T7 - Opiacéos - Ppt (terminado) Flashcards

1
Q

Definição de dor

A

Experiência subjetiva

É um componente presente virtualmente em todas as
patologias clínicas e o seu tratamento é um imperativo clínico fundamental

Os opioides são usados principalmente para dor aguda, sendo que o seu uso para tratamento de dores
crónicas tem sido questionado nos últimos anos, devido ao aumento dos casos de
dependência e morte por uso indevido

Uma abordagem mais conservadora, portanto,
pode envolver outras classes de medicamentos, como AINEs (anti-inflamatórios não
esteroides), anticonvulsivos e antidepressivos

Lembrar que existem três tipos de dor:
Nociceptiva (somática e visceral; fibras Aδ e C), neuropática (lesão neural; fibras Aβ) e
psicogénica, sendo que apenas a dor nociceptiva é considerada maioritariamente
suscetível à ação dos analgésicos opioides

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2
Q

Definição de opiáceo

A

Alcaloide natural derivado do ópio, mais precisamente da resina retirada da
papoila do ópio

Opiáceos naturais: Morfina e codeína (analgésicos); tebaína (pouca ação analgésica); e papaverina (ação vasodilatadora/relaxante muscular; não é opioide)

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3
Q

Definição de opioide

A

Qualquer composto que atue nos recetores opioides

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4
Q

Definição de endorfina

A

Termo usado como sinónimo de péptidos naturais endógenos e também referente a um opioide endógeno específico, β- endorfina

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5
Q

Definição de narcótico

A

Fármaco que induz narcose ou sono; termo associado aos opioides; usado em contexto legal também para designar qualquer composto com potencial de abuso/vício

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6
Q

4 tipos de opioides endógenos

A

Dinorfinas (A e B)

Encefalinas

Endorfina beta

Endomorfina 1 e 2

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7
Q

Mecanismo de ação e farmacocinética das dinorfinas (A e B)

A

Agonista KOR (+++) e MOR (++)

Derivadas da pré-prodinorfina

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8
Q

Mecanismo de ação e farmacocinéticadas encefalinas

A

Agonista DOR (+++) e MOR (++)

Derivadas da pré-proencefalina

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9
Q

Mecanismo de ação e farmacocinética da endorfina beta

A

Agonista DOR (+++) e MOR (+++)

Derivada da pré-POMC

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10
Q

Mecanismo de ação da endomorfina 1 e 2

A

Agonista específico MOR (+++)

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11
Q

Opioides endógenos

A

Substâncias presentes no cérebro que atuam por meio de um recetor opioide

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12
Q

Famílias principais dos opioides endógenos

A

Encefalinas

Endorfinas

Dinorfinas

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13
Q

5 características comuns dos opioides endógenos

A

Cada família origina-se de uma proteína grande precursora diferente:
POMC (pré-pró-opiomelanocortina origina β-endorfinas),Pre-pro-encefalina; Pre-pro-
dinorfinas e ainda as endomorfinas (incluem endomorfina 1 e endomorfina 2);

Cada precursor está sujeito a processo de clivagem por enzimas diferentes
semelhantes à tripsina, além de várias modificações pós-translacionais

A maioria dos péptidos compartilha a sequência Tri-Gli-Gli-Fen-(Met ou Leu) seguida de várias extensões C-terminal.

O processamento desses péptidos é alterado pelas demandas fisiológicas.

