro e eficaz, não existindo qualquer contraindicação absoluta. Este é atualmente realizado em centros especializados com ambiente controlado, nomeadamente com monitorização cardíaca e eletroencefalográfica, sob anestesia geral, com oxigenação e relaxamento muscular. . Os principais efeitos adversos são ligeiros e autolimitados e incluem cefaleias, dores musculares, náuseas e confusão mental, e ligeiros sintomas cognitivos, se bem que, embora seja de curta duração, pode raramente persistir amnésia anterógrada (Andrade et al., 2016). Efeitos adversos graves são raros e estão muitas vezes ligados a complicações anestésicas (eventos car-diovasculares, respiratórios ou cerebrovasculares), sendo a taxa de mortalidade associada ao tratamento equivalente à da realização de uma pequena cirurgia (Andrade et al., 2016). Pode ser o tratamento de escolha no caso de perturbações depressivas graves com recusa alimentar e consequentes alterações metabólicas e hidroele-trolíticas potencialmente fatais, nos idosos e em grávidas (Weiner & Reti, 2017). Outras indicações incluem perturbações depressivas refratárias à terapêutica de primeira e segunda linha, na mania grave sem resposta farmacológica, nas perturbações psicóticas gra-ves, na catatonia, etc. (Weiner & Reti, 2017).

251
Q

Eletroencefalograma (EEG)

A

Exame neurofisiológico não-
-invasivo que faz o registo gráfico da atividade elétrica do cérebro em função do tempo, através da colocação de elétrodos no escalpe. Em contexto clínico, é utilizado no diagnóstico de epi-lepsia, no estudo polissonográfico do sono e na investigação de estados de alteração da consciência, síndromes confusionais, perturbações do sono, perturbações neurocognitivas agudas ou suba-gudas, encefalopatias tóxicas ou metabólicas (Rosenberg et al.,
2015). Pode ser utilizado para confirmar o diagnóstico de morte cerebral (Rosenberg et al., 2015). Em contexto de investigação, permite identificar marcadores neurofisiológicos, isto é, padrões de atividade bioelétrica neural associados a processos mentais específicos (Lopes da Silva, 2013).

252
Q

Embotamento afetivo

A

Estado em que as emoções externas estão presentes, mas diminuídas de intensidade ou esbatidas, observando-
-se, por conseguinte, uma escassa reatividade afetiva. Corresponde a um grau mais ligeiro do que o aplanamento afetivo. Pode surgir em várias patologias psiquiátricas, nomeadamente na esquizofrenia (constituindo um sintoma negativo da doença) e na demência.

253
Q

Emoção

A

Padrão de resposta a estímulos do ambiente (estímu-los exterocetivos) ou a representações mentais (estímulos intero-ceptivos), que envolve alterações experienciais, comportamentais e fisiológicas. As alterações da experiência subjetiva correspondem à perceção consciente da emoção, que é, por vezes, designada por «sentimento». As alterações comportamentais correspondem à exteriorização dos estados emocionais experienciados, que incluem expressões faciais, vocais, corporais e posturais. Paul Ekman identificou cinco emoções que se associam a expressões faciais universais e independentes da cultura: alegria, medo, tristeza, raiva, nojo e surpresa (Ekman, 1993; Gendron et al., 2014). Tracy e Robins (2008) descreveram expressões faciais e posturais associadas ao orgulho e à vergonha. As alterações fisiológicas incluem a ativação do sistema nervoso autónomo (aumento das frequências cardíaca e respiratória, dilatação da pupila, sudorese) e respostas neuroendócrinas (libertação de cortisol e catecolaminas). As emoções são habitualmente categorizadas de acordo com a sua valência, em positivas (alegria, surpresa) ou negativas (medo, tristeza, nojo); a sua dependência de contextos de interação social, em sociais (inveja, orgulho, vergonha, culpa) e não-sociais (alegria, medo e tristeza); à categoria do estímulo desencadeante, em morais (por exemplo, o «nojo moral» em resposta à violação de normas éticas), estéticas (associadas à produção ou apreciação artística), etc. As emoções distinguem-se do humor por serem respostas transitórias a eventos ou objetos especí-ficos, ao contrário do humor que é um estado difuso e duradouro não associado a estímulos.

254
Q

Empatia

A

Palavra modelada a partir do grego clássico empatheia len- «em» + pathos «sentimento»] pelos filósofos Hermann Lotze e Robert Vischer, no início do século xx, para produzir a palavra alemã Einfühlung lein- «em» + Fühlung «sentimento»]. Einfühlung foi mais tarde traduzida para a palavra inglesa empathy pelo psicólogo Edward B. Titchener (Lipps, 1903), que significa «colocar-
-se na situação de outra pessoa» (literalmente, «sentir-se como»).
A empatia pode ser definida como a capacidade e a tendência para compreender e compartilhar os estados mentais dos outros (Zaki et al., 2012). Trata-se de um constructo multifacetado que engloba:
1) a mentalização (teoria da mente, tomada de perspetiva ou empatia cognitiva), isto é, o processo de extração de inferências acerca dos estados mentais dos outros através do conhecimento prévio (Zaki et al., 2012); 2) o contágio ou ressonância emocional (partilha de experiências ou empatia afetiva), fenómeno em que o reconhecimento de emoções no outro desencadeia, de forma automática e não intencional, emoções isomórficas no próprio (Bloom, 2017);
3) a motivação moral (pró-social ou empática), que corresponde aos processos que impulsionam as pessoas a ajudar aqueles cujos estados mentais compreendem e compartilham. A empatia pode estar comprometida nas perturbações do espectro do autismo (PEA) e na psicopatia (perturbação de personalidade antissocial) (Zaki et al., 2012). Enquanto nas PEA, há uma dificuldade de mentaliza-ção, por vezes, com contágio emocional preservado, na psicopatia observa-se preservação da mentalização na ausência de ressonância emocional (Zaki et al., 2012). Em contexto clínico, o terapeuta utiliza a sua própria capacidade empática como instrumento para estudar a experiência psicológica do doente e para alicerçar uma aliança terapêutica.

255
Q

Encefalopatia

A

Conjunto de perturbações que afetam a estrutura ou a função do cérebro de forma difusa, geralmente manifestadas por uma alteração do estado mental (por exemplo, confusão, défices cognitivos). Pode resultar de lesão estrutural (encefalopa-tia traumática crónica), substâncias tóxicas endógenas ou exógenas (encefalopatia tóxica), défice nutricional ou metabólico (encefa-lopatia de Wernicke), lesão vascular ou isquémica (encefalopatia hipóxico-isquémica), infeções (encefalopatias espongiformes transmissíveis) ou autoimunidade (encefalopatia de Hashimoto).

256
Q

Epilepsia

A

Doença cerebral caracterizada por uma predisposição crónica para manifestar crises resultantes de uma disfunção temporária da atividade elétrica cerebral.

