S4 - Substâncias de abuso (terminado) Flashcards

1
Q

Definição de dependência

A

Apetência ou compulsão para tomar, regular ou periodicamente, um fármaco, com o propósito de sentir os seus efeitos psíquicos ou de evitar o sofrimento decorrente da suspensão desta administração designado de síndrome de privação

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2
Q

Existem dois tipos de dependência:

A

Psíquica

Física - este pode levar a eventuais sintomas de síndrome de privação

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3
Q

Existem dois tipos de tolerância:

A

Inata

Adquirida

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4
Q

A tolerância adquirida pode ser subdividida em 6 subtipos:

A

Farmacocinética

Farmacodinâmica

Aprendida

Aguda

Reversa

Cruzada

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5
Q

Relação entre dose e efeito relativo da substância

A

Tolerância - gráfico para inferior e esquerda (maiores doses necessárias para atingir o mesmo efeito relativo)

Sensibilização - gráfico para superior e direita (menores doses necessárias para atingir o mesmo efeito relativo)

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6
Q

5 considerações sobre a habituação

A

Níveis de prazer elevados - volta a consumir

Familiarização com a sensação - não compreensão da necessidade de parar

As drogas de habituação atuam através de mecanismos neurofisiológicos comuns

O cérebro de um toxicodependente que se adaptou à droga exibe alterações permanentes que participam na “ânsia pela droga”

“Ânsia pela droga” é a principal causa de recaída

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7
Q

3 variáveis na capacidade de uma droga causar dependência

A

Relativas ao agente

Relativas ao hospedeiro

Relativas ao ambiente

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8
Q

Lista de substâncias de abuso

A

Álcool

Benzodiazepinas

Nicotina

Opióides
(ex. heroína)

Cocaína e outros psicoestimulantes
(ex. anfetamina e drogas semelhantes; cafeína)

Canabinóides (marijuana/maconha)

Agentes psicodélicos
(ex. LSD; psilocibina; MDMA e MDA; PCP)

Inalantes

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9
Q

3 considerações sobre o álcool

A

Droga psicotrópica com atuação no SNC

2 efeitos diferentes:

  • inicialmente estimulante: euforia e desinibição;
  • depressor, causando sedação e sonolência

Consumo crónico com diversas consequências

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10
Q

Efeito do álcool a nível dos olhos

A

Visão turva ou dupla

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11
Q

Efeito do álcool a nível da boca e garganta

A

Discurso confuso e fala arrastada

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12
Q

Efeito do álcool a nível da circulação

A

Níveis de álcool aumentam no sangue

O álcool move-se rapidamente para todas as partes do corpo, incluindo o feto

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13
Q

Efeito do álcool a nível do fígado

A

Metaboliza o álcool a uma taxa média de uma bebida normal por hora

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14
Q

Efeito do álcool a nível dos rins e balanço eletrolítico

A

Maior produção de urina

Perda de minerais e sais

Desidratação

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15
Q

Efeito do álcool a nível dos ossos e músculos

A

Dificuldade em andar e falta de jeito

Ossos partidos, hematomas, feridas e lesões internas

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16
Q

Efeito do álcool a nível do cérebro e sistema nervoso

A

Prejuízo dos processos de pensamento, concentração e juízo crítico

Alterações do humor

Perda de memória (blackout)

Distúrbio do sono

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17
Q

Efeito do álcool a nível dos pulmões

A

Os níveis de álcool aumentam no hálito

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18
Q

Efeito do álcool a nível da pele

A

Sudorese e vermelhidão

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19
Q

Efeito do álcool a nível do pâncreas e glicemia

A

Diminuição da glicemia

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20
Q

Efeito do álcool a nível do estômago e intestinos

A

O álcool é absorvido do intestino para o sangue

Indigestão

Diarreia

Náuseas e vómitos

Aumento da inflamação

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21
Q

Neurotransmissores afetados no álcool

A

GABA-alfa
e
Glutamato

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22
Q

Álcool - GABA-alfa (3)

