T7 - Opiáceos - sebenta (terminado) Flashcards

1
Q

Definição de opiáceos

A

Alcalóides encontrados no ópio e compostos estruturalmente relacionados

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
2
Q

Opiáceos naturais - 4

A

Morfina

Codeína

Tebaína

Papaverina

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
3
Q

Morfina - 4 caraterísticas

A

Fenantreno

10% ópio

Analgésico

Relaxamento e sedação

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
4
Q

Codeína - 4 caraterísticas

A

Fenantreno

0,5% ópio

Analgésico

Relaxamento e sedação

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
5
Q

Tebaína - 5 caraterísticas

A

Fenantreno

0,2% ópio

Fraca ação analgésica

Estimulantes do SNC (convulsões)

Opiáceo mais perigoso

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
6
Q

Papaverina - 4 caraterísticas

A

Benilisoquinolina

1% ópio

Relaxamento muscular

Vasodilatador

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
7
Q

Definição de ópio e divisão dos alcalóides

A

É o suco da papoila Papaver somniferum e contém vários alcalóides, que se dividem em 2 classes, consoante a presença de ação analgésica:

  • Alcalóides fenantrénicos (apresentam ação analgésica): morfina, codeína e tebaína
  • Alcalóides benzilisoquinoleicos (não apresentam ação analgésica): papaverina (relaxante das células musculares lisas) e noscapina
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
8
Q

A morfina utilizada clinicamente…

A

Continua a ser isolada a partir do ópio, uma vez que a síntese laboratorial deste fármaco é difícil

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
9
Q

Definição de opióides

A

Qualquer composto com propriedades funcionais e farmacológicas semelhantes às dos opiáceos, independentemente da sua estrutura (muitos dos opióides endógenos são peptídeos)

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
10
Q

Opióides semi-sintéticos (3)

A

Diacetilmorfina (diamorfina ou heroína)

Buprenorfina

Naloxona

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
11
Q

Opióides sintéticos (4)

A

Morfinanos - levorfanol, butorfanol

Fenileptilaminas - metadona, propoxifeno

Benzomorfanos - pentazocina

Fenilpiperidinas - petidina, alfentanil, fentanil, sufentanil

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
12
Q

Definição de narcótico

A

Qualquer fármaco que induz narcose ou sono

Usado no contexto legal também para designar qualquer composto com potencial de abuso/viciação

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
13
Q

Definição de endorfina

A

Sinónimo de peptídeos opióides endógenos

Pode também ser usado para designar uma endorfina específica (beta-endorfina)

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
14
Q

Sistema opiáceo endógeno

A

Existem 3 recetores opióides clássicos - μ (mu) , δ (delta) e κ (kappa)

Recetor da nocioceptina (NOP)

Recetor σ

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
15
Q

Afinidade dos opióides para o recetor μ (mu) - por ordem decrescente de afinidade

A

Endorfina

Encefalina

Dinorfina

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
16
Q

Efeitos do recetor μ (mu)

A

Modulação da dor (analgesia espinhal e supra-espinhal) - efeitos sedativos

Efeitos gastrointestinais (obstipação)

Efeitos respiratórios (depressão do centro respiratório)

Modulação da libertação de hormonas e neurotransmissores

Euforia

Hipotermia, bradicardia, miose

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
17
Q

Quais os recetores opióides com maior risco de causar depressão respiratória?

A

Os recetores μ são aqueles que ao ser ativados têm maior risco de causar depressão respiratória

Um opiáceo que ative essencialmente o recetor do tipo μ, que é o caso da morfina, obviamente que vai ter risco de morte por depressão respiratória, o que já não acontece com outros opiáceos que têm menor afinidade para a ativação deste recetor

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
18
Q

Efeitos do recetor δ (delta)

A

Iguais aos do recetor μ

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
19
Q

Afinidade dos opióides para o recetor δ (delta) - por ordem decrescente de afinidade

A

Encefalina

Endorfina

Dinorfina

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
20
Q

Afinidade dos opióides para o recetor κ (kappa) - por ordem decrescente de afinidade

A

Dinorfina (muito maior afinidade)

Endorfinas e encefalinas

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
21
Q

Efeitos do recetor κ (kappa)

A

Analgesia espinhal e supra-espinhal

Medeiam fenómenos psicomiméticos

Abrandamento do trânsito gastrointestinal (obstipação)

