NCS SP 2.3 - TUTORIA Flashcards
Quais os objetivos do pré-natal e qual sua importância?
O objetivo da assistência pré-natal é assegurar o nascimento de uma criança saudável, reduzindo-se tanto quanto possível os riscos para a mãe. Toda a assistência deve se embasar na prevenção, na identificação precoce ou no tratamento específico de todas as gestantes, inclusive daquelas classificadas como de alto risco, ou seja, aquelas cuja gravidez, por problemas prévios de saúde ou pelo desenvolvimento de intercorrências durante a gestação, apresentam alta probabilidade de ter evolução complicada. Alguns pontos são cruciais para que o pré-natal possa atingir seus objetivos:
-> Estimativa precoce e acurada da idade gestacional;
-> Identificação de pacientes de risco para complicações;
-> Avaliação constante do estado de saúde da mãe e do feto;
-> Diagnóstico e terapêutica precoces, se possível, para prevenção e redução da morbidade e da mortalidade;
-> Educação, comunicação e acolhimento com os pais, bem como as considerações psicossociais;
A importância do pré-natal está intrinsecamente ligada ao número expressivo de óbitos neonatais e maternos no Brasil e deve ser realizado preferencialmente até a 12ª semana de gestação (captação precoce).
(Zugaib, 5⁰ ed) (Ministério da Saúde)
Como iniciar a consulta do pré-natal?
Identificação da paciente, DUM, IG e DPP.
O que é questionado na identificação da paciente?
Nome completo, idade, sexo, cor, cartão do sus, estado civil, religião, escolaridade, profissão, naturalidade, residência, acesso a água potável, esgoto, coleta de lixo, se mora longe da unidade, mora com quantas pessoas (já pergunta sobre o genitor, idade, com o que ele trabalha) se ele pode vir nas próximas consultas e oferecimento de atestado).
Após a identificação da paciente, quais os próximos passos?
Queixa principal (com as palavras dela, em aspas e há quanto tempo está sentindo) e HMA. Identificar náuseas, vômitos, tontura, síncope, dor abdominal, queimação epigástrica, constipação, cefaleia, sangramento ou corrimento vaginal, disúria, polaciúria, sensibilidade das mamas, dor suprapúbica e lombar, edemas. A partir da 5ª e 6ª semana iniciam-se as náuseas e são normais ao longo do 1⁰ trimestre, porém atentar-se a vômitos excessivos, lipotímia e síncope. E como está agora
Após queixa principal e HMA, o que perguntar?
Antecedentes ginecológicos e atividade sexual:
(Falar da importância das perguntas e que se ela não quiser responder está tudo bem)
- Ciclos menstruais (duração, intervalo e regularidade; idade da menarca);
- Uso de métodos anticoncepcionais prévios (quais, por quanto tempo e motivo do abandono);
- Infertilidade e esterilidade (tratamento);
- Cirurgias ginecológicas (idade e motivo);
- Malformações uterinas;
- Mamas (patologias e tratamento realizado);
- Última colpocitologia oncótica (papanicolau ou “preventivo”, data e resultado);
- Infecções sexualmente transmissíveis (HIV, sífilis), inclusive doença inflamatória pélvica (tratamentos realizados, inclusive pelo parceiro).
- Início da atividade sexual (idade da primeira relação);
- Dispareunia (dor ou desconforto durante o ato sexual);
- Uso de preservativo.
O que pergunta nos antecedentes obstétricos?
- GPA;
- Tipo de parto (vaginal ou cesáreo), onde ocorreu o parto (domiciliar, hospitalar, na maternidade);
- Complicação durante a gravidez ou parto (na gestante e no bebê);
- Prematuridade;
- Baixo peso;
- Amamentação e motivo do desmame;
- Isoimunização Rh.
O que perguntar nos antecedentes familiares da mãe e do genitor?
- Hipertensão arterial;
- Diabetes mellitus;
- Malformações congênitas e anomalias genéticas;
- Gemelaridade;
- Anemia;
- Câncer de mama e/ou do colo uterino;
- Hanseníase; - Tuberculose e outros contatos domiciliares (deve-se anotar a doença e o grau de parentesco);
- Doença de Chagas.
O que pergunta nos antecedentes pessoas gerais?
- Hipertensão arterial crônica; - Diabetes mellitus; - Cardiopatias, inclusive doença de Chagas; - Doenças renais crônicas; - Anemias e deficiências de nutrientes específicos; - Epilepsia; - Doenças da tireoide e outras endocrinopatias; - Viroses (rubéola, hepatites); - Hanseníase, tuberculose, malária, sífilis ou outras doenças infecciosas; - Portadora de infecção pelo HIV (deve-se anotar se a paciente está em uso de antirretrovirais e especificar o esquema utilizado); - Infecção do trato urinário, Doencas neoplásicas;
- Alergia (alimentos ou medicamentos, asma rinite);
- Uso de medicamentos;
- Cirurgia, transfusão de sangue, internamento;
- Tipo sanguíneo, assim como o do pai.
