Vulvovaginites Flashcards

1
Q

Vulvovaginite

A

A vulvovaginite é o processo inflamatório, com aumento da quantidade de polimorfonucleares, que acomete o trato genital inferior. Em outras palavras, envolve a vulva, as paredes vaginais e o epitélio escamoso estratificado do colo uterino (ectocérvice). A única diferença entre a vulvovaginite e a colpite é que a primeira pode envolver a vulva. Muitas vezes, elas são mencionadas simplesmente como “corrimento vaginal”.
*As vezes, na prática, são empregados como sinônimos.

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2
Q

Vaginose

A

A vaginose define a ausência de resposta inflamatória vaginal

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3
Q

Conteúdo vaginal fisiológico

A

O meio vaginal é composto pelo resíduo vaginal, pelos restos celulares e micro-organismos.
Possui cor branca ou transparente, pH vaginal ao redor de 4,0 a 4,5 e volume variável [O volume varia de acordo com a fase do ciclo menstrual (como o período periovulatório], com ou sem o emprego de hormônios, com a gravidez, com condições orgânicas [o volume
aumenta com a excitação sexual] e psíquicas.

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4
Q

Resíduo vagina

A

Constituído por muco cervical, células vaginais e cervicais esfoliadas, secreção das glândulas de Bartholin e Skene, transudato vaginal, proteínas, glicoproteínas, ácidos graxos orgânicos, carboidratos, pequena quantidade de leucócitos, e micro-organismos da flora vaginal. Possui, ainda, cor branca ou transparente, pH vaginal ao redor de 4,0 a 4,5 e volume variável.

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5
Q

Quais as bactérias dominantes do conteúdo vaginal normal? Como elas alteram o ph vaginal entre 4,0 e 4,5?

A

Os Lactobacillus acidophilus (bacilos de Döderlein), por produzirem ácido lático e outros ácidos orgânicos, são os grandes responsáveis pela acidez do pH da vagina. São as bactérias dominantes do conteúdo vaginal normal.

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6
Q

Composição habitual da flora vaginal

A

Aeróbios Gram–positivos (Lactobacillus acidophilus, Staphylococcus epidermidis e, ocasionalmente, Streptococcus agalactiae) e Gram-negativos (Escherichia
coli), anaeróbios facultativos (Gardnerella vaginalis - em baixa quantidade, Enterococcus), anaeróbios estritos ou obrigatórios (Prevotella spp., Bacteroides spp. Peptostreptococcus spp., Ureaplasma urealyticum, Mycoplasma hominis) e fungos com destaque para a Candida spp. A Candida é um fungo patogênico em condições específicas.

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7
Q

Qual o papel dos lactobacilos inibindo patógenos no conteúdo vaginal fisiológico?

A

Os Lactobacillus acidophilus suprimem o crescimentodos anaeróbios através da produção
de peróxido de hidrogênio, que é tóxico para estes micro-organismos. No entanto, quando os lactobacilos produtores de peroxidase são substituídos por lactobacilos não formadores de peroxidase, ocorre alteração nas características físico-químicas do conteúdo vaginal, sobretudo com a elevação de pH, facilitando o crescimento das bactérias patogênicas.
A diminuição na concentração de peróxido de hidrogênio favorece a aderência dos organismos patogênicos às células epiteliais vaginais, o aumento da população de Gardnerella vaginalis e a diminuição da concentração de oxigênio, resultando em aumento das bactérias anaeróbias.

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8
Q

Qual a espécie bacteriana que predomina na microbiota vaginal normal?

A

Lactobacillus (principalmente Lactobacillus acidophilus - 90%)

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9
Q

Quais mecanismos de defesa da região genital contra agressões externas

A

Vulva: Tegumento. Pelos abundantes. Coaptação adequada dos pequenos lábios.
Vagina: Acidez (pH 4,0 a 4,5). Lactobacilos. Integridade do assoalho pélvico. Justaposição das paredes vaginais. Espessura e pregueamento das paredes vaginais. Alterações cíclicas.
Colo: Muco endocervical. Ação bactericida. Integridade anatômica.

