Úlceras genitais Flashcards
Os agentes etiológicos infecciosos mais comuns nas úlceras genitais são:
- T. pallidum (sífilis primária e secundária);
- HSV-1 e HSV-2 (herpes perioral e genital, respectivamente);
- H. ducreyi (cancroide);
- C. trachomatis, sorotipos L1, L2 e L3 (LGV);
- K. granulomatis (donovanose).
SÍFILIS
Infecção sistêmica crônica (não há cura espontaneamente), de transmissão principalmente sexual com evolução que pode caracterizar-se por episódios sintomáticos (doença ativa) interrompidos por períodos de latência.
*Sinônimos: Lues, mal venéreo, mal gálico, sifilose, lues venérea.
Agente etiológico: Espiroqueta anaeróbia com movimentos lentos – Treponema pallium
Umidade é fator indispensável para o seu desenvolvimento (presente principalmente em boca e regiões anais e genitais)
Classificação - sífilis
Congênita e adquirida
Adquirida recente: Até um ano após a infecção – primária, secundária, latente recente
Tardia: Mais de um ano de evolução, latente tardia e terciária
Sífilis primária
- Cancro duro ou protossifilona
Úlcera de coloração rosa, única e indolor, medindo de 1 a 2 cm, com bordas bem definidas, endurecidas e elevadas, fundo limpo, liso e brilhante, secreção serosa escassa, acompanhada de adenopatia regional não supurativa, uni ou bilateral, móvel, indolor.
Linfadenopatia surge 7 a 10 dias após as lesões primárias
Período de incubação médio de 21 dias (10 a 90 dias)
Lesão regride em até 4 semanas independente de tratamento, muitas pessoas não percebem.
Lesão aumenta a chance de infecção pelo HIV
Sífilis secundária
Lesões cutaneomucosas não ulceradas simétricas, localizadas ou difusas, roséolas (manchas eritematosas), pápulas eritemato-acastanhadas (sifilóides papulóides), alopecia, lesões elevadas mucosas (Placas mucosas), lesões papulo-hipertróficas (condiloma plano).
As lesões de sífilis secundária desaparecem em 2 a 6 semanas e a infecção entra em uma fase latente, sendo detectada apenas por métodos sorológicos
Sífilis terciária
Em pacientes com sífilis primário e/ou secundária não tratados, a possibilidade de desenvolver lesões terciárias é de 25%, sendo que as principais são: tubérculos (ou gomas), tabes dorsalis, aneurisma aórtico e artropatia de charcot.
Sífilis na gestação
20% dos RN de mães infectadas não apresentam sintomas
Pode causar complicações como:
• RCIU
• Óbito fetal ou neonatal
• Parto prematuro
• Anomalias congênitas
Acreditava-se que a infecção só ocorreria a partir do 4º mês de gestação, mas já se evidenciou que pode acometer o feto em qualquer idade gestacional, mesmo antes de 16 semanas.
Diagnóstico - sífilis
Campo escuro (padrão ouro): observação do treponema se movimentado à microscopia Imunofluorescência indireta: caro e pouco usado • Sorologia não treponêmica: VDRL – pesquisa de anticorpos contra os componentes cardiolipínicos do Treponema pallidum • Sorologias treponêmicas: FTA- Abs – detectam anticorpos contra as espiroquetas – confirmam o contato com o treponema – primeiro a positivar.
VDRL
Positivo após 2 semanas de infecção, redução dos títulos após o primeiro ano e 9 a 12 meses após o tratamento
Pode ocorrer positividade por toda a vida (cicatriz sorológica).
Títulos baixos, menores que 1:16 podem indicar sífilis recente, muito antiga ou tratada.
Três títulos menores que 1:8 sem indício de reinfecção, são sinais de memória sorológica.
Pode dar falso positivo na gravidez, LES, chagas, hanseníase, malária, mononucleose, leptospirose, doenças febris.
Valores maiores que 1:4 são considerados positivos (FEBRASGO igual ou superior a 1:16)
Dificilmente o VDRL vai estar positivo enquanto a mulher está com a lesão primária, pois o VDRL detecta os anticorpos e demora para que os anticorpos sejam produzidos.
VDRL não reagente + FTA-Abs não reagente
Negativo ou janela imunológica
VDRL não reagente + FTA-Abs REAGENTE
Sífilis primária precoce ou doença de longa evolução possivelmente curada
VDRL REAGENTE + FTA-Abs não reagente
Falso positivo
VDRL REAGENTE + FTA-Abs REAGENTE
Sífilis não tratada ou tratada recentemente
Qual os valores de VDRL preconizados pelo MS para se realizar teste treponêmico confirmatório em mulheres gravidas e não grávidas?
