NCS SP 2.3 - MEDLAB Flashcards
Qual o agente etiológico da toxoplasmose?
Toxoplasma gondii, um protozoário parasita intracelular obrigatório (Zugaib, 5ed)
Como ocorre a transmissão da toxoplasmose para a mãe?
A principal forma de contaminação dos seres humanos é pela ingestão oral, que pode ocorrer pelo consumo de alimentos, água, terra e lixo contendo oocistos provenientes de contaminação por fezes de felinos e/ou pelo consumo de carnes de hospedeiros intermediários (porcos, por ex) contenham bradizoítos.
(Zugaib, 5ed)
Como ocorre a transmissão da toxoplasmose para o embrião/feto
Via placenta. O risco de acometimento é inversamente proporcional à idade gestacional.
(Zugaib, 5ed)
Quais as manifestações clínicas da toxoplasmose?
As infecções maternas por toxoplasma gondii geralmente são assintomáticas. Cerca de 10% dos casos são sintomáticos, porém são geralmente inespecíficas e autolimitadas, com quadros de fadiga, mialgia, linfadenopatia occipital e/ou cervical, coriorretinite, miocardite. A infecção pode passar por uma fase latente e ser reativada em hospedeiros imunocomprometidos, podendo levar à encefalite.
(Zugaib, 5ed)
Quais as complicações para o embrião/feto pela transmissão vertical da toxoplasmose?
Abortamento e óbito fetal podem ser decorrentes de infecções durante o primeiro e o segundo trimestres. Embora a toxoplasmose congênita seja assintomática na maioria dos recém-nascidos, os sinais de sua presença no período neonatal incluem: baixo peso ao nascer, hidrocefalia, microcefalia, calcificações intracranianas, coriorretinite, estrabismo, cegueira, hepatoesplenomegalia, anemia, icterícia, trombocitopenia e convulsões. Os casos não adequadamente tratados podem apresentar manifestações tardias da doença a partir da infância, incluindo atraso no desenvolvimento motor, dificuldades no aprendizado e episódios de coriorretinite de repetição.
(Zugaib, 5ed)
Qual o agente etiológico da sífilis?
Treponema pallidum, uma bactéria espiroqueta
(Zugaib, 5ed)
Como ocorre a transmissão da sífilis para a mãe?
Primordialmente por contato sexual
(Zugaib, 5ed)
Como ocorre a transmissão da sífilis para o embrião/feto?
Transmissão vertical via transplacentária
(Zugaib, 5ed)
Quais as manifestações clínicas da sífilis?
- A sífilis primária caracteriza-se pelo desenvolvimento do cancro duro no local de inoculação. O cancro duro é uma úlcera, geralmente única, indolor, de bordos duros e fundo limpo, altamente infectante. Na mulher, a lesão pode surgir em qualquer região do trato genital inferior (vulva, vagina e colo uterino). Por ser indolor, muitas vezes a sífilis passa despercebida e desaparece espontaneamente em um período que varia de 2 a 6 semanas, independentemente do tratamento. A linfadenomegalia generalizada ocorre em 50% das pacientes;
- A sífilis secundária, também conhecida por roséola sifilítica, é uma infecção sistêmica disseminada que surge em um período que varia de 1 a 2 meses depois do aparecimento do cancro duro. As lesões são descritas como um exantema maculopapular róseo, de limites imprecisos, que acomete tronco e raízes de membros, estendendo-se por todo o tegumento, incluindo as regiões palmar e plantar. O rash cutâneo desaparece espontaneamente entre 2 e 6 semanas.Esse quadro pode ser acompanhado de sintomas gerais, como febre, cefaleia, fadiga, faringite, adenopatia, perda de peso e artralgia. As lesões hipertróficas em genitália ou em regiões de dobra e atrito (condilomata lata ou condiloma plano) e a alopecia de couro cabeludo e sobrancelhas são outras formas da manifestação de secundarismo da sífilis;
- Denomina-se sífilis latente o período entre o quadro de sífilis secundária e terciária. Não há manifestações clínicas durante o período de latência. A sífilis latente é classificada quanto à sua duração, sendo didaticamente dividida em latente recente, ou seja, o período dentro do primeiro ano de infecção após a cessação do secundarismo clínico, e latente tardia, ou seja, a sífilis latente em indivíduo com mais de 1 ano de evolução da doença e que perdura por muitos anos, encerrando-se quando do início da sífilis terciária;
- A sífilis terciária é ocorrência rara, com o uso rotineiro de penicilinas. No entanto, pode ocorrer em até um terço dos pacientes não tratados. Clinicamente, pode se manifestar por meio de nódulos cutâneos ou gomas sifilíticas, acometimento articular, cardiovascular e neurológico. O acometimento cardiovascular é principalmente aórtico, também denominado aortite sifilítica, e manifesta-se por aneurisma da aorta, insuficiência aórtica e estenose do óstio coronariano. No sistema esquelético, descrevem-se artrite, periostite e osteocondrite. A neurossífilis é quadro insidioso e grave em que há invasão do espiroqueta no liquor. As sequelas da neurossífilis incluem tabes dorsalis (dor intensa em um dermátomo e ataxia locomotora), pupilas de Argyll Robertson (abolição do reflexo pupilar à luz, sem prejuízo do reflexo de acomodação), paresias, convulsões e demência.