A lâmina basal da vagina é rica em macrófagos, linfócitos, células de Langerhans, plasmócitos, eosinófilos e mastócitos. O muco cervical forma uma trama que dificulta a passagem de patógenos para o trato genital superior, além de possuir substâncias bactericidas, como lisosinas, lactoferrinas. Outro mecanismo de defesa da vagina é sua microbiota vaginal, com lactobacilos que produzem ácidos orgânicos, peróxido de hidrogênio, biossurfactantes e bacteriocinas, além de competir com os patógenos por nutrientes e receptores e inibir seu crescimento e adesão.

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10
Q

Qual o ph de meninas pré-púberes e mulheres na pós-menopausa com hipoestrogenismo’?

A

Meninas pré-púberes e mulheres na pós-menopausa
com hipoestrogenismo apresentam o pH vaginal entre 5,0 e 7,0. Na gravidez, os altos níveis de estrogênio placentário propiciam um aumento acentuado dos lactobacilos e do resíduo vaginal.

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11
Q

Fatores de risco para vulvovaginites

A
  • Diabetes.
  • Ingestão de esteroides.
  • Uso de antibióticos e imunossupressores.
  • Uso de duchas vaginais: alteram o pH vaginal, suprimem o crescimento de bactérias endógenas de forma seletiva.
  • Uso de lubrificantes vaginais.
  • Absorventes internos e externos: uso prolongado
  • Depilação exagerada e frequente.
  • Relações sexuais e prática de coito não
    convencional: promovem desequilíbrio no ecossistema vaginal por alteração no pH vaginal e por facilitação
    na introdução de micro-organismos.
  • Uso de preparações contraceptivas orais ou tópicas, incluindo DIU.
  • Uso de hormônios.
  • Estados hiper/hipoestrogênicos.
  • Doenças sexualmente transmissíveis.
  • Estresse.
  • Mudança de parceiro.
  • Traumas.
  • Períodos de hospitalização prolongada.
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12
Q

Secreção vaginal fisiológica (muitas vezes acima do normal)

A

Mucorreia.
Ao exame especular: ausência de inflamação vaginal, mucosa vaginal de coloração rosa pálido e a
presença de muco claro e límpido.
Exame a fresco do conteúdo vaginal: células sem alterações inflamatórias, número normal de leucócitos, numerosos lactobacilos e pH normal.
Tratamento: esclarecimento à paciente de que o que ela
apresenta é absolutamente normal.

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13
Q

As três etapas principais na avaliação diagnóstica

das vulvovaginites e vaginoses incluem:

A
Determinação do pH Vaginal
Exame a Fresco
Bacterioscopia por Coloração de Gram
Teste das Aminas (Whiff Test ou Teste
do “Cheiro”)
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14
Q

Determinação do pH Vaginal:

A

Pode ser facilmente realizada por meio de fitas medidoras de pH. A amostra deverá ser obtida do terço médio para distal da parede lateral, com cuidado para não haver contaminação com muco cervical cujo pH é alcalino (pH = 7,0).

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15
Q

Exame a Fresco

A

Coloca-se pequena quantidade de conteúdo vaginal em uma lâmina e adiciona-se uma gota de solução salina, cobrindo-se preparação com lamínula, para realização da microscopia direta, com vistas à pesquisa de leveduras e/ou pseudo-hifas, Trichomonas vaginalis móveis, clue cells, leucócitos e células parabasais.

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16
Q

Bacterioscopia por Coloração de Gram

A

A presença de clue cells, células epiteliais escamosas de aspecto granular pontilhado e bordas indefinidas cobertas por pequenos e numerosos cocobacilos, é típica de vaginose bacteriana.

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17
Q

Teste das Aminas (Whiff Test ou Teste

do “Cheiro”)

A

Em outra lâmina mistura-se um pouco do conteúdo vaginal a uma gota de Hidróxido de Potássio (KOH) a 10% para realização do teste das aminas (whiff test). O teste é considerado positivo quando se detecta a presença de odor de pescado.

