HIV - Abordagem ao Paciente HIV+ Flashcards
Como é feito o esquema de imunizações por vacina em adultos e adolescentes HIV+ sem imunodeficiência significativa? E com imunodef.?
No primeiro caso, podem ser feitas todas as vacinas presentes no calendário vacinal, incluindo as com agentes vivos atenuados. No segundo caso, porém, o uso de vacinas com agentes vivos atenuados está associado a maiores complicações pós-vacinais potencialmente graves, além da vacinação ser menos imunogênica. Portanto, em pacientes com CD4 entre 350 e 200, deve-se avaliar o estado desse paciente e pesar o risco epidemiológico. Quando o CD4 está abaixo de 200, não vacinar com agentes vivos atenuados.
A vacinação pode aumentar a carga viral momentaneamente do paciente HIV+?
Sim, toda vacinação promove transativação heteróloga do HIV, promovendo aumentos transitórios da carga viral por até 30 dias.
Por que não se deve dosar a carga viral e o CD4 nos primeiros 30 dias de um paciente HIV+ que recebeu vacinas?
Pois as vacinas promovem a transativação heteróloga do HIV, aumentando transitoriamente a CV nos primeiros 30 dias após a vacina.
Qual a peculiaridade da vacina da hepatite B para adultos e adolescentes HIV+?
Essa vacina apresenta baixa imunogenicidade nesses indivíduos, fazendo com que seja necessária a aplicação de dose dobrada além de uma dosa extra. Ou seja, são realizadas 4 doses em dose dobrada.
O que é a síndrome da reconstituição imunológica?
É a manifestação de doenças que, antes da TARV, eram assimtomáticas ou subclínicas ou o agravamento de doenças previamente estabelecidas pelo uso da TARV.
Por que ocorre a SRI?
Pois durante a fase imunodeprimida do paciente (antes da TARV e com CD4 baixo), o sistema imunológico do paciente não apresentava capacidade de conter imunologicamente infecções, que podem se disseminar pelo corpo não produzindo sintomas ou produzindo sintomas atenuados. Com o uso da TARV, o CD4 aumenta, capacitando o SI do paciente em reagir a essas infecções, promovendo uma resposta imunológica e inflamatória excessiva, pois o agente infeccioso pode ter se disseminado sistemicamente. Tal fato pode promover danos em estruturas onde os agentes infecciosos se encontram, caracterizando a SRI.
O que ocorre na SRI?
Uma doença previamente diagnosticada pode evoluir com piora paradoxal pelo uso da TARV ou uma doença previamente oculta pode passar a se manifestar. Pacientes com doenças autoimunes apresentam agravamento dessas afecções.
As manifestações da SRI, no geral, colocam em risco a vida do paciente?
Geralmente as manifestações são benignas e transitórias, porém podem se tornar graves e apresentarem riscos à vida do paciente.
O que influencia no risco de desenvolvimento da SRI?
Quanto mais baixo for o CD4 antes da TARV, maior o risco de desenvolver a SRI.
Como é feito o diagnóstico da SRI?
É clínico, sendo que alguns fatores aumentam a suspeita de SRI, como piora de doença diagnosticada previamente ou o surgimento de novas doenças após o uso da TARV, CD4 < 100 antes da TARV, ocorrência de resposta satisfatória à TARV (aumento de CD4 e redução da carga viral).
Como é realizado o tratamento da SRI?
Inicialmente trata-se especificamente as doenças, não interrompendo a TARV. Pode-se usar AINEs para reduzir a inflamação generalizada ou até mesmo usar mão da corticoterapia.
Quando deve ser realizado o uso de TARV em pacientes HIV+?
Todos os pacientes HIV+ devem receber TARV o mais precoce possível, independentemente dos níveis de CD4 e CV.
Por que a TARV deve ser realizada em todos os HIV+?
Pois foi demonstrado benefícios em pacientes tanto com sinais claros de imunodepressão, quanto com CD4<350 assintomáticos ou CD4>500 assintomáticos. Além disso, a redução da CV com o uso da TARV reduz consideravelmente a transmissibilidade do HIV.
É obrigatório a TARV em todos os pacientes?
É ideal, mas não obrigatório, pois uma vez inciado a TARV, esta não deve ser interrompida nunca e deve ser realizada corretamente, caso contrário o HIV irá se tornar mais resistente aos medicamentso ARV. Portanto, os pacientes devem demonstrar motivação na adesão ao tratamento.
Qual a importância da TB em sua forma ativa em relação ao uso da TARV?
A TB em sua forma ativa, invariavelmente e em qualquer de suas formas clínicas, significa comprometimento imunológico, havendo priorização da TARV. A TARV, mesmo não sendo realizada de imediato, sempre é benéfica para o paciente com a coinfecção.
Na coinfecção TB-HIV, o uso de TARV deve ser realizado imediatamente? TB meníngea
Nunca deve ser realizada de imediato, concomitantemente com o tratamento da TB, para que se possa evitar ou reduzir a sobreposição dos efeitos adversos do medicamento aos sintomas da TB. Por exemplo na TB meníngea: não há benefício no início imediato da TARV, apenas malefícios, pois há enorme risco de SRI (já que o paciente deve estar muito imunodeprimido para desenvolver essa forma de TB), podendo produzir hipert. intracraniana e herniação cerebral.
Quais as recomendações para início da TARV na coinfecção TB-HIV?
TB meníngea: iniciar a TARV APÓS 8 semanas de tratamento anti-TB.
CD4<50 ou outros sinais de imunodef. avançada: iniciar a TARV dentro de 2 semanas do início do tratamento para TB.
CD4>50 e ausência de TB meníngea: Iniciar a TARV na 8a semana de tratamento para TB.
O que é o HAART e por que ele é assim?
Higly active antirretroviral Therapy. É o uso de 3 medicamentos (terapia tripla) no tratamento da infecção por HIV. É realizado com 3 drogas pois se mostrou mais benéfico do que a monoterapia e a terapia dupla, reduzindo a morbimortalidade em 60-80%. Isso ocorre pois nas 2 anteriores, a CV reduzia, porém em algumas semanas voltava a aumentar, o que não ocorre na HAART.
Como devem ser os fármacos empregados na HAART?
Eficazes, bem tolerados (poucos efeitos adversos), de fácil posologia e barato, além de possuírem elevada barreira genética (baixa probabilidade de induzir resistência viral).
Qual a recomendação do MS para a HAART?
No geral, utilizar 2ITRN/ITRNt + inibidor de integrase (TDF + 3TC + DOLUTEGRAVIR). Caso haja contraindicação de inibidor de integrase, utilizar 2ITRN/ITRNt + ITRNN.
Qual a dupla de escolha de ITRN/ITRNt?
É, primariamente, o tenofovir com lamivudina (TDF/3TC). A lamivudina raramente causa efeitos colaterais importantes, além de poder ser administrada 1x ao dia.
Quais os efeitos adversos do uso de tenofovir (TDF)?
Sua nefrotoxicidade, sendo contraindicado em pacientes nefropatas e osteoporose.
Qual a vantagem da combinação TDF/3TC?
Essa combinação é ativa contra o vírus da hepatite B, sendo de escolha também na coinfecção HBV-HIV.
Quais as opções de substituição do TDF?
Abacavir (ABC), mas deve ser realizada pesquisa de um HLA que confere hipersensibilidade a esse medicamento.
Caso o ABC não possa ser usado (pela presença do HLA citado), utiliza-se o zidovudina (AZT).