OT6 - Tumores do SNC (2) Flashcards

1
Q

Glioblastoma?

A

★ O GBM é o mais frequente dos tumores malignos primários do SNC (46.1%).
★ Tem uma incidência global de 3.20/100 000 habitantes, que aumenta com a idade (pico entre 75 – 84 anos: 15.24/100 000).
★ Mediana de idade ao diagnóstico: 64 anos.
★ Com o envelhecimento da população, estima-se que a incidência venha a aumentar.
★ SG 5 anos= 5.1%, que ⇣ com a idade (≤ 2.1% em doentes com ≥ 65 anos)
★ SG mediana ~ 15 meses, que ⇣ nos idosos para ~ 6 meses.

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2
Q

Glioblastoma - Factores de Prognóstico?

A

★ Idade
– Tem sido reconhecida como o mais importante factor de prognóstico.
★ Performance Status
★ Extensão da ressecção
★ Metilação do MGMT
★ Mutação do IDH

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3
Q

Glioblastoma? (2)

A

★ A realização prévia de RT cerebral é o único factor de risco exógeno reconhecido.
★ Tumores predominantemente supratentoriais, sendo as localizações mais frequentes os lobos frontais, temporais e parietais.
★ Ao diagnóstico, ~ 50% infiltram > 1 lobo e ~5% são multifocais.
★ A disseminação leptomeníngea é pouco frequente e ocorre em fases avançadas da doença.
★ A metastização à distância é rara.

★ Irradiação de baixa dose para tinea capitis e RT para tumores cerebrais na infância aumentam o risco.
★ Associação com tlm e telefones sem fios não foi ainda claramente estabelecida.

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4
Q

Forma de apresentação?

A

★ A forma de apresentação depende do local atingido.
★ Não existe uma forma de apresentação típica:
– Alterações do comportamento são comuns (atingimento frontal) e frequentemente atrasam o diagnóstico (atribuídas a alterações psiquiátricas/demenciais)
– Défices sensoriomotores (20%)
– Afasia (5%)
– Epilepsia (24 - 68%, com desenvolvimento em 19 - 38% em fases posteriores da doença)
– Cefaleias (< 1/3 dos doentes ao dx) e outros sintomas de HIC são mais frequentes numa fase posterior
★ Classicamente, divididos em primários e secundários (􀀀 lesões precursoras de baixo grau
– Primários - IDH wild type
– Secundários - IDH mutados que provavelmente resultam da evolução natural de um glioma de grau II ou III com IDH mut

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5
Q

Diagnóstico?

A

★ RM cerebral
– Técnicas como a difusão/perfusão e a espectroscopia aumentam a acuidade diagnóstica.
★ Histopatologia
– O GBM é um glioma difuso de alto grau (IV da OMS), caracterizado pela presença de necrose e proliferação microvascular
– Outras características incluem a anaplasia, o elevado índice mitótico e a invasão, que estão também presentes nos gliomas anaplásicos

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6
Q

Variantes?

A

★ Gliossarcoma
– Componentes de glioma fibrilar e mesenquimatoso
– Metástases extra-cranianas + frequentes
– Mutações do EGFR menos frequentes
★ GBM células gigantes
– Pleiomórfico
– Células multinucleadas
– Melhor prognóstico
★ GBM epitelióide
– Frequentemente, assemelha-se a carcinoma metastático ou melanoma
– Cerca de ½ possui a mutação V600E do gene BRAF

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7
Q

Marcadores moleculares - MGMT?

A

★ É um gene que codifica uma enzima que é capaz de reparar as alterações que agentes alquilantes como a temozolamida produzem no ADN - mecanismo de resistência à terapêutica.
★ Quando metilado no tumor, este gene está silenciado e este tumor é mais sensível às alterações induzidas pela quimioterapia.

★ A metilação do MGMT confere melhor prognóstico e é preditiva de resposta à terapêutica com agentes alquilantes.
★ Está presente em 32-45% dos GBM e parece manter-se ao longo da evolução da doença.
★ Papel na escolha do tratamento nos idosos não candidatos a abordagem multimodal.

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8
Q

Marcadores moleculares - IDH 1 e 2?

A

★ A mutação do IDH ocorre em 5-10% dos GBM 􀀀 secundários.
★ É um evento precoce na tumorigénese dos gliomas de grau II e III.
★ A mutação mais frequente ocorre no codão 132 do gene IDH1, com substituição da arginina por histidina (R132H) – detectável por IHQ.
★ A mutação associa-se a melhor prognóstico.

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9
Q

Terapêutica de 1ª Linha - Cirurgia?

A

★ Biópsia
✓ geralmente realizada em tumores multifocais ou localizados em áreas eloquentes
✓ amostragem insuficiente pode limitar o dignóstico histológico e molecular
★ A extensão da ressecção tem impacto prognóstico

★ Objectivo: ressecção macroscopicamente completa
★ Única resseção que se associa a um aumento da SG

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10
Q

Tratamento standard?