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18
Q

As quatro principais causas de vulvovaginites

infecciosas são:

A
1- Vaginose bacteriana (VB);
2- Candidíase Vulvovaginal;
3- Tricomoníase;
4- Vaginite Descamativa.
As três primeiras são responsáveis, respectivamente, por 46, 23 e 20% dos corrimentos vaginais no Brasil.

Entre as vaginites e vaginoses não infecciosas
incluem-se:
Vaginose citolítica; Vaginite atrófica; Vulvovaginites inespecíficas;
Outras causas:
Fatores físicos (traumas), químicos (uso de lubrificantes e de absorventes internos e externos), hormonais (hiper e hipoestrogenismo), anatômicos e orgânicos (imunodepressão secundária à doença sistêmica, ou outras imunodepressões).

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19
Q

VAGINOSE BACTERIANA

A

Conjunto de sinais e sintomas resultante de um desequilíbrio da flora vaginal, que culmina com uma diminuição dos lactobacilos e um crescimento polimicrobiano (aumento da ordem de 100 a 1.000 vezes) de bactérias anaeróbias estritas (Prevotella sp., Bacteroides sp., Mobiluncus sp., Peptostreptococcus sp., Mycoplasma hominis, Ureaplasma urealyticum), e de anaeróbias facultativas (Gardnerella vaginalis) cujo fator desencadeante é desconhecido.

*Todos os fatores que fazem diminuir a quantidade de oxigênio nos tecidos e, portanto, o seu potencial de oxirredução, favorecem a infecção por anaeróbios

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20
Q

Patógeno predominante na vaginose bacteriana

A

Gardnerella vaginalis

A concentração de G. vaginalis é duas a três vezes maior se comparadas com mulheres normais.

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21
Q

Por que chamar de vaginose e não vaginite bacteriana?

A

Porque os sintomas inflamatórios são muito discretos ou até mesmo inexistentes e múltiplos agentes causais estão envolvidos.

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22
Q

Principal causa de corrimento vaginal

A

Vaginose bacteriana

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23
Q

Transmissão da vaginose bacteriana

A

Ocorre com maior frequência em mulheres com vida sexual ativa. Entretanto, pode acometer de forma esporádica crianças e mulheres celibatárias, o que sugere a existência de outras formas de transmissão além da sexual.
NÃO É UMA IST

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24
Q

Fatores de risco para vaginose bacteriana

A

Mulheres não brancas, gravidez prévia, múltiplos e novos parceiros do sexo feminino e masculino, uso de DIU, uso de duchas vaginais, tabagismo e a não utilização de condom. Embora a atividade sexual seja um fator de risco, a VB pode ocorrer em mulheres que nunca tiveram um intercurso sexual. Existe uma alta ocorrência de VB em mulheres que tem intercurso
sexual com parceiras do mesmo sexo, o que
sugere a importância da transmissão sexual.

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25
Q

Quadro clínico vaginose bacteriana

A

Cerca de metade das mulheres com vaginose bacteriana são assintomáticas. O sintoma mais típico
é a queixa de odor fétido, semelhante a “peixe
podre”. Este odor desagradável se agrava durante
a menstruação e durante o coito (o pH se torna mais alcalino, o que facilita volatização das aminas - cadaverina, putrescina e trimetilamina) produzida pelos patógenos.
O corrimento vaginal é fluido, homogêneo, branco acinzentado (mais comum) ou amarelado (raro), normalmente em pequena quantidade e não aderente, e pode formar microbolhas.
A presença de sintomas inflamatórios, como dispareunia, irritação vulvar e disúria, é exceção.
A parede vaginal das mulheres com VB é de aparência normal e não eritematosa.

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26
Q

Diagnostico vaginose bacteriana

A

A VB pode ser diagnosticada pelo uso de critérios clínicos (critérios de Amsel) ou pela coloração de Gram.
Os critérios clínicos de diagnóstico da VB baseiam-se na presença de três dos quatro critérios de Amsel.
O exame microscópico pode ser feito a fresco ou corado pelos métodos de Gram, Papanicolaou, azul cresil brilhante a 1%, entre outros. Evidenciam-se escassez de lactobacilos e leucócitos e presença de células-chave.
*o CDC 2015 considera a coloração de Gram como o método laboratorial padrão-ouro para o diagnóstico de
VB. A coloração pelo método de Gram é mais
confiável que o esfregaço a fresco.
Não se preconiza cultura do conteúdo vaginal
para o diagnóstico de VB. A colpocitologia também não apresenta utilidade para o diagnóstico da VB, devido a sua baixa sensibilidade e especificidade.

