Pleuras, pulmões e árvore traqueo-brônquica Flashcards
Lesões da cúpula da pleura e do ápice do pulmão
1) A cúpula da pleura e o ápice do pulmão projetam-se através da abertura superior do tórax para o pescoço, posteriormente às inserções inferiores dos músculos esternocleidomastoideus
2) Assim, os pulmões e as pleuras podem ser lesados nas feridas da base do pescoço, provocando pneumotórax (ar na cavidade pleural)
3) A cúpula da pleura atinge um nível relativamente elevado em lactentes e crianças pequenas, sendo mais vulnerável nesse altura
Lesão de outras partes da pleura
1) As pleuras descem inferiormente à margem costal em 3 regiões: a parte direita do ângulo infraesternal, e os ângulos costovertebrais esquerdo e direito (posteriormente ao polo superior dos rins)
2) Assim, uma incisão abdominal poderia penetrar o saco pleural e assim provocar um pneumotórax (deve-se ter cuidado nos procedimentos cirúrgicos aos rins)
Colapso pulmonar
1) Os pulmões podem ser comparados a um balão cheio de ar quando estão distendidos; se a distensão não for mantida, a elasticidade inerente causa o colapso do órgão -> atelectasia secundária (a atelectasia primária refere-se à ausência de insuflação do pulmão ao nascimento)
2) Se houver uma ferida penetrante na parede torácica ou na superfície pulmonar, o ar é sugado para a cavidade pleural em decorrência da pressão negativa
3) A tensão superficial que causa aderência da pleura visceral à pleura parietal (ou seja, do pulmão à parede torácica) é rompida e há colapso do pulmão, com expulsão da maior parte do ar por causa da elasticidade inerente; a cavidade pleural torna-se um espaço real
4) A laceração ou rutura da superfície de um pulmão (e da sua pleura visceral) ou a penetração da parede torácica (e da sua pleura parietal) resulta em hemorragia e entrada de ar na cavidade pleural; a quantidade de sangue e ar acumulada determina o grau de colapso pulmonar
5) Na radiografia vê-se:
5. 1) Elevação do hemidiafragma ispilateral
5. 2) Estreitamento do espaço intercostal (aproximação das costelas)
5. 3) Deslocamento do mediastino -> traqueia cheia de ar
5. 4) Pulmão colapsado geralmente mais denso (mais branco) circundado por ar radiotransparente (mais escuro)
Pneumotórax, hidrotórax e hemotórax
1) Pneumotórax: entrada de ar na cavidade pleural
1. 1) Causas: ferida penetrante da pleura (facada), rutura de uma lesão pulmonar para a cavidade pleural (fístula broncopleural), costelas fraturadas
1. 2) Manifestações: colapso pulmonar
2) Hidrotórax: acúmulo substancial de líquido na cavidade pleural
2. 1) Causas: derrame pleural
3) Hemotórax: entrada de sangue na cavidade pleural
3. 1) Causas: lesão de grande vaso intercostal ou torácico interno, traumatismo penetrante
Toracocentese
1) É a introdução de uma agulha hipodérmica na cavidade pleural através de um espaço intercostal, de modo a retirar sangue ou pus ou colher uma amostra de líquido
2) Para evitar a lesão do nervo e dos vasos intercostais, a agulha é introduzida próxima à margem superior da costela, em posição suficientemente alta para evitar ramos colaterais
3) Quando o paciente está em posição ortostática, há acúmulo de líquido intrapleural no recesso costodiafragmático
4) A introdução da agulha no 9º espaço intercostal na linha axilar média durante a expiração evita a margem inferior do pulmão
5) A agulha deve ser angulada para cima, a fim de evitar a penetração no lado profundo do recesso
Inserção de tubo (dreno) torácico
1) Grandes volumes de ar, sangue, líquido seroso ou pus são removidos da cavidade pleural por inserção de um tubo torácico
2) É feita uma incisão curta no 5º ou 6º espaço intercostal na linha axilar média (situada aproximadamente ao nível do mamilo)
3) O tubo pode ser direcionado superiormente em direção à cúpula pleural para retirar o ar, ou inferiormente em direção ao recesso costodiafragmático para drenagem de líquido
4) A retirada do ar permite a reinsuflação de um pulmão colapsado
5) A persistência do líquido pode levar ao surgimento de um revestimento fibroso resistente no pulmão, que prejudica a expansão se não for removido (decorticaçao pulmonar)