A

★ A RT era o standard no tx dos GBM.
★ Comparou-se um esquema de RT+QT por 6 semanas, seguida de um intervalo de 4 semanas e depois a mesma QT por 4 semanas (num esquema diferente, 6 ciclos).
★ Diferença na SG de 2,5 meses, estatisticamente significativa e este passou a ser o tx standard.

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11
Q

Tratamento no idoso?

A

★ Frequentemente são pessoas mais frágeis, com pior PS, múltiplas comorbilidades e que muitas vezes não aguentavam fazer um esquema de QT+RT de 6 semanas.
★ 2 ensaios tentaram perceber se estes doentes poderiam fazer de igual forma QT ou RT.
★ Compararam um esquema convencional de QT com Temozolamida com um esquema de RT hipofracionada mais curto com um esquema de RT convencional.
★ Fazer TMZ ou RT hipofracionada era semelhante, mas fazer TMZ era melhor do que fazer RT convencional.
★ Maior proporção de doentes que não terminaram RT no grupo do esquema standard de RT.

★ Doentes com metilação MGMT beneficiaram mais do tratamento com TMZ do que com RT.

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12
Q

Bevacizumab - Mecanismo de acção?

A

★ Bevacizumab é um inibidor do VEGF
★ Inibição da vascularização tumoral 􀀀 redução do crescimento tumoral
★ Estabilização da barreira hemato-encefálica 􀀀 redução da captação de contraste
★ Redução do edema 􀀀 efeito poupador de corticóides

★ Verificou-se um ganho da SG a favor de BEV+LOM. Na análise multivariada, o uso de BEV+LOM e a diminuição da dose de corticoide foram fatores independentes de prognóstico.

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13
Q

Avaliação de resposta?

A

★ Periodicidade das avaliações
– Nas primeiras 72h pós-op
– 4 semanas após término de RT
– A cada 3 meses a partir daí

★ Utiliza-se a classificação de RANO que atende à captação de contraste que é comum nestes tumores mas também ao componente infiltrativo não captante.

★ Existem 2 fenómenos importantes na avaliação de resposta destes tumores: pseudo-progressão e pseudo-respsota.

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14
Q

Pseudo-progressão?

A

★ ↑ agudo e transitório das áreas de captação de contraste, após RT, sendo + frequente com a associação de QT.
★ Pico de incidência aos 2-3 meses, mas pode ocorrer até aos 6 meses após término de RT.
★ Os doentes costumam estar pouco sintomáticos para a extensão da lesão.
★ De acordo com os critérios de RANO, só se considera progressão nas primeiras 12 semanas após término da RT, se a maior parte da área captante se situar para além dos limites do campo de radiação ou se for documentada por cirurgia.

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15
Q

Pseudo-resposta?

A

★ Redução rápida das áreas de captação de contraste, que pode ocorrer poucas horas após administração da terapêuhca anti-angiogénica, devido à normalização da BHE.
★ Os critérios de RANO requerem que esta alteração dure, mais de 4 semanas, para ser considerada resposta.
★ A progressão de doença, sob terapêuhca anh-angiogénica, ocorre frequentemente à custa do componente não captante.

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16
Q

Terapêutica na progressão?

A

★ Não existe um tratamento standard.
★ Uma minoria dos doentes será candidata a re-intervenção cirúrgica.
– Algumas séries retrospectivas sugerem que apenas uma RC melhora a SG.
★ Nos doentes que apenas fizeram TMZ, a RT será a 1ª opção.
★ Tratamento sistémico:
– Bevacizumab +/- lomustina ou irinotecan
– PCV
– Lomustina
– TMZ metronómica
★ Re-irradiação, nomeadamente com técnicas de estereotaxia

17
Q

Conclusões?

A

★ Mais do que a idade, deve ser o estado funcional do doente a guiar a nossa atitude:

✓ PS 0-2 – esquema de Stupp (ou variante com RT hipofraccionada, nos idosos)
✓ PS 3 – RT (considerar hipofraccionamento independentemente da idade) ou TMZ de acordo com o estado do MGMT
✓ PS 4 – Cuidados Paliativos

★ Notas: Nos doentes com mau PS, se pode utilizar hipofraccionamento, independentemente da idade.

18
Q

Guidelines - Associação Europeia de Neurooncologia?

A

★ 1º dividimos os tumores em IDH mutados e IDH wild-type
★ Os IDH mutados são dividos em com deleção 1p/19q e sem deleção 1p/19q.
★ Depois são divididos por grau.
★ Os de Grau II, considerados de baixo grau, poderão ser apenas para observação ou para tx RT com QT, dependendo dos critérios de risco: idade >=40 anos, resseção subtotal ou biópsia.
★ Os IDH WT, independentemente do grau, dificilmente vamos apenas vigiar. Maioria das vezes vamos tratá-los com RT+QT, tratados como Glioblastomas.