NCS SP 1.4 - TUTORIA Flashcards
Defina e caracterize os pólipos e a polipose
Quando uma neoplasia benigna produz uma projeção macroscopicamente visível acima da superfície mucosa e se projeta, por exemplo, na luz gástrica ou colônica, denomina- se pólipo. Mais frequentes na região
colo-retal (90%), podem ocorrer em qualquer local do trato gastrointestinal. Segundo a base de implantação na superfície, pólipos podem ser sésseis (base ampla) ou pediculados (base estreita); quanto à origem histológica, são neoplásicos (adenomas) ou não neoplásicos (hamartomas, pólipos hiperplásicos e pólipos inflamatórios). A polipose é um conjunto de pólipos. (Robbins, 9ed) (Bogliollo, 10ed)
Caracterize os pólipos hiperplásicos
São os mais frequentes no cólon, geralmente pequenos (0,1 a 1,0 cm), sésseis e múltiplos; sua frequência aumenta com a idade, sendo mais comuns no retossigmoide. Tais pólipos, que não têm potencial de evolução maligna, devem ser distinguidos de adenomas sésseis serrilhados, que apresentam potencial de malignidade. (Bogliollo, 10ed)
Caracterize os pólipos harmatomatosos
São lesões constituídas por tecidos próprios do local, com maturação preservada, mas em quantidade aumentada e com estrutura desorganizada. Podem ser isolados (esporádicos) ou múltiplos, associados a síndromes hereditárias. Podem ter mutações herdadas em oncogenes e genes supressores de tumor, com risco de evoluir para câncer no trato gastrointestinal e em outros órgãos. A identificação de um pólipo hamartomatoso é importante porque pode ser uma pista para o diagnóstico de uma síndrome hereditária de polipose, com risco de evoluir para câncer. Os principais pólipos dessa categoria são o pólipo juvenil e a Síndrome de Peutz-Jeghers. (Bogliolo, 10ed)
Caracterize os pólipos Inflamatórios (pseudopólipos)
São lesões nodulares com 0,2 a 1,5 cm, associadas a inflamações no cólon, úlceras e reparo da mucosa. As lesões são constituídas por ilhas de mucosa preservada adjacentes às úlceras, as quais se projetam na luz intestinal. Tais pólipos formam-se em pacientes com colite ulcerativa de longa duração, retocolites, doença de Crohn e em indivíduos com prolapso da mucosa retal. (Bogliolo, 10ed).
Caracterize os pólipos neoplásicos (adenomas)
Pólipos neoplásicos (adenomas), únicos ou múltiplos, têm tamanho e aspecto variados. Sua prevalência aumenta com a idade, não havendo diferença entre homens e mulheres. Mais de 70% dos adenomas localizam-se no retossigmoide, 20% no sigmoide e 10% nas porções proximais do cólon. Os adenomas são classificados como tubular, viloso ou tubuloviloso. Convencionalmente, um adenoma é designado viloso quando mais de 50% de sua extensão é constituída por estruturas papilíferas. Quando o componente viloso varia entre 25 e 50%, a lesão é considerada tubulovilosa. Seja qual for a sua organização estrutural, os adenomas são constituídos pela proliferação de células epiteliais com diferentes graus de bloqueio da diferenciação celular (displasia). Atipias celulares variam de intensidade pequena (baixo grau) a grande (alto grau), de acordo com os distúrbios da diferenciação celular. Podem atuar como lesões precursoras do adenocarcinoma.
(Bogliolo, 10ed).
Qual o aspecto mais importante quando se examina um adenoma?
Identificar se a lesão apresenta focos de carcinoma intramucoso ou invasivo. (Bogliolo, 10ed)
Com o que se relaciona a probabilidade de se encontrar um adenocarcinoma em um adenoma?
tamanho da lesão (maior que 2 cm), com sua estrutura histológica (tubular ou vilosa) e com o grau de displasia. (Bogliolo, 10ed)
V ou F
Adenocarcinoma intramucoso (limitado até a muscular da mucosa) tem baixo potencial de originar metástases, pois os vasos linfáticos localizam-se abaixo dessa camada. Quando ultrapassa a muscular da mucosa, o tumor é invasivo.
Verdadeiro. (Bogliolo, 10ed.)
Caracterize o adenoma tubular
É o tipo mais comum e compreende 75% dos pólipos neoplásicos. A lesão pode ser solitária (esporádica) ou múltipla.As lesões são geralmente pequenas (menores que 1 cm) e sésseis; quando crescem, tornam-se pediculadas. Histologicamente, o tumor é constituído por glândulas tubulares revestidas por epitélio colunar alto, pseudoestratificado, com graus variados de displasia. (Bogliolo, 10ed)
Caracterize o adenoma viloso
Menos frequente do que o adenoma tubular, compreende 10% dos pólipos neoplásicos e tem pior prognóstico: o risco de transformação maligna é dez vezes maior do que o do adenoma tubular. Adenoma viloso localiza-se nos 25 cm distais do cólon e manifesta-se em indivíduos após a sexta década. A lesão é geralmente única, tem base de implantação larga e é maior do que o adenoma tubular. Manifestações clínicas são mais frequentes do que nos adenomas tubulares. Histologicamente, é constituído por projeções papilíferas revestidas por epitélio colunar alto pseudoestratificado com diferentes graus de displasia. Transformação maligna com invasão do estroma ocorre em 30 a 50% dos casos. Em geral, o tumor é descoberto por sangramento retal; pode apresentar também hipersecreção de muco, com perda de proteínas e potássio.