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27
Q

Critérios de Amsel - vaginose bacteriana

A

Os critérios clínicos de diagnóstico da VB baseiam-se na presença de três dos quatro critérios de Amsel.

1- Corrimento branco acinzentado, homogêneo, fino.
2- pH vaginal > 4,5.
3- Teste das Aminas (whiff test) positivo – adição de uma ou duas gotas de hidróxido de potássio a 10% na secreção coletada do fundo de saco vaginal depositada em uma lâmina, com aparecimento imediato de odor desagradável, pela liberação de aminas biovoláteis (cadaverina, putrescina e trimetilamina).
4- Visualização de clue cells ou células- -guia ou células-pista ou células-indicadoras ou células-alvo ou células-índice ou células-chave no exame microscópico a fresco da secreção vaginal.

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28
Q

Clue Cells ou Células-Guia são patognomônicas da vaginose bacteriana?

A

A identificação de clue cells no exame a fresco é muito sugestiva de Vaginose Bacteriana (VB), mas somente sua presença não “fecha” o diagnóstico. A VB também pode cursar na ausência de visualização de clue cells, desde que os outros três critérios de Amsel estejam presentes.
Assim, embora as clue cells constituam um achado característico de VB, as células-guia podem estar ausentes em até 40% dos casos.

29
Q

Indicações para o tratamento da vaginose bacteriana

A

Todas as mulheres sintomáticas devem ser tratadas, incluindo as gestantes. Os benefícios estabelecidos da terapia em mulheres não grávidas são o alívio dos sinais e sintomas da infecção. Outros potenciais benefícios incluem redução do risco de aquisição de infecção por C.trachomatis, N. gonorrhoeae, T. vaginalis, HIV e herpes-simplex tipo 2.

30
Q

Benefícios da Terapia para gestantes com vaginose bacteriana

A

Apesar da VB estar associada a resultados perinatais adversos, as evidências quanto à prevenção de partos prematuros não são plenamente definidas. De qualquer forma, preconiza-se o tratamento para as gestantes assintomáticas de alto risco para este tipo de complicação.
• Primeiro trimestre:
Clindamicina 300 mg, VO, 2x/ dia, por 7 dias.
• Após o primeiro trimestre:
Metronidazol 250 mg, 1 comp. VO, 3x/dia, por 7 dias.

31
Q

CLUE CELLS OU CÉLULAS-GUIA

A

Células-pista ou células-indicadoras ou células-alvo ou células-índice ou células-chave. Correspondem a células epiteliais vaginais com sua membrana recoberta por bactérias que se aderem à membrana celular e tornam seu contorno granuloso e impreciso. O exame microscópico a fresco identifica as células-guia quando o conteúdo vaginal é misturado à solução salina.

A Gardnerella vaginalis é a bactéria mais comumente aderida à superfície das células, identificada pela presença de grande número de cocobacilos aderidos. Embora constituam um achado característico de VB, as células-guia podem estar ausentes
em até 40% dos casos.

32
Q

Tratamento - vaginose bacteriana

A

Primeira Opção:
1- Metronidazol 250 mg, 2 comprimidos, VO, 2x/dia, por 7 dias.
2- Metronidazol gel vaginal 100 mg/g, um aplicador cheio, via vaginal, à noite ao se deitar, por 5 dias.

Segunda Opção:
1- Clindamicina 300 mg, VO, 2x/dia, por 7 dias.

Gestantes:

  • Primeiro trimestre: Clindamicina 300 mg, VO, 2x/dia, por 7 dias.
  • Após o primeiro trimestre: Metronidazol 250 mg, 1 comprimido, VO, 3x/dia, por 7 dias.