MS preconiza que toda gestante com VDRL menor que 1:8 deve ser testada com teste treponêmico e se titulação maior ou igual a 1:8 considera-se sífilis ativa.
Para mulheres não gestante, o valor de referência para a titulação é 1:16
Seguimento pós tratamento - sífilis
- Sorologias trimestrais no 1º ano
- Se ainda tiver títulos, semestrais no 2º ano
- Gestantes – mensais
Falha terapêutica - sífilis
- Quadruplicação dos títulos (Ex: 1:2 para 1:8)
- Interrupção do tratamento
- Parceiro não tratado
CANCRO MOLE
Transmissão exclusivamente sexual
Acredita-se que ocorre devido a múltiplas microabrasões epidérmicas durante o ato sexual
Agente etiológico: Haemophilus ducreyi
Sinônimos: Cancróide, cancro venéreo, úlcera de ducreyi, cancro de ducreyi, cancrela, cavalo
Quadro Clínico da IST causada pelo Haemophilus ducreyi
Incubação de 4 a 7 dias -> pápulas eritematosas que progridem para pústulas que se rompem em 2 a 3 dias gerando lesões ulceradas e dolorosas
As úlceras são múltiplas devido autoinoculação
Úlceras de base amolecidas, bordas irregulares, contorno eritematoso e fundo irregular, recoberto por exudato necrótico amarelado, com odor fétido que quando removido revela tecido de granulação altamente friável
A localização das úlceras determina sintomas como: disúria, dor a defecação, sangramento retal, dispareunia e corrimento vaginal
Homem: frênulo e sulco balano-prepucial
Mulher: fúrcula e face interna dos pequenos e grandes lábios
Pode ocorrer linfadenomegalia unilateral que geralmente é dolorosa evoluindo para flutuação e fistulização em metade dos casos
Tratamento sífilis
Primária, secundária e latente recente - Penicilina G Benzatina 2,4 milhões UI IM DU 1,2 em cada glúteo
Latente tardia, de tempo indeterminado ou terciária - Penicilina G Benzatina 7,2 milhões - 2,4 milhões UI IM a cada semana durante 3 semanas (1,2 em cada nádega)
Neurosífilis - Penicilina Cristalina - 18-24 milhões UI/dia EV em infusão contínua por 14 dias.
Diagnóstico - cancro mole
Nenhum método possui sensibilidade adequada, o achado clínico – úlceras + linfadenopatia inguinal unilateral dolorosa – sugere o quadro, caso supuração é patognomônico.
Cultura de esfregaço é pouco sensível
Tratamento - cancro mole
Azitromicina 1g, VO DU ou ceftriaxona 500mg IM DU
LINFOGRANULOMA VENÉREO
Transmissão exclusivamente sexual
Chlamydia trachomatis Sorotipos L1, L2 e L3
Lesão de inoculação: Pápula, pústula ou exulceração indolor, desaparece sem sequela, podendo não ser notada pelo paciente.
Adenopatia inguinal: Geralmente unilateral e ocorre de 1 a 6 semanas após a inoculação, fistulação e supuração por orifícios múltiplos, febre, mal-estar, anorexia, artralgia, sudorese noturna e meningismo.
Sequelas - linfogranuloma venéreo
Sequelas: Principalmente retais com formação de fístulas e estenoses. A lesão da região anal pode levar a proctite e proctocolite hemorrágica. O contato orogenital pode causar glossite ulcerativa difusa, com linfadenopatia regional. Podem ocorrer sintomas gerais, como febre, mal-estar, anorexia, emagrecimento, artralgia, sudorese noturna e meningismo. Aqueles bubões que se tornarem flutuantes podem ser aspirados com agulha calibrosa, não devendo ser incisados cirurgicamente. A obstrução linfática crônica leva à elefantíase genital, que na mulher é denominada estiomene. Além disso, podem ocorrer fístulas retais, vaginais, vesicais e estenose retal.
Diagnóstico - linfogranuloma venéreo
Clínico, ELISA (positivo após 4 semanas) títulos superiores a 1:64, PCR, Imunofluorescência (a nível de pesquisa), intradermoreação de Frei (antígenos derivados da clamídia – baixa sensibilidade e especificidade), histopatológico, cultura (aspirado do linfonodo), radiológicos (linfadenopatia)