Pleurectomia e pleurodese
1) A obliteração da cavidade pleural por doença (p.ex pleurite) ou durante cirurgia (p.ex. pleurectomia) não tem grandes consequências funcionais, contudo pode causar dor associada ao esforço
2) Pleurodese: aderência das pleuras parietal e visceral induzida através de colocação de pó irritante ou agente esclerosante nas superfícies apostas da pleura
3) A pleurectomia e a pleurodese são realizadas para evitar atelectasia secundária espontânea recorrente causada por pneumotórax crónico ou derrame maligno resultante de doença pulmonar
Toracoscopia
1) É um procedimento diagnóstico e, às vezes, terapêutico, no qual a cavidade pleural é examinada com o toracoscópio
2) São feitas pequenas incisões na cavidade pleural através dos espaços intercostais 1 a 3
3) Serve para: observar, biópsia, excisão de formações patológicas, drenagem, tratamento de alguns distúrbios torácicos
Pleurite (pleurisia)
1) Durante a inspiração e a expiração, o deslizamento das pleuras húmidas, normalmente lisas, não produz som detetável durante a auscultação pulmonar; contudo, na pleurite (inflamação das pleuras) as superfícies pulmonares são irregulares e o atrito resultante provoca um som semelhante ao produzido quando se esfrega uma mecha de cabelo entre os dedos
2) Manifestações: aderência das pleuras, dor aguda, perfurante e sobretudo aos esforços
Auscultação dos pulmões e percussão do tórax
1) São técnicas importantes no exame físico
2) A auscultação avalia o fluxo de ar através da árvore traqueo-brônquica para os lobos do pulmão
3) A percussão ajuda a estabelecer se os tecidos subjacentes estão cheios de ar (som ressonante), cheios de líquido (som surdo) ou se são sólidos (som maciço)
4) Estas técnicas devem sempre incluir a raiz do pescoço, onde se localizam os ápices dos pulmões
5) Quando os profissionais de saúde se referem à auscultação da base do pulmão, geralmente não se estão a referir à base anatómica (face diafragmática), mas sim à parte póstero-inferior do lobo inferior ao nível da 10ª costela
Aspiração de corpos estranhos
1) Como o brônquio principal direito é mais largo, mais curto e mais vertical do que o brônquio principal esquerdo, é mais provável que corpos estranhos aspirados ou alimentos entrem e se alojem nele ou num dos seus ramos
Broncoscopia
1) Um broncoscópio é um endoscópio para inspeção do interior da árvore traqueo-brônquica
2) A observação da carina e deteção de possíveis alterações morfológicas auxilia no diagnóstico diferencial de doença respiratória: p.ex. se os gânglios linfáticos traqueo-brônquicos situados no ângulo entre os brônquios principais estiverem aumentados devido às metástases de um carcinoma broncogénico, a carina apresenta-se distorcida, alargada posteriormente e imóvel
3) A túnica mucosa que cobre a carina é uma das áreas mais sensíveis da árvore traqueo-brônquica e está associada ao reflexo da tosse
Ressecações pulmonares
1) Distúrbios brônquicos e pulmonares (p.ex. tumores ou abcessos) frequentemente localizam-se num segmento broncopulmonar, que pode ser ressecado cirurgicamente
2) Durante o tratamento do cancro dos pulmões, o cirurgião pode remover o pulmão inteiro (pneumectomia), um lobo (lobectomia) ou um segmento broncopulmonar (segmentectomia)
Atelectasia segmentar
1) O bloqueio de um brônquio segmentar (p.ex. por um objeto aspirado) impede a chegada de ar ao segmento broncopulmonar que supre -> há colapso do segmento
2) A perda de volume pode causar desvio do mediastino para o lado da atelectasia, porém pode haver expansão dos segmentos ipsilaterais para compensar a redução de volume do segmento colapsado
Drenagem linfática e aderências pleurais
1) Se houver aderência da pleura parietal à pleura visceral, os vasos linfáticos no pulmão e na pleura visceral podem anastomosar-se aos vasos linfáticos parietais que drenam para os gânglios linfáticos axilares
2) A existência de partículas de carbono nos gânglios linfáticos axilares é um indício provável de aderência pleural