Abdome Agudo Vascular Flashcards
Refere-se à isquemia intestinal, que pode acometer tanto o intestino delgado quanto o intestino grosso, causada por qualquer processo que diminua o fluxo sanguíneo intestinal, como oclusão arterial, oclusão venosa ou vasoespasmo arterial.
Um diagnóstico rápido é fundamental, pois pode evoluir com necrose intestinal, perfuração, sepse e morte.
Abdome Agudo Vascular
CLASSIFICAÇÕES DO ABDOME AGUDO VASCULAR
- Quanto à localização
- Quanto ao tempo de evolução
- Quanto ao segmento vascular acometido
- LOCALIZAÇÃO:
✓ Isquemia mesentérica: acomete o intestino delgado.
✓ Isquemia colônica: acomete o intestino grosso. - TEMPO EVOLUÇÃO:
✓ Isquemia mesentérica aguda: há um início súbito de hipoperfusão do intestino delgado.
✓ Isquemia mesentérica crônica: geralmente, desenvolve-se em pacientes com aterosclerose mesentérica, causando sintomas crônicos de hipoperfusão intestinal, comumente relacionados à alimentação. - SEGMENTO ACOMETIDO:
✓ Oclusão arterial: a obstrução arterial oclusiva ocorre por embolia ou trombose e afeta mais comumente a artéria mesentérica superior (AMS). A isquemia mesentérica não oclusiva é resultado de um estado de hipofluxo e é mais comumente devido à vasoconstrição por baixo débito cardíaco ou ao uso de vasopressores.
✓ Oclusão venosa: a trombose venosa é devida à obstrução da via de saída do intestino, incluindo as veias mesentéricas superior e inferior e as veias esplênica e porta
SOBRE ANATOMIA VASCULAR DO INTESTINO
O Tronco celíaco divide-se em:
Artéria gástrica esquerda,
Artéria hepática comum e
Artéria esplênica
SOBRE ANATOMIA VASCULAR DO INTESTINO
Artéria que irriga as vísceras derivadas do intestino médio, ou seja, a metade distal do duodeno, todo o intestino delgado e os dois terços proximais do cólon transverso:
Artéria mesentérica superior (AMS)
SOBRE ANATOMIA VASCULAR DO INTESTINO
Artéria que irriga as estruturas derivadas do intestino posterior, ou seja, um terço distal do cólon transverso, cólon descendente e retossigmoide
Artéria mesentérica inferior (AMI)
A drenagem venosa é paralela à circulação arterial e drena para:
Sistema Venoso Portal
ETIOLOGIAS DA ISQUEMIA INTESTINAL
A forma mais didática que encontrei para dividir a isquemia intestinal foi a seguinte:
1. Isquemia colônica: responsável por mais de 50% dos casos de isquemia do trato gastrointestinal.
2. Isquemia mesentérica aguda: a mais cobrada em provas!
3. Isquemia mesentérica crônica
É a forma mais frequente de isquemia intestinal, responsável por mais de 50% das isquemias do trato gastrointestinal.
ISQUEMIA COLÔNICA
A principal causa de isquemia colônica é (1), que é resultado de uma redução súbita do fluxo sanguíneo, a qual geralmente é transitória.
(1) “não oclusiva”
A colite isquêmica acomete vasos menores e mais distais, por isso aproximadamente 85% dos pacientes desenvolvem isquemia apenas da mucosa, sem necrose transmural, que se resolve sem cirurgia ou complicações adicionais. A COLITE ISQUÊMICA é mais frequente em:
idosos e mulheres
Os efeitos isquêmicos são mais proeminentes nas regiões “divisórias” do cólon, chamadas de “divisoras de águas”, que, apesar da presença de circulação colateral, são áreas vulneráveis à isquemia durante a hipotensão sistêmica. São elas:
1. a flexura esplênica (ponto de Griffiths) e
2. a junção retossigmoide (ponto de Sudeck)
A flexura esplênica (ponto de Griffiths) é irrigada pela
AMS (a. mesent. superior)
A junção retossigmoide (ponto de Sudeck) é irrigada pela
AMI (a. mesent. inferior)
ÁREAS VULNERÁVEIS À ISQUEMIA
- Local de comunicação da artéria cólica esquerda ascendente com a artéria marginal de Drummond, na flexura esplênica do cólon
PONTO DE GRIFFITHS
ÁREAS VULNERÁVEIS À ISQUEMIA
- Local de comunicação em que o ramo descendente da artéria cólica esquerda forma uma anastomose com a artéria retal superior, na junção retossigmoide.
