Hepatites Virais e Hepatite A Flashcards
Como é a notificação das hepatites virais no Brasil?
Todas são de notificação compulsória, devendo ser notificadas em até 7 dias.
Qual o curso clínico das hepatites virais? Qual a duração?
É característico e se desenrola, na grande maioria das vezes, de forma estereotipada, contendo as fases prodrômica, icterícia (dias ou semanas após a prodrômica) e convalescência.
Esse quadro não pode durar mais de seis meses, pois indica hepatite crônica.
Qual o QC das hepatites virais agudas na fase prodrômica?
Inespecíficos: mal-estar, astenia, anorexia, diarreia, vômitos, náuseas, artralgias, mialgias, tosse, fotofobia, cefaleia, … (semelhante a um quadro gripal). Quando há febre, ela é leve (38-38,5). Pode haver artrite e glomerulonefrite por deposição de imunocomplexos.
Qual o significado de febre alta em um quadro prodrômico de hepatite viral aguda?
Pode indicar outro diagnóstico (dengue, leptospirose, virose respiratória) ou indicar um curso de hepatite viral fulminante.
Qual o QC na fase de icterícia?
Icterícia associada ou não à colúria, hipocolia fecal e prurido (síndrome colestática). Os achados prodrômicos desaparecem ou se abrandam, exceto os gastrintestinais.
A fase de icterícia ocorre sempre no curso da hepatite?
Não, na maioria das vezes os pacientes evoluem diretamente para a fase de convalescência, nunca se dando conta da hepatite viral ou se dando conta pela cronificação, que anos depois será refletida em insuficiência hepática ou hipertensão portal (isso é válido para HBV e HCV).
Qual o QC e a duração da fase de convalescência?
Melhora dos sintomas prodrômicos e de icterícia. Dura algumas semanas e seu término marca o fim da hepatite aguda. A partir daí, ou o paciente está curado, ou evoluirá para cronicidade (HBV e HCV).
Como está o hemograma na hepatite viral aguda?
Leucopenia por queda de neutrófilos e linfócitos, evoluindo para linfocitose. Pode haver aumento de linfócitos atípicos. Leucocitose neutrofílica é rara e ocorre em hepatite fulminante.
Como está o hepatograma do paciente com hepatite viral aguda?
Síndrome hepatocelular: grande aumento das transaminases (por necrose hepática - acima de 10x), hiperbilirrubinemia (pode chegar a >20 mg/dL, com predomínio da direta, pois a lesão, nesse caso, compromete mais a excreção que a conjugação e captação), pode haver aumento de FA e GGT.
Qual o DD para aumento enorme de transaminases?
Intoxicação por paracetamol e hepatite isquêmica.
A elevação muito exacerbada de aminotransferases indica qual prognóstico para o paciente?
Não há relação entre o nível de aminotransferases e prognóstico.
O que significa aumento da FA e GGT no hepatograma da hepatite viral aguda?
Significa um componente colestático associado, muito comum na hepatite A, mas pode ocorrer nas outras também.
Quais outros exames podem ser pedidos para avaliar hepatite viral aguda e em quais situações é importante pedi-los? Qual o objetivo desses exames?
Dosagem da albuminemia e TAP, sendo absolutamente necessário quando o paciente apresenta obnubilação e torpor, que ocorre principalmente na Hepatite A e B. O objetivo deles é confirmar precocemente a insuficiência hepática fulminante.
Quais os principais parâmetros de mau prognóstico na hepatite viral aguda?
Hipoalbuminemia, encefalopatia hepática e alargamento do Tempo de atividade de protrombina (TAP).
O que é a síndrome pós-hepatite e qual a conduta nesse caso?
É a persistência de alguns sintomas da hepatite viral aguda, como fadiga, intolerância a certos alimentos e ao álcool, peso no hipocôndrio direito, transaminases aumentadas e dor à palpação do hipocôndrio direito, após a cura do quadro agudo. A conduta é biópsia do fígado para descartar hepatite crônica.
Qual a etiologia da Hepatite A? (RNA/DNA, família, gênero e sorotipos)
Vírus de RNA, com apenas 1 sorotipo (imunidade permanente).
Qual a epidemiologia da hepatite A no Brasil?
Principal acometimento em <10 anos (50% das pessoas com 20 anos já tiveram contato com o vírus), com maior incidência nas regiões Norte e Nordeste.
Como é a transmissão da hepatite A?
Fecal-oral interpessoal ou por alimentos/líquidos contaminados. Pode haver transmissão parenteral quando a transfusão for na fase de viremia ou em sexo anal.
O período de transmissão é 2 semanas antes dos sintomas até 2 semanas após o aparecimento dos sintomas.
Qual a patogenia da hepatite A?