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
22
Q

Outra designação para os recetores opióides clássicos

A

Os recetores μ são também chamados MOR, os δ são chamados de DOR e os κ são também chamados KOR

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
23
Q

Efeitos do recetor na nocioceptina (NOP)

A

Reduz as respostas aos opióides e aos peptídeos endógenos (“bernas”)
- hiperalgesia em doses baixas
- alodínia (sensação de dor quando, normalmente, o estímulo não é doloroso)
- administração intracerebroventricular tem um efeito
pronociocetivo e anti-analgésico por inibição do tónus opioide endógeno
- reverte os efeitos analgésicos dos opioides durante respostas ao stress
- parece contribuir para o desenvolvimento de tolerância à morfina

A sua ativação origina efeitos semelhantes aos produzidos pelos recetores opióides clássicos
- Provoca analgesia em doses elevadas

Não é antagonizado pela naloxona (ao contrário dos 3 recetores opióides clássicos)
- Elevada distribuição no SNC e existe em células periféricas (basófilos, macrófagos e células endoteliais)

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
24
Q

Efeitos do recetor σ

A

Apesar de ser estimulado por alguns opióides, deixou de ser
considerado um recetor opiáceo, porque a sua estimulação não induz
analgesia nem depressão respiratória

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
25
Q

Os recetores opióides são recetores acoplados a …

A

Proteína G, distribuídos pelo SNC, com ação principalmente na medula espinhal

Também encontramos estes recetores a nível periférico (vasos, coração, músculos respiratórios, músculos GI, …)

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
26
Q

Sinalização intracelular dos recetores opióides

A

Os recetores opióides estão acoplados a proteínas Gi/Go pelo que a sua ativação causa:
inibição da adenilcíclase; inibição dos canais de Ca2+ VD; estimulação da abertura de canais de K+
; ativação da PKC e PLCβ

Assim, estes eventos causam:
• ↓ AMPc
• Hiperpolarização das células
• ↓ da libertação de neurotransmissores nas células neuroniais

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
27
Q

Alguns recetores opióides … podem sofrer…

A

MOP, DOP e NOP

Internalização rápida após ligação do agonista através da via endocítica clássica da βarrestina (notar que o KOP não sofre internalização após exposição prolongada ao agonista)

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
28
Q

Os recetores opioides podem dimerizar?

A

Sim, (ex: MOR-MOR; MOR-DOR), verificando-se alterações nas suas propriedades farmacológicas (afinidade, sinalização
intracelular,…)

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
29
Q

Os agonistas endógenos dos recetores opiáceos pertencem a 3 famílias distintas:

A

Endorfinas

Encefalinas

Dinorfinas

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
30
Q

Caraterísticas das endorfinas

A

A endorfina β é um polipeptídeo derivado da pró-piomelanocortina
(POMC)

É similar às endomorfinas (endomorfina 1 e endomorfina 2), peptídeos endógenos com propriedades analgésicas e elevada afinidade para os recetores opiáceos

Ligando endógeno com maior afinidade para o recetor μ

As células que expressam endorfina β abundam no hipotálamo, a partir de
onde se projetam para quase todo o SNC

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
31
Q

Caraterísticas das encefalinas

A

(met-encefalina e leu-encefalina)

Polipeptídeos derivados da pró-encefalina A (que por sua vez deriva do
POMC?)

Ligando endógeno mais importante do recetor δ

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
32
Q

Caraterísticas das dinorfinas

A

(dinorfina A e dinorfina B)

Polipeptídeos derivados da pró-dinorfina (que por sua vez deriva da
POMC?)

Apresentam elevada afinidade para o recetor κ

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
33
Q

Qual é o ligando endógeno para o recetor NOP?

A

Nociocetina/orfanina Q

O seu precursor é a prepronocicetina

Recentemente foi identificar outra família de opióides endógenos, endormorfinas

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
34
Q

Os peptídeos opiáceos endógenos existem apenas no SNC?

