NCS SP 1.5 - TUTORIA Flashcards
Caracterize o câncer de pulmão
Neoplasias malignas, que representam a quase totalidade dos tumores pulmonares, originam-se do epitélio das vias respiratórias, motivo da denominação carcinoma broncopulmonar. No Brasil, os principais tipos de carcinomas brônquicos são:
1. Adenocarcinomas;
2. Carcinoma epidermoide (escamoso);
3. Carcinoma de pequenas células;
4. Carcinoma de grandes células.
Assim como ocorre em outros órgãos, os carcinomas pulmonares originam-se em células que sofrem modificações moleculares e morfológicas sucessivas. Assim alteradas, tais células passam pelas chamadas lesões pré-neoplásicas, que incluem displasias de células escamosas, carcinoma in situ, hiperplasia adenomatosa atípica e hiperplasia difusa de células neuroendócrinas, antes de formarem cânceres invasivos. (Bogliolo, 10ed)
Qual a epidemiologia do câncer de pulmão no Brasil?
No Brasil, a prevalência e a mortalidade do câncer pulmonar são altas. Segundo o INCA, em 2020, o câncer de pulmão ocupava o 2⁰ lugar em incidência em homens e 4⁰ em mulheres. Em 2017, foi o 1⁰ lugar em mortalidade por neoplasias malignas;
Desde a década de 1990, no mundo todo e também no Brasil houve redução na incidência do carcinoma de células escamosas e aumento na dos adenocarcinomas. No Brasil, estudo recente mostrou que adenocarcinoma, o mais prevalente, representa 43% dos cânceres pulmonares, enquanto o carcinoma de células escamosas responde por 36,5% das neoplasias malignas dos pulmões; em terceiro lugar, está o carcinoma de pequenas células (15% dos carcinomas broncopulmonares);
Contudo e embora bem caracterizadas morfologicamente, tais lesões são de difícil diagnóstico na população, por motivos diversos. Apesar, portanto, de serem conhecidas lesões morfológicas desde o início da neoplasia, rastreamento do câncer pulmonar não é feito rotineiramente.
(Bogliolo, 10ed.)
Qual a etiopatogênese do câncer de pulmão?
O câncer pulmonar origina-se da interação de agentes carcinogênicos ambientais com alterações genômicas nas células pulmonares. De longe, o fumo, sobretudo em associação com outras substâncias, é responsável por 90% dos casos de câncer do pulmão em homens e 70% em mulheres. (Bogliolo, 10ed)
Qual a relação do tabagismo com o câncer de pulmão?
Cerca de 20% dos fumantes desenvolvem câncer pulmonar. O risco de um indivíduo fumante desenvolver câncer pulmonar depende de vários fatores, como carga tabágica, tipo de cigarro e forma de inalar. Tabagismo associa-se particularmente ao carcinoma de células escamosas e ao carcinoma de pequenas células. Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos e nitrosaminas são os carcinógenos mais potentes contidos na fumaça do cigarro. Os primeiros associam-se mais ao carcinoma de células escamosas, provavelmente porque o tamanho da partícula facilita sua deposição em brônquios proximais, enquanto nitrosaminas depositam-se preferencialmente em bronquíolos terminais, favorecendo o aparecimento de adenocarcinomas. Outras substâncias carcinogênicas presentes são o arsênico e o radônio.
Indivíduos fumantes apresentam muitas vezes alterações celulares que antecedem o surgimento do tumor invasivo, como metaplasia escamosa, displasias e carcinoma in situ.
Mulheres parecem ser mais suscetíveis do que homens aos efeitos carcinogênicos do tabaco.
(Bogliolo, 10ed)
Quais outros gases e fumaças ambientais são carcinogênicos?
A poluição atmosférica (indoor e outdoor), que contém inúmeras substâncias carcinogênicas, como arsênico, ácido sulfúrico e, sobretudo, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos derivados da queima de fósseis, particularmente combustíveis utilizados na indústria e em veículos automotores (benzeno). Exposição ocupacional em certos locais de trabalho também tem papel considerável, cujos exemplos mais notórios são trabalhadores em minas de urânio ou expostos ao asbesto; este potencializa muito o papel cancerígeno da fumaça do tabaco. Inalação de gás radônio proveniente do solo que penetra no ambiente domiciliar, por ser um gás nobre derivado do urânio 238, também é apontada como fator carcinogênico. (Bogliolo, 10ed)
Quais as anormalidades genéticas presentes no câncer broncopulmonar?
O câncer broncopulmonar associa-se a diversas anormalidades em protooncogenes e em genes supressores de tumor. As principais alterações moleculares são mutações nos genes EGFR e KRAS e rearranjo no gene ALK. Em fumantes, carcinógenos contidos na fumaça do tabaco, como o benzopireno, causam transversões capazes de transformar o protooncogene RAS em oncogene. No carcinoma de pequenas células, existe amplificação do gene MYC. O gene supressor de tumor mais envolvido em cânceres humanos é o TP53, cuja expressão anormal, por mutação ou deleção, favorece a proliferação celular descontrolada.
