HT16 - Transplantação de Cel Estaminais e Hematopoiéticas II Flashcards

1
Q

LMA e transplante alogénico?

A

◆ Existe indicação para fazer transplante como 1ª linha nos doentes que, ao diagnóstico, apresentem prognóstico intermédio/desfavorável.
◆ Doentes que ao diagnóstico apresentem alterações citogenéticas que lhes conferem bom prognóstico, são muitas vezes tratados apenas com QT e ficam curados.
◆ Há uma elevada probabilidade de recaída nos doentes que ao diagnóstico apresentem alterações citogenéticas e moleculares associadas a pior prognóstico, e nesses está indicada a realização de transplante como 1ª linha, no final da QT de indução e consolidação.
◆ Recidiva por tipo de dador: parece ser maior nos doentes com um doente relacionado irmão - faz sentido porque como são mais compatíveis, o efeito graft vs leukemia não é tão poderoso, embora esse tipo de recaída seja marginal quando comparado com outros.
◆ Do lado oposto estão os haploidênticos, que são os que têm mais toxicidade.

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2
Q

Aplasia Medular – Stem Cell Transplant?

A

◆ Doença benigna em que o efeito graft vs tumor não é necessário. Apenas pretendemos substituição da MO pela de um dador.
◆ Nos transplantes de baixo risco são utilizados dadores irmãos, comparativamente com não relacionado, vemos que a sobrevivência é bastante elevada - sucesso da terapêutica bastante grande.
◆ Não existe o fator recaída como nas situações malignas como leucemia.
◆ Modalidade terapêutica bastante eficaz e muito bem tolerada. Indicações muito em jovens e crianças que poderão fazer vida normal, sem complicações a longo prazo, sem uma maior incidência de outras doenças ao longo da vida.

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3
Q

Complications After HSCT?

A

◆ Neutropenic Phase
– From conditioning to engraftment
– desde o condicionamento até ao arranque hematológico que habitualmente dura 12 a 16 dias, pode ir até 20 dias ou até ter um arranque mais precoce
◆ Intermediate phase
– Neutrophil engraftment until D+100
– Após a recuperação dos neutrófilos e do arranque hematológico precisamos de cerca de 3 meses para que ocorra o desenvolvimento do resto do sistema imunológico, nomeadamente a parte linfoproliferativa (cels B, produção de anticorpos, etc)
◆ Late phase
– D+100
– Praticamente exclusiva do transplante alogénico.
– Após os 100 dias, podem surgir complicações como doença enxerto contra hospedeiro crónica, infeção oportunista pelo uso de imunossupressão prolongada ou por ausência de algum tipo de célula pela MO ser ainda muito jovem e não estar protegida p.e. por algum tipo de vacinação que estava protegida antes

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4
Q

Immunologic Recovery?

A

◆ Várias fases da recuperação imunológica e o tipo de infeções que podem surgir em cada fase.

◆ Relativamente à fase I (pré-arranque hematológico, fase neutropénica) aquilo que nos preocupa são sobretudo as infeções bacterianas e algumas fúngicas, fruto da quebra das barreiras físicas como do TGI e da pele, devido ao condicionamento e pelo facto de não existirem neutrófilos.

◆ Posteriormente ao arranque, na Fase II, no caso de transplante alogénico pode ocorrer doença do enxerto vs hospedeiro aguda nos primeiros meses. Mais tarde pode ocorrer DEVH crónica.
◆ Na Fase II: aumento da incidência de reativação de infeções víricas e infeções oportunistas, fruto da diminuição da contagem de cels T e do reportório de cels T existente naquele doente por esta altura - estado de imunodeficiência grave portanto é normal que surjam algumas infeções oportunistas.

◆ Na Fase tardia (Fase III) vai depender muito da incidência da DEVH crónica, do uso mais ou menos prolongado de imunossupressores que, se tudo correr bem e não houver DEVH crónica, depois dos 3-6 meses podem reduzir os imunossupressores para depois suspender entre os 6m-1ano.

◆ Muitas das infeções que surgem nesta altura também estão relacionadas com a ausência de vacinação - nesta fase que o doente ainda está sob imunossupressão ainda não foi vacinado e a imunidade que tinha antes perdeu-se com o transplante, logo temos um aumento das infeções oportunistas.

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5
Q

Doença de Enxerto Contra Hospedeiro (DEVH)?

