T14 - Antidiabéticos (terminado) Flashcards
Definição de diabetes
Hiperglicemia
Patogénese da diabetes
Fatores ambientais + fatores genéticos
Insuficiência na secreção de insulina
Resposta reduzida à insulina
Aumento produção/acumulação de glicose
Anomalia resultante deste desequilíbrio - repercussões sobre o metabolismo lipídico,
proteico
Hemoglobina glicosada
3 meses
Alterações transitórias da glicemia no doente
Principais comorbilidades da diabetes
Retinopatia
Neuropatia (pode originar amputação do pé diabético)
Nefropatia
Vasculopatia
Critérios de diagnóstico de diabetes
Sintomas de diabetes mais glicemia superior a 200mg/dL ou superior a 11.1 mM (glicose no sangue)
Glicose plasmática em jejum superior a 126mg/dL ou 7.0 mM
HbA1 superior ou igual a 6.5%
Glicose plasmática 2 horas após teste de tolerância oral à glicose (com 75g de glicose dissolvida em água) superior ou igual a 200mg/dL (11.1mM)
Diabetes tipo 1 (DM)
Destruição seletiva das células β (causa imune ou idiopática) → défice grave ou absoluto de insulina
Mais frequentemente diagnosticada em indivíduos jovens
Terapia de substituição com insulina (injeção subcutânea)
- Interrupção da terapia de substituição de insulina pode resultar em cetoacidose diabética ou em morte do paciente (libertação excessiva
de AG - secundária aos reduzidos níveis de insulina-, os quais são
subsequentemente convertidos em cetoácidos)
DM tipo 2
Resistência tecidular à ação da insulina acompanhada por um défice relativo da
secreção de insulina
A deficiente ação da insulina está associada a um aumento do fluxo FFA e dos
níveis de TAG, bem como a uma redução dos níveis de HDL
Pacientes com diabetes tipo II podem não necessitar de insulina para
sobreviver, mas uma fração significativa beneficia com a insulinoterapia
DM tipo III
Casos de diabetes secundários a múltiplas outras causas específicas, tais como
pancreatectomia, pancreatite, doenças não-pancreáticas e terapia
farmacológica
DM tipo IV
(diabetes gestacional)
Anomalia nos níveis de glicose surgida durante a gravidez. De facto, durante a
gravidez, a placenta e as hormonas placentárias induzem resistência à insulina,
a qual é mais pronunciada no último trimestre
Homeostasia da glicose
Durante o jejum, a glicemia é mantida num intervalo estreito
No estado pós-prandial, a
absorção de nutrientes causa um aumento da glicemia, resultando na libertação de
incretinas e havendo estímulos que promovem secreção de insulina (sob o contro da
insulina, o fígado, músculo esquelético e tecido adiposo captam ativamente glicose)
Jejum - glicose inferior a 100mg/dL e ácidos gordos de 400 uM
Estado prandial - glicose entre 120 a 140 mg/dL e ácidos gordos inferiores a 400uM
Síntese e processamento da insulina
A insulina é uma pequena proteína constituída por 51 aminoácidos dispostos em duas cadeias
(A e B) unidas por pontes dissulfito
Inicialmente, a pré-pro-insulina consiste: péptido sinal + péptido C + cadeias A e B. Depois formase proinsulina por clivagem do péptido sinal. Posteriormente, é clivado o pétido C formandose insulina (=cadeias A e B). Notar que o péptido C é secretado de forma equimolar com a
insulina e não sofre um efeito de 1ª passagem pelo fígado significativo, pelo que é um bom
indicador da secreção de insulina (além disso carece de qualquer função fisiológica)
Regulação da secreção da insulina
Quando estimuladas pela glicose (ou outras substâncias: manose, aminoácidos, hormonas como
a GLP-1, estímulos vagais, agonistas β2…) as células pancreáticas β aumentam libertação de
insulina: captação de glicose via GLUT1 → metabolização da glicose → aumento do ATP →
inibição dos canais de K+ sensíveis ao ATP → despolarização → entrada de Ca2+ pelos canais
de Ca2+ VD → libertação da insulina contida em vesículas
Regulação farmacológica da secreção da insulina
Sulfonilureias são bloqueadores canais de K+ sensíveis ao ATP, sendo o tradicional
antidiabético oral, desde há mais de 50 anos usado
- Os meglitinides e a D-fenilalanina têm a mesma ação
O diazóxido, além de ter um efeito vasodilatador, é um conhecido ativador dos canais
de K+ sensíveis ao ATP
Por outro lado, a somatostatina, a leptina, agonistas α2 e níveis cronicamente elevados de
glicose e baixos de AG podem inibir a secreção de insulina