PONTO DE SUDECK
A isquemia colônica é rara nas áreas em que há abundante circulação colateral, como o:
reto
Todos os segmentos do cólon podem evoluir com isquemia, entretanto, aquele que apresenta maior tendência para Isquêmica Colônica é:
SIGMOIDE
PRINCIPAIS FATORES DE RISCO PARA ISQUEMIA COLÔNICA
- Idade Superior a 65 anos.
- Doença de pequenos vasos: Diabetes, vasculite.
- Choque: IAM, insuficiência cardíaca, hemodiálise (induz à hipotensão).
- Iatrogênico: Instrumentação aortoilíaca, cirurgia de ruptura de aneurisma de aorta, cateterismo cardíaco, implante de válvula, CMV, E. coli O157:H7, exercícios extremos,
- Oclusão vascular principal: trombose da artéria mesentérica, embolia,
- Trombose venosa mesentérica: Estado hipercoagulável, hipertensão portal, hemofilia,
- Drogas (principais): Drogas indutoras de constipação (exemplo: opioides), Drogas ilícitas: anfetaminas, cocaína. Outras: digitálicos, contraceptivos orais, vasopressores (epinefrina, vasopressina)
- Outras: Arritmia cardíaca, síndrome do intestino irritável, DPOC, constipação
MANIFESTAÇÃO CLÍNICA DA ISQUEMIA COLÔNICA
Dor abdominal em cólica, não tão intensa como na isquemia mesentérica aguda. Na maioria das vezes, envolve o lado esquerdo do abdome (áreas de menor circulação colateral) e está associada à diarreia sanguinolenta ou hematoquezia e febre
É o exame de escolha e confirma o diagnóstico de isquemia colônica.
Colonoscopia
Os achados colonoscópicos no
quadro agudo de ISQUEMIA COLÔNICA incluem:
✓ Mucosa edemaciada, friável, pálida, hemorrágica.
✓ Nódulos hemorrágicos azulados: podem ser vistos representando sangramento submucoso, são o equivalente a “impressões digitais” ou thumbprinting detectadas em estudos radiológicos.
✓ Distribuição segmentar, transição abrupta (bem delimitada) entre mucosa lesada e normal e preservação retal.
✓ Mucosa cianótica e erosões hemorrágicas dispersas ou ulcerações lineares: doença mais grave.
Um achado típico na radiografia simples de abdome na Isquemia Colônica (mas não diagnóstico) é o edema e espessamento da parede intestinal, que são vistos à radiografia em um padrão segmentar, conhecido como:
“sinal das impressões digitais”(“thumbprinting”).
A angiotomografia e a arteriografia são menos úteis na colite isquêmica, por acometer vasos menores e mais distais, além de a principal etiologia ser não-oclusiva.
Principais diferenças entre a
Isquemia mesentérica aguda (IMA) x Isquemia colônica aguda (ICA) quanto a:
IDADE:
(IMA) A idade varia com a etiologia da isquemia
(ICA) 90% dos pacientes têm mais de 60 anos
Principais diferenças entre a
Isquemia mesentérica aguda (IMA) x Isquemia colônica aguda (ICA) quanto a:
CAUSAS MAIS COMUNS:
(IMA) Causas mais comuns: embolia e trombose arterial (fator precipitante identificável)
(ICA) Causa mais comum: isquemia não oclusiva (fator precipitante geralmente não é identificado)
Principais diferenças entre a
Isquemia mesentérica aguda (IMA) x Isquemia colônica aguda (ICA) quanto a:
CLÍNICA:
(IMA) Os pacientes parecem gravemente doentes
(ICA) Os pacientes não parecem gravemente doentes (isquemia transitória e autolimitada na maioria dos casos - 85%)
Principais diferenças entre a
Isquemia mesentérica aguda (IMA) x Isquemia colônica aguda (ICA) quanto a:
DOR:
(IMA) A dor geralmente é intensa, desproporcional ao exame físico (sem sinais de peritonite inicialmente)
(ICA) Dor abdominal leve. Pode apresentar sensibilidade abdominal (mais comum à esquerda)
Principais diferenças entre a
Isquemia mesentérica aguda (IMA) x Isquemia colônica aguda (ICA) quanto a:
SANGRAMENTO:
(IMA) Sangramento retal é incomum, pode surgir em fases tardias.
(ICA) Sangramento retal ou diarreia com sangue é frequente. Pode apresentar febre.