A

Não, também existem ao nível de tecidos periféricos

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
35
Q

Os peptídeos opiáceos endógenos não são utilizados na prática clínica por 4 razões:

A

Período de semivida muito curto

Dificuldade em atravessar a BHE

Originam efeitos colaterais semelhantes aos da morfina (incluindo dependência e
depressão respiratória)

Extração biológica e síntese química difícil e muito dispendiosa

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
36
Q

Consequências funcionais da ativação aguda e crónica dos recetores opióides (4)

A

Dessensibilização

Tolerância

Dependência

Compulsão (viciação)

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
37
Q

Dessensibilização (2)

A

Após exposição aguda ao agonista (desaparece se for eliminado o agonista)

Envolve provavelmente a fosforilação do recetor → desacoplamento do
recetor com as proteínas G e/ou internalização do recetor

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
38
Q

Tolerância (6)

A

Após administração prolongada ao agonista (desaparece várias semanas após retirada do agonista)

Diminuição da eficácia de um agonista ou deslocamento da curva dose-efeito para a direita

É ultrapassável com o aumento das doses do agonista

Traduz-se em alterações na sinalização intracelular (↓ da inibição da adenilcíclase) e nas células/órgãos efetores

Diferentes respostas fisiológicas podem estar sujeitas a diferentes graus de tolerância (ex: miose [nenhuma/baixa tolerância] VS euforgénese [rápida
tolerância])

Tolerância cruzada: agonista opióide de uma dada classe apresenta resposta reduzida num sistema tolerante a outro agonista da mesma classe

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
39
Q

Dependência (4)

A

Ocorre durante o estado de tolerância

Adaptação manifestada por síndrome de abstinência (devido a cessação da
exposição ao agonista ou administração de um antagonista)

A dependência é manifestada por sinais exuberantes de ativação celular +
aumento do efluxo somatomotor e do SNA (agitação, hipertensão, diarreia,
hipertensão) + sintomas afetivos (disforia, ansiedade, depressão)

Pode ser suprimida pela reintrodução do mesmo agonista ou de outro agonista
da mesma classe

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
40
Q

Compulsão (viciação) - 3

A

Uso compulsivo do fármaco e elevado envolvimento na sua procura e consumo

Motivada pelos efeitos positivos de recompensa dos opiáceos

Dependência é diferente de compulsão(viciação)
- Qualquer indivíduo exposto durante algum período aos opiáceos irá desenvolver algum grau de tolerância e dependência. Contudo, isto não implica um estado de compulsão (viciação)

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
41
Q

Efeitos farmacológicos de opióides usados clinicamente

A

Analgesia, euforia, depressão respiratória, miose, diminuição da motilidade GI, convulsões,
hipotensão ortostática e desmaio (devido a vasodilatação), diminuição da libertação de
hormonas do eixo hipotálamo-hipófise-suprarrenal, retenção urinária…

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
42
Q

Analgesia (5)

A

Efeito analgésico seletivo → as outras modalidades somato-sensoriais (toque, propriocepção,…) não são afetadas

Doses baixas de morfina produzem efeitos na componente afetiva mas não na perceção nociocetiva, enquanto que doses elevadas da mesma substância
reduzem quer a componente afetiva que a perceção a intensidade da dor

A dor insistente, maçadora (lesão tecidual e inflamação) é aliviada de modo mais eficaz do que uma dor aguda e intermitente (embora aumentando a dose
seja possível aliviar dores intensas)

Pacientes dizem frequentemente que a dor, embora ainda presente, é tolerável e sentem-se mais confortáveis

Em relação a analgesia, os fármacos do tipo morfina provocam, para além da analgesia, alguma sonolência, algumas alterações do humor, alterações no
discurso, instabilidade emocional, descoordenação e motora. A depressão
respiratória é o efeito mais complicado da morfina em doses elevadas, nos
doentes com dor crónica

Quando a morfina é administrada em doses analgésicas, em doentes que não têm dor, normalmente as respostas são francamente desagradáveis

43
Q

A dor é uma experiência subjetiva que pode ocorrer em 3 situações

A

Em resposta a um evento desagradável associado a dano tecidual (responde melhor a analgésicos)

Sem uma causa predisponente óbvia

Devido a lesão cerebral (ex: AVC) ou de um nervo (dor mais difícil de tratar com analgésicos convencionais)

44
Q

A dor está associada à ativação de fibras primárias aferentes, de pequeno diâmetro, dos nervos periféricos, que respondem a vários estímulos, distinguindo-se dos recetores mecânicos ou térmicos por terem um limiar de ativação maior. As fibras podem ser:

A

Fibras C não mielinizadas, com velocidade de condução lenta, associadas a terminações nociocetivas polimodais. A sua ativação causa
uma dor maçadora, difusa e ardor