257
Q

Estreitamento da consciência

A

Refere-se a um estreitamento da amplitude do campo de consciência, isto é, ao número de conteúdos que a consciência tem capacidade de assimilar em simultâneo.

258
Q

Estupor

A

Estado de diminuição global do nível de cons-ciência, no qual o indivíduo não manifesta atividade verbal ou motora espontânea e está praticamente não reativo, respondendo apenas a estímulos intensos (por exemplo, dor, ruídos intensos, luz). Embora resulte com maior frequência de lesões cerebrais ou doenças sistémicas graves, pode ser uma manifestação de quadros depressivos graves.

259
Q

Eu/Self

A

Conceito heterógeno que se refere à natureza do indivíduo e que tem vindo a sofrer uma longa evolução com várias mudanças de perspetiva ao longo da história da filosofia. Nele estão incluídos diferentes conceitos como o «Eu básico» (pré-
-reflexivo), o «Eu reflexivo», o «Eu narrativo», o «Eu ecológico», o «Eu interpessoal», o «Eu extenso» e o «Eu privado» (Oyebode,
2018). Têm relevância as noções relacionadas de autoimagem, autoconceito e autoestima. Em termos psicopatológicos, e com interesse direto para a prática clínica, podemos considerar a existência de quatro dimensões da vivência do Eu que podem apresentar alterações: vitalidade e atividade, unidade, identidade e limites.

260
Q

Euforia

A

Estado de elevação do humor, caracterizado por uma alegria e uma sensação de bem-estar intensos (Duncan, 2017). Pode ocorrer, de forma persistente, no contexto de perturbações psiquiátricas, nomeadamente durante um episódio maníaco (ou hipoma-níaco) da Perturbação Bipolar ou da Perturbação Esquizoafetiva.
Acompanha-se tipicamente de outros sintomas, tais como: gran-diosidade, aumento da energia e da atividade dirigida e/ou redução do tempo total de sono, observando-se uma perceção pessoal (errada) da diminuição da necessidade de dormir (APA, 2013).
Pode também surgir como uma manifestação de doenças neuro-lógicas, incluindo a epilepsia, a esclerose múltipla e algumas síndromes demenciais. Finalmente, pode ocorrer, transitoriamente, no contexto de condições não-patológicas, nomeadamente durante o orgasmo sexual, experiências espirituais ou religiosas, exercício físico, atividades sociais, como o riso, a música ou a dança ou como consequência do consumo de substâncias psicoativas (Casey & Kelly, 2007; Oyebode, 2018).

261
Q

Eutimia

A

Termo com origens no grego «eu - bem» e «thymo - alma, coração» utilizado para descrever o estado de humor basal da pessoa, na ausência de perturbação do humor. Também se designa em Psicopatologia por «humor neutro».

262
Q

Perturbação de personalidade Evitante

A

Perturbação de personalidade pertencente ao grupo C (DSM 5), correspondendo às personalidades ansiosas/receosas (obsessivo-compulsiva/anancástica, evitante e dependente) caracterizada por um padrão persistente de inibição social, sentimentos de inaptidão ou inferioridade, hipersensibilidade à crítica e à rejeição social e tendência ao isolamento.
Estes indivíduos têm dificuldade em estabelecer relações afetivas a não ser que existam fortes garantias de aceitação por parte dos outros (APA, 2013). Deste modo, apesar dessa necessidade de aceitação e de afeto, verifica-se uma tendência ao isolamento e o indivíduo acaba por ter uma autoestima reduzida, desvalorizando os seus pontos positivos com um viés que foca os seus defeitos e insucessos (Oyebode, 2018). A sua prevalência na comunidade ronda os 2,7%, podendo atingir cerca de 25% em populações clínicas (Torgersen,
2014). Corresponde aproximadamente à perturbação de personalidade ansiosa da ICD-10 (WHO, 1992), que consiste numa perturbação de personalidade caracterizada por sentimentos persistentes de desadequação social, a ideia de que se é pouco atraente ou interior aos outros, com uma preocupação excessiva e desproporcional com a crítica, resultando num sentimento crónico de apreensão com restrições na vida social.

263
Q

Excitação

A

Estado de ativação psicofisiológica em resposta a um estímulo emocional.

264
Q

Exosomestesia

A

Alteração da experiência somatosensitiva em que um estímulo tátil é percecionado como se estivesse localizado fora do corpo.

265
Q

Expansão da consciência

A

Refere-se a uma amplificação da amplitude do campo de consciência, ou seja, a uma amplificação do número de conteúdos que a consciência tem capacidade de assimilar em simultâneo. Neste caso, o indivíduo tem a sensação de intensificação da experiência sensorial (por exemplo, sinestesias) com repercussão afetiva. Ocorre habitualmente no contexto de experiências místicas, da meditação ou do consumo de substâncias alucinogé-nias.

266
Q

Humor expansivo

A

Estado persistente de elevação ou elação do humor caracterizado por intensa boa disposição e alegria desproporcionais ao contexto e sem fator desencadeante aparente. Este assume um carácter especialmente contagiante perante terceiros, influenciando as suas vivências, cognições e, naturalmente, compor-tamento. É típico de estados maníacos ou hipomaníacos.

267
Q

Externalização

A

Segundo a teoria psicanalítica, trata-se de um mecanismo de defesa imaturo que se caracteriza por uma tendência persistente em atribuir a responsabilidade de acontecimentos vitais a fatores externos a si mesmo, demonstrando incapacidade de se responsabilizar pelas suas emoções, ações e comportamentos.

268
Q

Contratransferência

A

Conceito introduzido por Sigmund Freud
(1910), a par da transferência, referindo-se, no contexto de uma relação terapêutica, à reação emocional inconsciente desencadeada pelo indivíduo no terapeuta ou ao envolvimento emocional do terapeuta com o mesmo. Neste processo o profissional de saúde projeta no doente, de modo inconsciente, sentimentos estabelecidos em relação a figuras significativas da sua vida, despertando no profissional diferentes emoções (por exemplo, raiva, medo, carinho, repulsa, etc.) que terão impacto na relação terapêutica.

269
Q

Controlo do pensamento

A

Sensação que o indivíduo tem de controlo sobre os seus próprios pensamentos (ideias, imagens e juízos). As perturbações do controlo do pensamento estão englobadas nas perturbações da posse do pensamento e incluem os pensamentos obsessivos.

270
Q

Circunlóquio

A

Utilização de uma descrição mais extensa para dizer algo que poderia ser dito de modo mais simples e direto. Surge no contexto de discurso circunstanciado. Apesar de ser um termo praticamente equivalente a perifrasia, o uso deste último termo costuma restringir-se ao fenómeno quando ocorre no contexto de uma afasia por incapacidade de nomeação.

271
Q

Pensamento circunstancial

A

Perturbação do curso do pensamento caracterizado por uma dificuldade em distinguir o essencial do acessório, em que são utilizados detalhes excessivos, com múltiplas digressões detalhadas e inúteis, embora sem que haja perda da objetividade do pensamento. Pode estar associado, por exemplo, a indivíduos com personalidades com traços obsessivos.

