Peritoneu e cavidade peritoneal Flashcards
Perviedade e obstrução das tubas uterinas
1) Embora teoricamente seja possível a entrada de microrganismos na cavidade peritoneal feminina diretamente através das tubas uterinas, essa peritonite primária é rara, comprovando a efetividade dos mecanismos de proteção do sistema genital feminino (p.ex. muco cervical)
2) A perviedade das tubas uterinas pode ser avaliada por histerossalpingografia
Peritoneu e procedimentos cirúrgicos
1) Como o peritoneu é bem inervado, os pacientes submetidos à cirurgia abdominal sentem mais dor nas incisões grandes e invasivas do peritoneu (laparotomia) do que nas pequenas incisões laparoscópicas ou cirurgias vaginais
2) É o revestimento de peritoneu visceral (serosa), que torna relativamente fácil obter
anastomoses termino-terminais impermeáveis de órgãos intraperitoneais (reperitonealização)
3) Em vista da alta incidência de complicações como peritonite e aderências, evitam-se cirurgias nas quais a cavidade peritoneal é aberta sempre que possível
Peritonite e ascite
1) Quando há contaminação bacteriana durante laparotomia ou quando há perfuração traumática ou rutura do intestino em virtude de infeção e inflamação (p. ex., apendicite), permitindo a entrada de gás, material fecal e bactérias na cavidade peritoneal, a consequência é infeção e inflamação do peritoneu (peritonite) -> dor na pele sobrejacente, aumento do tónus dos músculos ântero-laterais do abdómen, dor à palpação, naúseas, vómitos, febre
2) Peritonite generalizada (potencialmente fatal) também ocorre quando uma úlcera perfura a parede do estômago ou duodeno, derramando conteúdo ácido na cavidade peritoneal; o líquido em excesso na cavidade peritoneal é denominado líquido ascítico -> ascite -> distensão da cavidade peritoneal-> interferência nos movimentos das vísceras
3) Outras causas de ascite: lesão mecânica, hipertensão portal, metástase disseminada de células cancerosas para as vísceras abdominais, inanição (défice de proteínas plasmáticas -> alteração do gradiente de concentração)
4) Os movimentos rítmicos da parede ântero-lateral do abdómen normalmente acompanham as incursões respiratórias; se o abdómen for retraído enquanto o tórax se expande (ritmo abdominotorácico paradoxal) e houver rigidez muscular, pode haver peritonite ou pneumonite
5) Como a dor se agrava com o movimento, as pessoas com peritonite costumam deitar com os joelhos fletidos e apresentar respiração superficial
6) O efeito de sucção do diafragma durante a respiração puxa o líquido para os espaços subfrénicos -> abcesso subfrénico é uma complicação da peritonite
Aderências peritoneais e adesiólise
1) Se houver lesão do peritoneu (por uma ferida perfurante, infeção ou por cirurgia abdominal) há inflamação das superfícies peritoneais, tornando-as viscosas com fibrina
2) Quando há cicatrização, a fibrina pode ser substituída por tecido fibroso, formando aderências anormais entre o peritoneu visceral das vísceras adjacentes ou entre o peritoneu visceral de um órgão e o peritoneu parietal da parede adjacente do abdómen
3) Estas aderências causam limitação dos movimentos normais das vísceras, dor crónica ou complicações de emergência como obstrução intestinal quando o intestino é torcido ao redor de uma aderência (vólvulo)
4) Adesiólise: separação cirúrgica de aderências
Paracentese abdominal
1) O tratamento da peritonite generalizada inclui retirada do líquido ascítico (quer para promover alívio quando o volume é grande que para fins diagnóstico p.ex. cultura)
2) A punção cirúrgica da cavidade peritoneal para aspiração ou drenagem de líquido é denominada paracentese
3) A agulha é introduzida superiormente à bexiga urinária vazia, num local que evite a artéria epigástrica inferior, através da linha alba até à cavidade peritoneal
Diálise peritoneal
1) O peritoneu é uma membrana semipermeável com extensa área superficial, grande parte da qual se situa sobre os leitos dos capilares sanguíneos e linfáticos -> assim o líquido injetado na cavidade peritoneal é rapidamente absorvido
2) Na insuficiência renal, escórias nitrogenadas como ureia acumulam-se no sangue nos tecidos até níveis fatais; nestes casos, pode ser realizada diálise peritoneal, na qual substâncias solúveis e o excesso de água são removidos do sistema por transferência através do peritoneu (por causa do gradiente de concentração)
3) A diálise peritoneal é apenas temporária, a longo prazo deve ser usada diálise renal
Formação de abcesso
1) Perfuração de uma úlcera duodenal, rutura da vesícula biliar ou perfuração do apêndice vermiforme pode causar a formação de um abscesso (coleção circunscrita de exsudato purulento) no recesso subfrénico
2) O abscesso pode ser isolado inferiormente por aderências do omento maior
Fluxo de líquido ascítico e pus
1) Os sulcos paracólicos são importantes clinicamente porque proporcionam vias para o fluxo de líquido ascítico e a disseminação de infeções intra-peritoneais
2) O líquido e o pus são transportados inferiormente ao longo dos sulcos paracólicos para a pelve, quando a pessoa está em posição ortostática, e superiormente para os recessos subfrénicos quando a pessoa está em decúbito dorsal
3) Para drenar estes líquidos, os pacientes com peritonite são colocados na posição sentada (num ângulo de 45º)
Líquido na bolsa omental
1) A perfuração da parede posterior do estômago provoca a passagem do seu conteúdo líquido para a bolsa omental
2) A inflamação ou lesão do pâncreas também pode permitir a passagem de líquido pancreático para a bolsa, com formação de um pseudocisto pancreático
Hérnia interna através do forame omental (forame epiploico de Winslow)
1) Uma alça de intestino delgado pode atravessar o forame omental, entrar na bolsa omental e ser
estrangulada pelas margens do forame
2) Como não se pode fazer incisão em nenhum dos limites do forame (porque todos contêm vasos sanguíneos), o intestino edemaciado deve ser descomprimido usando-se uma agulha
Controlo temporário de hemorragia da artéria cística
1) A artéria cística tem de ser ligada ou clampeada e depois seccionada durante a colecistectomia (a retirada da vesícula biliar)
2) Às vezes, contudo, é seccionada acidentalmente antes de ser adequadamente ligada; o cirurgião pode controlar a hemorragia comprimindo a artéria hepática no ponto em que atravessa o ligamento hepatoduodenal
3) Compressão e libertação alternadas da artéria hepática permitem ao cirurgião identificar a artéria que está a sangrar e clampeá-la