HT8 - Síndrome Mielodisplásico e Síndromes de Falência Medular Flashcards

1
Q

Mielo e Displasia?

A

➢ Mielo = na medula do osso.
➢ Displasia = dificuldade na formação ou dismorfias das células que compõem a medula óssea desde os seus precursores até às células mais maduras.

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2
Q

Sdr. Mielodisplásico?

A

➢ Nos estadios precoces da hematopoiese existe a formação de um progenitor mielóide comum
➢ Este progenitor pode dar origem aos mieloblastos, aos eritroblastos (células precursoras dos eritrócitos) e aos megacariócitos (precursores das plaquetas
➢ Pode acontecer a displasia em qualquer um dos estadios, de qualquer uma das linhagens da hematopoiese
➢ Por isso, este termo não representa apenas uma doença mas um conjnnto de entidades que podem afetar qualquer uma destas linhagens ou todas, conforme a célula de origem da doença seja hierarquicamente superior ou inferior neste desenvolvimento

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3
Q

Síndrome Mielodisplásico – Manifestações Clínicas?

A

➢ Invariavelmente ocorre algum tipo de insuficiência medular.
➢ Inibição da hematopoiese normal, manifestada por:
1) Anemia – Astenia
2) Neutropenia - Infecções (aumento do risco de infeções)
3) Trombocitopenia - Hemorragia (decorrentes da gravidade desta)

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4
Q

Different terminology of MDS?

A
  1. anemia refratária aos vários tipos de tratamentos e de suplementos vitamínicos e que não era correlacionável com hemorragia crónica
  2. muitos destes doentes com anemia refratária evoluiam para leucemia aguda

➢ Engloba um conjunto de várias entidades com caraterísticas displásicas/mielodisplásicas, com fenótipos e prognósticos bastante diferentes.
➢ Desde anemia refratária indolente com um curso de vários anos até um curso clínico rápido, com deterioração para leucemia aguda.

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5
Q

MDS Epidemiology?

A

➢ SMD é relativamente raro, com incidência 4-10 casos por 100 mil habitantes.
➢ Bastante raro em crianças e adultos jovens. Incidência aumenta exponencialmente com a idade, sobretudo a partir dos 65 anos
➢ Nos doentes mais idosos, parece haver uma predisposição para afetar mais os homens do que mulheres, não por predisposição genética mas sim relacionado com fatores de risco ambientais.

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6
Q

Diagnóstico de SMD?

A

➢ 1. perceber se se trata de uma displasia com predomínio de insuficiência medular por ausência de células ou se é uma anemia hiperproliferativa mas com deseritropoiese, e as células não são funcionais ou não duram o tempo que deviam durar.
➢ 2. tentar identificar displasia nas células terminais que estão em circulação
➢ 3. exame histológico para avaliar pelo menos o grau de celularidade
➢ 4. exclusão de outras causas de citopenias que podem cursar com mielodisplasias

Citopenia(s) - Suspeita de SMD
➢ História Clínica & Exame Físico
➢ Hemograma c/plaquetas, diferencial, reticulócitos
➢ Observação de esfregaço de sangue periférico
➢ Mielograma – morfologia (Pearls), citogenética +
➢ Biopsia óssea
➢ Vit. B12, Ac. Fólico
➢ Ferritina, ferro e capacidade total de fixação do ferro
➢ História transfusional
➢ TSH, EPO*

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7
Q

Diagnóstico de SMD? (2)

A

➢ Citopenia(s) - Suspeita de SMD
– Inexplicável e com pelo menos 6 meses de evolução
– Esfregaço de sp (Buffy-coat?)

➢ Mielograma e Biopsia óssea – Morfologia, Citogenética, (IFT e FISH)

➢ Citogenética – Em todos os doentes. 50% dos SMD apresentam alterações citogenéticas
➢ Se menos de 20 metáfases analisadas – cariotipo inconclusivo
➢ Considerar FISH para 5q, 7q, região centromérica do cr. 8 e 20q.

➢ Algumas alterações citogenéticas são bastante caraterísticas de SMD.
➢ Em casos duvidosos, a identificação de uma alteração clonal que com a hematopoiese possa ser considerada clonal ajuda a firmar o diagnóstico.

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8
Q

Diagnóstico de SMD? (3)

A

➢ 1 of 3 Major Criteria:
– Morphological dysplasia > 10% Uni/Multi lineage (numa linhagem hematopoiética ou em várias)
– Typical cytogenetic abnormality**
– Constant blast count 5-19% (um aumento >20% seria para considerar Leucemia Aguda)

➢ Co-criteria:
– +/- “Abnormal BM phenotype compatible with MDS according to ELN criteria based on flow cytometry”

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9
Q

Diagnóstico de SMD - Histologia?