272
Q

Ciúme patológico

A

Sinónimo de delírio de ciúme ou de infidelidade.

273
Q

Clareza de consciência

A

Conceito fenomenológico que se refere à capacidade de apreensão e compreensão clara de si próprio e do mundo que o rodeia. Um indivíduo que se apresente em consciência clara diz-se ser um indivíduo que está lúcido, implicando necessariamente um estado de vigília, pelo que não é possível avaliar o grau de clareza da consciência em indivíduos inconscien-tes. Alterações da clareza de consciência (turvação da consciência) traduzem geralmente confusão mental, implicando uma etiolo-gia orgânica.

274
Q

Acerbofobia

A

Medo patológico de substâncias ácidas.

275
Q

Acinesia

A

Redução marcada ou ausência de movimentos de uma determinada parte do corpo, incluindo da atividade motora acessória (balanceio dos braços durante a marcha, por exemplo) e movimentos automáticos (pestanejo, por exemplo), apesar de não existirem alterações da força muscular, permitindo assim a distinção de uma paralisia. Pode surgir associada a abulia e ocorre em perturbações psicóticas, na depressão grave, catatonia ou como um sintoma neurológico (por exemplo, certas formas de epi-lepsia, doenças do movimento e hidrocefalia).

276
Q

Acinetopsia

A

Perturbação da perceção visual do movimento em que os indivíduos afetados são incapazes de percecionar o movimento dos objetos no seu campo de visão.

277
Q

Acrocinesia

A

Aumento excessivo da atividade motora. É um sintoma inespecítico que pode surgir em múltiplas situações; por exemplo, num episódio maníaco em contexto de perturbação bipolar.

278
Q

Acrofobia

A

Medo patológico de locais elevados.

279
Q

Acromatopsia

A

Incapacidade de percecionar cores. Ocorre geralmente devido a lesões ao nível do córtex occipito-temporal ventral.

280
Q

Aculália

A

Discurso ilógico e incompreensível em indivíduos que apresentam incapacidade de compreensão da linguagem falada e escrita. Pode ocorrer num contexto de patologia neurológica (afasia de Wernicke), mas também pode surgir em perturbações psiquiá-tricas, como é o caso da mania e esquizofrenia.

281
Q

Afasia

A

Perturbação da linguagem adquirida de origem neuro-lógica, sendo geralmente secundária a doença cerebrovascular ou a patologia neurodegenerativa. Podem classificar-se de diferentes formas, por exemplo, fluentes e não fluentes ou recetivas (sensoriais ou de Wernicke) e de expressão (motoras ou de Broca).

282
Q

Afetos

A

Correspondem à expressão externa de estados emocionais complexos momentâneos e que desencadeiam reações corporais observáveis. Uma vez que têm uma componente dinâmica, no decorrer de uma entrevista, os afetos podem ser descritos objetivamente no que diz respeito à sua amplitude, reatividade, mobilidade e intensidade.

283
Q

Afetos superficiais

A

Perturbação da intensidade dos afetos em que há uma diminuição por distanciamento do indivíduo.

284
Q

Afonia

A

Perturbação do discurso caracterizada por perda da capacidade de expressão vocal. Pode surgir na patologia laríngea, associada a disfunções neurológicas ou em algumas perturbações psiquiátricas, nomeadamente na perturbação conversiva.

285
Q

Agitação psicomotora

A

Conjunto de comportamentos caracterizados por aumento da excitabilidade global (física e psíquica), correspondendo a uma situação em que o indivíduo se apresenta irrequieto, com aumento da atividade motora não dirigida. Neste caso, o indivíduo não consegue manter-se quieto e calmo, fixar ou focar a atenção, evidenciado por vezes tensão elevada com aumento da reatividade a estímulos externos e internos (Trzepacz & Baker,
1993; Lindenmayer, 2000). A sua fisiopatologia e etiopatogenia são diversas. É um sintoma inespecífico que pode surgir numa enorme variedade de situações clínicas psiquiátricas e não psiquiátricas, incluindo intercorrências médico-cirúrgicas agudas (por exemplo, infeções), ansiedade, episódio psicótico, intoxicação aguda por tóxi-cos, síndrome de privação de álcool ou drogas, etc.

286
Q

Inquietação

A

Expressão motora de estados de ansiedade, caracterizada por um aumento da atividade motora não dirigida (por exemplo, mexer na roupa ou em objetos, balançar as pernas, bater com o pé).

287
Q

Inserção de pensamento

A

Perturbação da posse do pensamento, mais especificamente de alienação do pensamento. O doente tem a sensação de que os seus pensamentos não lhe pertencem e desenvolve a crença de que estes foram inseridos na sua mente por uma entidade externa. Está habitualmente associada à esquizofrenia
(Casey & Kelly, 2007).

288
Q

Insight

A

O insight é um conceito amplo, complexo e multi-dimensional, que se relaciona com a capacidade global de auto-
-compreensão e autocrítica do indivíduo, isto é, da capacidade de reconhecer a sua existência e experiência bem como as de terceiros (Oyebode, 2018). Neste sentido mais alargado, o conceito de insight relaciona-se ainda com a capacidade de introspeção, empatia e comunicação. O insight permite ao indivíduo estar ciente dos significados subtis dos pensamentos, ideias e sentimentos pessoais e alheios (Trzepacz & Baker, 1993). Estas capacidades implicam a integração de diferentes funções mentais superiores, incluindo a capacidade de abstração, o discurso e a linguagem e as funções cognitivas em geral (Trzepacz & Baker, 1993). Do ponto de vista clí-nico, em particular em psiquiatria, o insight refere-se essencialmente à capacidade de o doente reconhecer um estado mórbido do ponto de vista psicopatológico. Neste caso, conseguindo estabelecer uma relação dos seus sintomas a uma perturbação mental e a necessidade de aderir a determinado tratamento (David, 1990). Beck e Warman
(2004) propõem uma conceptualização metacognitiva deste con-ceito, o «insight cognitivo» que corresponde à capacidade de o indivíduo se distanciar de crenças erróneas e de fazer uma avaliação correta das suas interpretações, com base no feedback de terceiros.
Do ponto de vista clínico, o insight tem implicações importantes no prognóstico. Um melhor grau de insight em relação à doença tem uma correlação significativa com qualidade de vida, funcionamento psicossocial, sintomas menos graves, melhor adesão à terapêutica e menor número de internamentos (Van Camp et al., 2017). O insight pode encontrar-se comprometido em múltiplas perturbações psiquiátricas, incluindo na esquizofrenia, na perturbação bipolar e em certas situações clínicas em que se observa um défice cognitivo
(Oyebode, 2018).