Principais diferenças entre a
Isquemia mesentérica aguda (IMA) x Isquemia colônica aguda (ICA) quanto a:
DIAGNÓSTICO:
(IMA) Diagnóstico: angiotomografia (exame inicial) e arteriografia (padrão-ouro)
(ICA) Diagnóstico: colonoscopia
A maioria dos pacientes com ISQUEMIA COLÔNICA AGUDA, 85%, apresenta isquemia de espessura parcial, ou seja, de mucosa (por vezes submucosa), por isso tem boa resolução com cuidados de suporte e não requer terapia específica. Há uma melhora clínica significativa em 24 a 48 horas e resolução radiológica completa em 1 a 2 semanas.
O tratamento consiste em:
a) Medidas de suporte
b) Tratamento cirúrgico (laparotomia exploradora)
ENTRE AS MEDIDAS DE SUPORTE NO TRATAMENTO PARA ISQUEMIA COLÔNICA AGUDA, ESTÃO:
Jejum
Descompressão TGI
Hidratação EV
Suporte cardiovascular
Correção de condições de hipofluxo
Retirada medicamentos predisponentes
ATB empírica de amplo espectro (pelo risco de translocação bacteriana)
ENTRE AS INDICAÇÕES DE CIRURGIA NO TRATAMENTO PARA ISQUEMIA COLÔNICA AGUDA, ESTÃO:
✓ falha no tratamento conservador (febre persistente, leucocitose, irritação peritoneal, diarreia prolongada ou sangramento TGI maciço)
✓ evidência clínica de isquemia de toda a espessura da parede colônica, com necrose e/ou perfuração colônica e peritonite fecal (como sinais de peritonite e instabilidade hemodinâmica) ou radiológica (como pneumatose, gás no sistema venoso mesentérico ou portal, pneumoperitônio).
Na cirurgia para ISQUEMIA COLÔNICA AGUDA, os segmentos isquêmicos devem ser ressecados e a decisão de realizar ou não anastomose primária dependerá das condições clínicas do paciente, contaminação intracavitária e viabilidade das bordas seccionadas, sendo mais seguro realizar colostomia terminal (cirurgia de Hartmann) ou mesmo fístula mucosa.
Já em pacientes com enxerto aórtico ou ilíaco, a anastomose está contraindicada, pois uma deiscência poderia contaminar o enxerto.
Ao contrário do que ocorre na isquemia mesentérica, tanto a terapia antitrombótica com heparina quanto a revascularização com embolectomia cirúrgica, bypass venoso, ou a endarterectomia não são realizadas em casos de isquemia colônica isolada, que geralmente não está relacionada à obstrução de grandes artérias.
QUAIS AS COMPLICAÇÕES MAIS COMUNS DA ISQUEMIA COLÔNICA AGUDA:
Colite isquêmica crônica (20%) ou estenose.
Refere-se ao início súbito de hipoperfusão do intestino delgado, que pode ser devido à redução ou à interrupção do fluxo arterial.
ISQUEMIA MESENTÉRICA AGUDA
As principais etiologias de ISQUEMIA MESENTÉRICA AGUDA são:
- Embolia arterial mesentérica (50%),
- Trombose arterial mesentérica (15% a 25%),
- Trombose venosa mesentérica (5%) e
- Isquemia mesentérica não-oclusiva devido à hipoperfusão intestinal (20% a 30%).
ISQUEMIA MESENTÉRICA PODE SER:
1. ARTERIAL
1.1 AGUDA
1.1.1 OCLUSIVA
1.1.1.1 EMBOLIA
1.1.1.2 TROMOSE
1.1.2 NÃO-OCLUSIVA
1.2 CRÔNICA
- VENOSA
É a principal causa de isquemia mesentérica aguda (50% dos casos):
EMBOLIA ARTERIAL MESENTÉRICA
NA ISQUEMIA MESENTÉRIA AGUDA POR EMBOLIA ARTERIAL MESENTÉRICA, a oclusão da artéria mesentérica superior ou de seus ramos, na ausência de estenose pré-existente, causa uma maior redução do fluxo sanguíneo em comparação com outras causas de isquemia intestinal. Isso se deve:
à falta de circulação colateral.
O local mais comum de obstrução arterial na EMBOLIA ARTERIAL MESENTÉRICA por êmbolo é a:
ARTÉRIA MESENTÉRICA SUPERIOR
FATORES DE RISCO PARA EMBOLIA ARTERIAL MESENTÉRICA
* Doença cardíaca: a embolia cardíaca pode estar relacionada à arritmia (fibrilação atrial), infarto do miocárdio recente, doença valvular, aneurisma ventricular, endocardite infecciosa e insuficiência cardíaca.
* Doença aórtica: aterosclerose e aneurisma da aorta.
A DOR NA EMBOLIA ARTERIAL MESENTÉRICA É
Súbita, intensa e periumbilical, frequentemente acompanhada de náuseas e vômitos e pode não responder aos opioides.