Os péptidos opioides estão presentes no plasma, reflexo da libertação pelos sistemas secretores hipófise e glândulas suprarrenais, que não dependem da libertação neuroaxial. Por outro lado, os seus níveis no cérebro, medula espinhal e LCR (líquido cefalorraquidiano) dependem dos sistemas neuroaxiais e não dos sistemas periféricos

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14
Q

4 tipos de recetores dos opioides

A

µ (mu) MOR

δ (delta) DOR

κ (kappa) KOR

ORL1 ou NOP

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15
Q

Funções do recetor µ (mu) MOR

A

Analgesia

Sedação e inibição da respiração

Atraso do trânsito GI

Modulação da libertação neurohormonal

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16
Q

Afinidade dos peptídeos endógenos do recetor µ (mu) MOR

A

Endorfinas > encefalinas > dinorfinas

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17
Q

Funções do recetor δ (delta) DOR

A

Analgesia

Modulação da libertação neurohormonal

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18
Q

Afinidade dos peptídeos endógenos do recetor δ (delta) DOR

A

Encefalinas > restantes

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19
Q

Funções do recetor κ (kappa) KOR

A

Analgesia

Efeitos psicomiméticos

Atraso do trânsito GI

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20
Q

Afinidade dos peptídeos endógenos do recetor κ (kappa) KOR

A

Dinorfinas&raquo_space; restantes

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21
Q

Afinidade dos peptídeos endógenos do recetor ORL1 ou NOP

A

Nociceptina

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22
Q

Funções do recetor ORL1 ou NOP

A

Sem farmacologia opioide

Aumento da dor e hiperalgesia

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23
Q

Os três recetores opioides MOR, DOR e KOR…

A

Pertencem à família da rodopsina
das GPCRs e apresentam homologia de sequência muito amplas (55-58%)

A maior
diversidade é encontrada em suas alças extracelulares

Além disso, todos os recetores
possuem duas moléculas conservadas de cisteína a primeira e na segunda alças
extracelulares, formando uma ponte dissulfídrica

Esses recetores estão amplamente
distribuídos pelo corpo (periferia e SNC)

O recetor NOP não é antagonizado pela
naloxona, ao contrário dos demais

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24
Q

Vias de sinalização intracelular dos recetores opioides

A
Todos os recetores dos opioides
endógenos estão acoplados à
proteína Gi/G0, o que resulta em:
- Inibição da PKA;
-Redução da abertura dos canais
de Ca2+;
-Estímulo da corrente K+;
- Ativação PKC e PLCβ 
OBS: Os recetores MOR e DOR
podem sofrer rápida
interiorização, enquanto KOR não
é interiorizado com exposição
prolongada ao agonista
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25
Q

Via de sinalização do recetor DOR/MOR

A

Gi/G0

  • Aumento da condução ao K+ com hiperpolarização da membrana e supressão da despolarização
  • Diminuição da atividade do canal de Ca2+, com diminuição da libertação de neurotransmissores
  • Diminuição da atividade da adenilcíclase - diminuição do AMPc celular e diminuição da atividade da PKA
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26
Q

Via de sinalização do recetor KOR

A

G0

  • Diminuição da atividade da adenilcíclase - diminuição do AMPc celular e diminuição da atividade da PKA
  • Diminuição da atividade do canal de Ca2+, com diminuição da libertação de neurotransmissores
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27
Q

Consequências da ativação dos recetores dos opiáceos (4)

A

Dessensibilização

Tolerância

Dependência

Abuso/vício

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28
Q

Dessensibilização

A

(ou tolerância aguda)

Ocorre na ativação transitória (minutos
a horas) e desaparece com depuração do agonista. Depende da fosforilação dos recetores,
resultando em desacoplamento do recetor de sua proteína G e/ou internalização do
recetor. De referir que a morfina não provoca interiorização do recetor MOR, portanto
não promove uma dessensibilização significativa

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29
Q

Tolerância

A

Ocorre na administração prolongada (dias a semanas), resultando na
perda progressiva do efeito (eficácia) do fármaco, e desaparece depois de semanas após
remover agonista