289
Q

Insónia

A

É uma perturbação do sono definida como uma dificuldade em iniciar o sono noturno, diminuição patológica na quantidade de tempo de sono, da sua continuidade ou ainda da sua qualidade (avaliação feita pelo próprio), com impacto no bem-estar e atividade do indivíduo, nomeadamente a nível social e laboral.
Do ponto de vista polissonográfico, habitualmente considera-se que ocorre insónia quando se observa um tempo de latência do sono superior a 30 minutos ou eficiência do sono inferior a 85% (Afonso,
2014). Dependendo da definição de insónia, as taxas de prevalência são bastante diversas, oscilando entre os 6-32,6% (Ohayon,
2002; Léger et al., 2010), sendo mais comum no sexo feminino, idosos, trabalhadores por turnos, desempregados e indivíduos com múltiplas comorbilidades (patologia médica e psiquiátrica). Clinicamente é habitual classificar a insónia como inicial, intermédia ou terminal, conforme o período da noite em que ela predomina.
A abordagem terapêutica envolve medidas não farmacológicas (por exemplo psicoeducação, técnicas de relaxamento, terapia cognitivo-
-comportamental, cronoterapia, fototerapia e medidas de higiene de sono) e farmacológicas (hipnóticos ou indutores do sono). Em relação à vertente farmacológica, destacam-se os fármacos moduladores dos recetores GABA (incluindo as benzodiazepinas e os fármacos 2), os antagonistas dos recetores histamínicos H1 (doxepina), os agonistas dos recetores da melatonina MT1 e MT2 (ramelteon) e os antagonistas dos recetores da orexina (suvorexant)
(Afonso, 2018).

290
Q

Instinto

A

Disposição comportamental inata que orienta recursos atencionais, afetivos, cognitivos e fisiológicos em resposta a um determinado estímulo relevante para as necessidades do indivíduo.
Por exemplo, a fuga motivada pelo medo, em resposta à deteção visual de cobras ou outros animais perigosos, é considerado um instinto ou padrão de comportamento inato. Na literatura psicanalí-tica, a palavra instinto incorpora-se no conceito freudiano de id; ou seja, a parte da estrutura de personalidade que contém as necessi-dades, os desejos, as vontades e os impulsos que orientam o indivíduo para a procura de prazer e gratificação.

291
Q

Inteligência

A

Constructo mental que engloba as capacidades de aprendizagem através da experiência (do próprio ou dos outros) e de adaptação ao ambiente em mudança, possibilitando a resolução de problemas novos e a compreensão de conceitos abstratos (Ster-nberg, 2017). Tradicionalmente, a inteligência é quantificada através de testes psicológicos num quociente de inteligência (QI) que representa uma estimativa do desempenho do indivíduo em relação à distribuição normal de valores para a sua faixa etária. Segundo a ICD-10, a deficiência intelectual corresponde a um QI‹70 e divide-se nos seguintes graus de gravidade: ligeiro (50-69), moderado
(35-49), grave (20-34) e profunda (<20) (WHO, 1992). Existem múltiplas causas para a deficiência intelectual, sendo que as perturbações do neurodesenvolvimento são as mais frequentes.

292
Q

Intensidade afetiva

A

Dimensão dos afetos que se refere à intensidade da expressão emocional externa. Numa situação normal deverá variar de acordo com as circunstâncias e o humor do indivíduo.
Pode estar aumentada com expressão afetiva exagerada (por exemplo em episódios maniformes ou na perturbação de personalidade histriónica) ou diminuída com embotamento ou aplanamento da expressão afetiva (por exemplo, na esquizofrenia) (Casey & Kelly,
2007; Oyebode, 2018)

293
Q

Distratibilidade

A

Perturbação da atenção ativa em que há instabilidade da atenção voluntária dirigida a um determinado estí-mulo. Ocorre na ausência de patologia, em perturbações mentais orgânicas e em certas perturbações psiquiátricas (por exemplo, episódios maniformes).

294
Q

Dopamina

A

Neurotransmissor da família das catecolami-nas, sintetizado a partir do aminoácido tirosina e precursor natural da adrenalina e noradrenalina. Tem ampla distribuição a nível cerebral exercendo uma importante influência a nível do humor, emoções, cognição, memória, movimento e mecanismo de recom-pensa. Existem cinco recetores dopaminérgicos que se podem dividir em duas classes, de acordo com a função e distribuição cerebral: os recetores D1-like (D1 e D5) e os recetores D2-like (D2, D3 e D4) (Stahl, 2017). Os recetores D2 assumem particular importân-cia, sendo o seu antagonismo por fármacos antipsicóticos que contribui para o principal efeito terapêutico dos mesmos (Stahl, 2013).
Existem cinco principais vias dopaminérgicas no cérebro: meso-límbica, mesocortical, nigroestriada, tuberoinfundibular e talâmica (Stahl, 2013). As vias com maior relevância em psiquiatria, nomeadamente pelas implicações na fisiopatologia da esquizofrenia e nos efeitos adversos associados aos antipsicóticos, são a mesolímbica e mesocortical (contribuindo para os sintomas positivos na esquizofrenia), a nigroestriada (responsável por sintomas motores secundários a terapêutica antidopaminérgica) e a tube-roinfundibular (responsável pela hiperprolactinemia) (Stahl, 2013). Alterações ao nível do sistema dopaminérgico cerebral encontram-se envolvidas em várias patologias (por exemplo doença de Parkinson,
esquizofrenia e perturbações do uso de substâncias). Excesso de atividade dopaminérgica na via mesolímbica ocorre, por exemplo, na esquizofrenia; por outro lado, um défice de atividade dopaminérgica ao nível da via nigroestriada está presente na doença de Parkinson.

295
Q

Pareidolia

A

Perturbação da perceção que consiste numa falsa perceção em que surgem ilusões nítidas de formas que resultam da combinação entre um componente imaginativo sobreposto à per-ceção de objetos de natureza mal definida (por exemplo, nuvens ou fogo). Estas ilusões não surgem em consequência de um determinado estado afetivo (por oposição às ilusões catatímicas) e, ao contrário de outro tipo de ilusões não se dissipam com o foco da atenção, podendo até intensificar-se. Em regra, o indivíduo mantém crítica para o carácter imaginativo da perceção e para a sua distinção em relação a uma perceção verdadeira. Apesar disso podem ocasionalmente aproximar-se de fenómenos psicóticos, sendo que podem ocorrer em indivíduos com perturbações desse foro (Pio Abreu, 2015) ou associados à utilização de substâncias psicoativas (Casey & Kelly, 2007). Contudo, surgem geralmente na ausência de patologia, sendo até mais frequentes nas crianças
(Oyebode, 2018).

296
Q

Passagem ao ato

A

O indivíduo age, fazendo algo de imediato, ao invés de pensar ou dizer previamente, expressando um elevado nível de impulsividade.

297
Q

Experiências de passividade

A

Conjunto de vivências em que o indivíduo sente que os seus pensamentos e ações não dependem inteiramente da sua vontade, sendo controlados por terceiros ou entidades externas a si. Podem incluir-se os fenómenos de passividade somática e de alienação do pensamento. Para Kurt Schneider (1939), as vivências de passividade constituem um dos sintomas patognomónicos de esquizofrenia, sendo por isso considerados com fazendo parte dos sintomas de primeira ordem desta doença.