A

Principal neurotransmissor inibitório estimulado pelo álcool

Provoca relaxamento e sedação

Áreas afetadas: movimento, memória (depressão das memórias recentes), julgamento (tomada de decisões) e respiração

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23
Q

Álcool - glutamato (2)

A

Maior neurotransmissor excitatório do cérebro

Consumo crónico leva a um aumento dos recetores glutamatérgicos no hipocampo - falhas de memória + crises convulsivas

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24
Q

Consumo de álcool - 4 considerações

A

Tolerância aguda acentuada e tolerância crónica

Dependência
○ Física - síndrome de abstinência (e delirium
tremens)
○ Psicológica

Tolerância cruzada com outros sedativos (ex.
benzodiazepinas)

Desenvolvimento de depressão e de ideais suicidas

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25
Q

Sintomas da síndrome de abstinência alcoólica

A

Desejo intenso de ingerir álcool

Tremor, irritabilidade

Náuseas

Distúrbios do sono

Taquicardia

Hipertensão

Sudorese

Distorção da perceção

Convulsões (6 a 48h depois da última dose)

Alucinações visuais (e ocasionalmente auditivas ou táteis) - 12 a 48h depois da última dose

Delirium tremens (48 a 96h depois da última dose; raro nos casos de abstinência sem complicações)

  • Agitação extrema
  • Confusão
  • Febre, sudorese profusa
  • Taquicardia
  • Naúseas, diarreia
  • Pupilas dilatadas
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26
Q

Álcool: dissulfiram

A

Impede degradação do álcool se houver ingestão
-
Acumulação de acetaldeído
-
Sinais e sintomas de intoxicação por acetaldeído

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27
Q

Álcool: naltrexona

A

Antagonista dos recetores opióides (μ) - bloqueio da ativação das vias dopaminérgicas cerebrais

Tratamento da dependência de narcóticos e de overdose

Náuseas, lesão hepática

Naloxona e nalmefeno

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28
Q

Álcool: acamprosato

A

Análogo do GABA - atua nos sistemas de glutamato

Bem tolerado

Efeito secundário: diarreia

Uso simultâneo com dissulfiram aumenta a eficácia

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29
Q

Fármacos orais utilizados no tratamento do abuso de álcool

A

Dissulfiram

Naltrexona

Acamprosato

Topiramato

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30
Q

Efeito do dissulfiram

A

Inibe a ALDH com aumento resultante do nível de acetaldeído depois da ingestão de álcool

A abstinência é reforçada para evitar as reações adversas resultantes

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31
Q

Efeito da naltrexona

A

Antagonista do recetor opioide μ

Parece diminuir a ingestão de álcool por atenuação da gratificação obtida com a ingestão e/ou diminuição do desejo

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32
Q

Efeito do acamprosato

A

Antagonista fraco dos recetores NMDA, ativador dos recetores GABA-A

Pode diminuir as síndromes de abstinência protraída brandas com atenuação da sensação de necessitar de álcool

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33
Q

4 caraterísticas das benzodiazepinas

A

Fármacos mais comumente prescritos - transtornos de ansiedade e insónias

Ligam-se alostericamente ao neurotransmissor GABA

Propriedades sedativas, hipnóticas, ansiolíticas, anticonvulsivantes e de relaxamento muscular

Controvérsia quanto ao grau em que ocorre tolerância aos efeitos ansiolíticos destes

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34
Q

Sinais e sintomas da abstinência de benzodiazepinas - depois do uso de doses moderadas

A

Ansiedade, agitação

Hipersensibilidade à luz e aos sons

Parestesias, sensações estranhas

Cãibras musculares

Abalos mioclónicos

Distúrbios do sono

Tonturas

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35
Q

Sinais e sintomas da abstinência de benzodiazepinas - depois do uso de doses altas

A

Convulsões

Delírio

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36
Q

Suspensão do uso de benzodiazepinas

A

Requer meses de uma redução gradual na dose de tratamento

Flumazenil - antagonista benzodiazepínico; reversão dos efeitos sedativos após anestesia; tratamento da intoxicação benzodiazepínica