A

◆ Não é expectável que ocorra logo nos primeiros dias após a infusão proque as células infundidas ainda não são em número suficiente nem com capacidade de causar DEVH.
◆ Surge habitualmente após o arranque hematológico que ocorre normalmente a partir do 10-15 dia
◆ Manifestações muito agudas.
– Rash maculopapular na pele.
– TGI - diarreia, dificuldade de digestão, perda de apetite, perda de paladar.
– Fígado - inflamação com elevação das transaminases (não é tão frequente), normalmente o que ocorre é aumento de bilirrubina, em diferentes níveis que corresponde a diferentes graus de DEVH.

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6
Q

Doença de Enxerto Contra Hospedeiro - Aguda?

A

◆ Pode ser bastante agressiva.
◆ Toxicidade do transplante pode ser bastante relevante. pode ocorrer destruição de tecidos por inflamação crónica.
◆ Para classificação da DEVH a nível da pele usa-se a regra dos 9 (a mesma usada nas queimaduras) para estimar a % de pele atingida.

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7
Q

Doença de Enxerto Contra Hospedeiro - Aguda - Profilaxia?

A

◆ Condicionamento com deplecção de céls T
– Soro anti-linfocitico (ATG) (vai depletar as cels T do dador e vai facilitar o enxerto), Alemtuzumab,
◆ Ciclofosfamida após transplante (usada no transplante haploidêntico)
◆ Ciclosporina, Micofenolato de Mofetilo (MMF) e Tacrolimus
– Faz-se imunossupressão com 1 destes 3.
– Por vezes nos transplantes de dador não relacionado ou mismatch usa-se uma associação de dois destes, para diminuir a proliferação demasiado agressiva das cels T e diminuir o risco de DEVH.

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8
Q

Doença de Enxerto Contra Hospedeiro - Aguda - Tratamento?

A

◆ Tratamento tópico em caso de DECHa isolada e < grau II
– Hidrocortisona (pomada) (para doença na pele) e Budesonida (oral / Entocort) (para doença intestinal)
◆ 1ª linha - Corticoterapia em alta dose (sistémica)
– Metilprednisolona 1-2mg/kg/dia
◆ 2ª linha – ATG, Pentostatina, Etanercept, Tacrolimus, PUVA
– se houver falência da 1ª linha, em 7-14 dias

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9
Q

Doença de Enxerto Contra Hospedeiro - Crónica?

A

◆ Comporta-se como uma doença autoimune
◆ Habitualmente após o D100
◆ Pode envolver pele, intestine, figado, olhos, pulmões, tecido conjuntivo
◆ Maior susceptibilidade a infecções oportunistas
◆ Associado a diminuição da qualidade de vida

◆ Os órgãos mais frequentemente afetados são a pele, mucosa oral, olhos, intestino e fígado.
◆ Incidência um bocadinho maior nos transplantes de celulas de progenitores de sangue periférico, quando comparado com progenitores da MO.
◆ As manifestações na pele não são exuberantes nem tão abruptas como na DEVH aguda (como o rash, etc), são alterações mais tróficas de várias camadas de tecido que levam a uma alteração estrutural dos tecidos e não só a inflamação.
◆ Comporta-se como doenças autoimunes.
◆ Boca e olhos - xerostomia e xeroftalmia.
◆ Pele - alterações semelhantes às da esclerodermia.

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10
Q

Doença de Enxerto Contra Hospedeiro - Crónica- Fatores de Risco?

A

◆ Menor compatibildade
◆ Dador não relacionado
◆ Receptor homem de dadores femininos
◆ Idade + avançada do receptor

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11
Q

Doença de Enxerto Contra Hospedeiro - Crónica - Tratamento?

A

◆ O tratamento sistémico está indicado nos doentes com DECHc moderada a grave
◆ Tratamento
– DECHc limitada ou ligeira – tratamento tópico + sintomático
–DECHc moderada a grave:
– 1ª linha - Corticoterapia em alta dose + CsA
– 2ª linha – Fotoferese extracorporal, MMF, Azatioprina, Imatinib, Ruxolitinib, Rituximab, Metrotrexato, Sirolimus, Ensaio clínico.

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12
Q

Graft versus Leukemia?