Essa perda de eficácia revela duas propriedades importantes:
1. Cada resposta fisiologia desenvolve tolerância em velocidades variáveis.
Exemplos: existem pontos com pouca ou nenhuma tolerância (miose pupilar), tolerância
moderada (vómitos, analgesia e sedação) e tolerância rápida (euforia).
2. Tolerância cruzada: Em geral, agonistas opiáceos de determinada classe
comumente mostram resposta reduzida num sistema que se tornou tolerante a outro
fármaco da mesma classe. Exemplo: tolerância cruzada entre agonistas MOR, como
morfina e fentanil. A totalidade dessa tolerância não é invariável e forma a base a
alternância entre fármacos opioides utilizados na clínica

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30
Q

Dependência

A

Fenómeno fisiológico do estado de tolerância caracterizado pelo
desenvolvimento de síndrome de abstinência específica para a classe de recetor/fármaco
produzida pela interrupção da exposição a substância. As alterações incluem
hiperexcitabilidade, hiperalgesia, hipertermia, hipertensão, diarreia, dilatação da pupila e
secreção de quase todas as hormonas hipofisárias e adrenomedulares

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31
Q

Abuso/vício

A

Padrão comportamental não fisiológico caracterizado pelo uso
compulsivo de uma droga e envolvimento incontrolável com sua busca e utilização. O
componente motivador são os efeitos recompensadores positivos dos opiáceos

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32
Q

Analgesia

A

Nos seres humanos, fármacos semelhantes à morfina produzem analgesia,
sonolência (sem perda de consciência) e alterações do humor. Quando a morfina é
administrada aos indivíduos sem dor, os pacientes podem relatar que a experiência é
bastante desagradável, incluindo sonolência, dificuldade em realizar atividades mentais,
apatia e redução da atividade física. Em geral, a dor difusa e contínua (produzida pela
lesão e inflamação dos tecidos) é aliviada de modo mais eficaz que a dor aguda e
intermitente (associada ao movimento de uma articulação inflamada); apesar de que doses
suficientes do opioide são capazes de aliviar até mesmo a dor dilacerante grave associada
à cólica biliar ou renal aguda

33
Q

Existem 3 mecanismos de analgesia induzida pelos opioides

A
  1. Ação supraespinhal (central): Bloqueio da libertação do neurotransmissor
    inibitório GABA, que inibe mecanismo antinociceptivos
  2. Ação espinhal: Ação pré-sináptica inclui bloqueio dos canais de Ca2+,
    impedindo secreção de neurotransmissores. Ação pós-sináptica inclui ativação dos canais
    de K+, de modo a hiperpolarizar os neurónios pós-sinápticos
  3. Ação periférica: Aplicação direta dos opiáceos em concentrações elevadas
    num nervo periférico causa efeito semelhante aos anestésicos locais, mas essa ação não é
    revertida pela naloxona e parece refletir uma ação “inespecífica”. Por outro lado, estudos
    que utilizaram injeção direta de opioides nos tecidos periféricos demonstraram que, em condições inflamatórias (e só nessas) em que há sensibilidade terminal exagerada
    (resultando em hiperalgesia), a ação local dos opiáceos normaliza os limiares
    aumentados. Ainda não está claro se os efeitos se limitam à terminação aferente, se o
    opiáceo atua nas células inflamatórias ou se são as duas hipóteses combinadas
34
Q

Euforia e outras alterações de humor

A

Os mecanismos responsáveis por esses efeitos ainda não estão bem esclarecidos.
Dados comportamentais e farmacológicos sugerem uma função fundamental do sistema
dopaminérgico mesocorticolímbico (circuito no prosencéfalo basal), envolvido na
gratificação e motivação

O uso de opiáceos com essa intenção é característico das ruas, sendo o principal
composto representante a heroína, um opioide bastante lipofílico que atravessa com
facilidade a BHE (barreira hemato-encefálica)

35
Q

Depressão respiratória

A

Depressão respiratória clinicamente significativa raramente ocorre em doses
analgésicas convencionais. Entretanto, a depressão respiratória é a causa principal de
morbidade secundária ao tratamento com opiáceos. Nos seres humanos, a morte por
intoxicação de opioides quase sempre é devida à paragem respiratória. Os opiáceos
deprimem todos os componentes da atividade respiratória (frequência, volume por minuto
e volume corrente) e causam respiração irregular e aperiódica