Além do flumazenil, recorre-se também a benzodiazepinas de longa duração (diazepam e clorazepato) e a barbitúricos de longa ação (fenobarbital) para bloquear a sedação subjacente

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37
Q

4 caraterísticas da nicotina

A

Presente nos derivados do tabaco - substância psicoativa

Rapidamente absorvida pela pele, mucosas e pulmões

Ao atingir o SNC - libertação de neurotransmissores (sensação de prazer)

Provoca a modificação do estado emocional e comportamental

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38
Q

Mecanismo de atuação da nicotina (3)

A

Atua no recetor nicotínico, com 2 efeitos:

  • estimulante exercido no locus ceruleus
  • recompensa no sistema límbico (núcleo accumbens)

Ocorre uma resposta bifásica - um rápido efeito estimulante seguido de um depressor mais duradouro, por bloqueio dos recetores

Síntese de mais recetores para suprir os que se encontram bloqueados - doses cada vez mais elevadas - tolerância

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39
Q

Consumo de nicotina

A

A mais perigosa das drogas causadoras de dependência

Alto índice de fracasso no cessamento

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40
Q

Síndrome de abstinência da nicotina

A

Reforço negativo

Sinais e sintomas:

  • Irritabilidade, impaciência e hostilidade
  • Ansiedade
  • Humor disfórico ou deprimido
  • Dificuldade de concentrar-se
  • Inquietude
  • Redução da frequência cardíaca
  • Aumento do apetite ou do peso corporal
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41
Q

Objetivo da terapia farmacológica na nicotina

A

Diminuir a compulsão por nicotina e inibir o seu efeito de reforço

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42
Q

Terapia de substituição de nicotina (NRT) - terapia farmacológica

A

Adesivo transdérmico, goma de mascar, pastilha, vapor de inalação e nebulizador nasal (24h)

Mantém uma concentração sanguínea baixa e sustentada de nicotina (sem pico) - impede síndrome de abstinência sem causar os efeitos normais da nicotina

Redução gradual da dose diária

Índice de abstinência em 12M de 20%

43
Q

Terapia comportamental na nicotina - bupropiona

A

Bloqueia o reuptake de certos neurotransmissores (noradrenalina e dopamina) - efeitos estimulantes

Inicialmente utilizado como antidepressivo

Mecanismo de ação na facilitação da cessação tabágica ainda desconhecidos

44
Q

Terapia comportamental na nicotina - vareniclina

A

Interage com os recetores nicotínicos da Ach ao nível do cérebro, funcionando como:

  • Agonista parcial dos recetores alfa4beta2 - libertação da dopamina
  • Antagonista - liga-se aos recetores com grande afinidade e impede a ligação da nicotina - pouca gratificação na recaída

Alterações de humor e de comportamento, com risco de desenvolvimento de ideação suicida

Índice de abstinência em 1 ano de 36,7%

45
Q

Caraterísticas dos opióides

A

Tratamento da dor grave e crónica

Analgesia + estado de euforia e bem-estar

Recetores opióides podem sofrer internalização rápida após ligação do agonista através da via endocítica clássica da beta-arrestina

46
Q

Efeitos dos recetores opióides

A

(MOP, DOP, KOP) + proteínas Gi/Go

  • Inibição da adenilcíclase - diminuição do AMPc
  • Inibição dos canais de Ca2+ VD
  • Estimulação da abertur de canais de K+ - hiperpolarização
  • Ativação da PKC e PLCbeta

Diminuição da libertação de neurotransmissores - diminuição da excitabilidade neuronial

47
Q

Caraterísticas da heroína (opiáceo)

A

“Estupefaciente”: elevado potencial de gerar dependência física e psíquica

Injetada < fumadas ou ‘cheiradas’.