A

◆ Quem desenvolvia doença de enxerto vs hospedeiro, tinha menor probabilidade de recaída do que p.e. transplante entre gémeos ou com depleção de cels T (quando se retirava todas as cels T do enxerto).
◆ Isto demonstra o efeito do transplante no controlo da doença - graft vs tumor (leukemia).
◆ Mas a DEVH aguda parece ser demasiado grave e potente para o efeito que pretendemos de graft vs leukemia.
◆ Queremos que haja uma reação do aloenxerto contra o hospede mas não queremos que seja intensa ao ponto de matar tudo à volta.
◆ Queremos que o enxerto tenha a capacidade de detetar as células malignas, mantendo a tolerabilidade para os outros tecidos (que também são estranhas ao enxerto porque são do recetor).

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13
Q

DLI = Donor Lymphocyte Infusions?

A

◆ Doentes que fizeram DLI após a recaída de um transplante, no contexto de LMC.
◆ Meses ou anos mais tarde tiveram uma recaída, e até esta altura não tinham tido manifestações de DEVH.
◆ O objetivo era induzir efeito graft vs leukemia.
◆ Esta infusão foi feita sem qualquer QT/condicionamento.
◆ O que se verificou foi que, sem haver aumento de DEVH, houve possibilidade de controlo da doença apenas com esta infusão em cerca de 40% dos doentes, a longo prazo.
◆ Despertaram reação graft vs tumor, sem ocorrência de DEVH noutros tecidos -é este o grande objetivo do transplante.
◆ Isto foi a demonstração de que é possível dissociar o efeito graft vs tumor do efeito graft vs host.

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14
Q

Pathophysiology of Tolerance?

A

◆ O objetivo é que numa fase inicial se desenvolva tolerância para com várias tecidos, que não haja ativação de cels T que vão reagir contra os tecidos normais mas que estas céls mantenham a capacidade de mais tarde reconhecer antigénios que não são normais.
◆ Isto é possível com a diminuição da atividade agressiva dos condicionamentos, com diminuição de infeções na altura do transplante para que não haja a estimulação errada do novo sistema imunitário.

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15
Q

GVL - Reaction?

A

◆ Assim, as céls que se desenvolveriam no interior do hospedeiro teriam capacidade de tolerar p.e. antigénios de superfície epiteliais e numa fase mais tarde quando ocorresse recaída, reaparecimento das cels leucemicas, elas teriam capacidade de reconhecer antigénios como sendo novos, específicos da cel leucémica, e manteriam a capacidade de alorreação e o efeito graft vs leukemia

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16
Q

Chimeric Antigen Receptor T cell?

A

◆ Modalidades de terapêuticas imunes que derivaram do conceito do transplante, para controlo da doença.
◆ Estas cels T são cels do próprio doente, que são modificadas pela engenharia genética, passando a chamar-se quiméricas pela introdução de uma parte de um novo código genético, que fez com que estas cels T passassem a ter vários recetores que não tinham antes e estes são capazes de detetar determinados antigénios e também são capazes de se autoestimular

17
Q

CAR - T Cell?

A

◆ A 1ª geração de CART cell continha apenas o recetor do antigénio que queriamos alterar, à superfície da cel T.
◆ Ou seja, a cel T era capaz de se ligar a cels que apresentassem esse antigénio.
◆ Logo que se percebeu que apenas a ligação não era suficiente para ativar a cel T.
◆ As 2ª-4ª geração tiveram modificações neste recetor que inclui também moleculas co-estimuladoras à ligação e à ativação da cel T e até posteriormente ao recrutamento de outras cels para reconhecerem aquele atg como doente, através da produção de citoquinas.
◆ No retrovirus com que se infetam estas cels, é possível incorporar p.e. um gene suicida - gene com capacidade de silenciar estas cels caso ocorra algo de errado.
– ex: podemos introduzir uma sequência que torne as cels muito sensíveis à rifampicina e se alguma coisa estiver a correr mal com a terapia, podemos dar Rifampicina ao doente e estas celulas vão se eliminar automaticamente

18
Q

CAR - T Cell - Processo?