Os fatores que agravam a depressão respiratória induzida pelos opiáceos são:
combinação de outros fármacos (como tranquilizantes e sedativos), sono (diminuição do
sono é fator de risco), idade (recém-nascidos e idosos estão mais sujeitos), doenças
(cardiopulmonares ou renais crónicas), DPOC e alívio da dor (dor estimula a respiração)

36
Q

Libertação hormonal

A

Existem recetores para opioides no eixo hipotalámico-hipofisário que controlam
a libertação hormonal. Os opiodes diminuem a secreção de cortisol, testosterona e
gonadotrofinas (LH e FSH), e o tratamento crónico pode causar endocrinopatias como
hipogonadismo hipogonadotrópico. Os opioides também inibem libertação de ADH e
ocitocina pela neurohipófise

Quanto à prolactina, opioides inibem a libertação de dopamina (que inibe
libertação de prolactina) na adenohipófise, ocasionando aumento nos níveis de prolactina

37
Q

Miose

A

Os opiáceos MOR causam contrição pupilar (miose) no individuo acordado e
bloqueiam a dilatação reflexa das pupilas durante a anestesia. Os opiáceos bloqueiam a
inibição mediada pelo interneurónios GABA-érgicos (estímulo regulado pela atividade
parassimpática). Com as doses altas dos agonistas, a miose é extrema e as pupilas
puntiformes são patognomónicas; contudo, quando a asfixia começa, o paciente apresenta
midríase. As doses terapêuticas de morfina aumentam a capacidade de acomodação e
diminuem a pressão intraocular dos indivíduos normais e dos pacientes com glaucoma

38
Q

Crises epilépticas e convulsões

A

Nas crianças maiores e adultos, doses moderadamente mais altas de opiáceos
causam lentidão no ECG. Nos recém-nascidos, estudos demonstram que a morfina produz
atividade epileptiforme e convulsiva. Os agentes anticonvulsivantes nem sempre são
eficazes para suprimir as convulsões induzidas pelos opioides

39
Q

Sedação

A

Os opiáceos podem causar sonolência e disfunção cognitiva, e essa depressão
agrava a função respiratória. Esses efeitos são comuns após início do tratamento ou
aumento de dose, e costumam regredir depois de alguns dias

40
Q

Inibição do reflexo da tosse

A

A tosse é um reflexo protetor desencadeado pela estimulação das vias respiratórias
e consiste na expulsão rápida do ar contra a glote transitoriamente fechada. Esse reflexo
envolve o SNC e periférico, além da musculatura. Os opioides possuem efeito direto
sobre o centro bulbar da tosse e isso pode ser conseguido sem alterar a função protetora
da glote. Não há relação obrigatória entre depressão respiratória e depressão da tosse

41
Q

Trato gastrointestinal: náuseas e vómitos; obstipação

A

Náuseas e vómitos são efeitos adversos causados pela estimulação direta da zona
quimiorrecetora do gatilho emético situado na zona postrema do bulbo. Todos os
agonistas clinicamente úteis produzem algum grau de náuseas e vómitos

Obstipação é causada por redução da motilidade e das secreções intestinais

42
Q

Sistema cardiovascular

A

No paciente em posição supina, as doses terapêuticas dos opioides semelhantes à
morfina não produzem efeitos expressivos na pressão arterial, nem na frequência e ritmo
cardíacos. Entretanto, as doses produzem vasodilatação periférica e inibem reflexos
barorrecetores

Portanto, quando os pacientes deitados se levantam, podem ocorrer hipotensão
ortostática e síncope. Esse evento é explicado pela libertação de histamina pelos
mastócitos e atenuação da vasoconstrição periférica reflexa causada por PCO2 elevada

