T13 - Antituberculosos (terminado) Flashcards
Definição da tuberculose
Doença contagiosa, transmitida de pessoa para pessoa
Através da tosse, espirros ou fala de uma pessoa infetada
E inalação de partículas de ar que contêm a bactéria Mycobacterium tuberculosis por outra pessoa
Afeta primariamente os pulmões mas pode afetar outras partes do corpo (tuberculose extrapulmonar)
Mortalidade e incidência da tuberculose
Principal causa de morte de origem infeciosa em todo o mundo
Top 10 das causas de morte de todas as patologias
Incidência tem vindo a diminuir (maior cuidado com transmissão e profilaxia)
Problema de infeção em doentes imunodeprimidos e da coinfeção entre tuberculose e VIH
Também existem micobactérias de tuberculose multirresistentes - desafio terapêutico
Como ocorre infeção da tuberculose?
M. tuberculosis deve ser ingerido pelos macrófagos alveolares (agente intracelular)
Os bacilos que não são mortos pelos macrófagos replicam-se no seu interior e acabam por matar o macrófago hospedeiro - são atraídas células inflamatórias para o local, causando pneumonite focal que depois origina granulomas caraterísticos (o balanço entre as defesas do hospedeiro e a virulência do microorganismo determina se a infeção é resolvida sem tratamento, se permanece latente ou se se torna ativa)
Nas primeiras semanas da infeção, alguns macrófagos infetados migram para nódulos linfáticos regionais, onde têm acesso à corrente sanguínea, podendo ser espalhados para qualquer parte do corpo (manifestações clínicas extra-pulmonares)
Parede celular do M. tuberculosis é formada por…
Camada espessa de ácidos micólicos (lípidos) - impermeabilidade e virulência
Camada fina de arabinogalactano (heteropolissacarídeo: arabinose e galactose)
Camada fina de peptidoglicano
Coloração do M. tuberculosis
A elevada densidade de lípidos da parede celular impede que o Mycobacterium tuberculosis seja corado pela coloração de Gram
É usada a coloração de Ziehl-Neelsen
Antituberculosos de 1ª linha - 4
(mais eficazes e melhor tolerados do que os de 2ª linha)
Isoniazida
Rifampicina
Pirazinamida
Etambutol
Antituberculosos de 2ª linha - 6
Etionamida
Ácido p-aminossalicílico
Cicloserina
Amicacina
Canamicina
Capreomicina
Objetivo quando se quer tratar infeções micobacterianas
Encontrar um alvo seletivo
Neste caso é complexo micolilarabinogalactanopeptideoglicano (mAGP), constituinte da parede da micobactéria da tuberculose - é o alvo preferencial dos fármacos que atuam contra a Mycobacterium tuberculosis (a micobactéria tem uma camada de ácidos micólicos, o arabinogalactano e o
peptidoglicano – é uma parede mais complexa do que aquelas que costumam ver noutras
bactérias)
Terapêutica recomendada atualmente
Só a terapêutica combinada (a monoterapia leva ao aparecimento
rápido de resistências)
A politerapêutica possibilitou a redução da duração do tratamento da
tuberculose
Em indivíduos de risco tem de se fazer…
Profilaxia da tuberculose
Profilaxia da tuberculose em adultos
Isoniazida oral durante 6 meses ou rifampicina oral durante 4 meses (quando a isoniazida não é tolerada)
Profilaxia da tuberculose em crianças
Isoniazida oral durante 9 meses ou rifampicina oral durante 6 meses (quando isoniazida não é tolerada)
Tratamento da tuberculose em adultos
Isoniazida + rifampicina + pirazinamida + etambutol durante 2 meses seguido
de tratamento intermitente com rifampicina + isoniazida durante 4 meses
- Em doentes com VIH, usar rifabutina em vez de rifampicina porque esta pode
interferir negativamente com agentes antiretrovíricos, reduzindo a sua eficácia
(a rifabutina é um indutor menos potente das CYP’s)
Tratamento da tuberculose em crianças
Esquema terapêutico semelhante ao dos adultos; precaução com uso do
etambutol em crianças com menos de 5 anos
Se Mycobacterium tuberculosis resistente à rifampicina ou rifampicina e isoniazida, a terapêutica deve incluir:
- Pelo menos 3 fármacos para os quais o agente é suscetível
- 4-6 fármacos, no caso de MDR-TB (multi drug resistent), para melhores resultados
- 18 meses de tratamento (pelo menos)
A adição de fluoroquinolonas ao regime terapêutico e resseção das principais lesões estão
associadas a melhores resultados
Isoniazida - isolada ou em associação?