Casos Recorrentes:
1- Metronidazol 250 mg, 2 comprimidos, VO, 2x/dia, por 10-14 dias; OU
2- Metronidazol gel vaginal 100 mg/g, um aplicador cheio, via vaginal, à noite ao se deitar, por 10 dias, seguido de tratamento supressivo com duas aplicações semanais, por 4 a 6 meses.

33
Q

Manejo dos Parceiros na VB

A

Não é recomendado o tratamento do parceiro

34
Q

Abstinência Sexual e Uso de Condom na

Vigência do Tratamento da VB

A

Mulheres devem ser avisadas de praticar abstinência sexual ou usar preservativos correta e consistentemente na vigência do tratamento da VB.

35
Q

Abstinência Alcoólica no Tratamento

da VB

A

O consumo de álcool deve ser evitado durante o tratamento com nitroimidazólicos. Para reduzir a possibilidade da reação dissulfiram- like, a abstinência alcoólica deve se estender por 24h após o término do tratamento com o metronidazol e por 72h após o término do tratamento com o tinidazol.

36
Q

Uso de Duchas Vaginais no Tratamento da VB

A

Seu uso pode aumentar o risco de recidiva.

Além disso, nenhuma evidência científica suporta o uso de duchas para o tratamento ou alívio dos sintomas da VB.

37
Q

Uso de Formulações Intravaginais de Lactobacilos

A

Nenhum benefício provado

38
Q

Complicações da VB em Obstetrícia

A

A ocorrência das complicações, esmiuçadas a seguir, justifica o tratamento das gestantes assintomáticas com alto risco para parto prematuro:
 Abortamento;
 Parto prematuro;
 Rotura prematura de membranas ovulares;
 Corioamnionite;
 Infecção placentária;
 Infecção pós-cesariana (infecção da ferida
operatória, abscesso de parede e endometrite);
 Colonização no recém-nato.

39
Q

Complicações ginecológicas da VB

A

Endometrite, salpingite, pelveperitonite, celulite de cúpula vaginal, DIP, infecções pós-operatórias e infecção pelo HIV.

40
Q

Candidíase Vulvovaginal

A

Infecção da vulva e vagina causada por um fungo do gênero Candida. A Candida é capaz de se proliferar em ambiente ácido, apesar da ação dos lactobacilos.
Aproximadamente 85% dos casos são atribuídos à espécie Candida albicans e 10 a 15% dos casos a outras espécies não albicans (C. glabrata, C. tropicalis).
A via sexual não constitui a principal forma de transmissão - doença “eventualmente de transmissão sexual”.
*As microabrasões no epitélio por micro-organismos colonizadores explica a maior frequência de CVV em mulheres sexualmente ativas. Entretanto, outras fontes mencionam que episódios individuais de vulvovaginite por Candida sp. não parecem estar relacionados com o número de parceiros e nem com a frequência de coito, mas sim com o sexo orogenital.

41
Q

Qual a segunda causa mais comum de corrimento vaginal?

A

Candidíase Vulvovaginal

42
Q

Fatores de Risco CVV

A

Geralmente ocorrem sem fator desencadeante identificado. No entanto, existem situações que predispõem:
 Gravidez;
 Uso de contraceptivos orais com altas dosagens de estrogênio;
 Terapia de reposição hormonal somente com estrogênio;
 Diabetes mellitus (descompensado);
 Uso de DIU;
 Tireoidopatias;
 Obesidade;
 Uso de antibióticos, corticoides ou imunossupressores;
 Hábitos de higiene e vestuário inadequados (diminuem a ventilação e aumentam a umidade e o calor local);
 Contato com substâncias alérgenas e/ou irritantes (ex.: talco, perfume, desodorante);
 Alterações na resposta imunológica (imunodeficiência, estresse), inclusive a infecção pelo HIV.

43
Q

Como o aumento na Concentração de Glicogênio Vaginal predispõe candidíase?

A

A gravidez, o uso de anticoncepcionais orais com altas doses de estrogênio, terapia hormonal somente com estrogênio e o diabetes propiciam aumento na concentração de glicogênio vaginal, com consequente acidificação do meio e proliferação de levedura.