Entusiasmo + prazer intenso (orgasmo)

Início de ação rápido e uma curta semi-vida

Altamente lipossolúvel

Recetores MOP

É um pró-fármaco da morfina: é desacetilada em metabólitos ativos como a morfina e a 6-monoacetilmorfina

Injeção de heroína -> euforia (minutos) -> estado de tranquilidade, “tudo bem” (1h) -> 3-5h depois, efeitos regridem ->repeat

Sistemas homeostáticos (ex. eixos H-H-gonadal e H-H-suprarrenal)

Humor: dóceis e submissos -> irritáveis e agressivos + perturbações comportamentais drásticas

48
Q

Heroína - tolerância

A

Dose igual - menor efeito desejado

Presente logo no momento que sucede o estado de euforia

Atingida também a nível da depressão respiratória e efeitos analgésicos, sedativos e eméticos

49
Q

Síndrome de abstinência da heroína e outros opióides (abstinência comum)

A

Sintomas

  • desejo incontrolável de usar opioides
  • inquietude, irritabilidade
  • acentuação da sensibilidade à dor
  • náuseas, cãibras
  • dores musculares
  • humor disfórico
  • insónia, ansiedade

Sinais

  • dilatação das pupilas
  • sudorese
  • piloereção (“pele de ganso”)
  • taquicardia
  • vómitos, diarreia
  • hipertensão arterial
  • bocejos
  • febre
50
Q

Síndrome de abstinência da heroína e outros opióides (abstinência prolongada)

A

Sintomas

  • ansiedade
  • insónia
  • desejo incontrolável de usar a droga

Sinais
- alterações cíclicas do peso, do diâmetro pupilar e da sensibilidade do centro respiratório

51
Q

Terapia farmacológica na heroína - metadona

A

(heroína - medicação opióide, sendo que depois se vai reduzindo gradualmente a dose)

Metadona é um agonista opióide sintético de longa duração; prevenção e tratamento dos sintomas de abstinência; via oral, com atuação durante 24h; muito eficaz

Pacientes medicados com metadona ou buprenorfina não vão experienciar os altos e baixos produzidos pela heroína

52
Q

Terapia farmacológica na heroína - buprenorfina

A

Agonista parcial sintético dos recetores MOP + antagonista dos recetores KOP e DOP

Via sublingual

2 formas:

  • uma forma pura de buprenorfina (Subutex)
  • e uma forma combinada de buprenorfina com naloxona, um antagonista opióide (Suboxone)

Vantagem da forma combinada: via intravenosa (abuso) - naloxona bloqueia ou diminui os efeitos que a buprenorfina sozinha poderia causar

53
Q

Terapia farmacológica na heroína - naloxona

A

Antagonista opióide sintético com elevada
afinidade para os recetores MOP, prevenindo a
euforia e outros efeitos da ativação dos recetores
opióides

Utilizado para o tratamento de overdoses

Sem qualquer efeito agonista

Via oral, diariamente ou 3x por semana

54
Q

Heroína - outras abordagens

A

Clonidina oral - um agonista alfa-2 que diminui a libertação adrenérgica no locus ceruleus

Medicina alternativa

55
Q

Caraterísticas da cocaína

A

Estimulante de ação curta (curta semi-vida)

Inalada, fumada ou injetada

Metabolização hepática

Pode existir em 2 formas:
○ De alcalóide, “crack”: cocaína + bicarbonato = cocaína não-ionizada
- entra muito mais facilmente no SNC
- apropriada para o uso inalatório
○ ou de pó de cloridrato: cocaína e HCl = cocaína ionizada.

56
Q

Mecanismo de ação da cocaína

A

Bloqueio dos transportadores NET, DAT e SERT que removem noradrenalina, dopamina e serotonina
da fenda sináptica
- Uso crónico reduz os níveis dos metabólitos neurotransmissores MOPEG e 5-HIAA.

Os seus efeitos anestésicos devem-se à ligação reversível e inativação dos canais de Na+ dependentes
de voltagem.