298
Q

Pedolalia

A

Discurso infantilizado e que mimetiza o discurso de uma criança.

299
Q

Estabilizadores do humor

A

Termo originalmente utilizado para designar fármacos, como o lítio, o ácido valpróico e a carbamaze-pina, com eficácia no tratamento e prevenção da recorrência de episódios de mania na Perturbação Bipolar. Formalmente, esta categoria não é reconhecida pelas agências de regulação do medicamento (FDA, EMA); contudo, o seu uso livre persiste na linguagem da prática clínica para designar qualquer agente com eficácia na Perturbação Bipolar, inclusive no controlo profilático dos episódios depressivos. Trata-se de uma classificação baseada na indicação tera-pêutica, à semelhança dos termos «antidepressivo» e «antipsicótico».
Alguns medicamentos têm eficácia em mais do que uma pertur-bação, como é o caso do ácido valpróico, da lamotrigina e da car-bamazepina. Por conseguinte, apesar de pertencerem a uma classe terapêutica original (anticonvulsivantes), alguns deles acabam por ser utilizados e obterem aprovação terapêutica em patologias psi-quiátricas, como é o caso da Perturbação Bipolar. Malhi e colaboradores (2018) propuseram os seguintes critérios para definir um fármaco como estabilizador do humor: (1) eficácia no tratamento agudo de episódios maniformes e, idealmente, algum grau de eficácia no tratamento agudo de episódios depressivos ou mistos; e (2) promoção da eutimia, através da profilaxia de episódios de alteração do humor.

300
Q

Estado crepuscular

A

Estado transitório de diminuição do nível de consciência, em que há uma perda da interação com o ambiente.
Durante este período, o indivíduo pode experienciar fenóme-nos percetuais anómalos, como alucinações visuais ou auditivas, e exibir comportamentos socialmente inapropriados ou violentos.
É frequente a amnésia em relação ao período crepuscular. Pode ser secundário epilepsia (Miyahara et al., 2018), estados pós-ictais não epilépticos (Kido et al., 1988), lesão cerebral traumática (Müller, 1975), encefalite viral (Szlykowicz & Moniuszko-Codrow, 1976), intoxicação por álcool (mania à potu) (Oyebode, 2015) ou perturbações dissociativas (WHO, 2016)

301
Q

Estado de êxtase

A

Estado de exaltação emocional e de intensificação da experiência de beatitude, e prazer, associadas a uma dissolução dos limites do Eu, tipicamente descrita como uma sensação de união com a natureza, o Universo ou as entidades divinas. Pode ocorrer na ausência de perturbação mental, por exemplo, durante estados contemplativos (meditação, hipnose, experiências religiosas ou mediúnicas) (Oyebode, 2018), experiências estéticas (esta-dos musicogénicos, síndrome de Stendhal) (Palacios-Sánchez et al.,
2018; Arias, 2019) ou durante o orgasmo (Arias, 2019; Oyebode,
2018). Alternativamente, pode ocorrer como consequência do efeito de substâncias alucinogénias (MDMA, LSD) (Baylen & Rosenberg,
2006; McWhinnie, 1970) ou como manifestação de uma condição patológica, como a perturbação bipolar (Anderson, 1938) e a epilepsia (Devinsky & Lai, 2008). Distingue-se dos estados de elação do humor por não estar associado a hiperatividade psicomotora ou a aceleração do pensamento.

302
Q

Estado misto

A

Forma de apresentação da perturbação bipolar em que coexistem características de perturbação do humor de polaridade oposta. O termo foi introduzido por Kraepelin (1921) para descrever um estado de transição entre a mania e a depressão, durante o qual existiria um período de sobreposição sindromática.
Baseado na observação de diferentes combinações de sintomas em três dimensões (humor, pensamento e atividade psicomotora), classificou os estados mistos em seis tipos: 1) mania depressiva ou ansiosa (ansiedade, fuga de ideias e excitação); 2) depressão excitada (ansiedade ou irritabilidade, inibição do pensamento e excitação); 3) mania com pobreza do pensamento (humor exal-tado, inibição do pensamento e excitação); 4) estupor maníaco (humor exaltado, inibição do pensamento, inibição psicomotora); 5) depressão com fuga de ideias (humor depressivo, fuga de ideias e inibição psicomotora); 6) mania inibida (humor exaltado, fuga de ideias e inibição psicomotora). Mais tarde, McElroy e colaboradores (1992) propuseram critérios de diagnóstico para estados mistos, que vieram a ser incorporados nos sistemas de classificação contemporâneos (DSM-IV/CID-10). O conceito de «episó-dio misto» do DSM-IV-TR, que definia a presença de critérios simultâneos para episódio maníaco e episódio depressivo major, foi substituído, no DSM-5 (APA, 2013), por especificadores sintomáticos aplicáveis aos episódios maníaco, hipomaníaco ou depressivo major (por exemplo, «episódio maníaco com características mistas»).

303
Q

Estado oniroide

A

Alteração qualitativa do estado de consciência caracterizada por desorientação e confusão mental, alterações da perceção, principalmente alucinações visuais, com elevado envolvimento afetivo. O estado adquire uma qualidade dramática e fantástica, como se se tratasse de um sonho.
Após o regresso a uma qualidade de consciência normal, não existe amnésia para o episódio. Associa-se a doenças neurológicas (por exemplo, epilepsia), intoxicação aguda com substâncias psicoativas ou ainda a estados dissociativos (Casey & Kelly, 2007).

304
Q

Estereotipia

A

Movimentos não volitivos, repetitivos, idiossincráticos e sem intencionalidade levados a cabo durante períodos prolongados. Na conceção mais alargada de alguns autores, podem incluir os tiques, os automatismos e os maneirismos. No entanto, no sentido mais estrito, podem distinguir-se, dado que traduzem movimentos mais complexos comparativamente aos observados nos tiques e não se associam às alterações da consciência que ocorrem nos automatismos. Esta alteração motora está associada à esquizofrenia, privação senso-rial, autismo, perturbação do desenvolvimento intelectual, etc.

305
Q

Hipoprosexia

A

Diminuição global da capacidade de atenção.
Pode ser uma manifestação de intoxicação por substâncias depressoras do sistema nervoso central (Koob et al., 2014), perturbações neurocognitivas (Mouriz et al., 2019; Mutis et al., 2017), hipoti-roidismo (Chica-Urzola, 2016), perturbação depressiva (Nilsson et al., 2016) ou esquizofrenia (Bittencourt et al., 2013). O grau extremo de hipoproxesia, isto é, a abolição da capacidade de aten-ção, designa-se por aprosexia.

306
Q

Hiposexualidade

A

Condição de reduzida procura de estimula-ção sexual, devido a falta de interesse na atividade sexual ou desejo sexual hipoativo.