44
Q

RELAÇÃO ENTRE CANDIDÍASE E HIV

A

As formas vulvovaginal recorrente e oral são consideradas marcadores de imunodepressão precoce (sintomas fase B). Outras formas como, a traqueobrônquica ou esofagiana, mais invasivas, são doenças definidoras de uma fase mais avançada – a fase Aids.

45
Q

Quadro clínico CVV

A

Podem se apresentar isolados ou associados.
 Prurido vulvovaginal: é o principal sintoma. Possui intensidade variável, de leve a insuportável, que piora à noite e é exacerbado pelo calor local.
 Queimação vulvovaginal.
 Dor à micção (disúria).
 Dispareunia.
 Corrimento branco, grumoso, inodoro e com aspecto caseoso (“leite coalhado”).
 Hiperemia e edema vulvar.
 Escoriações de coçadura.
 Fissuras e maceração da vulva.
 Vagina e colo recobertos por placas brancas ou branco acinzentadas, aderidas à mucosa.

O início do quadro é súbito. Os sintomas podem ser decorrentes de reação alérgica à toxina produzida pelo fungo (canditina) e tendem a se manifestar ou se exacerbar na semana antes da menstruação, quando a acidez vaginal é máxima. Há melhora dos sintomas durante a menstruação e no período pós-menstrual.
O parceiro sexual pode apresentar irritação e hiperemia do pênis ou balanopostite.

46
Q

Diagnóstico CVV

A

Na maioria dos casos, o quadro clínico e o exame a fresco são suficientes para o diagnóstico.
Na vigência de candidíase vulvovaginal recorrente, a realização de cultura (meios de ágar- -Sabouraud ou Nickerson) pode ser útil para avaliar a presença de espécies não albicans.
O exame microscópico a fresco com hidróxido de potássio a 10% revela a presença de pseudo-hifas em cerca de 70% dos casos.

47
Q

Hidróxido de Potássio a 10% e vulvovaginites

A

O hidróxido de potássio a 10% pode ser empregado com dois objetivos na propedêutica das vulvovaginites:

  • A primeira é no chamado teste das aminas (whiff test, em que é adicionada uma gota de KOH a 10% na secreção coletada, que é seguida da chamada volatização das aminas produzidas pelos patógenos, que confere o odor característico de “peixe podre”;
  • A segunda aplicação diz respeito ao próprio estudo da lâmina a fresco que permite a identificação de estruturas na candidíase (pseudo-hifas).
48
Q

Tratamento CVV

A

O uso de medicamentos azólicos (classe de antifúngicos) é mais efetivo do que a nistatina. O tratamento tópico possui como efeitos colaterais ardência e irritação locais. Os cremes disponíveis para uso no Brasil são à base de óleo e enfraquecem o látex do condom e do diafragma.

O tratamento oral pode produzir cefaleia, náuseas, dor abdominal e, em raros casos, elevação transitória das transaminases hepáticas.

A associação dos antifúngicos com corticoides promove um rápido alívio dos sintomas vulvares. No entanto, os corticoides isoladamente não tratam a infecção vaginal.

49
Q

Candidíase - Doença não complicada

A

Sintomas ou gravidade - Suave ou moderada
Frequência - Esporádica
Organismo - Candida albicans
Hospedeiro - Mulheres sadias

50
Q

Candidíase - Doença complicada

A

Sintomas ou gravidade - Graves – eritema e edema vulvares extensos, presença de escoriações e fissuras.
Frequência - Recorrente (quatro ou mais episódios em um ano)
Organismo - Espécies não albicans
Hospedeiro - Anormal (diabetes mal controlado, infecções recorrentes, gravidez, imunossupressão).