(Zugaib, 5ed)
Quais as complicações para o embrião/feto pela transmissão vertical da sífilis?
Sabe-se que 30% dos conceptos de gestantes não tratadas evoluem para óbito fetal, 10% para óbito neonatal e 40% para retardo mental. As pacientes com sífilis primária, secundária ou latente recente apresentam até 66% de fetos com algum acometimento. Os achados mais frequentes são: alteração da função hepática, hepatomegalia, trombocitopenia, anemia, ascite e imunoglobulina M (IgM) antitreponema fetal presente.
O acometimento neonatal pode causar lesões em órgãos internos, como pulmão (pneumonia alba de Virchow), fígado (cirrose hipertrófica), baço e pâncreas. Também cursa com osteocondrite em ossos longos, como o fêmur, a tíbia e o rádio. Dependendo da época de aparecimento dos sintomas na criança, a sífilis congênita pode ser classificada como recente ou tardia. É denominada recente quando o diagnóstico é realizado até 2 anos de idade. Esses casos costumam cursar de forma semelhante à sífilis secundária, e a criança apresenta exantema bolhoso, hepatoesplenomegalia, anemia hemolítica, icterícia e osteocondrite dolorosa (pseudoparalisia). Quando o diagnóstico é realizado após os 2 anos de vida da criança, denomina-se sífilis congênita tardia. As mais importantes alterações são as neurológicas, como a surdez decorrente da lesão do oitavo par de nervos cranianos. Outras manifestações da infecção incluem periostite dos ossos frontais do crânio, tíbia em sabre e os característicos dentes de Hutchinson.
(Zugaib, 5ed)
Qual o agente etiológico da hepatite B?
HBV vírus
(Zugaib, 5ed)
Como ocorre a transmissão da hepatite B para a mãe?
Pelo sangue ou via sexual
(Zugaib, 5ed)
Como ocorre a transmissão da hepatite B para o embrião/feto?
A via transplacentária é rara, sendo mais comum via parto e amamentação.
(Zugaib, 5ed)
Quais as manifestações clínicas da hepatite B?
O espectro de manifestações clínicas da infecção pelo vírus da hepatite B (HBV) varia tanto na doença aguda quanto na crônica, sendo ambas as formas, habitualmente, oligossintomáticas. Durante a fase aguda, as manifestações variam de hepatite subclínica ou anictérica a hepatite ictérica e, em alguns casos, hepatite fulminante. Os principais sintomas relatados são anorexia, náusea, icterícia e desconforto no quadrante superior direito. A doença pode ser mais grave em pacientes co-infectados com outros vírus da hepatite ou com doença hepática subjacente.
(Ministério da Saúde)
Quais as complicações para o embrião/feto pela transmissão da hepatite B?
Pode causar hepatite fetal, que pode se tornar crônica quando o neonato não for tratado. O risco de desenvolvimento de carcinoma hepato celular e cirrose mais tardiamente pós-nascimento é significativo. (Zugaib, 5ed)
Qual o agente etiológico do HIV?