(Bogliolo, 10ed)
Caracterize o adenoma tubuloviloso
Compreende 15 a 20% dos pólipos neoplásicos, tem a mesma localização do adenoma tubular e apresenta-se como tumoração séssil ou pediculada, com características histológicas de estruturas tubulares e vilosas. O risco de transformação maligna é proporcional à quantidade do componente viloso.
(Bogliolo, 10ed)
Caracterize a polipose adenomatosa familiar (PAF)
É doença genética de herança autossômica dominante, com alta penetrância, causada por
mutações no gene APC. A doença caracteriza-se por grande número de pólipos, variando de dezenas a milhares, que recobrem a mucosa do cólon. Histologicamente, os pólipos são representados por adenomas com diferentes graus de displasia.
Dependendo do tipo de mutação envolvida, a polipose familial compreende as formas clássica, atenuada, síndrome de Gardner e síndrome de Turcot. Na forma clássica, os pacientes desenvolvem 500 a 2.500 adenomas (100 lesões são necessárias para o diagnóstico), localizados predominantemente no cólon descendente e no sigmoide, podendo comprometer também o reto, ceco, intestino delgado e estômago. A doença manifesta-se geralmente na segunda ou terceira década de vida, e o risco de desenvolver câncer do cólon é de 100% nos indivíduos não tratados. Por isso, o tratamento profilático é colectomia total. Na forma atenuada, os pacientes desenvolvem menor número de adenomas (em média, 50lesões), que se localizam preferencialmente no cólon proximal. O risco de transformação maligna é menor, em torno de 50%. Polipose familial do cólon é responsável por cerca de 1% dos casos de câncer colônico. A síndrome de Gardner é variante incomum da polipose familial do cólon, tem herança autossômica dominante e caracteriza-se pela associação de adenomas com lesões extraintestinais, como osteomas na mandíbula, no crânio e nos ossos longos, cistos epidérmicos e fibromatose; menos frequentemente, pólipos associam-se a anormalidades na dentição e maior frequência de tumores na tireoide e no duodeno. A síndrome de Turcot é outra variante rara de polipose em que pólipos associam-se a tumores do SNC (geralmente gliomas).
(Bogliolo, 10ed)
Caracterize o adenocarcinoma de cólon
Adenocarcinoma do cólon é a neoplasia maligna mais frequente do trato gastrointestinal. Na Europa e nos Estados Unidos, é o terceiro câncer mais prevalente. No Brasil, é o terceiro câncer mais comum em homens e o segundo mais frequente em mulheres. O pico de incidência é entre 60 e 79 anos; 20% dos casos ocorrem antes de 50 anos. A maioria dos casos de câncer do cólon é de lesões esporádicas, relacionadas com fatores ambientais; hábitos alimentares
e estilo de vida são os principais fatores de risco para o desenvolvimento de câncer do cólon. As formas hereditárias compreendem: (a) polipose familial do cólon (familial adenomatous poliposis – FAP), de herança autossômica dominante; (b) carcinoma hereditário não associado a polipose (hereditary nonpoliposis colorectal cancer – HNPCC). (Bogliolo, 10ed).
De quais formas os fatores ambientais, como alimentação e hábitos de vida, relacionam-se com o adenocarcinoma do cólon?
Alimentação é o principal fator ambiental envolvido na carcinogênese colônica. Altas taxas de câncer do cólon associamse a: (1) dieta pobre em fibras vegetais e rica em gorduras, carnes vermelhas e carboidratos refinados. O menor teor de fibras na alimentação reduz o bolo fecal, aumenta o tempo de trânsito intestinal e altera a microbiota intestinal. Nessa situação, alta concentração de produtos oxidativos da degradação de carboidratos por bactérias e pequeno volume de fezes possibilitam maior tempo de contato do bolo fecal com a mucosa do cólon; (2) alta ingestão de carnes vermelhas resulta em maior taxa de colesterol, o que aumenta a síntese e a excreção de ácidos biliares, os quais podem ser convertidos em agentes cancerígenos pelas bactérias intestinais; (3) carência de vitaminas A, C e E na alimentação resulta em aumento de radicais livres de O2, que são potencialmente mutagênicos; (4) obesidade e inatividade física aumentam o risco para câncer do cólon; adenocarcinoma colônico é mais comum em indivíduos obesos. Produtos de degradação de alimentos ricos em gordura também geram radicais livres de O2.
(Bogliolo, 10ed).
Descreva as alterações moleculares e genéticas da mucosa intestinal normal para adenoma-carcinoma
A mucosa normal sofre mutações em genes supressores de tumor hereditárias ou adquiridas (APC) -> A mucosa agora em risco sofre alterações de metilação e inativação de alelos normais (APC/B-catenina), provocando o desenvolvimento de adenoma. -> O adenoma sofre mutações em protooncogenes (KRAS) e em genes supressores de tumor (p53) -> O carcinoma é então desenvolvido com mutações adicionais em telomerase e outros genes. (Bogliolo, 10ed)