51
Q

Esquema terapêutico CVV

A

Primeira Opção:
1- Miconazol creme vaginal a 2%, um aplicador cheio, à noite ao se deitar, por 7 dias; OU
2- Nistatina 100.000 UI, uma aplicação via vaginal, à noite, ao se deitar, por 14 dias.
Segunda Opção:
1- Fluconazol 150 mg, VO, dose única.
2- Itraconazol 100 mg, VO, 2 comprimidos, 2x/dia, por 1 dia.
Gestantes:
Durante a gestação, o tratamento deve ser realizado somente por via vaginal. O tratamento oral está contraindicado na gestação e lactação.
Casos Recorrentes:
Mesmas opções do tratamento da candidíase vaginal, por 14 dias; OU Fluconazol 150 mg, VO, 1x/dia, dias 1, 4 e 7, seguido de terapia de manutenção: fluconazol 150 mg, VO, 1x/semana, por 6 meses.

52
Q

As parcerias sexuais de uma mulher com candidíase precisam ser tratadas?

A

As parcerias sexuais não precisam ser tratadas, exceto as sintomáticas.

53
Q

Manejo de CVV na Gravidez

A

Somente os derivados azólicos de uso tópico estão indicados, por pelo menos sete dias.

54
Q

Tricomoníase

A

É a infecção causada por um protozoário flagelado denominado Trichomonas vaginalis, anaeróbico facultativo, que possui os seres humanos como os únicos hospedeiros conhecidos.
Na maioria dos casos, a tricomoníase encontra-se associada a outras doenças de transmissão sexual, além de facilitar a transmissão do HIV.
As mulheres são em sua maioria sintomáticas, podendo, em algumas circunstâncias, permanecerem assintomáticas, como após a menopausa. Pode cursar de forma assintomática nos homens.

*A tricomoníase é uma IST, e sua via de transmissão é quase unicamente sexual.

55
Q

Terceira causa mais comum de corrimento

vaginal, correspondendo a 20% dos casos.

A

Tricomoníase

56
Q

Fatores de Risco - Tricomoníase

A

A tricomoníase somente se relaciona com a prática da atividade sexual desprotegida

57
Q

Quadro clínico - Tricomoníase

A

Os homens são geralmente portadores assintomáticos e, em linhas gerais, comportam-se como vetores. As mulheres também podem ser assintomáticas (há referências que colocam um percentual de até 50%), especialmente na pós-menopausa.
Forma sintomática: queixa mais comum é de corrimento (35% dos casos), normalmente abundante, amarelo ou amarelo-esverdeado (mais comum), mal cheiroso e bolhoso. O pH vaginal é maior que 5,0 (normalmente entre 5,0 e 6,0).
Na tricomoníase, o eritema vulvar ou escoriação não são comuns. Por outro lado, são frequentes sinais inflamatórios da vagina, como: ardência, hiperemia e edema. Algumas pacientes referem dispareunia superficial e prurido vulvar ocasional. Pode ainda acometer a uretra e a bexiga, e desencadear disúria, polaciúria e dor suprapúbica.
Um achado altamente específico da tricomoníase exige memorização: colpite focal ou difusa caracterizada por um “colo em framboesa” ou “colo em morango”.

58
Q

Colpite focal ou difusa caracterizada por um “colo em framboesa” ou “colo em morango”

A

Um achado altamente específico da tricomoníase exige memorização. Ele ocorre devido à dilatação capilar e hemorragias puntiformes. Esta alteração é vista a olho nu em apenas 2% dos casos, mas na colposcopia é evidente em até 90%.
*Ao teste de Schiller, observa-se intensa colpite focal e difusa. Nos casos difusos, o teste de Schiller apresenta tipicamente o colo uterino em “pele de onça” ou de aspecto “tigroide”.

59
Q

Associação entre tricomoníase e outras infecções vaginais

A

A associação entre tricomoníase e outras infecções como gonococcia e VB é observada com certa frequência. Este fato parece decorrer da produção de hidrogênio pelo tricomonas, que se liga ao oxigênio, promovendo sua remoção do ecossistema vaginal, facilitando o crescimento de bactérias anaeróbias.

60
Q

Diagnóstico

A

Anamnese, achados ao exame físico, medida do pH vaginal, teste de whiff e microscopia a fresco do fluido vaginal. O pH vaginal normalmente é igual ou superior a 5,0 (entre 5,0 e 6,0). O teste de whiff é positivo, mesmo que fracamente.