- Vacinação
O que questionar em hábitos de vida da gestante?
- O que você come durante o dia?
- Qual a quantidade de água que você bebe?
- Faz exercício físico?
- Faz uso de bebida alcoólica, cigarro, maconha, cocaína ou outras drogas?
- Sono?
- Passa por estresse no dia a dia?
- O que gosta de fazer como lazer?
Quais exames são solicitados na 1ª consulta ou 1⁰ trimestre do pré-natal de baixo risco?
Hemograma
Tipagem sanguínea e fator Rh
Coombs indireto (se for Rh negativo)
Glicemia em jejum
Teste rápido de triagem para sífilis e/ou VDRL/RPR
Teste rápido diagnóstico anti-HIV
Anti-HIV
Toxoplasmose IgM e IgG
Sorologia para hepatite B (HbsAg)
Urocultura + urina tipo I (sumário de urina – SU, EQU)
Ultrassonografia obstétrica (não é obrigatório, avaliar a idade gestacional)
Citopatológico de colo de útero (se for necessário)
Exame da secreção vaginal (se houver indicação clínica)
Parasitológico de fezes (se houver indicação clínica)
Quais exames são solicitados no 2⁰ trimestre do pré-natal de baixo risco?
- Teste de tolerância para glicose com 75g, se glicemia menor que 92mg/dL. Realize este exame preferencialmente entre a 24ª e a 28ª semana);
- Coombs indireto (se for Rh negativo).
Quais exames são solicitados no 3⁰ trimestre do pré-natal de baixo risco?
Hemograma
Glicemia em jejum
Coombs indireto (se for Rh negativo)
VDRL
Anti-HIV
Sorologia para hepatite B (HbsAg)
Repita o exame de toxoplasmose se o IgG não for reagente
Urocultura + urina tipo I (sumário de urina - SU)
Bacterioscopia de secreção vaginal (a partir de 37 semanas de gestação)
Qual o esquema vacinal de rotina para gestantes?
- dT (difteria e tétano): 3 doses, intervalo de 30 a 60 dias. Gestante em qualquer período gestacional. Deve se iniciar a vacinação tão logo seja possível caso não tenha se vacinado ou precise completar o esquema;
- Influenza (fragmentada): Dose única durante a Campanha Anual contra Influenza; Gestante em qualquer período gestacional.
- Hepatite B: Três doses com intervalo de 30 dias entre a primeira e a segunda e de 180 dias entre a primeira e a terceira em gestantes após o primeiro trimestre da gestação. Na impossibilidade de se realizar a sorologia anti-HBs, deve-se avaliar o estado vacinal da gestante e vaciná-la, se for o caso.
V ou F
Já no início da gestação, a presença de células trofoblásticas no ambiente intrauterino altera a homeostase local e, em seguida, por meio da produção celular de hormônios e outras substâncias, o funcionamento de quase todos os sistemas maternos se adapta à nova condição. A produção de estrógenos e de progestógenos em altos níveis leva, respectivamente, a fenômenos angiogênicos e vasodilatadores.
Verdadeiro. (Zugaib, 5ed)
Em relação às adaptações do sistema circulatório à gravidez, cite exemplos de alterações de volume e constituição do sangue.
O volume sanguíneo materno aumenta consideravelmente durante a gravidez. O papel da hipervolemia no organismo materno está associado ao aumento das necessidades de suprimento sanguíneo nos órgãos genitais, especialmente em território uterino, cuja vascularização apresenta-se maior na gestação. Além disso, tem função protetora para gestante e feto em relação à redução do retorno venoso, comprometido com as posições supina e ereta, e também para as perdas sanguíneas esperadas no processo de parturição. O aumento da volemia materna decorre do acréscimo de volume plasmático e, em menor proporção, da hiperplasia celular, estabelecendo, portanto, o estado de hemodiluição. Consequentemente, a viscosidade plasmática está menor, o que reduz o trabalho cardíaco. Apesar da hemodiluição, o volume eritrocitário absoluto apresenta aumento considerável. Há ainda, leucocitose, neutrofilia e redução do nível de plaquetas. Esse último associado ao aumento dos fatores de coagulação, levam ao estado de hipercoagulabilidade da gestação. (Zugaib, 5ed)
Após a expansão volêmica, outras adaptações circulatórias devem ocorrer no organismo materno para comportar esse incremento de conteúdo sanguíneo. Quais seriam elas?
Na gravidez, o aumento da frequência cardíaca basal, geralmente em 15 a 20 bpm, e a elevação do volume sistólico determinam aumento do débito cardíaco. O débito cardíaco de gestantes normais chega a ser 50% maior que de mulheres não grávidas. (Zugaib, 5ed)
Como atua o sistema renina-angiotensina-aldosterona na gravidez?
