CM 05 - GRANDES SÍNDROMES ENDÓCRINAS - TIREOIDE, SUPRARRENAL E ADRENAL Flashcards
COMO FUNÇÕES TIREOIDIANAS DE SÍNTESE SP
1) Captação do iodo (bombas de sódio-iodeto).
2) Oxidação, organificação e síntese (participação da TPO-tireoperoxidase).
3) Transporte (TBG – globulina ligadora de tiroxina).
4) Metabolismo (dessiodases… O tipo 1 é inibida nas doenças sistêmicas).
Principais mecanismos REGULATÓRIOS DA GLÂNDULA TIREOIDE SÃO:
❯ Eixo hipotálamo-hipófise-tireoide;
❯ Autorregulação pelo iodo:
- efeito Wolff-Chaikoff ( iodo induzindo hipotireoidismo)
- fenômeno de Jod-Basedow ( iodo induzindo hipertireoidismo).
OS TESTES DE FUNÇÃO TIREOIDEANA SÃO:
❯ Dosagem de TSH, T3 e T4 (TSH é o mais sensível);
❯ Captação tireoidiana de iodo radioativo em 24h (RAIU – aumentada no hipertireoidismo e reduzida nas tireoidites, tireotoxicose factícia e hipotireoidismo);
❯ Cintilografia (avaliação de nódulos, tireoide ectópica, neoplasias)
OS TESTES DE DEFINIÇÃO ANATÔMICA DA TIREOIDE SÃO:
USG,
PAAF,
biópsia
INTERPRETAÇÃO:
- HIPERTIREOIDISMO PRIMÁRIO:
- HIPERTIREOIDISMO SECUNDÁRIO:
- HIPOTIREOIDISMO PRIMÁRIO:
- HIPOTIREOIDISMO SECUNDÁRIO:
- T3/T4 ELEVADOS, TSH MUITO REDUZIDO
- T3/T4 ELEVADOS, TSH NORMAL OU POUCO ELEVADO
- T3/T4 REDUZIDOS, TSH MUITO ELEVADO
- T3/T4 REDUZIDOS, TSH NORMAL OU POUCO REDUZIDO
- Quadro resultante do excesso de hormônios
tireoidianos. - tireotoxicose decorrente de uma hiperprodução de hormônios tireoidianos.
- Tireotoxicose
- Hipertireoidismo
SOBRE A ETIOLOGIA DAS DISFUNÇÕES NA TIREOIDE
Grande diagnóstico diferencial = TIREOTOXICOSE SEM e COM HIPERTIREOIDISMO.
❯ Com hipertireoidismo:
❯ Sem hipertireoidismo:
❯ Com hipertireoidismo: Graves (principal causa), BMT, adenoma tóxico; induzido por iodo, mola hidatiforme, adenoma hipofisário.
❯ Sem hipertireoidismo: tireoidite, tireotoxicose factícia, tecido ectópico (estroma ovariano).
É a principal causa de hipertireoidismo, respondendo por até 80% dos casos!! Mulheres (9:1) entre 20-50 anos. Três tipos principais de Autoanticorpos (TRAb, anti-TPO, anti-TG) não específicos. A clínica tem insônia, cansaço extremo, agitação psicomotora,
incapacidade de concentração, nervosismo, dificuldade em controlar emoções, agressividade, sudorese excessiva, intolerância ao calor e
hiperdefecação (aumento do número de evacuações diárias) e perda ponderal apesar de hiperfagia. Um achado importante é a presença de oligo/amenorreia!!
DOENÇA DE GRAVES
Achados clínicos típicos na Doença de Graves
(1) Bócio difuso;
(2) oftalmopatia (40%) - Exoftalmia ou proptose bilateral, edema periorbitário, e hiperemia conjuntival.
(3) dermopatia infiltrativa (< 5%) – mixedema pré-tibial (espessamento em placas, com aspecto de “casca de laranja”);
(4) acropatia: baqueteamento digital.
Classificação pela American Thyroid Association (NOSPECS) da oftalmopatia no Graves:
0 = (ausência de sinais e sintomas).
1 = (apenas retração palpebral e proptose leve, sem
sintomas).
2 = (tecidos moles afetados, edema periorbital).
3 = (proptose > 22 mm).
4 = (diplopia).
5 = (córnea acometida).
6 = (alteração visual por acometimento do nervo óptico)
Todo paciente com diagnóstico de fibrilação atrial deve ter seus hormônios tireoidianos medidos, pois essa é uma complicação comum da tireotoxicose!! Assim, idosos sem sintomas clássicos, apenas com alterações cardiovasculares (ex.: FA) associados com sintomas inespecíficos (astenia, fraqueza muscular intensa e depressão), apresentam:
Hipertireoidismo apático
Os 3 principais Autoanticorpos na Doença de Graves são:
(1) antirreceptor do TSH (TRAb), que pode
antagonizar (TRAb-bloq) ou estimular o TSH (TSI);
(2) antitireoperoxidase (anti-TPO); e
(3) antitireoglobulina (anti-TG).