307
Q

Hipostesia

A

Tipo de distorção sensorial em que há uma diminuição da intensidade dos estímulos sensoriais. Pode ocorrer em qualquer modalidade sensorial. Na hipostesia somatossensitiva há uma redução da sensibilidade tátil, termo-álgica, posicional ou vibratória, geralmente resultante de lesões nas vias ou centros somatossensitivos. Na hipostesia visual e na hipostesia auditiva, as cores aparentam «desbotadas» e os sons «abafados», respetiva-mente. Estas duas condições podem ocorrer no contexto de perturbações depressivas graves.

308
Q

Perturbação da personalidade Histriónica

A

Perturbação de personalidade pertencente ao grupo B das personalidades dramáti-cas/ instáveis (DSM 5) (borderline, histriónica, narcísica e antisso-cial), que tendem a manifestar-se na adolescência e a melhorar com o avanço da idade (APA, 2013). Tem uma prevalência de 0,5% (Jackson e Burgess, 2000) e caracteriza-se por emocionalidade exces-siva, procura de atenção e hipervitimização. Os indivíduos com esta perturbação de personalidade apresentam alterações rápidas de humor, com tendência para reações pueris que refletem a sua baixa tolerância à frustração. Necessitam de ser o centro das atenções, tentando atingir este objetivo através da sedução, da manipulação e do investimento no autocuidado, recorrendo frequentemente à sexualidade como fonte de gratificação. Tendem a dramatizar acontecimentos negativos e a atribuir-lhes um locus de controlo externo, sendo a sua comunicação percecionada pelos outros como teatral e excessivamente impressionista (Afonso, 2015).

309
Q

Humor

A

Refere-se ao estado emocional predominante do indivíduo (tipicamente, nas últimas semanas), que vai «colorir» todos os fenómenos da vida psíquica, sendo avaliado retrospetivamente com base no autorrelato do paciente e/ou nos dados clínicos fornecidos por terceiros. Por conseguinte, o humor tem uma componente subjetiva (a própria avaliação do indivíduo) e uma componente objetiva (observada ou descrita por outros, nomeadamente pelo psiquiatra que procede à avaliação psicopatológica). Ao contrário das emoções, que são eventos transitórios, reativos a estímulos, o humor é um sentimento difuso sem objeto, que influencia todos os aspetos da vida psíquica, dando um colorido particular às vivên-cias. Para Dalgalarrondo (2008), o humor, ou estado de ânimo, é definido como o tónus afetivo do indivíduo, o estado emocional basal e difuso no qual ele se encontra em determinado momento; ou seja, é a disposição afetiva de fundo que penetra toda a experiência psíquica.

310
Q

Neotimia

A

Sensação de vivência subjetiva de um estado emocional novo, não experienciado previamente pelo indivíduo, geralmente com carácter de alguma estranheza difícil de caracterizar pelo próprio (Dalgalarrondo, 2008). Pode surgir na esquizofrenia ou em estados de intoxicação com substâncias psicoativas. No caso da esquizofrenia apresenta semelhanças com os conceitos de trema, esquizoforia e humor delirante.

311
Q

Neurolépticos

A

Fármacos utilizados no tratamento das psicoses, com origem no grego «neuro - cordão, tendão» e «lepsis - convulsão, apreensão», propostos pelos franceses Jean Delay e Pierre Deniker à Academia Nacional de Medicina, em 1955, após observação da redução da tensão nervosa provocada pela cloropromazina. O termo foi progressivamente substituído por antipsicóticos, principalmente após o aparecimento dos novos antipsicóticos, como foi o caso da clozapina, que dispõem de efeitos terapêuticos, mas com reduzidos efeitos extrapiramidais.

312
Q

Neurose

A

O termo foi proposto em 1769 pelo médico escocês
William Cullen (1710-1790) para englobar as doenças nervosas em que se aceitava uma alteração funcional (associadas à persona-lidade) em contraste com as orgânicas em que se postulava uma origem neurobiológica. Posteriormente, o termo foi popularizado por Philippe Pinnel em 1785 em França. Mais tarde, a partir de 1893, foi utilizado por Freud para designar uma doença nervosa cujos sintomas simbolizam um conflito intrapsíquico com origem na infância e que havia sido recalcado. Com o desenvolvimento da psicanálise, o conceito evoluiu e tornou-se mais abrangente, ocupando uma estrutura tripartida ao lado da psicose e da perversão (Roudinesco & Plon, 2000). Com o advento dos sistemas de classificação das perturbações mentais (CID-9), o termo «neurose» passou a designar as perturbações mentais marcadas por ansiedade severa: perturbações de ansiedade, perturbações somatoformes, perturbação obsessivo-compulsiva e perturbações dissociativas. Atualmente, a maioria das perturbações que eram designadas por neuroses são classificadas como perturbações de
ansiedade.

313
Q

Neurotransmissor

A

Molécula que medeia a comunicação entre neurónios através da fenda sináptica. Os neurotransmissores são sintetizados nas terminações neuronais, a partir de aminoácidos percursores, armazenados em vesículas e libertados, atuando em locais específicos denominados «recetores».

314
Q

Niilismo

A

Temática cujo conteúdo se relaciona com a negação da existência do corpo, de partes dele ou, de modo mais abrangente, do mundo.

315
Q

Ninfomania

A

Aumento do desejo sexual de carácter patológico em indivíduos do sexo feminino.

316
Q

Nosofobia

A

Medo patológico de vir a sofrer de algum tipo de doença.

317
Q

Normalização

A

Processo coletivo de elaboração de regras quando estas não existem ou não são reconhecidas coletivamente.

318
Q

Noradrenalina

A

Neurotransmissor do grupo das catecolaminas, cujo precursor natural é a dopamina (ver Dopamina), sendo produzida na glândula suprarrenal e libertada ao nível dos neurónios pós-ganglionares do sistema nervoso simpático. Tem uma ampla distribuição a nível cerebral e periférico, influenciando o humor, a ansiedade, o sono e a alimentação.

319
Q

Irritabilidade

A

Estado de hiper-reatividade a estímulos exteriores caracterizado por uma tendência a desencadear as emoções de raiva ou ira.

320
Q

Isolamento

A

Situação em que se verifica um distanciamento em relação às outras pessoas, com dificuldades de comunicação e introversão. É multifatorial e pode surgir em múltiplos contex-tos, podendo ser uma manifestação da perturbação de ansiedade social, da perturbação depressiva, das perturbações do espectro do autismo, da perturbação de personalidade esquizoide ou da esquizofrenia (APA, 2013).

321
Q

Síndrome de Korsakoff

A

Síndrome, inicialmente descrita por Sergei Korsakoff (1887), caracterizada por um défice marcado da memória anterógrada, défices variáveis na memória retrógrada (fre-quentemente retêm-se as memórias mais remotas) e preservação da atenção, do registo e da memória de curto prazo. Os indivi-duos são capazes de recordar informação recentemente apresentada durante alguns segundos ou minutos, mas não a conseguem recuperar horas ou dias depois. Ocorre secundariamente ao défice de riamina (vitamina B1) em pessoas com abuso e/ou dependência de alcool (WHO, 1992).