43
Q

Farmacocinética: administração

A

Em geral, os opioides são bem modestamente absorvidos no trato
gastrointestinal e possuem boa absorção retal. Os opioides, principalmente a morfina, têm
sido amplamente utilizados por infusão espinhal para produzir analgesia por ação
medular. Com a maior parte dos opioides, incluindo a morfina, o efeito de determinada
dose será menor depois da administração oral que parentérica, devido ao metabolismo
hepático de primeira passagem. Quando administradas por via intravenosa, a morfina e a
maior parte dos opioides agem prontamente

44
Q

Farmacocinética: distribuição e metabolismo

A

A principal via metabólica da morfina é a
conjugação com ácido glicurónico, produzindo morfina-6-glicuronídeo (2x mais potente
que a morfina) e morfina-3-glicuronídeo (menor afinidade para MOR), que são
compostos mais polares que produzem efeitos clínicos significativos (mesmo à nível da
BHE). Também se formam pequenas quantidades de morfina-3,6-diglucoronídeo

45
Q

Farmacocinética: excreção

A

Morfina é eliminada por filtração glomerular, principalmente na forma
de morfina-3-glicuronídeo, sendo que 90% da sua eliminação ocorre no primeiro dia.
Pequenas quantidades de morfina não sofrem alteração

46
Q

Farmacocinética: metabolização de 3 compostos

A
  1. Heroína —–à (6-monoacetilmorfina/ 6MAM) –à morfina
  2. Codeína (10%) —–à CYP2D6 ————-à morfina
  3. Tramadol —à CYP2D6 ———————-à O- desmetil-tramadol
47
Q

Farmacocinética: observação

A

Codeína (e derivados, como metadona) tem menor efeito de primeira passagem, e por
esse motivo possuem eficácia oral semelhante à parentérica (60%)

10% da população caucasiana possui mutação (polimorfismo) da CYP2D6, alterando
metabolismo da codeína e tramadol (passam a não ter o efeito esperado)

48
Q

Agonistas totais MOR: morfina

A

Fármaco padrão pelo qual os outros analgésicos são comparados. Atenção
ao uso de analgésicos semelhantes à morfina em pacientes com redução do volume
sanguíneo, pois podem agravar o choque hipovolémico (vasodilatação mencionada)

49
Q

Agonistas totais MOR: levofornol

A

Semelhante à morfina, mas com metabolismo mais lento

50
Q

Agonistas totais MOR: heroína

A

Uso associado às ruas; heroína e 6-MAM são mais lipofílicos que morfina,
possuindo ação muito rápida que no SNC

51
Q

Agonistas totais MOR: codeína

A

opiáceo natural (como a morfina) usado principalmente como anti-tússico

52
Q

Agonistas totais MOR: Meperidina/petidina

A

Metabolizada a normoperidina. Principal indicação é
analgesia. As doses únicas também parecem ser eficazes no tratamento de arrepios
pós anestésicos. Assim, a meperidina é usada em hospitais no período pós-operatório,
com anti-histamínicos, corticoides, paracetamol ou AINEs para atenuar os tremores
que acompanham a infusão intravenosa de alguns medicamentos

53
Q

Agonistas totais MOR: Difenoxilato

A

Derivado da piperidina. Uso apenas aprovado como antidiarreico. Só
disponível em combinação com sulfato de atropina (doses altas causam desconforto),
para evitar abuso

54
Q

Agonistas totais MOR: Loperamida

A

Derivado da piperidina. Único opioide que ao ser ingerido só atua a
nível periférico, pois não é absorvido por via oral. Não penetra SNC, pois é substrato
da glicopretína-P (envolvida com efluxo no endotélio cerebral). Uso como
antidiarreico (tão eficaz quando difenoxilato), e há pouca tolerância para seu efeito
obstipante. Por não ter ação sistémica e nem no SNC, não possui os efeitos típicos
prazerosos dos opiáceos, e o efeito colateral mais comum é cólica abdominal