O sistema renina-angiotensina-aldosterona tem maior atividade na gestação de forma a suplantar a ação de mecanismos excretores, como o aumento da filtração glomerular e do peptídeo atrial natriurético. Fora do ciclo gravídico-puerperal, elevações agudas da volemia ativam receptores de volume e barorreceptores presentes nos átrios e em grandes vasos, assim como a baixa osmolaridade plasmática provoca a excitação de quimiorreceptores do hipotálamo anterior. Esses estímulos acarretam secreção de peptídeo atrial natriurético, que atua em receptores presentes nos rins, adrenais e vasos, promovendo excreção de sódio e água, além de vasodilatação. Durante a gravidez, apesar do aumento progressivo dos níveis séricos de peptídeo atrial natriurético, o aumento lento da volemia torna os receptores menos sensíveis ao seu estímulo, permitindo o acúmulo de sódio e água pelo organismo materno. Assim, a atividade do sistema renina-angiotensina-aldosterona suplanta os mecanismos de manutenção da volemia. (Zugaib, 5ed)
A nível bioquímico, como o sistema circulatório se altera na gravidez?
Em associação aos altos níveis de progesterona presentes no período gestacional, a prostaciclina não só gera, como também mantém a vasodilatação generalizada (sistêmica) que se observa na gestante. A refratariedade (resistência) vascular aos estímulos vasoconstritores de angiotensina II e de catecolaminas ocorre pela ação dessas substâncias. Além desses fatores, a produção endotelial de óxido nítrico apresenta aumento no período gestacional e colabora localmente para a vasodilatação periférica. Em adição a essa vasodilatação, o surgimento da circulação uteroplacentária, de baixa resistência, contribui para diminuir a resistência vascular periférica. A redução da resistência vascular periférica é tão acentuada que é capaz de reduzir a pressão arterial sistêmica, apesar do aumento do débito cardíaco.
(Zugaib, 5ed)
Durante as contrações uterinas do trabalho de parto, o que desencadeia a elevação da pressão arterial?
O aumento do débito cardíaco e a ação das catecolaminas liberadas pelo estímulo da dor. (Zugaib, 5ed)
O que ocorre com a pressão venosa dos membros inferiores durante a gravidez e quais as consequências disso para a gestante?
O aumento da pressão venosa nos membros inferiores é justificado pela compressão das veias pélvicas pelo útero volumoso. Por essa razão, há maior chance de a gestante apresentar hipotensão, edema, varizes e doença hemorroidária. (Zugaib, 5ed)
O que ocorre com o coração e sua função na gestação?
Com o decorrer da gravidez, o diafragma se eleva pelo aumento do volume abdominal. Esse deslocamento altera a posição cardíaca, que está intimamente relacionada à localização do diafragma. Assim, o coração se apresenta desviado para cima e para a esquerda, ligeiramente rodado para a face anterior do tórax. Além desse deslocamento, o volume do órgão está maior como um todo, em função do aumento do volume sistólico e da hipertrofia dos miócitos.Pequenas alterações do ritmo cardíaco são frequentes, em especial as extrassístoles ventriculares e taquicardias paroxísticas supraventriculares. O sopro cardíaco sistólico é comum em decorrência da redução da viscosidade sanguínea, do aumento do débito cardíaco e hipervascularização local das mamas. (Zugaib, 5ed)
Como ocorre o metabolismo do ferro na gestação?
As necessidades de ferro durante o ciclo gravídico-puerperal aumentam consideravelmente. O consumo e a perda de ferro que ocorrem nessa fase não permitem que a gestante mantenha os níveis de hemoglobina e os estoques desse elemento dentro do intervalo de normalidade. Uma série de eventos contribui para esse estado de deficiência de ferro: consumo pela unidade fetoplacentária, utilização para produção de hemoglobina e de mioglobina para aumento da massa eritrocitária e da musculatura uterina, e depleção por perdas sanguíneas e pelo aleitamento. Por esse motivo, a não ser que haja suplementação adequada, a maioria das gestantes apresentará anemia ferropriva. (Zugaib, 5ed)
As adaptações endócrinas e metabólicas do organismo materno visam garantir o aporte nutricional para o desenvolvimento saudável do feto, de termo e com peso adequado. Para que isso ocorra, uma variedade de transformações funcionais das glândulas maternas coexistirá com um novo órgão que apresenta importante função endócrina:
A placenta. A produção placentária de substâncias similares aos hormônios maternos gera um novo equilíbrio dos eixos hipotálamo-hipófise-adrenal, hipotálamo-hipófise-ovário e hipotálamo-hipófise-tireoide. (Zugaib, 5ed)
Quais hormônios idênticos aos hipotalâmicos são produzidos pela placenta?
Ocorre produção placentária de variantes idênticas aos hormônios hipotalâmicos, como hormônio liberador da gonadotrofina (GnRH), hormônio liberador da corticotrofina (CRH), hormônio hipotalâmico estimulador da tireotrofina (TRH), somatostatina e hormônio liberador do hormônio do crescimento (GHRH).