O vírus penetra na mucosa intestinal e atinge a circulação portal, inciando o 1° período de viremia. A seguir, atingem o fígado, iniciando a replicação e promovendo necrose hepatocelular e liberação do vírus na bile. A presença do vírus e a lesão tissular levam à inflamação local com repercussão sistêmica (sintomas prodrômicos).
A medida que aumenta o número de hepatócitos acometidos (traduzido pelas transaminases), há desorganização da arquitetura hepática, com consequente colestase intra-hepática (aumento de bilirrubina direta, FA e GGT). Se o dano hepático é tal que os hepatócitos remanescentes são incapazes de realizar as funções hepáticas, têm-se a insuficiência hepática traduzida por coagulopatia e encefalopatia.
O que pode-se concluir da patogenia da hepatite A?
O motivo da transmissão ser fecal-oral e a altos títulos virais nas fezes, pela excreção do vírus na bile.
Qual o QC da hepatite A? Por que ele ocorre?
Assintomático ou Sintomático. Quando for este último, apresentará a sequência clássica das hepatites virais agudas, com fase prodrômica (inespecífica), icterícia e convalescência. É a hepatite viral aguda mais relacionada com a síndrome colestática intra-hepática.
O quadro ocorre pela inflamação difusa do parênquima hepático -> lesão hepatocelular.
a) Quando a hepatite A é assintomática com mais frequência?
b) Quando a icterícia é mais frequente?
a) É assintomática principalmente em crianças, sendo que pode passar despercebida como uma gastroenterite.
b) É mais frequente em adultos (70-80% desenvolvem icterícia) do que em crianças (5-10%).
Qual a história natural da hepatite A?
Incubação de 15-45 dias (fase de replicação viral), em que, após ela, o indivíduo pode ou não apresentar sintomas (prodrômicos e icterícia). A maioria dos casos apresenta curso benigno e autolimitado.
Pode haver recidivas em 10% dos pacientes, não costumando ser grave.
Qual forma de hepatite A é mais frequente e qual é mais grave?
Ictérica e anictérica, sendo a anictérica a mais frequente e a ictérica a mais grave (mais comum em adultos).
É solicitado sorologia para hepatite A para um paciente ictérico, havendo IgM anti-HAV negativo e IgG anti-HAV positivo. Qual a conduta do médico?
Ele deve procurar outras causas da icterícia, pois o IgG positivo indica infecção prévia pelo vírus. O que indica a infecção aguda é o IgM, e este está negativado, sugerindo que o paciente apresentou hepatite A em algum momento da vida, mas hoje não apresenta mais o vírus.
Esquematize a evolução da hepatite A de um paciente, identificando as fases do QC e os marcadores.
O período de incubação dura 15-45 dias, sendo nessa fase a maior viremia e excreção nas fezes, próximo do aparecimento dos sintomas. Pouco depois do aparecimento dos sintomas, há a positivação de IgM e IgG anti-HAV, sendo que este persiste por tempo indefinido. Há, ainda, antes do aparecimento dos sintomas, o aumento de AST/ALT, podendo haver aumento de FA e GGT.
Qual o tto de hepatite A?
Repouso relativo (limitar atividade física conforme tolerância do paciente) e dieta hipogordurosa, podendo ser prescrito sintomáticos (antitérmicos, antieméticos). Não há evidências de outros medicamentos sejam úteis (vitaminas, corticoides, …), no entanto, pode-se administrar vitamina K quando há alargamento do TAP, pois a deficiência é absortiva. Pacientes com hepatite fulminante devem ser encaminhados para transplante.
Quais as recomendações para um paciente com hepatite A?
Evitar exercícios físicos que ultrapassem sua tolerância, aumento da ingesta calórica, evitar medicamentos hepatotóxicos e álcool por pelo menos 6 meses.
Qual o prognóstico da hepatite A?
Excelente, havendo recuperação total e sem sequelas na maioria dos casos.
Qual a evolução da hepatite A?
A hepatite A pode apresentar-se de forma assintomática (geralmente em crianças <6 anos) ou sintomática, com uma fase prodrômica, a qual pode evoluir para resolução ou para icterícia, e esta evolui, na grande maioria dos casos, para convalescência (meses, regressão da icterícia, recorrência de 10% em até 6 meses).
NÃO há cronificação da hepatite A e a chance de evolução para hepatite fulminante é menor de 1%, sendo maior em mais velhos.
Como é feito o diagnóstico de hepatite A?
Sorologia: IgM = infecção recente.
Quais as características da vacina para hepatite A?
Dada à partir dos 15 meses, sem limite de idade. É dose única no SUS e 2 doses em particulares, com vírus inativo e podendo ser indicada para imunossuprimidos.
O que afeta o prognóstico da hepatite A?
Elevação da bilirrubina direta, TAP e encefalopatia.