Exame usado no diagnóstico diferencial com as tireoidites subagudas
Captação de iodo radioativo (RAIU)
Graves = hipercaptação homogênea (muito hormônio sendo sintetizado). Tireoidites = captação reduzida (liberação de hormônio armazenado).
Exame usada no diagnóstico diferencial com a tireotoxicose factícia.
Tireoglobulina
Graves/tireoidite = elevada. Factícia = reduzida
Preparo pré-operatório da Cirurgia para tratamento de Doença de Graves é feito com
drogas antitireoidianas (por 6 semanas antes) + iodeto de potássio – lugol (7-10 dias antes).
Drogas adjuvantes ao tratamento de Doença de Graves
(1) Betabloqueadores (controle das manifestações adrenérgicas); e
(2) lítio (nos pacientes alérgicos a tionamidas).
Tratamento de Gestantes com Doença de Graves
Terapia de escolha: drogas, com preferência pelo propiltiouracil (não teratogênico) no 1º trimestre e MMZ no restante da gravidez (risco de hepatite pelo PTU)
É definido como um estado de exacerbação dos achados da tireotoxicose, com evidências de descompensação de um ou mais sistemas. Podemos encontrar confusão, delirium, agitação, psicose, estupor e até coma. Outros sinais clássicos são: febre alta, insuficiência cardíaca de alto débito, hipertensão com PA divergente, taquicardia acentuada, FA aguda, icterícia, sudorese intensa, diarreia, náusea e vômitos.
Crise tireotóxica (tempestade tireoidiana)
Principais fatores precipitantes da Crise tireotóxica são:
Infecções, cirurgia (tireoidiana e não tireoidiana), trauma à glândula tireoide, terapia com iodo radioativo, suspensão de drogas antitireoidianas, uso de amiodarona, ingestão de hormônios tireoidianos, insuficiência cardíaca, toxemia da gravidez, hipoglicemia, parto, estresse emocional importante,
embolia pulmonar, acidente vascular encefálico, cetoacidose diabética
Quadro clínico da Crise tireotóxica:
(1) Alteração no estado mental, variando desde agitação e psicose franca até estupor e coma.
(2) Hipertermia.
(3) Taquicardia e insuficiência cardíaca de alto débito.
(4) Disfunção hepática e gastrointestinal, com diarreia, náusea, vômitos, dor abdominal e icterícia.
Tratamento da Crise tireotóxica:
(1) PTU em altas doses (MMZ não bloqueia conversão periférica de T4 em T3).
(2) Iodo (administrado pelo menos uma hora após o PTU para evitar o efeito Jod-Basedow).(3) Propranolol (controle dos sintomas adrenérgicos e ainda bloqueio da conversão T4 → T3 em altas doses).
(4) Dexametasona (para evitar insuficiência suprarrenal, além de possuir efeito bloqueador na conversão de T4 em T3
Doença comum em Mulheres > 50 anos. Quadro clínico tem tireotoxicose menos exuberante com mais sintomas compressivos, como tosse (traqueia), disfagia (esôfago) e rouquidão (nervo laríngeo recorrente). Apresenta o sinal de Pemberton: sufusão facial e distensão de jugular quando eleva os braços (“bócio mergulhante”).
BÓCIO MULTINODULAR TÓXICO
EXAME DIAGNÓSTICO DO BÓCIO MULTINODULAR TÓXICO
Cintilografia tireoidiana: múltiplos nódulos hipercaptantes.
Terapia de escolha no BÓCIO MULTINODULAR TÓXICO:
Cirurgia (tireoidectomia subtotal) ou radioiodo em caso de risco cirúrgico elevado (não ocorre remissão espontânea com drogas antitireoidianas)
Doença definida por nódulo tireoidiano autônomo hiperfuncionante, cujo quadro clínico é característico de Tireotoxicose e apresenta nódulo identificável à palpação.
ADENOMA TÓXICO (Doença de Plummer)
EXAME DIAGNÓSTICO DO ADENOMA TÓXICO (Doença de Plummer)
Cintilografia: nódulo hipercaptante.
Terapia de escolha no ADENOMA TÓXICO (Doença de Plummer):
Iodo radioativo!
Outras opções incluem cirurgia para jovens e nódulos muito grandes (lobectomia + istmectomia) e injeção percutânea de etanol guiada por USG
Neste grupo de doenças, incluem-se principalmente os adenomas hipofisários produtores de TSH. O diagnóstico tem T4 livre aumentado + TSH aumentado ou normal e TC ou RM de sela túrcica deve detectar o adenoma de hipófise.
