T7 - Opiáceos - sebenta (terminado) Flashcards
Definição de opiáceos
Alcalóides encontrados no ópio e compostos estruturalmente relacionados
Opiáceos naturais - 4
Morfina
Codeína
Tebaína
Papaverina
Morfina - 4 caraterísticas
Fenantreno
10% ópio
Analgésico
Relaxamento e sedação
Codeína - 4 caraterísticas
Fenantreno
0,5% ópio
Analgésico
Relaxamento e sedação
Tebaína - 5 caraterísticas
Fenantreno
0,2% ópio
Fraca ação analgésica
Estimulantes do SNC (convulsões)
Opiáceo mais perigoso
Papaverina - 4 caraterísticas
Benilisoquinolina
1% ópio
Relaxamento muscular
Vasodilatador
Definição de ópio e divisão dos alcalóides
É o suco da papoila Papaver somniferum e contém vários alcalóides, que se dividem em 2 classes, consoante a presença de ação analgésica:
- Alcalóides fenantrénicos (apresentam ação analgésica): morfina, codeína e tebaína
- Alcalóides benzilisoquinoleicos (não apresentam ação analgésica): papaverina (relaxante das células musculares lisas) e noscapina
A morfina utilizada clinicamente…
Continua a ser isolada a partir do ópio, uma vez que a síntese laboratorial deste fármaco é difícil
Definição de opióides
Qualquer composto com propriedades funcionais e farmacológicas semelhantes às dos opiáceos, independentemente da sua estrutura (muitos dos opióides endógenos são peptídeos)
Opióides semi-sintéticos (3)
Diacetilmorfina (diamorfina ou heroína)
Buprenorfina
Naloxona
Opióides sintéticos (4)
Morfinanos - levorfanol, butorfanol
Fenileptilaminas - metadona, propoxifeno
Benzomorfanos - pentazocina
Fenilpiperidinas - petidina, alfentanil, fentanil, sufentanil
Definição de narcótico
Qualquer fármaco que induz narcose ou sono
Usado no contexto legal também para designar qualquer composto com potencial de abuso/viciação
Definição de endorfina
Sinónimo de peptídeos opióides endógenos
Pode também ser usado para designar uma endorfina específica (beta-endorfina)
Sistema opiáceo endógeno
Existem 3 recetores opióides clássicos - μ (mu) , δ (delta) e κ (kappa)
Recetor da nocioceptina (NOP)
Recetor σ
Afinidade dos opióides para o recetor μ (mu) - por ordem decrescente de afinidade
Endorfina
Encefalina
Dinorfina
Efeitos do recetor μ (mu)
Modulação da dor (analgesia espinhal e supra-espinhal) - efeitos sedativos
Efeitos gastrointestinais (obstipação)
Efeitos respiratórios (depressão do centro respiratório)
Modulação da libertação de hormonas e neurotransmissores
Euforia
Hipotermia, bradicardia, miose
Quais os recetores opióides com maior risco de causar depressão respiratória?
Os recetores μ são aqueles que ao ser ativados têm maior risco de causar depressão respiratória
Um opiáceo que ative essencialmente o recetor do tipo μ, que é o caso da morfina, obviamente que vai ter risco de morte por depressão respiratória, o que já não acontece com outros opiáceos que têm menor afinidade para a ativação deste recetor
Efeitos do recetor δ (delta)
Iguais aos do recetor μ
Afinidade dos opióides para o recetor δ (delta) - por ordem decrescente de afinidade
Encefalina
Endorfina
Dinorfina
Afinidade dos opióides para o recetor κ (kappa) - por ordem decrescente de afinidade
Dinorfina (muito maior afinidade)
Endorfinas e encefalinas
Efeitos do recetor κ (kappa)
Analgesia espinhal e supra-espinhal
Medeiam fenómenos psicomiméticos
Abrandamento do trânsito gastrointestinal (obstipação)
Outra designação para os recetores opióides clássicos
Os recetores μ são também chamados MOR, os δ são chamados de DOR e os κ são também chamados KOR
Efeitos do recetor na nocioceptina (NOP)
Reduz as respostas aos opióides e aos peptídeos endógenos (“bernas”)
- hiperalgesia em doses baixas
- alodínia (sensação de dor quando, normalmente, o estímulo não é doloroso)
- administração intracerebroventricular tem um efeito
pronociocetivo e anti-analgésico por inibição do tónus opioide endógeno
- reverte os efeitos analgésicos dos opioides durante respostas ao stress
- parece contribuir para o desenvolvimento de tolerância à morfina
A sua ativação origina efeitos semelhantes aos produzidos pelos recetores opióides clássicos
- Provoca analgesia em doses elevadas
Não é antagonizado pela naloxona (ao contrário dos 3 recetores opióides clássicos)
- Elevada distribuição no SNC e existe em células periféricas (basófilos, macrófagos e células endoteliais)
Efeitos do recetor σ
Apesar de ser estimulado por alguns opióides, deixou de ser
considerado um recetor opiáceo, porque a sua estimulação não induz
analgesia nem depressão respiratória
Os recetores opióides são recetores acoplados a …
Proteína G, distribuídos pelo SNC, com ação principalmente na medula espinhal
Também encontramos estes recetores a nível periférico (vasos, coração, músculos respiratórios, músculos GI, …)
Sinalização intracelular dos recetores opióides
Os recetores opióides estão acoplados a proteínas Gi/Go pelo que a sua ativação causa:
inibição da adenilcíclase; inibição dos canais de Ca2+ VD; estimulação da abertura de canais de K+
; ativação da PKC e PLCβ
Assim, estes eventos causam:
• ↓ AMPc
• Hiperpolarização das células
• ↓ da libertação de neurotransmissores nas células neuroniais
Alguns recetores opióides … podem sofrer…
MOP, DOP e NOP
Internalização rápida após ligação do agonista através da via endocítica clássica da βarrestina (notar que o KOP não sofre internalização após exposição prolongada ao agonista)
Os recetores opioides podem dimerizar?