Indivíduos com história familial têm risco 2,5 vezes maior do que a população geral. Nesse sentido, genes cujos produtos são responsáveis pelo metabolismo de xenobióticos têm grande importância, pois ativação de carcinógenos ambientais é etapa indispensável no aparecimento de tumores. É o caso da família do citocromo P-450, que ativa hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (p. ex., benzopireno). (Bogliolo, 10ed)
Caracterize o carcinoma de pequenas células
Estas neoplasias contêm uma população homogênea de células similares a “grãos de areia” que dão uma aparência característica. Elas são altamente malignas, e já costuma haver metástases no diagnóstico. Esses tumores costumam se apresentar como grandes massas centrais, em raras vezes são periféricos e em geral não cavitam. (Fisiopatologia Pulmonar de West, 10ed).
V ou F
Os carcinomas de pequenas células são atualmente a forma mais comum de câncer de pulmão.
Falso. Na verdade, os mais comuns são os não de pequenas células (Fisiopatologia Pulmonar de West, 10ed).
Caracterize o adenocarcinoma de pulmão
O adenocarcinoma é a neoplasia pulmonar mais prevalente, acomete preferencialmente mulheres e é o tipo menos associado ao tabagismo. Na maioria dos casos, o tumor é periférico; com frequência, envolve a pleura visceral e, em muitos casos, associa-se a lesões destrutivas e cicatrizes no parênquima pulmonar (fibrose, espaços aéreos não funcionantes etc.) ou a hiperplasia de pneumócitos, que são os locais mais comuns de origem da neoplasia. A maioria dos adenocarcinomas origina-se nas vias respiratórias periféricas, a partir de células claviformes – club-cell (células epiteliais colunares não ciliadas) ou de pneumócitos do tipo II. (Bogliolo, 10ed)
Como se comporta histologicamente o adenocarcinoma de pulmão?
Histologicamente, a neoplasia apresenta diferenciação glandular e produção de muco, podendo ser dividido nos padrões: (a) acinar; (b) papilífero; (c) carcinoma sólido com formação de muco; (d) lepídico; (e) micropapilífero. Quanto ao grau de diferenciação, o adenocarcinoma pode ser bem, moderadamente ou pouco diferenciado. (Bogliolo, 10ed)
Qual a lesão precursora do adenocarcinoma de pulmão?
A lesão precursora do adenocarcinoma é hiperplasia adenomatosa atípica. (Bogliolo, 10ed)
Diferencie o adenocarcinoma pulmonar in situ e o de padrão lepídico
Adenocarcinoma in situ ou adenocarcinoma minimamente invasivo, anteriormente chamado carcinoma
bronquioloalvear, é neoplasia com até 3 cm e com invasão estromal menor que 5 mm. A lesão, que se origina em bronquíolos terminais ou alvéolos, surge em indivíduos desde jovens até idosos e predomina em mulheres e não fumantes. Trata-se de adenocarcinoma bem diferenciado com crescimento ao longo dos septos alveolares e disseminação aérea, sem invasão do estroma, vasos ou pleura (padrão lepídico). Com essas características, o tumor representa 5% das neoplasias pulmonares. Um quarto dos pacientes com o tumor não são fumantes e têm evolução mais lenta do que aqueles com adenocarcinoma em geral. Quando o tumor é invasivo, constitui o adenocarcinoma de padrão lepídico. O prognóstico deste é pior, e o paciente falece por insuficiência respiratória. (Bogliolo, 10ed)
Caracterize o carcinoma de células escamosas
O carcinoma de células escamosas (epidermoide) é o mais associado ao tabagismo, o menos heterogêneo do ponto de vista morfológico e mais comum em homens. O tumor é usualmente central, isto é, origina-se sobretudo nos grandes brônquios. Seu crescimento é mais lento do que os demais; suas metástases ocorrem nos linfonodos regionais; disseminação sanguínea é tardia. (Bogliolo, 10ed)
Como se comporta macroscopicamente o carcinoma de células escamosas?
Macroscopicamente, o tumor apresenta-se como lesão que varia desde pequena tumoração endobrônquica obstrutiva até grandes massas que sofrem cavitação e hemorragia, por causa de necrose frequente. Alguns tumores mostram-se firmes e esbranquiçados por reação desmoplásica. A neoplasia tende a invadir a parede brônquica e o parênquima pulmonar adjacente. O tumor é facilmente visível à endoscopia e pode ser diagnosticado por exames citológicos mais comumente do que as demais neoplasias pulmonares. (Bogliolo, 10ed)
Como se comporta histologicamente o carcinoma de células escamosas?
O tumor pode ser: (1) bem diferenciado, quando mostra características cito e histológicas das células escamosas, que incluem estratificação ordenada, pontes intercelulares evidentes e ceratinização com formação de pérolas córneas; (2) moderadamente diferenciado, se apresenta características intermediárias entre o bem e o pouco diferenciado; (3) pouco diferenciado, em que a produção de ceratina e/ou pontes intercelulares são discerníveis com dificuldade ou as células são indiferenciadas. (Bogliolo, 10ed)