Períneo Flashcards
Prolapso de órgão pélvico
1) Durante o parto vaginal pode ocorrer distensão ou rutura do músculo elevador do ânus e/ou da fáscia da pelve, ou rutura do corpo do períneo, removendo a sustentação do assoalho pélvico
2) A rutura do corpo do períneo também pode ser causada por traumatismo (p.ex. episiotomia mal reparada), doença inflamatória e infeção, que podem resultar na formação de uma fístula conectada ao vestíbulo da vagina
3) Consequentemente, pode ocorrer o prolapso das vísceras pélvicas:
3. 1) Uretrocelo: prolapso da parede ântero-inferior da vagina, que envolve apenas a uretra
3. 2) Cistocele: prolapso da parede anterior da vagina, que envolve a bexiga
3. 3) Prolapso uterovaginal
3. 4) Retocelo: prolapso da parede póstero-inferior da vagina, que envolve o reto
3. 5) Enterocele: prolapso da parede póstero-superior da vagina, que envolve a escavação retovaginal (fundo de saco de Douglas)
4) Existem 4 graus de prolapso:
4. 1) Prolapso do órgão a meio caminho do hímen
4. 2) Prolapso do órgão até ao hímen
4. 3) Prolapso do órgão além do hímen
4. 4) Descida máxima do órgão
5) Tratamento: exercícios do assoalho pélvico (Kegel), pessários, intervenção cirúrgica
Episiotomia
1) Durante a cirurgia vaginal e o trabalho de parto, pode-se fazer uma episiotomia (incisão cirúrgica do períneo e da parede póstero-inferior da vagina) para aumentar o óstio da vagina, visando diminuir a laceração traumática excessiva do períneo e rutura irregular descontrolada dos músculos do períneo
2) Há consenso geral de que a episiotomia é indicada quando há interrupção ou atraso da descida do feto, quando é necessário o uso de instrumentos ou para acelerar o parto quando há sinais de sofrimento fetal
3) Episiotomia mediana: o corpo do períneo é a principal estrutura incisada; a cicatriz deixada nota-se pouco, contudo há maior incidência de lacerações graves, associadas a incidência aumentada de incontinência, prolapso pélvico e fístulas anovaginais
4) Episiotomia mediolateral: resulta em menor incidência de laceração grave e é menor o risco de lesão dos esfíncteres do canal anal
Rutura da uretra em homens e extravasamento de urina
1) Fraturas do cíngulo do membro inferior, sobretudo aquelas resultantes da separação da sínfise púbica e ligamentos puboprostáticos, muitas vezes causam rutura da parte membranosa da uretra -> extravasamento de urina e sangue para o espaço profundo do períneo, mas pode haver passagem superior do líquido através do hiato urogenital e distribuição extraperitoneal ao redor da próstata e da bexiga
2) O local mais comum de rutura da parte esponjosa da uretra é o bulbo do pénis; essa lesão geralmente resulta de um golpe forte no períneo (queda a cavaleiro) -> extravasamento de urina para o espaço superficial do períneo
3) As fixações do estrato membranoso do períneo determinam a direção do fluxo da urina extravasada; a urina pode passar para o tecido conjuntivo laxo no escroto, ao redor do pénis ou para o tecido conjuntivo subcutâneo da parede abdominal ântero-inferior
4) A urina não chega às coxas, porque o estrato membranoso da tela subcutânea do períneo se funde à fáscia lata (que envolve os músculos da coxa)
5) A urina não pode seguir posteriormente para a região anal, pois as camadas superficial e profunda da fáscia do períneo são contínuas entre si ao redor dos músculos superficiais do períneo e com a margem posterior da membrana do períneo situada entre elas
Inanição e prolapso retal
1) Os corpos adiposos das fossas isquioanais estão entre as últimas reservas de tecido adiposo a desaparecerem na inanição (condição de fraqueza por falta de alimento)
2) Na ausência da sustentação assegurada pela gordura isquioanal, o prolapso retal é relativamente comum
Linha pectínea
1) É o local de transição da região visceral para a região parietal do reto, afetando aspetos como os tipos de tumores que ocorrem e a direção na qual metastizam
Incontinência anorretal
1) O estiramento do(s) nervo(s) pudendo(s) durante um parto traumático pode resultar em lesão do nervo pudendo e incontinência anorretal
Fissuras anais e abcessos isquioanais e perianais
1) Em pessoas com constipação intestinal crónica, as válvulas e a túnica mucosa anal podem ser rompidas por fezes endurecidas, dando origem a fissuras anais, que geralmente se localizam na linha mediana posterior inferiormente às válvulas anais
2) O abcesso perianal pode suceder a infeção da fissura anal, e a infeção pode propagar-se para as fossas isquionais e formar abcessos isquioanais ou propagar-se para a pelve e formar um abcesso pelvirretal; um abcesso perianal pode romper-se espontaneamente abrindo-se para o canal anal, reto ou pele perianal
3) Às vezes as fossas isquioanais são locais de infeção (decorrente de criptite, extensão de abcesso pelvirretal, laceração na túnica mucosa anal, ferida penetrante na região anal) o que pode resultar na formação de abcessos isquioanais; os sinais diagnósticos de um abcesso isquioanal são o volume e a dor à palpação entre o ânus e a tuberosidade isquiática; como as fossas isquioanais se comunicam posteriormente através do espaço pós-anal profundo, um abcesso numa fossa pode disseminar-se para outra e formar um abcesso semicircular “em forma de ferradura” ao redor da face posterior do canal anal
4) A fístula anal pode resultar da disseminação de infeção anal e criptite, e abrir-se num abcesso da fossa isquioanal ou na pele perianal
Hemorroidas
1) Hemorroidas internas: são prolapsos da túnica mucosa retal (mais especificamente dos coxins anais) que contêm as veias normalmente dilatadas do plexo venoso retal interno; resultam da rutura da muscularis mucosae; as hemorroidas internas que prolapsam através do canal anal são muitas vezes comprimidas pelos esfíncteres contraídos, impedindo o fluxo sanguíneo -> sangramento vermelho-vivo
2) Hemorroidas externas: são trombos nas veias do plexo venosos retal externo e são cobertas por pele
3) Fatores predisponentes: gravidez, constipação intestinal crónica, permanência prolongada na casa de banho e esforço, além de qualquer distúrbio que impeça o retorno venoso (hipertensão portal, provocada por cirrose p.ex.), inclusive o aumento da pressão intra-abdominal
4) Dor e tratamento: o canal anal superior à linha pectínea é visceral, de modo que a incisão ou inserção de agulha nessa região é indolor, logo as hemorroidas internas são indolores e podem ser tratadas sem anestesia; inferiormente à linha pectínea, o canal anal é somático, sendo suprido pelos nervos anais inferiores, logo as hemorroidas externas são dolorosas (mas resolvem-se em alguns dias)