Sim, (ex: MOR-MOR; MOR-DOR), verificando-se alterações nas suas propriedades farmacológicas (afinidade, sinalização
intracelular,…)
Os agonistas endógenos dos recetores opiáceos pertencem a 3 famílias distintas:
Endorfinas
Encefalinas
Dinorfinas
Caraterísticas das endorfinas
A endorfina β é um polipeptídeo derivado da pró-piomelanocortina
(POMC)
É similar às endomorfinas (endomorfina 1 e endomorfina 2), peptídeos endógenos com propriedades analgésicas e elevada afinidade para os recetores opiáceos
Ligando endógeno com maior afinidade para o recetor μ
As células que expressam endorfina β abundam no hipotálamo, a partir de
onde se projetam para quase todo o SNC
Caraterísticas das encefalinas
(met-encefalina e leu-encefalina)
Polipeptídeos derivados da pró-encefalina A (que por sua vez deriva do
POMC?)
Ligando endógeno mais importante do recetor δ
Caraterísticas das dinorfinas
(dinorfina A e dinorfina B)
Polipeptídeos derivados da pró-dinorfina (que por sua vez deriva da
POMC?)
Apresentam elevada afinidade para o recetor κ
Qual é o ligando endógeno para o recetor NOP?
Nociocetina/orfanina Q
O seu precursor é a prepronocicetina
Recentemente foi identificar outra família de opióides endógenos, endormorfinas
Os peptídeos opiáceos endógenos existem apenas no SNC?
Não, também existem ao nível de tecidos periféricos
Os peptídeos opiáceos endógenos não são utilizados na prática clínica por 4 razões:
Período de semivida muito curto
Dificuldade em atravessar a BHE
Originam efeitos colaterais semelhantes aos da morfina (incluindo dependência e
depressão respiratória)
Extração biológica e síntese química difícil e muito dispendiosa
Consequências funcionais da ativação aguda e crónica dos recetores opióides (4)
Dessensibilização
Tolerância
Dependência
Compulsão (viciação)
Dessensibilização (2)
Após exposição aguda ao agonista (desaparece se for eliminado o agonista)
Envolve provavelmente a fosforilação do recetor → desacoplamento do
recetor com as proteínas G e/ou internalização do recetor
Tolerância (6)
Após administração prolongada ao agonista (desaparece várias semanas após retirada do agonista)
Diminuição da eficácia de um agonista ou deslocamento da curva dose-efeito para a direita
É ultrapassável com o aumento das doses do agonista
Traduz-se em alterações na sinalização intracelular (↓ da inibição da adenilcíclase) e nas células/órgãos efetores
Diferentes respostas fisiológicas podem estar sujeitas a diferentes graus de tolerância (ex: miose [nenhuma/baixa tolerância] VS euforgénese [rápida
tolerância])
Tolerância cruzada: agonista opióide de uma dada classe apresenta resposta reduzida num sistema tolerante a outro agonista da mesma classe
Dependência (4)
Ocorre durante o estado de tolerância
Adaptação manifestada por síndrome de abstinência (devido a cessação da
exposição ao agonista ou administração de um antagonista)
A dependência é manifestada por sinais exuberantes de ativação celular +
aumento do efluxo somatomotor e do SNA (agitação, hipertensão, diarreia,
hipertensão) + sintomas afetivos (disforia, ansiedade, depressão)
Pode ser suprimida pela reintrodução do mesmo agonista ou de outro agonista
da mesma classe
Compulsão (viciação) - 3
Uso compulsivo do fármaco e elevado envolvimento na sua procura e consumo
Motivada pelos efeitos positivos de recompensa dos opiáceos
Dependência é diferente de compulsão(viciação)
- Qualquer indivíduo exposto durante algum período aos opiáceos irá desenvolver algum grau de tolerância e dependência. Contudo, isto não implica um estado de compulsão (viciação)
Efeitos farmacológicos de opióides usados clinicamente
Analgesia, euforia, depressão respiratória, miose, diminuição da motilidade GI, convulsões,
hipotensão ortostática e desmaio (devido a vasodilatação), diminuição da libertação de
hormonas do eixo hipotálamo-hipófise-suprarrenal, retenção urinária…