Vírus da Imunodeficiência Humana
Como ocorre a transmissão do HIV para a mãe?
Via sexual, transfusão de sangue contaminado, lesão por objetos perfurocortantes contaminados
Quais as manifestações clínicas da infecção pelo HIV?
Febre, fadiga, emagrecimento, faringite, cefaleia, linfadenopatia, etc..
Como ocorre a transmissão do HIV para o embrião/feto?
A patogênese da transmissão vertical do HIV está relacionada a múltiplos fatores. Setenta e cinco por cento dos casos ocorrem durante o trabalho de parto e o parto, enquanto um quarto ocorre por transmissão auterina, principalmente nas últimas semanas de gestação. Há ainda um risco adicional representado pelo aleitamento materno. (Zugaib, 5 ed)
Quais as complicações para o embrião/feto infectado pelo HIV?
Prematuridade, restrição do crescimento fetal (Zugaib, 5ed)
Após a observação, interprete o diagnóstico sorológico de toxoplasmose apresentado abaixo para uma gestante em sua primeira consulta e estabeleça a conduta médica
1. IgM (-) e IgG (+)
2. IgM (-) e IgG (-)
3. IgM (+) e IgG (-)
4. IgM (+) e IgG (+)
- Gestante com doença antiga ou toxoplasmose crônica (imunidade remota) (manter orientações de prevenção da infecção. Não há necessidade de novas sorologias);
- Gestante suscetível à infecção. Por isso, realizar ações de prevenção primária e repetir sorologia de três em três meses e no momento do parto.
- Infecção muito recente ou IgM falso positivo. Iniciar espiramicina imediatamente. Repetir a sorologia de duas a três semanas, caso IgG (+) confirma a infecção. Caso IgG (-) suspender espiramicina, iniciar medidas de prevenção primária e repetir sorologia após 1 mês; caso permaneça alterada, repetir sorologia de três em três meses e no momento do parto.
- Possibilidade de infecção durante a gestação. Iniciar espiramicina imediatamente e realizar teste de avidez de IgG na mesma amostra ->
* AVIDEZ FRACA = possibilidade de infecção adquirida na gestação, iniciar espiramicina imediatamente.
* AVIDEZ FORTE e gestação < 16 semanas infecção adquirida antes da gestação, não há necessidade de mais testes. Interromper o uso de espiramicina.
* AVIDEZ FORTE e gestação > 16 semanas, iniciar espiramicina se antes da 30 semana ou esquema tríplice após a 30 semana.
Por que quando IgM (+) e IgG (-) deve ser feito o teste após algumas semanas?
Porque IgM pode ser falso positivo. Caso IgG positive após 2 ou 3 semanas, IgM é verdadeiro positivo.
O que seria o teste de avidez de IgG?
O teste avalia o quão forte é a ligação do anticorpo IgG ao antígeno para estimar em que época ocorreu a infecção.
Como é realizado o tratamento para a toxoplasmose na gestação?
Nos casos de soroconversão materna ou suspeita de infecção recente pelo parasita, a recomendação vigente é a administração de espiramicina à mãe na dose de 3 g/dia pela via oral, que pode ser dividida em três tomadas. O uso de espiramicina tem por objetivo reduzir o risco de passagem placentária do protozoário e de infecção fetal. A investigação da infecção fetal por meio da pesquisa em líquido amniótico deve ser realizada perante a comprovação de infecção aguda materna. Nos casos em que não se confirma a infecção fetal, recomendam-se manter a administração de espiramicina para a gestante até final da gestação e realizar acompanhamento ultrassonográficos mensalmente. Nos casos de confirmação da infecção fetal, a conduta para redução do acometimento é a utilização de pirimetamina, na dose de 50 mg/dia, associada a sulfadiazina, na dose de 3 g/dia (em caso de indisponibilidade da sulfadiazina, podem ser prescritos sulfametoxazol e trimetropim 800/160 mg a cada 12 horas), e a ácido folínico, na dose de 15 mg/dia. Esse esquema terapêutico deve ser mantido até o final da gestação. (Zugaib, 5ed)