55
Q

Agonistas totais MOR: metadona

A

Agonista MOP de ação longa cuja ação analgésica deve-se praticamente
ao alto teor de L-metadona (isómero 8-50 vezes mais potente que o isómero D).
Possui propriedades farmacológicas semelhantes à morfina. Principal indicação no
tratamento da síndrome da abstinência de opioides e tratamento da dependência a
heroína. Efeito adverso relevante: arritmias cardíacas graves por prolongamento do
intervalo QT

56
Q

Overdose de heroína

A

Tríade da overdose

  • coma/estupor
  • pupilas punctiformes
  • depressão respiratória

Outros: pele fria, flacidez muscular, morte

Tratamento da overdose: ventilação + naloxona IV

57
Q

Todos os fármacos desta aula com a terminação “fentanil” são…

A

Sintéticos derivados do
fenilpiperidínico; todos são bem mais potentes que a morfina por possuírem um início
de ação muito rápido (em média 5 min, em comparação com morfina, que demora em
média 15min); todos são de uso comum em procedimentos cirúrgicos (anestesia) pois
além de rápida ação e alta potência, possuem rápida degradação

58
Q

Agonistas totais MOR: fentanil e sulfentanil

A

O fentanil é 100x mais potente que a morfina e o sulfentanil
é 1000 vezes mais potente que a morfina. São fármacos muito lipossolúveis que
podem ter ação prolongada por uso de altas doses ou infusão prolongada. São
comumente usados por via IV, epidural ou subaracnoideia. Popular uso na analgesia
epidural em trabalhos de parto ou analgesia pós-operatória

59
Q

Agonistas totais MOR: alfentanil

A

Raro uso; menos potente que o fentanil. Além de analgesia, pode ser
usado para aumentar tolerância a tubos endotraqueais (ventilação mecânica)

60
Q

Agonistas totais MOR: remifentanil

A

Uso apenas por infusão; potência semelhante ao fentanil, mas com
ação mais rápida

61
Q

Etorfina

A

Algumas alíneas de exames mencionam o fármaco etorfina, que é um análogo
da morfina. Não está agrupado juntamente com outros agonistas pois não é
administrado em humanos, podendo ser fatal em doses mínimas. O seu uso é restrito
em veterinária para animais de grande porte (como elefantes) como tranquilizantes

62
Q

Agonistas parciais MOR: tramadol

A

Análogo sintético da codeína. Uso para tratamento de dores moderadas.
É metabolizado pela CYP2D6 (geração de composto ativo) e pela CYP3A4. Os
efeitos adversos mais comuns são náuseas, vómitos, cefaleias, boca seca e sedação

63
Q

Agonistas parciais MOR: tapentadol

A

Semelhante ao tramadol estruturalmente e no mecanismo de ação.
Assim como tramadol, não deve ser usado em doentes com inibidores MAO ou
inibidores seletivos da recaptação da 5-HT

64
Q

Agonistas-Antagonistas mistos: buprenorfina

A

Agonista parcial MOR de longa ação derivado da tebaína, sendo 25-
50 vezes mais potente que a morfina; também é um antagonista dos recetores DOR e
KOR. Por ser agonista parcial MOR, quando administrado com agonista total passa a
exercer antagonismo. Usado como analgésico e no tratamento da Síndrome de
abstinência/dependência à opioide (administrada junto com naloxona)

65
Q

Agonistas-Antagonistas mistos: pentazocina

A

Agonista KOR e antagonista fraco MOR. Indicação para alívio de
doses moderadas a graves e também como pro-fármaco pré-operatório e suplemento
à anestesia

66
Q

Agonistas-Antagonistas mistos: nalbufina

A

Agonista KOR e antagonista MOR. Estruturalmente relacionada com
naloxona. Efeitos semelhantes à pentazocina mas menos disfóricos

