OT3 - Cancro Colorretal (1) Flashcards

1
Q

Cancro Colorretal?

A

► O cancro colorretal é uma neoplasia heterogénea com elevada prevalência no mundo ocidental
► Mais comum nas regiões urbanizadas/ industrializadas
► Mais frequente no homem que na mulher
► 80% localizam-se no cólon e 20% no reto
► Geralmente doença esporádica > cerca de 20% associados a história familiar e metade destes são hereditários

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2
Q

Cancro Colorretal - Processo de Carcinogénese?

A

O processo de carcinogénese do CCR envolve alterações genéticas e epigenéticas em certos genes supressores tumorais e oncogenes
► Esporádico (85%): mutações somaticas aleatoriamente adquiridas
► Hereditário (5-10%)
– Polipose adenomatosa familiar – mutação germinativa no gene supressor APC (1%)
– Síndrome Lynch, HNPCC (Cancro Colorretal Hereditário sem polipose) – mutações germinativas nos genes de reparação de DNA (MLH1, MSH2 e MSH6) (3-5%)
– Síndrome Turcot, Peutz-Jeghers, polipose associada ao MYH (raros)

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3
Q

Cancro Colorretal - Epidemiologia e Prognóstico?

A

► 2º mais comum no homem e 2º mais comum na mulher
► 2ª causa de morte por cancro em Portugal
► Sobrevivência aos 5 anos global é de 65%
– no estádio III é de 59%
– ~ 20 % são diagnosticados no estádio IV
– ~ 30% com diagnóstico de cancro numa fase precoce vão desenvolver metástases

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4
Q

Carcinogénese do CCR?

A

Existem 2 principais modelos:
► Um modelo que explica os tumores sem MSI - via do Adenoma-Carcinoma que envolve mutações do gene APC e da Beta Catenina. gene KRAS, SMAD4, SMAD2, p53
► Um modelo que explica os tumores com instabilidade de microssatélites. Via Serreada. Mutações MLH1 e BRAF

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5
Q

CCR - Fatores de Risco?

A

► Dieta (carnes vermelhas, gorduras saturadas)
► Obesidade
► Vida sedentária
► Hábitos tabágicos e alcoólicos
► Doença inflamatória intestinal
► História pessoal de pólipos, CCR e de outros tumores
► História familiar (síndromes hereditários)

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6
Q

CCR - Sintomas e Sinais?

A

Cada vez mais estes tumores são diagnosticados numa fase precoce, muitos por rastreio.
► Sintomas vagos (estádio inicial)
► Alteração dos hábitos intestinais
► Desconforto abdominal
► Perda de peso inexplicável
► Melenas /hematoquézias /retorragias
► Fadiga (anemia por défice de ferro)
► Urgência: oclusão ou perfuração intestinal

► Os sintomas dependem do tamanho e da localização
► No cancro do cólon esquerdo os sintomas são semelhantes aos do cancro do reto

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7
Q

CCR - Rastreio?

A

► Pesquisa de sangue oculto nas fezes entre os 50 anos e os 74 anos > anual
► Retosigmoidoscopia reduz a incidência de cancro colorretal e a mortalidade
► Colonoscopia total nos indivíduos com pesquisa sangue oculto nas fezes positiva > poderá não ser muito eficaz nos tumores do lado direito do cólon
– mas é o exame que está preconizado fazer

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8
Q

CCR - Rastreio - Risco Médio e Elevado?

A

Risco médio
► Idade > ou igual 50 anos
► Sem antecedentes de adenoma
► Sem antecedentes de doença inflamatória do intestino
► Sem história familiar de cancro colorretal

Risco elevado
► História pessoal de adenoma/pólipo serreado
► Antecedentes de cancro colorretal
► Doença inflamatória intestinal
► História de cancro do endométrio/ovário (idade < 60 anos)
► História familiar de cancro colorretal ou pólipos

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9
Q

CCR - Diagnóstico?

A

► Colonoscopia total
– local exato da lesão
– biópsia
– existência de outros pólipos ou tumores
– tatuagem de lesões
– se não for possível fazer antes da cirurgia deverá ser feita em 6 meses
– no caso de tumores obstrutivos pode-se recorrer à colonoscopia virtual
. (muitas vezes aparecem no SU e são operados de urgência)
► Biópsia com histologia (exame anatomopatológico)
► Para diagnóstico precisamos de ter sempre uma histologia.

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10
Q

CCR - Diagnóstico e Estadiamento Clínico?

A

► História clínica. Exame físico.
► Antecedentes pessoais e familiares

ESTADIAMENTO
► Investigação laboratorial
– hemograma, função hepática, renal
– marcadores tumorais (CEA; CA 19.9)
. são importantes
► TC toraco-abdomino-pélvico - avaliar metastização à distância
► RMN pélvica/ Ecoendoscopia retal (avaliação do T / N do Ca reto)
► Ecografia intraoperatória (excluir metástases hepáticas)
► PET-TC (não é um exame de rotina)
– não para estadiamento mas considera-se p.e. se formos propor o doente para metastasectomia - resseção de metástases - para excluirmos que não há doença em mais lado nenhum

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11
Q

CCR - Marcadores Tumorais - CEA?