A

◆ A. Identificar candidatos de antigénios de superfície nas cels tumorais como sendo potencialmente reconhecíveis e específicos, pelas cels T.
◆ B. Fazer um screening para que esses recetores não sejam expressos em cels normais
◆ C. Preparar o desenho da CART cell
◆ D. Testar o modelo clínico em animais
◆ E. Otimizar a sua segurança e a sua eficácia no reconhecimento e na ligação, ver quais são os efeitos inflamatórios que isto produz.
◆ F. Translate to clinical setting to test safety and efficacy
◆ G. podemos combinar este tipo de terapêutica com outro tipo de terapêuticas imunes como p.e. bloqueio de checkpoint de reação imune, e potenciar a reação do sistema imunitário contra o tumor.

19
Q

CAR – T cell - Origem?

A

◆ Ideia que surgiu para dar resposta à ausência de atgs específicos.
◆ Uma cel doente tem atgs na sua superfície mas muitas vezes estes são comuns às cels normais (embora em menor escala nestas).
◆ Pensou-se em usar a combinação de um antigénio em comum com um antigénio não expresso em cels doentes, de maneira a diferenciar cels doentes vs cels normais.
◆ Usar dois recetores quiméricos na mesma CART cell - um ativador e um inibidor (iCAR).
◆ Quando há ligação só do Ativador que é o antigénio específico das cels doentes, e não há ligação do Inibidor (que só está nas cels normais), a célula fica ativa, recruta outras e reage. Se a célula se ligar ao Ativador e ao Inibidor, então não há ativação, prevenindo que haja alorreação nas cels normais.
◆ Assim tornou-se esta terapia celular mais segura.

20
Q

CAR – T cell - Fases de utilização?

A

◆ 1. O primeiro passo é fazer uma Leucaferese - retirar cels mononuclares, nas quais se incluem todos os linfócitos.
◆ 2. Selecionar os linfócitos T. Cultivar linfócitos T com retrovirus/lentivirus que vai infetar essas celulas, e que contém o novo código genético. Este vai ser incorporado nas cels e estas passam a expressar o recetor quimérico na sua superfície.
◆ 3. Expansão das cels modificadas, para atingirmos um dado volume para adequado combate à doença
◆ 4.Podemos combinar esta infusão com QT ou outras terapêuticas como inibidores de checkpoint, mas este passo não é essencial.
◆ 5. Infusão das cels T, feita de forma semelhante ao transplante/transfusão. Re-infusão sangue autólogo mas desta vez modificado do ponto de vista genético, que fez com que estas celulas exprimissem um recetor diferente e com capacidade de estimular e recrutar outras cels.

21
Q

CAR – T cell - Resposta?

A

◆ A infusão deste tipo de cels nestes doentes produziu uma resposta muito elevada.
◆ Doentes que já tinham feito várias linhas terapêuticas, esta foi a última linha. Sobrevivência muito boa - >70-80% a 1 ano, o que neste contexto de última linha de tratamento de LA é muito boa.
◆ Não foi isento de efeitos secundários, teve alguns bastante relevantes como síndrome inflamatório agudo, com ARDS, complicações agudas do sistema imunitária.
◆ É este aspeto e também o custo que se continua a tentar melhorar.

22
Q

NK cell – GVL?

A

◆ O efeito graft vs leukemia não está restrito às cels T.
◆ É possível através de cels NK a reação contra leucemia/tumor.
◆ As cels NK têm bastantes inibidores específicos, para não reagirem contra o self mas são extremamente potentes quando têm de reagir.
◆ É possível no transplante haploidêntico haver mismatch de cels NK, sobretudo nos epitopos KIR (killer imunoglobulin like receptor) das cels NK.
◆ Se não houver expressão destes recetores, há uma probabilidade muito maior de morte da celula leucémica e com isso potencial o efeito graft vs leukemia.

23
Q

Dissociar o efeito GvL do efeito GvHD?

A

◆ 3 mecanismos efeito GvL:
– Dendritic Cells (1) / T CD8+ Cells (2) / NK Cells (3)
◆ Novas abordagens de Terapia Imune
– Condicionamento intensidade reduzida (4) + DLI (5)
– Vacinação tumoral (6)
– CAR T cells

◆ 1. identificação de antigénios específicos e apresentação
◆ 2. cels citotóxicas, através de alotransplante/ haploidentico ou infusão destas cels
◆ 3. mismatch das cels NK
◆ 4. para permitir que mais doentes possam ser transplantados
◆ 5. infusão de linfócitos de dador numa fase em que existe muito mais tolerabilidade do sistema imunológico
◆ 6. identificação de cels dendríticas e potenciação da identificação de antigénios tumorais específicos