322
Q

Síndrome de Kluver-Bucy

A

Síndrome descrita, pela primeira vez, por Sanger Brown (1852-1928) e Edward Schafer (1850–1935), posteriormente, por Paul Bucy (1904-1992) e Heinrich Kluver (1897-1975), através de estudos experimentais em macacos submetidos a lobectomia temporal bilateral (Lanska, 2018).
Os primeiros casos em humanos foram descritos nos anos 1950 com o advento da lobectomia temporal lateral para tratar a epilepsia (Lanska, 2018). Caracteriza-se por hiperoralidade (ver Hipero-ralidade) e alterações emocionais, que incluem apatia, placidez e embotamento afetivo. Podem ocorrer também alterações do comportamento alimentar (hiperfagia com aumento de peso) ou sexual (hipersexualidade; ver Hipersexualidade), hipermetamorfose (ver Hipermetamorfose) e prosopagnosia (ver Prosopagnosia) (Lanska,
2018). Raramente, surge como uma síndrome isolada; com maior frequência, surge associada a outros sintomas, como amnésia e afa-sia, devido a lesão das regiões temporais responsáveis pela memória (hipocampo) e linguagem (área de Wernicke) (Lanska, 2018).
Pode ocorrer também no contexto de perturbações neuropsiquiá-tricas, como demência e epilepsia (Lanska, 2018).

323
Q

Labilidade afetiva

A

Alteração da mobilidade dos afetos com rápida transição entre diferentes estados afetivos. O indivíduo pode estar bem-disposto e, subitamente, chorar convulsivamente, revelando uma reatividade excessiva a estímulos ou condições ambientais O grau extremo de labilidade afetiva corresponde a incontinência afetiva (ver Mobilidade afetiva).

324
Q

Paragramatismo

A

Perturbação do discurso em que se verifica um discurso fluente, mas com alteração do seu significado, em que ocorrem substituições de verbos e outros elementos frásicos, sendo relativamente pobre em substantivos. Ocorre tipicamente nas afasias fluentes (ver Agramatismo).

325
Q

Paralogismo

A

Atribuição de um novo significado a uma palavra já existente.

326
Q

Paramimia

A

Perturbação da expressão emocional através da mímica facial que é aparentemente incongruente com os afetos.

327
Q

Paranoia

A

Descrita por Emil Kraepelin (1912) como entidade distinta da dementia precox, caracterizada por delírio sistematizado, que surge mais tarde na vida, sem a presença de atividade alucinatória ou curso de deterioração progressiva. Foi usada em sistemas de classificação anteriores como sinónimo de perturbação delirante (ver Delirante, perturbação).

328
Q

Anosodiaforia

A

Tipo de anosognosia (ver Anosognosia) em que o indivíduo apresenta uma reação emocional incongruente com o seu défice, gracejando, demonstrando indiferença ou despreocupação em relação ao mesmo (ver Belle indifference).

329
Q

Anosognosia

A

Termo utilizado por Joseph Babinski (1914) para se referir a um defeito cognitivo que consiste em negligenciar ou negar sintomas ou sinais de doença. Surge mais frequentemente no contexto de lesões do hemisfério direito, em particular o córtex parietal e o córtex temporal. A anosognosia mais frequente consiste na negação de uma hemiparesia esquerda.

330
Q

Assomatognosia

A

Perda da capacidade de reconhecer partes do seu próprio corpo. Quando afeta um hemicorpo, designa-se por hemiassomatognosia.

331
Q

Asquemazia

A

Perturbação da imagem corporal em que existe uma ausência de imagem corporal referente a um segmento corporal.

332
Q

Assíndese

A

Perturbação formal do pensamento em que não existe uma ligação adequada entre dois pensamentos consecutivos.

333
Q

Associações por consonância

A

Perturbação da forma do pensamento em que a associação entre ideias não se estabelece de forma lógica de acordo com o seu significado ou conteúdo, ocorrendo com base na semelhança entre sons de palavras.

334
Q

Astasia

A

Dificuldade ou incapacidade de permanecer de pé, apesar de não existirem alterações na força muscular ou coordenação motora.

335
Q

Astenia

A

Estado caracterizado por sensação subjetiva de cansaço permanente, diminuição da força e enfraquecimento do estado geral. Pode ocorrer em patologias físicas (por exemplo, anemia, hipotiroidismo) ou em patologias psiquiátricas (por exemplo, perturbação depressiva major, perturbação depressiva persistente).

336
Q

Astereognosia

A

Perturbação da perceção que envolve uma incapacidade de reconhecimento de objetos, através da palpação, na ausência de alterações sensitivas.

337
Q

Ataraxia

A

Termo de origem grega que remete para um estado de bem-estar, serenidade e de ausência de preocupações, stresse e ansie-dade. É um estado atingido de modo voluntário não traduzindo qualquer significado patológico.

338
Q

Autismo, Perturbações do espectro do autismo

A

Perturbações do neuro-desenvolvimento que se manifestam na infância, caracterizadas por défices persistentes na interação social, na comunicação associados a um padrão restrito e repetitivo de comportamentos, interesses e ativi-dades. O autismo foi descrito inicialmente pelo psiquiatra de origem austríaca Leo Kanner (1943) em que relatava o caso de 11 crianças com o que designou por autismo infantil. O conceito tem vindo a evoluir ao longo dos anos, tendo sido incluído pela primeira vez nos sistemas de classificação oficiais em 1980, com a publicação do DSM III, na categoria «Perturbações Globais do Desenvolvimento» (Volkmar & McPartland, 2014). De acordo com o DSM 5 (APA,
2013), os critérios de diagnóstico incluem a existência de défices persistentes na comunicação e interação social (por exemplo, ausência de reciprocidade emocional, dificuldade na compreensão dos pensamentos e sentimentos de terceiros, défice na comunicação não verbal, dificuldades no ajuste do comportamento ao contexto social, ausência de interesse na socialização, entre outros) e uma restrição no padrão de interesses, comportamentos e atividades (por exemplo, movimentos repetidos e estereotipados, ecolalia, comportamentos ritualizados, rigidez nas rotinas, fixação num número restrito de inte-resses, entre outros). Embora os sintomas surjam necessariamente em fases precoces do desenvolvimento, em certos casos, apenas se tornam aparentes quando as exigências sociais excedem a capacidade de resposta ou adaptação do indivíduo. Por outro lado, na vida adulta, o indivíduo muitas vezes desenvolve estratégias adaptativas que permitem mascarar alguns dos sintomas. Tratando-se de uma patologia do desenvolvimento, as suas características variam consoante a fase em que o indivíduo se encontra. Os primeiros sinais poderão ser detetados precocemente até aos 6 meses de idade e incluem a ausência de contacto visual, ausência de sorriso, passividade e reduzido nível de atividade, irritabilidade extrema, tendência a fixar objetos, ausência de manifestação de interesse por pessoas e pouca interação social, reduzida mímica facial, pouca orientação para a voz humana e ausência de reações antecipatórias (Hansen et al. & on behalf of the DBPNet Steering Committee, 2016; SIGN, 2016). Existem várias perturbações neuropsiquiátricas e do neurodesenvolvimento e síndromes genéticas que estão associadas ao autismo, estimando-se que 45% dos indivíduos com perturbações do espectro do autismo apresentam perturbação do desenvolvimento intelectual, 50%, perturbação de hiperatividade e défice de atenção e 30%, epilepsia (APA,
2013; Lai et al., 2014; Leitner, 2014). A prevalência situa-se entre
1 e 2% (Park et al., 2016), sendo cerca de três a quatro vezes mais frequente no sexo masculino (Loomes et al., 2017). A sua etiologia não é totalmente compreendida, embora se considere que é causada por fatores genéticos que afetam o desenvolvimento cerebral que podem ser modelados por fatores ambientais e perinatais (Muhle et al., 2018). O curso das perturbações deste espectro é crónico, sendo necessária uma abordagem global multidisciplinar que se baseia em intervenções específicas dirigidas às necessidades particulares do indivíduo e à sua idade, tendo como objetivos a melhoria do funcionamento social, da capacidade de comunicação, o desenvolvimento de estratégias adaptativas, minimizando os comportamentos disfuncionais e promovendo a funcionalidade académica e ocupacional (Lai et al., 2014; Maglione et al., 2012). A intervenção farmacológica deve limitar-se ao tratamento de comorbilidades e de sinais e sintomas disruptivos (Taylor et al., 2018).