A

► baixa sensibilidade e baixa especificidade
► baixo valor preditivo em doentes assintomáticos
► fator prognóstico

– Se na altura do diagnóstico o CEA e CA 19.9 estiverem elevados: associado a pior prognóstico
– Se se mantiver elevado 1 mês após cirurgia: persistência da doença
– Útil durante o tratamento de doença metastátia para avaliar a evolução da doença e resposta ao tratamento

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12
Q

CCR - Exame Anatomopatológico?

A

► 95% dos tipos histológicos são adenocarcinomas
► Subtipos de adenocarcinoma: mucinoso ou em anel de sinete
► Imunohistoquímica: CK7/CK20; CDX2
► Em casos raros, ocorrem carcinomas escamosos, adenoescamosos, indiferenciados, tumores neuroendócrinos, linfomas gastrointestinais, sarcomas e GIST
► A estratégia terapêutica TNE, linfomas GI, sarcomas e GIST é distinta

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13
Q

CCR - Estadiamento Patológico?

A

► Local e tamanho do tumor
► Histologia
► Grau de diferenciação
► Grau de penetração na parede cólica - T
► Existência de perfuração do tumor
► Número de gânglios metastizados/isolados - N
► Depósitos tumorais
► Invasão linfátia, vascular e perineural
► Distância às margens cirúrgicas
► Envolvimento de outros órgãos, se for feita biópsia - M

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14
Q

CCR - Fatores de Prognóstico?

A

► Penetração do tumor na parede – T
► Número de gânglios metastizados – N
► Invasão venosa, linfática e peri-neural
► Oclusão intestinal e/ou perfuração
► CEA pré-operatório
► MMR (DNA mismatch repair) e MSI (Microsatellite insability)
► Mutação dos genes RAS (KRAS e NRAS; 50%) e BRAF (5-10%)

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15
Q

Tratamento da Doença Localizada?

A

► Adenocarcinoma do Cólon : Cirurgia
► Adenocarcinoma do Reto : Estadiamento clínico
– ESTÁDIOS : cT3 cT4 N0 ou N+ M0
– QT-RT Neoadjuvante (QT + RT concomitante: 5- FU em perfusão continua /capecitabina + RT )
– Cirurgia 8 a 10 semanas
► RMN pélvica e Ecoendoscopia para além da TC são essenciais para o estadiamento do adenocarcinoma do reto

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16
Q

Tratamento Cancro Cólon Estadio I-III?

A

► Depois da cirurgia há doentes que têm indicação para fazer um tratamento complementar com QT.
► Essa indicação é ditada pelo estadiamento patológico.
► Estadio III (doença ganglionar metastizada) tem indicação para QT.
► No estadio II (N0) temos de ter em conta alguns fatores de risco.
► Estes fatores são indicativos de pior prognóstico e por isso estes doentes devem fazer QT adjuvante, após a cirurgia.

17
Q

Tratamento Sistémico do CCR?

A

► Os avanços na quimioterapia adjuvante e neoadjuvante, assim como na quimioradioterapia têm reduzido a recorrência e aumentado a sobrevivência
► O tratamento dirigido a determinados “alvos”, nas células tumorais ou ao ambiente que as rodeia, envolve a utilização de anticorpos monoclonais - terapêuticas biológicas
► O prognóstico melhorou com a introdução das terapêuticas biológicas anti-EGFR (Cetuximab e Panitumumab) e anti-VEGF (Bevacizumab) levando a um aumento da sobrevivência e melhoria da qualidade de vida em doença metastática

18
Q

Quimioterapia Adjuvante?

A

► Redução do risco de recidiva e metastização à distância
► Consiste em oxaliplatina e 5-FU/LV, administrados por via intravenosa – FOLFOX
► Pode ser substituído pela combinação de capecitabina oral com oxaliplatina intravenosa – XELOX
► Em alternativa, pode ser considerado um regime com 5FU/LV por via intravenosa ou com capecitabina por via oral
► Administrada durante 6 meses

19
Q

Tratamento CCR Metastático?

A

► Metástases metácronas ou síncronas
– Metácronas: surgem após o diagnóstico do tumor primário
– Síncronas: surgem logo ao diagnóstico, logo estes doentes têm pior prognóstico
► Metástases ressecáveis
► Metástases irressecáveis

► Várias estratégias possíveis
– Quimioterapia neoadjuvante
– Quimioterapia paliativa
– Terapêuticas biológicas

► Abordagem Multidisciplinar
– cirurgia
– grupo hepatobiliar (para metastasectomias hepáticas)
– grupo de doença peritoneal (peritonectomia quando temos carcinomatose peritoneal)

20
Q

Tratamento Sistémico do CCR Metastático?

A

Combinações de quimioterapia no cancro colorretal
► FOLFOX é a combinação de 5-FU (5-fluorouracilo), LV (leucovorin) e oxaliplatina
► FOLFIRI é a combinação de 5-FU, LV e irinotecano
► FOLFOXIRI é a combinação de 5-FU, LV, oxaliplatina e irinotecano
► CAPOX/XELOX é a combinação de capecitabina e oxaliplatina

► Esquemas com 5-FU e leucovorin : SG média de 12 meses
► Associação com o oxaliplatino e irinotecano: SG média de 18-22 meses
► Associação com a terapêutica biológica : SG média de 30 meses