Fibras finas mielinizadas (Aδ), com velocidade de condução mais rápida,
embora respondam aos mesmos estímulos que as fibras C. A sua
ativação causa uma dor aguda e localizada. Apresentam
mecanorecetores com limiar de ativação elevado

45
Q

Os corpos celulares das fibras nocicetivas aferentes situam-se…

A

Nos gânglios espinhais, sendo que estabelecem sinapses excitatórias
(glutamato e substância P) com neurónios aferentes secundários
localizados no corno dorsal da medula espinhal

46
Q

Fibras Aδ

A

Mecanorrecetores (II e III do corno dorsal da medula)

Nocicetores (I e V do corno dorsal da medula)

Velocidade intermédia

47
Q

Fibras Aß

A

Mecanorrecetores (III, IV, V e VI do corno dorsal da medula)

Mais lentas

48
Q

Fibras C

A

Nocicetores

Termorrecetores

Mecanorrecetores

(I e II do corno dorsal da medula)

49
Q

Teoria da porta da dor

A

Ao ativar fibras Aβ com estímulos táteis, não
tóxicos, os interneurónios inibitórios são ativados e inibem a transmissão
da dor pelas fibras C

Note-se que as células da substância gelatinosa
respondem quer à atividade das fibras aferentes primárias quer à
atividade das vias descendentes da modulação da dor

A via ascendente de transmissão da dor corresponde ao trato espinotalâmico,
havendo projeções para o córtex somatossensorial, onde ocorre processamento
da dor (localização, intensidade, qualidade). Além disso, existe ainda o trato
espinorreticular, que é responsável pela componente afetiva da dor

Por outro lado, existe uma via descendente de modulação da dor: a região
periaquedutal cinzenta, situada no mesencéfalo, recebe informação do
hipotálamo, córtex e tálamo, tendo projeções para o núcleo magno da rafe e
depois para o corno dorsal da medula espinhal → a serotonina, noradrenalina e
encefalina são neurotransmissores desta via que atuam diretamente ou por
intermédio de interneurónios para inibir a ativação de neurónios epinotalâmicos

50
Q

Existem dois tipos de dor:

A

Nocicetiva

Neuropática

51
Q

Caraterísticas da dor nocicetiva (4)

A

Ocorre após lesão tecidual ou inflamação local

Pode ser somática ou visceral

Ardor, dor latejante, hiperalgesia (excesso de dor associada a um estímulo nóxico ligeiro) ou alodínia
(dor provocada por estimulo não nóxico)

Ocorre libertação de fatores ativos (prostaglandinas,
bradicinina, citocinas, …) no local lesionado que vão ativar as fibras C e Aδ de elevado limiar de ativação e
reduzir a intensidade de estímulo necessário para a sua ativação (sensibilização periférica)

52
Q

Caraterísticas da dor neuropática (6)

A

Ocorre após lesão de nervos periféricos

Pode não depender somente da lesão das fibras C e Aδ mas também das fibras Aβ de menor limiar de ativação

Desenvolvimento de atividade ectópica proveniente de neuromas ou de
gânglios do ramo dorsal que contêm axónios lesados

Disestesias espontâneas e alodínia (estímulos de baixa intensidade
propagados pelas fibras Aβ causam dor)

Responde menos aos opióides

Ex: síndrome do túnel cárpico

53
Q

Mecanismos de analgesia induzida pelos opioides - ações supraespinhais

A

Os agonistas MOP bloqueiam a libertação do GABA nos
interneurónios inibitórios na PAG e RVM → inibem a nociceção na
medula espinhal

54
Q

Mecanismos de analgesia induzida pelos opioides - ações espinhais (2)

A
No corno dorsal da medula espinhal, os agonistas MOP atuam em
recetores pré-sináticos nas fibras aferentes, inibindo a libertação
de neurotransmissores (por bloqueio de canais de Ca2+ VD)

Os agonistas MOP atuam também em recetores pós-sináticos dos
neurónios de 2ª ordem, causando a abertura de canais de K+ e
hiperpolarização

55
Q

Mecanismos de analgesia induzida pelos opioides - ações periféricas

A

A aplicação direta de opioides, em elevadas concentrações, num
nervo periférico pode produzir um efeito do tipo anestésico local.
Este efeito não é reversível pela naloxona (antagonista dos
recetores opióides)

56
Q

Fármacos com ação nos recetores opiáceos (5)