Via metabólica: hidrólise dos 2 grupos ésteres
- A benzoilecgonina produzida pela remoção do grupo metilo é o principal metabólito urinário

Usado como anestésico local

57
Q

Efeitos da cocaína

A

Aumento da FC e PA

Excitação exacerbada, sensações de autoconfiança e bem estar

Euforia → repetição: atividade motoras involuntária, comportamento estereotipado, paranoia,
hiperglicemia, polidipsia intensa, midríase etc

58
Q

Síndrome de abstinência da cocaína

A

Disforia e depressão

Sonolência, fadiga

Desejo intenso de usar a droga

Bradicardia

59
Q

Caraterísticas das anfetaminas e drogas semelhantes

A

Aminas simpaticomiméticas

Euforia e um estado de alerta

Via oral, inalatória, intravenosa ou por aspiração

Semivida de 12 a 14 horas

Lipofílicas

60
Q

Forma de atuação das anfetaminas e drogas semelhantes

A

Aumentam os níveis sinápticos de dopamina
(noradrenalina e serotonina) através da estimulação da
libertação pré-sináptica por uma via não-exocítica

+ Inibição competitiva do transportador vesicular das
aminas (VMAT2)

+ Inibição da monoamina oxidase (MAO)

61
Q

5 anfetaminas e drogas semelhantes

A

Dextroanfetamina

Metanfetamina

Fenmetrazina

Metilfenidato

Dietilpropiona

62
Q

Ações (5) das anfetaminas e drogas semelhantes

A

Estimulação do centro respiratório

Aumento da iniciativa e da autoconfiança

Supressão do apetite

Diminuição da fadiga

Diminuição da frequência cardíaca

63
Q

Farmacocinética das anfetaminas e drogas semelhantes

A

Tempo de semivida depende da anfetamina e do pH urinário

Excreção na urina (mais rápida aquando de um ambiente acídico) após metabolização hepática

64
Q

Consequências das anfetaminas e drogas semelhantes

A

Tonturas, tremores, reflexos hiperativos, irritabilidade, fraqueza

65
Q

Consumo prolongado das anfetaminas e drogas semelhantes

A

Ansiedade, confusão, delírio, alucinações, tentativas de suicídio

66
Q

4 caraterísticas da cafeína

A

Estimulante suave

Aumenta ligeiramente a libertação de noradrenalina e de
dopamina -> aumento da atividade neuronal

Absorvida no trato GI, é rapidamente distribuída para todos os tecidos

Passa facilmente a barreira placentária

67
Q

Mecanismo de ação da cafeína

A

Mecanismo de ação: antagonismo competitivo nos recetores da adenosina

A adenosina é um neuromodulador que influencia o SNC

Por ser uma metilxantina, a cafeína também inibe as
fosfodiesterases dos nucleotídeos cíclicos

68
Q

Síndrome de abstinência da cafeína

A

Sensação de fadiga e cansaço

Quando implicadas doses mais elevadas → cefaleias e náuseas

69
Q

Caraterísticas dos canabinóides

A

Derivados da planta Cannabis sativa

Constituintes mais abundantes:
○ Psicotrópico : Δ-9-THC
○ Não Psicotrópico : Canabidiol

Tolerância pode começar rapidamente após um número reduzido de doses, mas desaparece rapidamente

70
Q

Canabinóides: concentração de THC

A

Marijuana ou Erva -> 5 a 10% de THC

Haxixe -> cerca de 20% THC

Óleo de cannabis ou óleo de haxixe -> muito rico em THC (até 85%)

71
Q

Os canabinóides atuam em recetores dos canabinóides:

A

Tipo CB1 -> localização predominantemente no SNC (cérebro e vias neuronais periféricas)

Tipo CB2 -> localização predominantemente na periferia (sistema imunitário e hematopoiético)

72
Q

Como atuam os canabinóides?