HIPERTIREOIDISMO SECUNDÁRIO
O tratamento do HIPERTIREOIDISMO SECUNDÁRIO é feito com
Hipofisectomia transfenoidal.
Doença caracterizada ou por Hormônios liberados pela destruição da glândula tireoide ou por uma fonte extratireoidiana exógena ou endógena. O Achado característico é a captação reduzida de iodo radioativo (RAIU).
TIREOTOXICOSE SEM HIPERTIREOIDISMO
Principais causas de TIREOTOXICOSE SEM HIPERTIREOIDISMO são:
(1) Tireoidites.
(2) Tireotoxicose factícia: ingestão de hormônios tireoidianos, muito utilizados em fórmulas para emagrecimento.
(3) Struma ovarii: teratoma ovariano com presença de tecido tireóideo.
(4) Neoplasia Trofoblástica Gestacional (NTG)
Diagnóstico diferencial da TIREOTOXICOSE SEM HIPERTIREOIDISMO
A tireoglobulina mostra-se aumentada nas tireoidites (pela liberação na destruição tireoidiana), normal no struma ovarii e NTG, diminuída na tireotoxicose factícia
Doença definida por TSH suprimido porém T4 livre e T3 normais. Definição puramente LABORATORIAL (ou seja, o paciente pode ter sintomas). Entre suas associações, aumenta o risco de FA e osteoporose.
HIPERTIREOIDISMO SUBCLÍNICO
Indicações de tratamento no HIPERTIREOIDISMO SUBCLÍNICO
Todos os pacientes sintomáticos e os assintomáticos com TSH < 0,1 mU/L que apresentem algum dos fatores de risco a seguir:
- idade ≥ 65 anos,
- doença cardiovascular,
- mulheres pós-menopausa ou com fatores de risco para osteoporose.
Em pacientes com esses fatores de risco mas com TSH entre 0,1 e 0,5, o tratamento é opcional.
RESUMO - FLUXOGRAMA ABORDAGEM DA TIREOTOXICOSE
FLUXOGRAMA
Doença causada pela síntese e secreção insuficiente ou ação inadequada dos hormônios tireoidianos
HIPOTIREOIDISMO
QUANTO A ETIOLOGIA, O HIPOTIREOIDISMO PODE SER
PRIMÁRIO
CENTRAL
TRANSITÓRIO
RESISTÊNCIA AOS HORMÔNIOS ANTITIREOIDIANOS
ETIOLOGIAS DE HIPOTIREOIDISMO PRIMÁRIO
❯ Tireoidite de Hashimoto (autoimune, causa mais comum);
❯ Destruição iatrogênica (iodo radioativo/cirurgia) ou
infiltrativa (hemocromatose, esclerodermia, amiloidose,
tireoidite fibrosante de Riedel);
❯ Hipotireoidismo neonatal (defeitos embriogênicos como
ectopia, hipoplasia e aplasia);
❯ Baixa ingesta de iodo (nessas regiões, é a principal causa);
❯ Defeitos enzimáticos.
ETIOLOGIAS DO HIPOTIREOIDISMO CENTRAL:
Entre outras causas, lembrar especialmente os tumores
hipofisáriose asíndrome de Sheehan (necrose hipofisária
pós-parto) e, em crianças, o craniofaringioma.
ETIOLOGIAS DO HIPOTIREOIDISMO TRANSITÓRIO:
Tireoidite subaguda,
Suspensão de tratamento com levotiroxina em dose suprafisiológica, após tratamento com 131I ou tireoidectomia subtotal para doença de Graves)
QUADRO CLÍNICO GERAL DO HIPOTIREOIDISMO:
Astenia, fraqueza muscular, sonolência, depressão, demência
(reversível), ganho de peso, intolerância ao frio, pele seca e
espessada, edema palpebral, madarose (rarefação do terço
distal das sobrancelhas), constipação, derrames cavitários,
bradicardia, hipertensão arterial convergente (contrário ao
hipertireoidismo, que é divergente) e hiporreflexia profunda.
Mixedema generalizado pode levar à anasarca
Quais são as alterações menstruais encontradas no Hipotireoidismo?
Inicialmente menorragia. Posteriormente, amenorreia.
O Hipotireoidismo na infância geralmente ocorre abaixo de 2 anos, com risco de cretinismo, e é caracterizado por 2 condições importantes:
(1) Retardo mental; e
(2) baixa estatura.
Em alguns casos observa-se surdo-mudez.
Após os dois anos, não ocorre retardo mental, sendo comum o atraso no desenvolvimento puberal.