A

A maioria dos agonistas usados na clínica são seletivos para o MOP

Agonistas DOP não têm utilidade clínica

Os agonistas KOP não são usados no tratamento prolongado devido aos seus efeitos
disfórico e psicotomimético (exceção: butorfanol)

Os agonistas NOP não têm efeito analgésico

Os agentes com perfil misto agonista-anatgonista foram desenvolvidos para
diminuir o potencial de viciação e o efeito depressor respiratório (embora não
tenham tido grande sucesso, sendo que a pentazocina e nalorfina podem precipitar
síndrome de abstinência)

57
Q

Agonistas totais dos recetores opiáceos

A

A morfina é um agonista dos recetores opiáceos, apresentando propriedades analgésicas

Contudo, comporta ações adversas, nomeadamente, depressão respiratória e
dependência e tolerância. Ora, estes efeitos adversos limitam o uso terapêutico da morfina e obrigaram à procura de outros analgésicos centrais com eficácia terapêutica
similar à da morfina, mas com menos efeitos adversos - 3 famílias distintas: derivados das 4-fenilpiperidinas ; derivados da 3,3-difenilpropilamina ; derivados da 1,2- e da 1,3-diaminas

58
Q

Agonistas totais dos recetores opiáceos - derivados das 4-fenilpiperidinas (5)

A

Pentacíclicos: Morfina, codeína, heroína, oximorfona

Hexacíclicos: Oripavinas (buprenorfina, nalbufina)

Tetracíclicos: Morfinanos (levorfanol, dextrometorfano e butorfanol)

Tricíclicos: Benzomorfanos (pentazocina)

Bicíclicos: Meperidina, fenoperidina, difenoxilato e loperamida

59
Q

Agonistas totais dos recetores opiáceos - derivados da 3,3-difenilpropilamina

A

Metadona e dextropropoxifeno

60
Q

Agonistas totais dos recetores opiáceos - derivados da 1,2- e da 1,3-diaminas

A

Fentanil, anfetanil, carfentanil, sufentanil,

lofentanil e remifentanil

61
Q

Farmacocinética dos agonistas dos recetores opiáceos

A

Em termos farmacocinéticos, os agonistas dos recetores opiáceos são bem
absorvidos por via oral, apresentando um bom volume de distribuição

Para além
disso, em termos gerais, estes fármacos atravessam facilmente a BHE

Quase todos estes fármacos sofrem ampla biotransformação, o que condiciona
uma baixa biodisponibilidade

Para além disso, quase todos estes fármacos são
metabolizados por glicurono-conjugação

Como estes fármacos são muito lipofílicos, a sua administração crónica ou em
doses elevadas condiciona acumulação no tecido adiposo (o que poderá levar a
um subsequente efeito de redistribuição)

62
Q

Recetores onde atua a morfina

A

A morfina atua por estimulação dos recetores opiáceos, apresentando
elevada afinidade para os recetores μ (MOP), κ (KOP) e δ (DOP)

A morfina estimula, simultaneamente, recetores inibitórios e
excitatórios. Todavia, predomina a estimulação dos recetores
inibitórios, de tal modo que a morfina apresenta um efeito globalmente
depressor

63
Q

Ações centrais da morfina

A

As ações centrais mais importantes da morfina incluem a analgesia, a
sedação, a depressão respiratória e a dependência

64
Q

Controlo da dor pela morfina

A

As dores crónicas, contínuas, são mais facilmente controláveis do que
as agudas, intermitentes

65
Q

Tempo de ação da morfina

A

Tempo necessário para ação analgésica tendo em conta a via de
administração: via epidural < via IV < via intramuscular < via subcutânea
< via oral

66
Q

Morfina e relação com estado psicológico

A

Em indivíduos com dores, a diminuição do medo e da ansiedade levam
ao desenvolvimento de um quadro de bem-estar psíquico e
autoconfiança, o qual se designa por euforia. Pelo contrário, em
indivíduos normais, a administração de morfina é seguida de um quadro
de mal-estar psíquico com ansiedade e tensão, o qual se designa por
disforia. Em alguns doentes, a administração de morfina pode induzir
delírio e alucinações

67
Q

Morfina e relação com a dependência

A

Através da estimulação dos recetores opiáceos μ, a morfina possui
capacidade de desencadear dependência física. O uso de morfina
também pode levar ao desenvolvimento de dependência psíquica