A

➢ A identificação da displasia através da morfologia é essencial para o diagnóstico de SMD.
➢ Porém a distinção entre o que é um diferente estadio de maturação do que é anormal/ displásico é díficil
➢ A técnica é muito dependente do observador e do local da MO onde se observa na lâmina ao microscópio.
➢ Por isso importa definir algumas alterações que conferem algum grau de displasia.
➢ Alterações que até podem ser observadas no SP como anomalia de Pseudo-Pelger em que há uma hipogranulação no citoplasma dos neutrófilos, acompanhada de hiposegmentação em que forma uma espécia de haste de óculos/ máscara - o núcleo em vez de ter 3-5 segmentos tem apenas 2 e muito unidos.

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10
Q

Diagnóstico de SMD - Histologia? (2)

A

➢ Uma linhagem em que é mais fácil identificar as alterações de displasia é nos megacariócitos.
➢ “the most striking abnormality concerned the megakaryocytes and especially their nuclei, which were generally small, round or oval, and non-lobulated”
➢ >10% dysplastic megakaryocytes based on evaluation of at least 30 megakaryocytes in BM smears or sections
➢ Há uma correlação entre uma alteração citogenética - deleção do braço longo do c5 - e um aspeto típico dos megacariócitos em que são pequenos, ovalados, com núcleo pouco lobulado (aspeto de ovo estrelado)

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11
Q

SMD – Diagnóstico Diferencial?

A

➢ Na dependência do grau de celularidade da medula.
➢ Perante uma hipocelularidade muito marcada, numa situação de insuficiência medular muitas vezes é difícil de distinguir nas poucas células que restam se se trata de uma mielodisplasia, de uma aplasia medular ou mesmo de uma crise aplástica no contexto de uma Hemoglobinúria Paroxística Noturna
➢ Nestas 2 entidades também há um certo grau de agressão à medula que pode cursar com um ligeira displasia.
➢ Quando se tem poucas células é difícil distinguir se essas alterações ligeiras são relativamente benignas e decorrem do stress a que a medula está sujeita ou se são verdadeiras alterações displásicas e conferem um diagnóstico de SMD

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12
Q

SMD – Diagnóstico Diferencial? (2)

A

➢ Por outro lado, quando há um aumento grande da celularidade, é muitas vezes dificil distinguir SMD de alguns tipos de S. mieloproliferativos, dos quais o principal é leucemia mielomonocítica crónica que apresenta uma grande expressão de displasia da linhagem mielóide/mielomonocitóide
➢ Quando há um excesso de blastos torna-se difícil distinguir se estamos já perante uma fase de leucemia ou se ainda estamos num SMD com excesso de blastos, fronteira díficil a partir dos 15-20% de blastos

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13
Q

Cytogenetic abnormalities are very common in patients with MDS?

A

➢ Importante para diagnóstico, prognóstico e com implicações terapêuticas
➢ del(5q) present in 15% – deleção do braço longo do c5 é a alteração mais freq.// associada a SMD e com caraterísticas clínicas muito próprias
➢ Alterações mais frequentes: braço longo c5, alterações do c7, trissomia do c8, deleção braço longo c20

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14
Q

Sdr. Mielodisplásico – Mutações Frequentes?

A

➢ Importante a caraterização molecular deste tipo de doenças.
➢ Ainda não está totalmente definido o papel prognóstico de cada tipo de alteração mutacional, até porque muitas vezes há associação de várias mutações no mesmo doente, o que torna ainda mais difícil a análise e a pesquisa intensiva das mutações
➢ Nos SMD existem sobretudo dois grandes grupos:
– Splicing factor
– Epigenetic regulators (fatores de regulação da epigenética)
➢ Conferem diferentes prognóstico e diferentes fenótipos de doença.

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15
Q

Sdr. Mielodisplásico – Mutações Frequentes? (2)

A

➢ É através da identificação deste perfil mutacional que muitas vezes conseguimos compreender melhor o desenvolvimento da doença
➢ O SMD é muitas vezes o modelo de uma doença epigenética em que ocorrem primariamente mutações ao nível de genes que regulam a epigenética, o que muitas vezes associado a alterações estromais ou do sistema imune acabam por levar a uma hematopoiese ineficaz ou a um aumento da apoptose
➢ Posteriormente, há a aquisição de mutações adicionais que levam a uma evolução clonal e posteriormente a uma transformação leucémica

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16
Q

Anemia Refractária com Sideroblastos em Anel?

A

➢ Subtipo de SMD
➢ Presença de sideroblastos em anel à volta do núcleo dos eritroblastos, isto deve se à acumulação de ferro intramitocondrial que se organiza em forma de anel à volta do núcleo.

17
Q

Prognóstico?

A

➢ É bastante relevante a identificação do subtipo de SMD porque existe uma grande heterogeneidade em termos de sobrevivência
➢ As alterações consideradas mais agressivas são a presença de excesso de blastos (>5%) que confere maior risco de evolução para Leucemia Aguda e de morte precoce
➢ A identificação de sideroblastos em anel e a presença isolada de deleção do c5 são consideradas formas de SMD de baixo risco

18
Q

Estratificação de risco – Score de Prognóstico?