A

Neurotransmissores vão atuar no neurónio pós-sináptico

É despoletada uma resposta retrógrada mediada por
endocanabinóides (anandamida e o 2-AG)

Ligam-se aos recetores CB1 e CB2 pré-sinápticos

Regulação pré-sináptica de libertação de neurotransmissores

Sistema protetor de sinalização que impede ativação neuronal
excessiva

Mimetizam a ação dos endocanabinóides

73
Q

Efeitos medicinais dos canabinóides

A

Propriedades antieméticas que
atenuam os efeitos da quimioterapia
antineoplásica

Relaxantes musculares

Anticonvulsivantes

Redução da pressão intraocular elevada nos pacientes de glaucoma

74
Q

“High” - canabinóides

A

Prazer, bem-estar e euforia

Alterações de humor, da perceção e da motivação

Redução das funções cognitivas (tempo de reação, humor, aprendizagem e memória)

Redução da coordenação motora

Tonturas

Fome exagerada

Aumento do prazer sexual (não comprovado)

Pânico ou alucinações

Psicose aguda (por vezes)

“Síndrome da perda de motivação” (sintomas
depressivos)

75
Q

Tolerância - canabinóides

A

Tolerância ocorre logo após o consumo de
poucas doses, mas também desaparece
rapidamente

76
Q

Síndrome de abstinência - canabinóides

A

Não é normalmente observada

Sintomas:

  • inquietude
  • irritabilidade
  • agitação branda
  • insónia
  • alterações do EEG durante o sono
  • náuseas e cãibras
77
Q

2 caraterísticas dos agentes psicadélicos

A

Produção de transtornos da perceção, do pensamento ou
do humor em doses baixas

Efeitos mínimos na memória e na orientação

78
Q

Dois grupos principais de compostos psicodélicos

A
  • Indoleaminas
  • Fenetilaminas

Ambos os grupos tem afinidade elevada para o recetor 5-
HT (serotonina) - implicado no mecanismo das
alucinações

Diferenças na afinidade para o recetor, influenciam
intensidade da resposta

79
Q

Agentes psicodélicos

A

Alucinogénios indoleamínicos - LSD, DMT e psilocibina

Alucinogénios fenetilamínicos - Mescalina, DOM, MDA e MDMA

PCP

80
Q

LSD - caraterísticas

A

Dietilamida de ácido lisérgico: a droga alucinogénica mais potente - causa efeitos psicodélicos
significativos com doses muito reduzidas

81
Q

Farmacocinética do LSD

A

Sistema comum de distribuição -> pedaços de papel do tamanho de selos impregnados com doses
variáveis de LSD

Absorvido rapidamente após administração oral;
➔ Efeitos começam após 40-60 min;
➔ Atingem intensidade máxima em 2-4h;
➔ Regridem gradativamente ao longo de 6-8h

Metabolismo hepático

82
Q

Efeitos do LSD no SNC

A

Alucinações

Alterações de humor (paranoia, depressão)

Alteração da noção temporal e espacial

Sentimento de pânico e ansiedade (“bad trip”) e por vezes pensamentos suicidas

Grande sensibilidade sensorial: cores mais intensas/brilhantes, perceção de sons impercetíveis, formas alteradas

Atenção focada em objetos invulgares

83
Q

Efeitos periféricos do LSD

A

Midríase

Pressão arterial e pulso aumentados

Aumento da temperatura corporal e rubor

Xerostomia

Sudurese

Nauseas

84
Q

Em casos extremos, no LSD…

A

As reações psicóticas podem estender-se por dois ou mais dias

85
Q

Terapia farmacológica para o LSD

A

Apenas há terapia farmacológica nos casos
associados a “bad trips”, incluindo medicação
ansiolítica como o Diazepam

86
Q

Psilocibina - caraterísticas

A

Cogumelos mágicos

Provoca alucinações visuais e auditivas, com perceção alterada, euforia e aumento da atividade simpática

87
Q

MDMA e MDA - caraterísticas

A

Popular nos anos 80 nas universidades;

Metilenodioximetanfetamina ou Ecstasy -> MDMA;

Metilenedioxianfetamina -> MDA;

Derivados das anfetaminas;

Bloqueiam os transportadores responsáveis pela
recaptação de noradrenalina, dopamina e serotonina,
aumentando a sua concentração na fenda sináptica e
intensificando a sua ação.