68
Q

Efeitos autonómicos da morfina

A

A morfina possui ainda ação antitússica, é capaz de estimular os
quimiorrecetores do centro do vómito (embora quando administrada
cronicamente deixe de acontecer) e alterar movimentos e causar miose

69
Q

Ações periféricas da morfina

A

Promover a libertação de histamina + vasodilatação

Diminui trabalho cardíaco (indicado em enfartes agudos do
miocárdio)

Obstipação GI

70
Q

Morfina-6-glicoronídeo

A

A morfina- 6- glicoronídeo tem ações semelhantes à da morfina, mas é
mais potente

71
Q

Farmacocinética da morfina

A

Dada a fraca absorção intestinal foram desenvolvidos comprimidos de
sulfato de morfina de libertação gradual, que permitem superar esse
problema. Além disso, sofre um acentuado fenómeno de 1ª passagem
no fígado (90% é biotransformada no fígado por glicurono-conjugação).
Não admira, portanto, que os efeitos da morfina estejam potenciados
em indivíduos com insuficiência hepática avançada assim como em
doentes com insuficiência renal (devido ao impedimento da excreção
do metabolito de morfina-3-glucoronídeo, sobretudo, ou de morfina-6-
glicuronídeo)

72
Q

3 caraterísticas da codeína

A

12 vezes menos potente que a morfina

No fígado, cerca de 10% da codeína é metabolizada pela CYP2D6 e
convertida em morfina → codeína é considerada um pró-fármaco da
morfina

Na clínica, é usada sobretudo como um anti-tússico

73
Q

3 caraterísticas da heroína

A

A heroína é um pró-fármaco da morfina, que apresenta um curto
período de semi-vida. Não apresenta qualquer vantagem clínica
▪ Heroína → 6-monoacetilmorfina → morfina

Mais lipofílica que a morfina e entra mais facilmente no cérebro

É considerada um estupefaciente, devido ao seu elevado potencial de génese de dependência física e psíquica

74
Q

5 caraterísticas da meperidina (petidina)

A

Fenilpiperidina

Apresenta todos os efeitos centrais da morfina, com exceção do efeito antitússico. Além disso, partilha alguns efeitos periféricos com a
morfina

Em doses analgésicas, apresenta um efeito anti muscarínico, induzindo taquicardia. Todavia, em doses muito elevadas, a meperidina exibe uma
acentuada depressão cardíaca.

Em termos clínicos, é comum administrar meperidina no trabalho de parto, como analgésico intramuscular

Agonista MOP (efeito predominante)

75
Q

2 caraterísticas do levorfanol

A

Morfinano

Ação nos recetores MOP, DOP e KOP

76
Q

5 caraterísticas da metadona

A

Fenileptilamina

Agonista MOP de longa duração de ação

A metadona é um opióide sintético, ligeiramente mais potente que a
morfina

Metadona causa dependência física cruzada com a heroína → o seu uso está, atualmente, quase limitado ao tratamento da toxicodependência

Arritmias cardíacas graves

77
Q

3 caraterísticas da loperamida

A

Derivado piperidínico

Inibe o peristaltismo intestinal por atuação nos recetores μ periféricos, mas apresenta poucos efeitos ao nível dos recetores opiáceos do
sistema nervoso central → controlo da diarreia

Agonista MOP

78
Q

5 caraterísticas do fentanil e sufentanil

A

Derivado fenilpiperidínico

O fentanil é um opióide cerca de 100 vezes mais potente que a morfina,
mas com uma duração de ação muito inferior. Sufentanil é 1000 X mais potente do que a morfina

Contrariamente à morfina, o fentanil não estimula a libertação de
histamina

Agonista MOP

Importantes na prática anestésica: pouco tempo para atingir o efeito
analgésico máximo; efeito depressor mínimo no miocárdio;

79
Q

3 caraterísticas do alfentanil

A

Derivado fenilpiperidínico

Agonista MOP

Usado para analgesia e para aumentar a tolerância a tubos
endotraqueais em doentes com ventilação mecânica

80
Q

4 caraterísticas do remifentanil

A

Derivado fenilpiperidínico

O remifentanil é rapidamente biotransformado

Agonista MOP

Usado para procedimentos cirúrgicos rápidos que requerem analgesia
intensa e bloqueio de respostas de stress