Sinalização pela insulina - consideração geral
Funcionamento do recetor da insulina e de todas as
cascatas associadas à transdução de sinal (a ativação do recetor vai gerar, na membrana
celular, um aumento da expressão do transportador de glicose)
Sinalização pela insulina - recetor da insulina
O recetor da insulina consiste em 2 heterodímeros covalentes ligados – cada heterodímero
apresenta uma subunidade extracelular (de ligação à insulina), bem como uma subunidade
transmembranar (que contém um domínio cínase de tirosina)
Sinalização pela insulina - ligação da insulina ao recetor da insulina
A ligação da insulina às subunidades extracelulares ativa o recetor da insulina, induzindo
uma alteração conformacional que facilita a fosforilação mútua dos resíduos de tirosina,
levando à ativação de uma cascata de sinalização intracelular. De facto, as proteínas IRS
(substratos do recetor de insulina) ligam-se aos resíduos fosforilados do recetor de insulina,
passando a ativar outras cínases
Sinalização pela insulina - ativação das vias intracelulares pela insulina
A ativação destas vias intracelulares resulta na translocação de transportadores da glicose
(nomeadamente GLUT4) para a membrana celular, o que resulta num aumento da captação
da glicose. Paralelamente ocorre: crescimento celular, síntese proteica, glicogénese
Sinalização pela insulina - agentes hormonais
De referir que vários agentes hormonais, tais como os glicocorticóides, diminuem a
afinidade dos recetores da insulina para a insulina, enquanto a hormona de crescimento
parece aumentar esta afinidade. Por outro lado, uma fosforilação aberrante dos resíduos de serina e treonina das subunidades do recetor de insulina ou das moléculas de IRS pode
resultar na génese de resistência à insulina, bem como em down-regulation funcional do
recetor
Sinalização pela insulina - degradação da insulina
A degradação da insulina é maioritariamente operada pelo fígado e, em menor escala, pelo
rim (embora nos diabéticos que recebem injeções de insulina, esta tendência se inverta)
Efeitos da insulina no fígado
Reversão das caraterísticas catabólicas da deficiência em insulina
- Inibe a glicogenólise
- Inibe a conversão de ácidos gordos e aminoácidos em cetoácidos
- Inibe a conversão de aminoácidos em glicose
Ação anabólica
- Promove o armazenamento de glicose como glicogénio (induz a glicocínase e a síntase do glicogénio, inibe a fosforílase)
- Aumenta a síntese de triglicerídeos e a formação de lipoproteínas de muito baixa densidade
Efeitos da insulina no músculo
Aumento da síntese de proteínas
- Aumenta o transporte dos aminoácidos
- Aumento a síntese de proteínas do ribossoma
Aumento da síntese de glicogénio
- Aumenta o transporte da glicose
- Induz a síntase do glicogénio e inibe a fosforílase
Efeitos da insulina no tecido adiposo
Aumento da síntese de proteínas
- Induz e ativa a lípase de lipoproteínas a hidrolisar triglicerídeos das lipoproteínas
- O transporte de glicose para as células dá fosfato de glicerol para permitir a esterificação de ácidos gordos fornecidos pelo transporte de lipoproteínas
- A lípase intracelular é inibida pela insulina
Patofisiologia da DM tipo 2
Sem insulina a ser secretada pode-se chegar a uma situação de coma cetoacidótico; a insulina
tem ações que revertem o catabolismo e favorecem o anabolismo; aumenta a síntese de
triglicerídeos a partir de lipoproteínas de baixa densidade, sendo este aspeto muito importante
para controlarmos o fenómeno da dislipidemia que, muitas vezes, está associado ao doente
diabético, principalmente ao tipo II
Um doente diabético, aquele indivíduo que produz quantidades inadequadas de insulina ou que
nem sequer produz insulina, o que se repete sempre é que temos uma hiperglicemia. Na DM
tipo II, em que há alguma capacidade para segregar insulina ou em que o tecido periférico, como
o fígado e o tecido gordo, tem alguma capacidade para responder à insulina
Fármacos que provocam hiperglicemia
Glicocorticoides
Antipsicóticos
Inibidores da protease
Agonistas beta-adrenérgicos
Diuréticos (tiazidas, de ansa)
Hidantoínas (fenitoína)
Opióides (fentanil, morfina, …)
Diazoxida
Ácido nicotínico
Pentamidina
Epinefrina
Interferões
Anfotericina B
Asparaginase
Acamprosato
Basiliximab
Hormonas tiroideias