“Quanto maior a idade, maior semelhança com o quadro clínico dos adultos”.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS CLÁSSICAS DO HIPOTIREOIDISMO NA INFÂNCIA:
(1) Icterícia prolongada;
(2) choro rouco;
(3) sonolência; e
(4) dificuldade na alimentação
Exames para diferenciação entre Hipotireoidismo Primário com Hipotireoidismo Central
❯ Neuroimagem.
❯ Teste do TRH!
Após a infusão de TRH, observa-se elevação do TSH se causa terciária (hipotalâmica). Na patologia de hipófise (secundária), não há resposta.
Tratamento do Hipotireoidismo
Reposição de levotiroxina
❯ Nos pacientes com menos de 60 anos, sem doença
coronariana, iniciar 50 a 100 μg/dia de levotiroxina e dosar TSH após 4-6 semanas. Caso os valores do TSH que
objetivamos não sejam alcançados, aumentamos gradualmente a droga em 12,5 a 25 μg/semana.
❯ Em idosos ou coronariopatas, iniciar 12,5 a 25 μg/dia, com incrementos da mesma dosagem a cada quatro a seis
semanas até alcançar a dose ideal.
❯ No hipotireoidismo primário, o objetivo é manter o TSH
inferior à metade dos níveis de referência do laboratório, ou seja, entre 1,0-2,0 mU/L
❯ Uma vez ajustada a dose, o TSH deve ser checado
anualmente (podendo passar para intervalos de dois a três
anos posteriormente).
Caracterizado pelo achado de TSH elevado com T4 livre normal! Definição puramente LABORATORIAL (ou seja, o paciente pode apresentar sintomas).
HIPOTIREOIDISMO SUBCLÍNICO
Indicações de tratamento no Hipotireoidismo Subclínico
É um tema ainda polêmico na endocrinologia, encontrando mais evidência nas sequintes situações:
❯ TSH > 10 mU/L (para valores entre 4,5 e 10, devem ser pesadas outras variáveis como o risco de sobretratamento em idosos) e anti-TPO positivo (algumas referências só recomendam em caso de altos títulos).
❯ Gestação, infertilidade ou mulheres que desejam engravidar. Em gestantes geralmente utilizamos como pontos de corte para o tratamento TSH > 2,5 mU/L (primeiro trimestre) ou > 3 mU/L (segundo e terceiro trimestres).
Condição cuja a infecção é o principal fator precipitante e possui achados clínicos de (1) Diminuição do nível de consciência; (2) hipoventilação; (3) hipotermia; (4) bradicardia; (5) hiponatremia; e (6) hipoglicemia:
COMA MIXEDEMATOSO
Tratamento do COMA MIXEDEMATOSO
(1) Levotiroxina em altas doses;
(2) hidrocortisona venosa: para evitar surgimento de uma crise de insuficiência suprarrenal após reposição; e
(3) suporte: ventilatório, aquecimento, correção de hipotermia, hiponatremia, hipoglicemia.
Tireoide normal, mas com níveis hormonais alterados. A mais comum é o T3 baixo. Explicação: citocinas liberadas nas doenças sistêmicas graves
Síndrome do eutireóideo doente
Amiodarona x doença tireoidiana
O iodo contido na formulação da amiodarona pode causar: (1) Hipertireoidismo (efeito Jod-Basedow); (2) Hipotireoidismo (efeito Wolff-Chaikoff); e (3) Tireoidite. Geralmente, recomenda-se suspender a amiodarona nos casos de tireotoxicose, podendo mantê-la no hipotireoidismo
Doença em que a causa mais comum no mundo é a deficiência de iodo. No Brasil é incomum devido à obrigatoriedade do acréscimo de iodo no sal. Nela, podem existir sintomas compressivos
BÓCIO DIFUSO ATÓXICO
ETIOLOGIAS MAIS COMUNS DO BÓCIO DIFUSO ATÓXICO
(1) tireoidite de Hashimoto; e (2) bócio esporádico simples
Tratamento no BÓCIO DIFUSO ATÓXICO:
Indicado apenas quando há sintomas compressivos ou por razões estéticas. A terapia de escolha é a supressão do TSH com levotiroxina.
Presença de vários nódulos com múltiplos tamanhos. Atinge tamanhos maiores, com sintomas compressivos mais frequentes. Terapia supressiva não é eficaz, estando indicado iodo radioativo ou cirurgia.
Bócio multinodular atóxico
FLUXOGRAMA CAUSAS HIPOTIREOIDISMO
São decorrentes de lesão inflamatória das tireoides, com liberação de hormônios tireoidianos (já sintetizados previamente – por isso não aumenta a captação à RAIU), evoluindo posteriormente com hipotireoidismo.
TIREOIDITES
Nas tireoidites crônicas como Hashimoto, geralmente não há sintomas de tireotoxicose, ao contrário do que é observado nas agudas/subagudas.