81
Q

Usos terapêuticos dos agonistas totais dos recetores opiáceos

A

Analgesia

Anestesia

Tosse

Diarreia

Tremor associado a anestesia espinhal

Edema pulmonar agudo

82
Q

Efeitos adversos dos agonistas totais dos recetores opiáceos

A

Depressão respiratória

Náuseas e vómitos

Tonturas

Confusão mental

Disforia

Prurido

Obstipação

Aumento da pressão no trato biliar

Hipotensão arterial

Retenção urinária

Delírio (raro)

Tolerância

Dependência

83
Q

Precauções no uso dos agonistas totais dos recetores opiáceos

A

Doença renal (risco de overdose)

Doença hepática (risco de overdose)

Doença pulmonar (risco de depressão respiratória grave e morte)

Traumatismo craniano (depressão respiratória causa vasodilatação cerebral que pode levar a alterações letais da função cerebral em doentes com elevada pressão intracraniana; opioides produzem sintomas - miose, confusão mental e vómitos - iguais aos usados para avaliar a evolução do estado clínico do doente com traumatismo craniano)

Hipotensão (doentes mais suscetíveis aos efeitos vasodilatadores destes fármacos)

Asma (a morfina causa libertação de histamina e consequente broncoconstrição e vasodilatação; pode precipitar ou exacerbar ataques asmáticos; o fentanil tem menor incidência destes efeitos)

Doença endócrina (opioides reduzem a libertação de várias hormonas do eixo hipotálamo-hipófise-supra-renal)

Gravidez (pode causar depressão respiratória durante o parto e causar síndrome de abstinência no bebé após o nascimento)

84
Q

Agonistas parciais dos recetores opiáceos (3)

A

Buprenorfina

Tramadol

Tapentadol

85
Q

1 caraterística do tapentadol

A

Estruturalmente e mecanisticamente semelhante ao tramadol

86
Q

3 caraterísticas da buprenorfina

A

Agonista parcial dos recetores μ, sendo praticamente desprovida de
ações sobre os recetores κ

A buprenorfina liga-se de forma muito estável aos seus recetores, de
tal modo que a sua dissociação dos recetores ocorre de modo lento.
Ora, isso contribui para que a síndrome de privação deste fármaco seja relativamente pouco exuberante → utilizada na desintoxicação por
opióides

Derivado da tebaína

87
Q

8 caraterísticas do tramadol

A

Acão agonista parcial dos recetores μ

Inibição da recaptação neuronal de serotonina

Inibição da recaptação neuronal de noradrenalina

O tramadol, contra as dores agudas, tem eficácia semelhante à da morfina, enquanto que em dores crónicas é menos eficaz que a
morfina

Na dor de parto não é tão eficaz como a meperidina mas causa menor depressão respiratória neonatal

Não causa obstipação

Análogo sintético da codeína

Analgesia não é totalmente revertida com naxolona, ao contrário do
que acontece com a depressão respiratória

88
Q

Agonistas-antagonistas mistos dos recetores opiáceos (3)

A

Pentazocina

Nalbufina

Butorfanol

89
Q

3 caraterísticas da pentazocina

A

Antagonista dos recetores μ e agonista dos recetores κ e σ

Interesse clínico reduzido

Causa apenas depressão respiratória limitada e apresenta pouca capacidade de provocar dependência. Induz ainda estimulação
simpática, que se manifesta através do desenvolvimento de
taquicardia e hipertensão

90
Q

2 caraterísticas da nalbufina

A

Antagonista dos recetores μ e agonista dos recetores κ

Efeitos semelhantes aos da pentazocina mas menos efeitos disfóricos

91
Q

1 caraterística do butorfanol

A

Antagonista dos recetores μ e agonista dos recetores κ

92
Q

Antagonistas dos recetores opiáceos - 2 considerações

A

Estes fármacos são utilizados para reverter a depressão respiratória resultante
do uso dos agonistas totais. Para além disso, estes antagonistas são capazes de
reverter os efeitos analgésicos e a dependência física induzida pelos agonistas
dos recetores opiáceos, embora possam desencadear, abruptamente,
síndrome de abstinência (pois ocorre remoção rápida do agonista, que não
permite a adaptação da célula)

O antagonismo dos efeitos opióides pela naloxona pode ser acompanhado pela
exacerbação dos efeitos fisiológicos: taquipneia, aumento da libertação de
catecolaminas com consequente hipertensão, taquicardia e arritmias
ventriculares