A isoniazida não deve ser administrada isoladamente, mas sim em associação com outros antituberculosos
De facto, a administração isolada de isoniazida está associada a um rápido surgimento de resistências bacterianas
Tipo de fármaco que a isoniazida é?
Bactericida
A isoniazida entra na célula por difusão passiva → é um pró-fármaco, precisando de ser ativada
por uma enzima, uma catálase-peroxídase (KatG) presente na Mycobacterium tuberculosis,
que a converte no fármaco ativo. Depois, este fármaco ativo é um inibidor da InhA (redútase
dependente do NADH da proteína transportadora do enoil acil) e KasA (sintetase da proteína
transportadora de B-ceto-acilo) – a inibição destas enzimas inibe a síntese de ácidos
micólicos, ou seja, inibe a síntese da parede da micobactéria. Por isto, a isoniazida é um
fármaco bactericida
A isoniazida é particularmente eficaz em micobactérias que estão…
Em multiplicação ativa
Para as que estão quiescentes, precisamos de outro tipo de fármacos já que a isoniazida poderá não ser suficiente
Mecanismos de resistência à isoniazida (4)
Mutação da KatG → as Mycobacterium tuberculosis que têm esta mutação são
muitíssimo resistentes, porque, simplesmente, não transformam a isoniazida no seu
metabolito ativo – é para esquecer a isoniazida naquele doente
Mutação da InhA → menor afinidade para a forma ativa da isoniazida. No entanto,
neste caso, se usarmos a isoniazida em doses altas ela pode ser ainda eficaz
Mutações no KasA
Mutações que provocam sobreexpressão de ahpC, um gene envolvido na proteção
da células contra o stress oxidativo
Tuberculose ativa ou latente - isoniazida
Se o doente tem doença tuberculosa ativa, usar isoniazida em imunoterapia é um risco
enorme para que ele eventualmente desenvolva resistência à isoniazida. Porque ele tem uma
população bacteriana superior e, portanto, a probabilidade de ter lá o Mycobacterium
resistente é maior
Se tivermos uma infeção latente, com uma população residual, o uso da
isoniazida não acrescenta grande risco de resistência
Métodos de diagnóstico - tuberculose (isoniazida)
- Biologia molecular
- Métodos de Diagnóstico Rápido de Resistência ao Mycobacterium
(basta ter um IGRA ou uma prova de tuberculina superior a 5 mm, que este doente já
tem indicação para fazer 9 meses de isoniazida)
Biodisponibilidade oral da isoniazida
A biodisponibilidade oral da isoniazida é quase 100%, é um fármaco muito lipofílico,
utilizado por via oral
Principal problema da isoniazida
O grande problema da isoniazida é a sua hepatotoxicidade. Há aqui algum polimorfismo
genético no metabolismo da isoniazida, há indivíduos que são acetiladores rápidos e
indivíduos que são acetiladores lentos (o metabolismo da isoniazida faz-se por acetilação
pelo que acetiladores rápidos obtêm concentrações inferiores de isoniazida após
administração da mesma dose comparativamente com acetiladores lentos)
Depois, a isoniazida também tem importantes interações farmacológicas
Reações adversas da isoniazida
Há casos de neuropatia periférica, mas que é prevenida pelo uso
concomitante de piridoxina
Também há efeitos laterais cutâneos, rash
A hepatotoxicidade
é o que nos limita com a isoniazida
TNF-alfa e tuberculose
Sabemos que o TNF-alfa é muito importante para a estabilidade dos granulomas do
Mycobacterium tuberculosis. E, por isso, qualquer um de nós que aqui está pode, no
passado, já ter tido contacto com alguém com tuberculose, mas o nosso sistema
imunológico é suficientemente eficaz para manter uma população residual de
Mycobacterium em granulomas arrumadinho e que nunca nos incomodará. Mas se nós
nesse doente, porque ele tem uma doença inflamatória intestinal, porque tem uma artrite
reumatoide, decidimos iniciar um tratamento com infliximab ou com um anti-TNF, o que é
que vai acontecer? Vamos interferir com aquela estabilidade, com aquele Mycobacterium
que estava ali arrumadinho quiescente e temos tuberculoses graves, disseminadas e
potencialmente fatai