88
Q

Efeitos do MDMA e MDA

A

Duram cerca de 3 a 6 horas

  • Sentimento de energia
  • Alteração da noção de tempo
  • Experiências sensoriais com perceção melhorada
  • Taquicardia
  • Xerostomia
  • Mandíbula cerrada
  • Dores musculares
  • Alucinações
  • Agitação
  • Hipotermia
  • Ataques de pânico
89
Q

PCP - caraterísticas

A

Droga amplamente disponível

Efeitos farmacológicos são diferentes dos efeitos produzidos por
drogas psicodélicas como o LSD

Desenvolvida no anos 50 como anestésico

Substância de abuso nos anos 70

Grande afinidade para as estruturas localizadas no córtex e no sistema límbico

Bloqueio dos recetores do glutamato do tipo N-metil-D-aspartato
(NMDA)

Inibe atividade excitatória do glutamato

90
Q

PCP - efeitos doses reduzidas

A

Inibição de emoções

Pensamento concreto

Respostas bizarras aos testes de projeção

Postura catatônica (semelhante à da esquizofrenia)

91
Q

PCP - efeitos doses aumentadas

A

Alucinações

Comportamento hostil e agressivo

Aumento dos efeitos anestésicos

Pode dar origem a coma com rigidez muscular,
rabdomiólise, hipertermia

Aumento da pressão arterial e midríase

92
Q

Inalantes incluem:

A

Tolueno

Querosene

Gasolina

Tetracloreto de carbono

Nitrito de amilo

Óxido nitroso

93
Q

Caraterísticas dos inalantes

A

Várias categorias de compostos químicos voláteis à temperatura ambiente

Levam a alterações abruptas do estado mental quando são inalados

Padrões caraterísticos de resposta a cada substância

94
Q

Tolueno

A

Geralmente provoca tonturas e intoxicação

95
Q

Nitrito de amila

A

Causa relaxamento dos músculos lisos

Efeitos adversos:

  • palpitações
  • hipotensão postural e cefaleias, com progressão para perda de consciência
96
Q

Óxido nítrico e halotano

A

Usados ocasionalmente como intoxicantes por profissionais da área médica

Efeitos do óxido nitroso:

  • Euforia e analgesia
  • Perda de consciência
97
Q

Prevenção e recuperação - desintoxicação

A

Retirada da(s) droga(s) evitando graves sintomas de privação

Estratégias de substituição

Tratamento dos sintomas fisiológicos co-existentes

98
Q

Prevenção e recuperação - psicoterapia e reintegração

A

Corrigir o comportamento subjacente

Exige cooperação do indivíduo e apoio e vigilância

Triplo objetivo: supressão permanente de drogas, reabilitação pessoal e integração social.

99
Q

Fatores que predispõem à dependência a drogas

A

Inconformismo

Falta de afeto

Ausência de lar ou estrutura familiar harmónica

Revolta contra a autoridade

Ausência de ideais éticos ou religiosos

Falta de tarefas adequadas com utilidade para o próprio

(por estes fatores, a recuperação de toxicómanos tem maior sucesso quando
à terapia farmacológica se associa a terapia psicológica)

100
Q

Papel do médico na dependência de drogas

A

Cuidar do consumidor de droga

Tratar as intoxicações agudas

Tratar das complicações/ações tóxicas das drogas

Recuperar toxicómanos

Participar em campanhas de esclarecimento e prevenção

Não contribuir para o estabelecimento de dependências ao receitar excessivamente

Dar o exemplo

101
Q

Uma terapia de sucesso requer:

A

contínua reavaliação das suas estratégias + adaptação ao doente

102
Q

Estratégias de redução de riscos

A

Oferta de seringas esterilizadas

Oferta de toalhetes com álcool para desinfeção da zona a injetar

Colocar à disposição lugares seguros e higiênicos onde possam administrar a substância de abuso

Terapias de substituição (metadona, buprenorfina, LAAM)

103
Q

Medidas a nível legal que podem ser adotadas

A

Despenalização

Liberalização

Descriminalização