93
Q

Antagonistas dos recetores opiáceos - 5 exemplos

A

Naloxona

Naltrexona

Nalmefeno

Metilnaltrexona e alvimopan

Naloxegol

94
Q

4 caraterísticas da naloxona

A

Antagonista competitivo dos recetores μ, δ e κ (mais eficaz como
antagonista dos recetores μ)

Os seus efeitos apresentam uma duração muito inferior à da maioria dos agonistas (1-2h) → Isto significa que, apesar de ser capaz de
reverter rapidamente uma situação de depressão respiratória grave induzida pela morfina ou pela heroína, a naloxona exerce efeitos de tal
modo transitórios, que a depressão respiratória pode voltar a ser
despoletada → a naloxona deve ser administrada em doses repetidas
para evitar isto

Deve ser administrada por via IV ou intramuscular

Pode causar edema pulmonar

95
Q

2 caraterísticas da naltrexona

A

Utilizada no tratamento da toxicodependência, devido à maior duração
de ação

Este fármaco apresenta uma longa duração de ação (10h), de tal modo
que não devem ser administradas doses muito elevadas deste
fármaco

96
Q

3 caraterísticas do nalmefeno

A

Derivado da naltrexona, que apenas pode ser administrado por via IV

Utilizado na terapêutica da overdose de opióides

8-10h

97
Q

2 caraterísticas

A

A metilnaltrexona e o alvimopan são antagonistas dos recetores μ
periféricos, que não atravessam a BHE → capazes de reverter os
efeitos periféricos dos opióides, mas não os seus efeitos analgésicos
centrais → utilizados no alívio da obstipação causada pelos opióides.

Metilnaltrexona usado por via subcutânea e alvimopan por via oral

98
Q

2 caraterísticas do naloxegol

A

Forma peqguilada da naloxona – reduz a penetração no SNC, sendo usado para tratar os efeitos periféricos causados pelos opióides (ex:
obstipação associada ao uso crónico de opióides)

Via oral

99
Q

Algumas notas finais

A

O único fármaco que é realmente antagonista seletivo dos recetores μ é o CTOP

Há alguns compostos mais recentes que têm menos potência sobre os recetores μ e
terão mais influência sobre os recetores δ. No caso da nor-binaltorfimina é
essencialmente um fármaco mais seletivo para os recetores k

Notar ainda que a certa altura da nossa dose-resposta, vamos “bater” num efeito máximo e a partir daí, vamos deixar de obter uma analgesia acrescida (plateau) e é
preciso ter cuidado para não correr o risco de depressão respiratória

Estes fármacos têm ação analgésica, embora continua a haver perceção da dor.
Portanto, a dor não é completamente anulada.

A perceção da dor é central. Podemos atuar central e perifericamente na supressão da
dor (porque os recetores μ têm localização central e periférica)

Heroína → derivado de morfina, daí se chamar diacetilmorfina

Quase todos os opióides são dificilmente absorvidos por via oral porque são muito
lipofílicos. A administração através da mucosa retal permite uma melhor passagem para a corrente sanguínea. Em termos da distribuição, no caso da morfina uma fração
considerável liga-se a proteínas plasmáticas o que permite um equilíbrio com a fração
livre e permite estender o seu efeito durante um certo tempo

Agonistas:
o Morfina (derivado de fenantreno) → fármaco mais potente
o Metadona (família das fenileptilaminas)→ tratamento da adição à heroína
o Fentanil, sufentanil → utilizados em manobras cirúrgicas e no tratamento da dor
em doentes terminais, principalmente com doença neoplásica e metastização
óssea

Tramadol e o tapentadol, que são fármacos mais recentes e são usados para o
tratamento analgésico de um patamar de dor que é mais baixo do que aquele que se
trata com morfina

100
Q

Agonistas totais dos recetores opiáceos (9)

A

Morfina

Codeína

Meperidina (petidina)

Levorfanol

Metadona

Loperamida

Fentanil e sufentanil

Alfentanil

Remifentanil

101
Q

Agonistas parciais dos recetores opiáceos (3)

A

Buprenorfina

Tramadol

Tapentadol

102
Q

Agonistas-antagonistas mistos (3)

A

Pentazocina

Nalbufina

Butorfanol

103
Q

Antagonistas dos recetores opiáceos (5)

A

Naloxona

Naltrexona

Nalmefeno

Metilnaltrexona e alvimopan

Naloxegol