A microscopia a fresco do fluido vaginal revela o protozoário, móvel com seus quatro flagelos anteriores característicos. Há também a presença de uma população bastante aumentada de leucócitos.

A cultura em meio de Diamond era considerada o método padrão-ouro para o diagnóstico da tricomoníase, antes que os métodos de detecção moleculares se tornassem disponíveis.

O Teste de Amplificação do Ácido Nucleico (NAAT) é altamente sensível. É o método mais sensível e específico disponível, mas só está indicado nas pacientes em que a suspeita de tricomoníase não foi confirmada pela microscopia.

*A citologia a fresco tem sensibilidade próxima da cultura em meio Diamond. Entretanto, a citologia corada pelo método de Papanicolaou falha em mais de 50% dos casos. Assim, a realização do exame a fresco é obrigatória.

61
Q

Tratamento - Tricomoníase

A

Deve ser sistêmico, pois o tratamento tópico
não atinge níveis terapêuticos nas glândulas
vaginais e na uretra.

62
Q

Efeito antabuse (dissulfiram-like)

A

As pacientes e os seus parceiros devem ser advertidos do consumo de álcool concomitante ao tratamento com metronidazol, tinidazol e secnidazol. Esta conduta é justificada pelo risco potencial do efeito antabuse (dissulfiram-like), decorrente da interação de derivados imidazólicos com álcool (inibição da enzima aldeído desidrogenase pelos nitroimidazólicos), que se caracteriza por mal-estar, náuseas, tonteiras e “gosto metálico na boca”.
A abstinência alcoólica deve persistir por até 24 horas após o término do tratamento com metronidazol e por até 72 horas, após o término do tratamento com o tinidazol.

63
Q

Manejo dos Parceiros - Tricomoníase

A

O tratamento dos parceiros e a abstinência sexual

durante o tratamento são obrigatórios..

64
Q

Gravidez e Lactação - Tricomoníase

A

O metronidazol (categoria B) 2 g, VO, dose única é o regime de escolha para tratamento na gestação. O tinidazol (categoria C) não possui segurança bem avaliada e estabelecida. Na lactação, ambas as drogas podem ser empregadas. No entanto, o metronidazol requer suspensão do aleitamento materno por 12 a 24h e o tinidazol por 72h.

65
Q

Complicações - Tricomoníase

A

Associada a resultados gestacionais e puerperais adversos, particularmente:
 Rotura prematura de membranas ovulares;
 Parto prematuro;
 Baixo peso ao nascer;
 Ιnfecção puerperal.

66
Q

Esquema terapêutico - Tricomoníase

A

Primeira Opção:
1- Metronidazol 400 mg, 5 comprimidos, VO, dose única (dose total de tratamento 2 g);
2- Metronidazol 250 mg, 2 comprimidos, VO, 2x/dia, por 7 dias.
Gestantes:
1- Primeiro trimestre: Clindamicina 300 mg, VO, 2x/dia, por 7 dias;
2- Após primeiro trimestre: Metronidazol 250 mg, 1 comprimido, VO, 3x/dia, por 7 dias.

67
Q

Corrimento vaginal gonocócico

A

Patógeno: Neisseria gonorrhoeae (diplococo gram-negativo)
Transmissão sexual
Quadro clínico: Endocervicite com secreção espessa e purulenta. Pode acometer as glândulas peri-uretais, vestibulares e a uretra. Pode evoluir para pelviperitonite (DIP) e peri-hepatite.
Diagnóstico: Cultura no meio de Thayer-Martin
Tratamento: Doxicilina, penicilina procaína (4.800.000), ampicilina (3,5 g), tianfenico (2,5g), ciprofloxacino)

68
Q

Infecção por Chlamydia trachomatis

A

Gram-negativos intracelulares obrigatórios
Quadro clínico: assintomático em sua maioria, endocervicite, DIP (dor pélvica crônica, gravidez ectópica, esterilidade), linfogranuloma venéreo
Diagnóstico: Sorologia para Clamídia, Hibridização molecular (PCR, captura híbrida)
Tratamento: Doxicilina, Tetraciclina, Azitromicina