339
Q

Autoconceito

A

Conceito que se refere à consciência total e abstrata que o indivíduo constrói de si mesmo a partir da sua perce-ção do self (Oyebode, 2018). Forma-se a partir de vários elementos, incluindo o modo como terceiros veem o indivíduo, a avaliação pessoal do desempenho em situações específicas, o confronto do seu comportamento com o dos pares com que se identifica e, ainda, pela avaliação de comportamentos específicos em função dos valores do grupo. A esta noção encontram-se ainda associados outros conceitos, nomeadamente o de autoimagem e de autoestima. É um conceito útil na prática clínica para ajudar a compreender o comportamento e as alterações emocionais (Vaz Serra, 1988).

340
Q

Delírio de grandiosidade

A

Delírio que tem como essência a existência de uma tonalidade grandiosa focada no indivíduo, podendo abranger diferentes temáticas mais específicas. Pode existir a crença de que se é alguém especial, com poderes únicos e capacidades extraordinárias, grande influência e tendo um destino ou missão de enorme importância ou grandeza. Este tipo de delírio é congruente com o humor em episódios maniformes, embora seja também frequente noutras perturbações psiquiátricas, nomeadamente na esquizofrenia.

341
Q

Delírio de infestação

A

Delírio em que o indivíduo acredita que o seu corpo está infestado com pequenos organismos, associando-se muitas vezes a alucinações táteis (ver Ekbom, sindrome de e Parasitose alucinatória).

342
Q

Delírio de menor valia ou de culpa

A

Delírio tipicamente depres-sivo, coexistindo muitas vezes com o delírio de ruína (ver Delírio de ruina ou de pobreza) em que o indivíduo acredita não ter qualquer valor ou não ser merecedor de qualquer estima pelos familiares e amigos, ser culpado de crimes passados ou o responsável por eventos catastróficos.

343
Q

Delírio de referência

A

Delírio em que o indivíduo acredita que estímulos neutros (movimentos, gestos, sons, palavras, objetos, etc.) têm um significado especial dirigido a si mesmo, geralmente de natureza negativa, pejorativa e até persecutória, embora possa também assumir uma interpretação grandiosa. Pode ocorrer em qualquer perturbação com sintomas psicóticos associados, sendo, no entanto, mais característico da esquizofrenia.

344
Q

Delírio de ruína ou de pobreza

A

Delírio cuja temática se caracteriza por estar focada na ruína e na desgraça do indivíduo. Este pode estar convicto de que perdeu todo o seu dinheiro, a sua carreira está arruinada, foi abandonado pela família, etc. Tem elementos comuns com os delírios niilistas (ver Delirio niilista). Surge tipicamente associado a episódios depressivos com sintomas psicóticos.

345
Q

Delírio encapsulado

A

Delírio que se encontra circunscrito a uma esfera muito particular da vida do indivíduo, geralmente não condicionando impacto afetivo e comportamental, quando o indivíduo não está diretamente envolvido com o contexto, situação ou pessoas diretamente associadas à temática delirante. Tipicamente associa-se à perturbação delirante crónica (ver Perturbação delirante).

346
Q

Delírio messiânico

A

Subtipo particular de delírio religioso com um colorido de grandiosidade em que o indivíduo acredita, por exemplo, ser um indivíduo de destaque como uma figura profé-tica, o messias ou o salvador. Pode surgir na esquizofrenia ou em perturbações do humor com sintomas psicóticos, designadamente na mania.

347
Q

Delírio niilista

A

Delírio em que o indivíduo acredita que não existe, que está morto, e que o seu corpo está vazio sem qualquer órgão no seu interior ou que o seu corpo está em fase de putrefação (podem ocorrer concomitantemente inclusive alucinações olfa-tivas). O delírio pode assumir um carácter mais abrangente, com a crença de que o mundo está prestes a acabar. É uma ideia delirante que pode surgir na esquizofrenia, embora seja também frequente em perturbações depressivas graves com sintomas psicóticos, partilhando algumas características com os delírios de ruína (ver Deli-rio de ruína).

348
Q

Delírio paranoide

A

O termo paranoide encontra-se atualmente equiparado no uso comum a delírios persecutórios, embora, na rea-lidade, tenha um significado mais abrangente e o seu uso tenha tido sentidos diferentes ao longo da história. É preferível a utilização do termo «persecutório» uma vez que é mais específico e preciso, sendo que o conceito de delírio paranoide pode incluir ideias persecuró-rias, grandiosas, erotomaníacas e de referência, entre outras.

349
Q

Delírio persecutório

A

Tipo de delírio mais comum em que o indivíduo acredita que o próprio ou alguém próximo está a ser vítima de uma conspiração, vigiado, manipulado, perseguido ou prejudicado. Apesar de ser típico da esquizofrenia, pode ocorrer em qualquer perturbação com sintomas psicóticos.

350
Q

Delírio religioso ou místico

A

Delírio de temática religiosa que difere de uma normal crença religiosa por ser uma ideia bizarra e não congruente ou aceite no contexto cultural e religioso em que se insere o indivíduo. Muitas vezes assume uma tonalidade grandiosa, podendo constituir um delírio messiânico (ver Delírio messiânico).