A

➢ Com caraterísticas presentes ao Diagnóstico
➢ Classifica os doentes em:
– Risco Baixo/Int-1 = 0 - 1
– Risco Int-2/Alto = >1.5
➢ 3 grupos de alterações citogenéticas (cariótipo):
– Bom – Normal, -Y, del (5q); del(20q)
– Desfavorável – alterações do cr. 7 ou ≥ 3 alterações citogenéticas
– Intermédio – todas as outras alterações

19
Q

Prognosis according to IPSS?

A

➢ 4 grandes grupos de prognóstico, distinção da sua sobrevivência
➢ Permite identificar muito precocemente aqueles doentes que beneficiam de uma intervenção terapêutica mais agressiva (QT ou transplante de MO), daqueles que terão uma evolução mais lenta e que até terão baixa probabilidade de morte precoce, face ao que seria de esperar para quem tem algum tipo de falência medular
➢ Patients with higher-risk MDS have very poor prognosis, underlying the need for rapid diagnosis and implementation of treatment plan

20
Q

The impact of poor-risk cytogenetics on prognosis: IPSS vs IPSS-R?

A

➢ Verificou-se que o impacto de alterações citogenéticas de mau prognóstico era subvalorizado no IPSS, comparativamente por exemplo com a contagem de blastos.~
➢ Foi publicada uma revisão do IPSS, atribuindo um peso maior às alterações citogenéticas.
➢ Alguns doentes que eram considerados de baixo risco porque não tinham excesso de blastos, passaram a ser de alto risco porque tinham alterações citogenéticas de mau prognóstico como monossomia do c7 ou deleção do c7, independentemente da contagem de blastos.

21
Q

MDS with del(5q) - deleção do braço longo do c5?

A

➢ Del(5q) is the most common cytogenetic abnormality in MDS
➢ Although associated with good prognosis, del(5q) MDS is a heterogeneous disease and some patients may have worse prognosis
➢ Consider other individual patient characteristics when deciding management strategies for patients with del(5q) MDS – Lenalidomide vs. HSCT

22
Q

Lesions involving the centromeric or telomeric extremes of 5q can be associated with more agressive forms of MDS?

A

➢ O comprimento da deleção do braço longo do c5 parece ter impacto na agressividade da doença
➢ Cada traço vertical representa um comprimento de deleção de um único doente
➢ Aqueles que tinham uma deleção entre a banda 14 e a banda 34 do braço longo c5 têm um curso clínico compatível com SMD de baixo risco
➢ Deleções que envolvem a zona centromérica ou telomérica do c5 estão mais frequentemente associadas a outras alterações citogenéticas, a leucemia aguda primária ou secundária, portanto a um fenótipo mais agressivo da doença

23
Q

Tratamento de MDS?

A

➢ O tratamento tem de ter em conta a heterogeneidade e a agressividade da doença
➢ Devemos orientar-nos por normas como este fluxograma.
➢ Responder a várias perguntas antes de decidir que tipo de tratamento vamos oferecer ao doente

24
Q

Tratamento – Baixo Risco?

A

➢ Realizar rapidamente o índice prognóstico do doente
➢ Tx sobretudo de suporte, transfusões, fatores de crescimento hematopoiéticos, ou terapêuticas imunes.
➢ Em alguns casos, se quisermos uma abordagem mais curativa e se for um doente jovem podemos ponderar um transplante de MO mas sempre tendo em conta os riscos que isso acarreta

25
Q

Tratamento – SMD Baixo Risco?

A

➢ q > 65 anos
➢ Bom PS
➢ Dependente de transfusões
➢ EPO < 500
➢ Cariotipo Normal e <5% de blastos
➢ Sem Neutropenia ou Trombocitopenia
➢ Não candidato a IST

➢ Terapêutica?
– Fatores de Crescimento, Eritropoietina
– Caso o doente responda e se torne independente de transfusões, o tx teve sucesso e poderá fazer uma vida normal

26
Q

Tratamento –Alto Risco?

A

➢ Probabilidade aumentada de complicações no próximo ano / dois anos
➢ High-intensity therapy candidate?
➢ YES - < 65y and Donor available?
– YES - RIC e HSCT - transplante alogénico como 1ª linha
– NO - Azacitidine or AML-like chemotherapy (QT com agentes hipometilantes, se tiver um PS mínimo)
➢ NO - Azacitidine or Low-dose Ara-C or BS Care (tx paliativo - best suportive care)

27
Q

Tratamento –Alto Risco?

A

➢ Neutropenia grave - Alto Risco de Infeção
➢ Redução da carga blástica com QT ou com Azacitidina, seguido de transplante mieloablativo
➢ Dado o risco infecioso a que o doente estaria sujeito durante a QT, seria de considerar passar logo para transplante, dependendo da disponibilidade do dador, embora o risco de recidiva a longo prazo pudesse ser maior pelo mau controlo de doença no timing do transplante
➢ A decisão depende do muito do doente