67
Q

Agonistas-Antagonistas mistos: butorfanol

A

Agonista KOR e antagonista MOR. Efeito semelhante à pentazocina e
nalbufina

68
Q

Antagonistas: naloxona

A

Elevada afinidade para os recetores MOR e baixa para DOR e KOR.
Rápida reversão da depressão respiratória (1-2min). Curta duração de ação (1-2h), e,
portanto, tem que se ter atenção para que ao fim da ação o doente não volte a ter a
depressão respiratória. Deve ser administrada por via parentérica pois é quase
completamente metabolizada pelo fígado antes de alcançar a circulação sistémica.
Pode causar edema pulmonar

69
Q

Antagonistas: naltrexona

A

Efeito semelhante à naloxona, entretanto tem maior duração de ação
(24h). Pode ser administrada por via oral, e também é usada no tratamento do vício à
heroína

70
Q

Antagonistas: alvimopan

A

Antagonista MOR de ação limitada aos tecidos periféricos. Uso na
obstipação pós-operatória. Uso oral

71
Q

Antagonistas: metilnaltrexona

A

Antagonista MOR de ação limitada aos tecidos periféricos. Uso na
obstipação pós-operatória. Uso subcutâneo

72
Q

Dextrometorfano

A

Não é um opioide (não tem propriedades analgésicas), mas é análogo estrutural
da codeína. Atua centralmente e eleva o limiar da tosse, portanto o seu uso é comum como
antitússico. Em doses terapêuticas, o fármaco não inibe a atividade ciliar e os seus efeitos
antitússicos persistem por 5-6 horas. Sua toxicidade é baixa, mas, em doses extremamente
elevadas, pode produzir depressão do SNC. Funciona como antagonista NMDA, mas
também possui outros sítios de ligação. Não é antagonizado pela naloxona

73
Q

Protocolo analgésico progressivo (OMS) e teto analgésico

A

1ª etapa: dor branca a moderada
- Analgésico não opioide +- coadjuvante (recomenda-se utilizar paracetamol ou um AINE, a menos que haja contraindicação; os coadjuvantes são fármacos que aumentam a eficácia dos analgésicos, tratam os sintomas coexistentes que agravam a dor e/ou possuem atividade analgésica independente em determinados tipos de dor)

2ª etapa: dor branca a moderada, ou dor incontrolável pelas medidas da 1ª etapa
- Opioide de ação curta conforme a necessidade +- analgésico não opioide em doses contínuas +- coadjuvante (a morfina, a oxicodona ou a hidromorfona deve ser combinada com paracetamol ou um AINE para possibilizar flexibilidade máxima da dose do opioide)

3ª etapa: dor moderada a grave, ou dor incontrolável pelas medidas da 2ª etapa
- Opioide de libertação prolongada ou ação longa em doses contínuas ou infusão contínua + opioide de ação curta conforme a necessidade +- analgésico não opioide +- coadjuvante (oxicodona, morfina ou oximorfona de libertação contínua, ou fentanila transdérmica, conforme a necessidade)

74
Q

4 opiáceos endógenos

A

Dinorfinas

Encefalinas

Endorfina beta

Endomorfina 1 e 2

75
Q

Agonistas totais μ

A

Morfina

Heroína

Codeína

Metadona

Meperidina/petidina

Fentanil

Alfentanil

Remifentanil

Sufentanil

Loperamida

Difenoxilato

Dextropropoxifeno

76
Q

Agonistas parciais μ

A

Tramadol

Tapentadol

77
Q

Agonistas-antagonistas mistos

A

Buprenorfina (anti-k)

Nalorfina (anti-μ)

Pentazocina (anti-μ)

Nalbufina (anti-μ)

78
Q

Outros opiáceos

A

Dextrometorfano

Papaverina

79
Q

Antagonistas

A

Alvimopan

Metilnaltrexona

Naloxona

Naltrexona